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Fichamento de citação

SAUSSURE, F. de. Curso de Linguística Geral. Organização Charles Bally e Albert


Sechehaye; com a colaboração de Albert Riedlinger. Tradução Antônio Chelini, José Paulo
Paes e Izidoro Blikstein. 28ª ed. São Paulo: Cultrix, 2012.

VISÃO GERAL DA HISTÓRIA DA LINGUÍSTICA

“A ciência que se constituiu em torno dos fatos da língua passou por três fases sucessivas
antes de reconhecer qual é o seu verdadeiro e único objeto.” (p. 31).

“Começou-se por fazer o que se chamava de “Gramática”. (p. 31).

“(...) é uma disciplina normativa, muito afastada da pura observação e cujo ponto de vista é
forçosamente estreito.” (p. 31).

“A seguir, apareceu a Filologia” (p. 31).

“A língua não é o único objeto da Filologia, que quer, antes de tudo, fixar, interpretar,
comentar os textos; este primeiro estudo a leva a se ocupar também da história literária, dos
costumes, das instituições etc.; em toda parte ela usa seu método próprio, que é a critica
obscura.” (p. 31).

“O terceiro período começou quando se descobriu que as línguas podiam ser comparadas
entre si” (p. 31).

“As relações entre línguas afins podiam tornar-se matéria duma ciência autônoma. Esclarecer
uma língua por meio de outra, explicar as formas duma pelas formas de outra, (...)” (p. 32).

“A Linguística propriamente dita, que deu à comparação o lugar que exatamente lhe cabe,
nasceu do estudo das línguas románicas e das línguas germânicas.” (p. 35).

“Graças aos neogramáticos, não se viu mais na língua um organismo que se desenvolve por si,
mas um produto do espírito coletivo dos grupos linguísticos.” (p. 36).
OBJETO DA LINGUÍSTICA

“(...) seja qual for a que se adote, o fenómeno linguístico apresenta perpetuamente duas faces
que se correspondem e das quais uma não vale senão pela outra.” (p. 39).

“Não se pode reduzir então a língua ao som, nem separar o som da articulação vocal;” (p. 40)

“A Linguagem tem um lado individual e um lado social, sendo impossível conceber um sem o
outro.” (p. 40).

“A cada instante, a linguagem implica ao mesmo tempo um sistema estabelecido e uma


evolução; a cada instante, ela é uma instituição atual e um produto do passado.” (p. 40).

“(...) o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é somente uma parte
determinada, essencial dela, indubitavelmente. E, ao mesmo tempo, um produto social da
faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social
para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos.” (p. 41).

“(...) a língua é uma convenção e a natureza do signo convencional é indiferente.” (p. 42).

“(...) não é a linguagem que é natural ao homem, mas a faculdade de constituir uma língua,
vale dizer: um sistema de signos distintos correspondentes a ideias distintas.” (p. 42).

“Para atribuir à língua o primeiro lugar no estudo da linguagem, pode-se, enfim, fazer valer o
argumento de que a faculdade-natural ou não de articular palavras não se exerce senão com a
ajuda de instrumento criado e fornecido pela coletividade; não é, então, ilusório dizer que é a
língua que faz a unidade da linguagem.” (p. 42).

“Com o separar a língua da fala, separa-se ao mesmo tempo: 1”-o que é social do que é
individual; 2°-o que é essencial do que é acessório e mais ou menos acidental.” (p. 45).
“A língua não constitui, pois, uma função do falante: é o produto que o individuo registra
passivamente;” (p. 45).

“A língua é uma coisa de tal modo distinta que um homem privado do uso da fala: conserva a
língua, contanto que compreenda os signos vocais que ouve” (p. 46).

“A língua, distinta da fala, é um objeto que se pode estudar separadamente.” (p. 46).

“Enquanto a linguagem é heterogénea, a língua assim delimitada é de natureza homogênea:


constitui-se num sistema de signos em que, de essencial, só existe a união do sentido e da
imagem acústica, e em que as duas partes do signo são igualmente psíquicas.” (p. 46).

“A língua, não menos que a fala, é um objeto de natureza concreta, o que oferece grande
vantagem para o seu estudo” (p. 46).

“A língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e é comparável, por isso, à escrita, ao
alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, as formas de polidez, aos sinais militares
etc.” (p. 47).

“Se quiser descobrir a verdadeira natureza da língua, será mister considerá-la inicialmente no
que ela tem de comum com todos os outros sistemas da mesma ordem;” (p. 49).

LINGUÍSTICA DA LÍNGUA E LINGUÍSTICA DA FALA

“O estudo da linguagem comporta, portanto, duas partes: uma, essen cial, tem por objeto a
língua, que é social em sua essência e independente do individuo-esse estudo é unicamente
psíquico; outra, secundária, tem por objeto a parte individual da linguagem, vale dizer, a fala,
inclusive a fonação é psicofísica” (p. 51)

“A língua existe na coletividade sob a forma de uma soma de sinais depositados em cada
cérebro, mais ou menos como um dicionário cujos exemplares, todos idénticos, fossem
repartidos entre os indivíduos” (p. 51).
“Pode-se, a rigor, conservar o nome de Linguística para cada uma dessas duas disciplinas e
falar de uma Linguística da fala. Será, porém, necessário não confundi-la com a Linguística
propriamente dita, aquela cujo único objeto è a língua.” (p. 52).

ELEMENTOS INTERNOS E ELEMENTOS EXTERNOS DA LÍNGUA

“Os costumes de uma nação têm repercussão na língua e, por outro lado, é em grande parte a
língua que constitui nação.” (p. 53).

“A colonização, que não é senão uma forma de conquista, transporta um idioma para meios
diferentes, o que acarreta transformações nesse idioma.” (p. 53).

“(...) O linguista deve também examinar as relações recíprocas entre a língua literária e a
língua corrente; pois toda língua literária, produto da cultura, acaba por separar sua esfera de
existência da esfera natural, a da língua falada.” (p. 54).

“Em geral, não é nunca indispensável conhecer as circunstâncias em meio às quais se


desenvolveu uma língua.” (p. 55).

“A Linguística externa pode acumular pormenor sobre pormenor sem se sentir apertada no
torniquete de um sistema.” (p. 55).

“No que concerne à Linguística interna, as coisas se passam de modo diferente: ela não
admite uma disposição qualquer; a língua é um sistema que conhece somente sua ordem
própria.” (p. 55).

“Se eu substituir as peças de madeira por peças de marfim, a troca será indiferente para o
sistema; mas se em reduzir ou aumentar o número de peças, essa mudança atingirá
profundamente a “gramática” do jogo.” (p. 56).

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