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COMPREENSÃO E

PRODUÇÃO
ESCRITA EM
PORTUGUÊS
O CÍRCULO DE BAKHTIN
• Trata-se de um grupo de intelectuais que se reuniu regularmente de
1919 a 1929, na Rússia, posteriormente União Soviética.
• Constituído por pessoas de diversas formações, interesses intelectuais
e atuações profissionais, incluindo Mikhail Bakhtin, Valentin
Voloshinov e Pavel Medvedev.
• Segundo Faraco (2006), há uma virada linguística nos debates desses
intelectuais por volta de 1925/1926.
• Referência: FARACO, Carlos Alberto. Linguagem e Diálogo: as idéias lingüísticas do círculo de
Bakhtin. 2ª ed., Curitiba: Criar Edições, 2006.
PRINCIPAIS CONCEITOS -
DIALOGISMO
• “Efetivamente, o enunciado se forma entre dois indivíduos socialmente
organizados, e, na ausência de um interlocutor real, ele é ocupado, por assim
dizer, pela imagem do representante médio daquele grupo social ao qual o falante
pertence.” (Volóchinov, 2017, p. 204).
• “Em sua essência, a palavra é um ato bilateral. Ela é determinada tanto por aquele
de quem ela procede quanto por aquele para quem se dirige. Enquanto palavra,
ela é justamente o produto das inter-relações do falante com o ouvinte. Toda
palavra serve de expressão ao “um” em relação ao “outro”. Na palavra, eu dou
forma a mim mesmo do ponto de vista do outro e, por fim, da perspectiva da
minha coletividade. A palavra é uma ponte que liga o eu ao outro. Ela apoia uma
das extremidades em mim e a outra no interlocutor. A palavra é o território
comum entre o falante e o interlocutor.” (Volóchinov, 2017, p. 205, grifos no
original).
PRINCIPAIS CONCEITOS – SIGNO
IDEOLÓGICO
• “Os signos também são objetos únicos e materiais e, como acabamos
de ver, qualquer objeto da natureza, da tecnologia ou de consumo
pode se tornar um signo. Neste caso, porém, ele irá adquirir uma
significação que ultrapassa os limites da sua existência particular. O
signo não é somente uma parte da realidade, mas também reflete e
refrata uma outra realidade, sendo por isso mesmo capaz de distorcê-
la, ser-lhe fiel, percebê-la de um ponto de vista específico e assim por
diante.” (Volóchinov, 2017, p. 93).
• “Onde há signo há também ideologia. Tudo o que é ideológico possui
significação sígnica” (Volóchinov, 2017, p. 93, grifos no original)
• “Porque a compreensão de um signo ocorre na relação deste com outros signos já
conhecidos; em outras palavras, a compreensão responde ao signo e o faz
também com signos. Essa cadeia da criação e da compreensão ideológica, que vai
de um signo a outro e depois para um novo signo, é única e ininterrupta: sempre
passamos de um elo sígnico, e portanto material, a outro elo também sígnico. Essa
cadeia nunca se rompe nem assume uma existência interna imaterial e não
encarnada no signo.
• Essa cadeia ideológica se estende entre as consciências individuais, unindo-as,
pois o signo surge apenas no processo de interação entre consciências individuais.
E a própria consciência individual está repleta de signos. Uma consciência
individual só passa a existir como tal na medida em que é preenchida pelo
conteúdo ideológico, isto é, pelos signos, portanto apenas no processo de
interação social.” (Volóchinov, 2017, p. 95)
• “Não é a vivência que organiza a expressão, mas, ao
contrário, a expressão organiza a vivência, dando-lhe
sua primeira forma e definindo a sua direção.”
(Volóchinov, 2017, p. 204)

• Referência: VOLÓCHINOV, Valentin. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas


fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Sheila
Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017.
Principais conceitos – Gênero do
discurso
• “Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso
da linguagem. Compreende-se perfeitamente que o caráter e as
formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da
atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de
uma língua. O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados
(orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes
desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados
refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido
campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem,
ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais
da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional.”
(Bakhtin, 2003, p. 261)
• “Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas
cada campo de utilização da língua elabora seus tipos
relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos
gêneros do discurso.” (Bakhtin, 2003, p. 262)

• Referência: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo


Bezerra. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
• Revista Bakhtiniana

• https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/issue/view/
2911

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