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LINGUAGEM E LÍNGUA
“(...) são interessantes fatos como a troca de /e/ por /i/, por exemplo, que na oposição
entre ‘pêra’ e ‘pira’ causa uma modificação de sentido, mas na oposição entre
/menino/ e /minino/ não” (p.17)
“Um exemplo que ilustra bem essa relação entre a linguagem e nossa estrutura
neurobiológica pode ser visto nas afasias, que se caracterizam como distúrbios de
linguagem provenientes de acidentes cardiovasculares ou lesões no cérebro. Desde
meados do séc. XIX, a partir dos estudos de cientistas com Paul Broca e Karl
Wernicke, ficou estabelecido que lesões ou traumatismos em determinadas áreas do
cérebro provocam problemas de linguagem” (p. 17)
“(...) se as lesões ocorrem na parte frontal do hemisfério esquerdo do cérebro, elas
causam, nas pessoas afetadas, uma articulação deficiente e uma séria dificuldade de
formas frases sem que, no entanto, sua compreensão daquilo que as outras pessoas
falam seja comprometida (...) sofrem de afazia de Broca” (p.17)
“(...) pacientes com lesão na parte posterior do lóbulo temporal esquerdo
apresentavam problemas de linguagem diferentes (...). Embora conseguissem falar
fluentemente, com boa pronúncia e com frases sintaticamente bem formadas, esses
pacientes perdiam a capacidade de produzir enunciados com significado, assim como
a capacidade de compreender a fala de outras pessoas. Costuma caracterizar essa
deficiência como afazia de Wernicke. A partir de então vêm sendo desenvolvidos
estudos acerca da interface entre cérebro/mente/linguagem, caracterizando uma área
de pesquisa normalmente chamada de neurolinguística ou afasiologia” (p.17)
“(...)o funcionamento da linguagem, tal como ocorre, está relacionado a uma estrutura
biológica que o veicula” (p.17)
(...) ciências que não têm a linguagem como seu objeto de estudo específico passam a
se interessar por ela, porque a linguagem faz parte de alguns aspectos do seu objeto de
estudo (...) nos referimos a pontos de interseção entre a linguística e outras ciências”
(p.22)
“(...) essa relação é de proximidade ou semelhança: linguística, gramática tradicional,
filologia e, em menor grau, semiologia estudam específica e exclusivamente a
linguagem, diferindo na concepção que possuem da natureza da linguagem, do foco
que dão aos seus diferentes aspectos, dos objetivos a que se propõem e da metodologia
que adotam” (p.22)
LINGUÍSTICA E SEMIOLOGIA
“(...) costuma-se caracterizar esse campo de pesquisa como a ciência geral dos signos.
Ou seja, a semiologia não se interessa apenas pela linguagem humana de natureza
verbal, mas por qualquer sistema de signos naturais (a fumaça é um sinal de fogo,
nuvens negras são um sinal de chuva, etc.) ou culturais (sinais de transito, gestos,
formas de dança, etc.)” (p.22)
“A semiologia surgiu a partir das ideias do linguista suíço Ferdinand de Saussure, para
quem essa disciplina deveria se interessar pela relação entre linguagem e realidade
pela natureza de intermediação que os sistemas de signos fazem entre os indivíduos”
(p.22)
“(...) a linguística seria um ramo da semiologia, apresentando um caráter mais
especifico em função de seu particular interesse pela linguagem verbal” (p.23)
Na prática, entre tato, a semiologia vem se desenvolvendo separadamente da
linguística como consequência do trabalho de não-linguistas, sobretudo na frança”
(p23)
“(...) a linguística estuda a linguagem verbal, enquanto a semiologia, com seu caráter
mais geral, interessa-se por todas as formas de linguagem” (p.23)
LINGUÍSTICA E FILOLOGIA
“Quanto à diferença entre linguística e filologia, podemos dizer que a última é uma
ciência eminentemente histórica, que por tradição se ocupa do estudo de civilizações
passadas através da observação dos textos escritos que elas nos deixam, com o intuito
de interpreta-los, comentá-los, fixá-los e de esclarecer ao leitor o processo de
transmissão textual” (p.23)
“Um exemplo é o estudo da evolução do latim em direção às diferentes línguas
românicas, tanto nos seus aspectos históricos (historia externa) quanto estruturais
(historia)” (p.23)
“Esse campo de estudo tem sido chamado de filologia românica e busca descrever, de
um lado, os aspectos políticos, sociais e históricos característicos do crescimento do
Império Românico” (p.23)
(...) “alguns autores identificam a filologia com a linguística histórica, cujo obejtivo
básico é o estudo comparativo entre as linguas a fim de classifica-las de acordo com as
semelhanças que elas apresentam” (p.23)
(...) “o campo de atuação da filologia se restringe ao estudo do texto escrito. Esse
estudo engloba a exploração exaustiva dos mais variados aspectos do texto:
linguístico, literário, crítico-textual, sócio-histórico, entre outros” (p.23)
“O filólogo deve saber de que época é a letra, se é texto original ou cópia, se o copista
foi fiel ou se inseriu modernismo (...) a disposição de mancha, dos títulos, do uso
diferenciado dos caracteres gráficos, do conjunto de ilustrações, entre outros fatores”
(p.24)
“ (...) a filologia é uma ciência eminentemente histórica, ao contrário da linguística,
cujo interesse é a compreensão do fenômeno da linguagem através da observação dos
mecanismos universais que estão na base de utilização das línguas.” (p.24)
“(...) A filologia se interessa pelo estudo do texto escrito, enquanto a linguística,
embora não despreze a escrita, se volta para a linguagem oral. Essa estratégia se
justifica pelo fato de a fala refletir o funcionamento da linguagem de modo mais
natural e espontâneo do que a escrita” (p.24)
“(...) a filologia se limita a descrever as formas características das diferentes épocas da
evolução histórica das línguas, tendo um caráter mais didático no sentido de que
oferece informações básicas para a compreensão dessas formas” (p.24)
“(...) a gramática tradicional foi criada e desenvolvida por filósofos gregos” (p.25)
“Essa tradição tem, portanto, suas raízes na filosofia e predominou na base dos estudos
gramaticais até os séculos XIX, quando se desenvolveram novas teorias sobre
linguagem que caracterizariam o surgimento de uma nova ciência: a linguística” (p.25)
“(...) essa tradição gramatical se caracterizava por uma orientação normativa” (p.25).
“(...) essa concepção normativa é estranha à linguística, ciência que se propõe a
analisar e descrever a estrutura e o funcionamento dos sistemas de língua, e não
prescrever regras de uso para esses sistemas” (p.25)
“ Os linguistas, portanto, estão interessados no que é dito, e não no que alguns acham
que deveria ser dito. Eles descrevem a língua em todos os seus aspectos, mas não
prescrevem regras de correção.” (p.25).
“As formas consideradas corretas são na realidade, aquelas utilizadas pelos grupos
sociais predominantes” (p.25).
“Os linguistas têm plena consciência da importância da norma-padrão para o
ensino do português e reconhecem que o aprendizado ou não desse padrão tem
implicações importantes no desenvolvimento sociocultural dos indivíduos.” (p.26)
“(...) para a linguística não há formas de expressão corretas ou adequadas, mas
adequadas ou não aos diferentes contextos de uso.” (p.26)
“Uma segunda diferença importante entre a linguística e a gramática tradicional
é que os linguistas consideram a língua falada, e não a escrita, como primária.
(...) começas a falar antes de começar a escrever, falamos mais do que escrevemos
em nossa rotina diária, todas as línguas naturais foram faladas antes de serem
escritas.” (p.26)
“A prática educativa tradicional insiste em moldar a língua de acordo com o uso
dos melhores autores clássicos, mas os linguistas olham primeiro para a fala, que
cronologicamente precedeu a escrita em todas as partes do mundo.” (p.26)
“(...) em virtude da natureza complexa do objeto de estudo da linguística, torna-
se difícil – se não impossível – traçar com clareza os limites dessa disciplina ou
mesmo enumerar com segurança suas tendências de análise que, como é comum
em qualquer ciência, variam de acordo com diferentes autores ou escolas.” (p.26)
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