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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
LABORATÓRIO DE PAVIMENTAÇÃO (2596) – TURMA 006

Índice de Suporte Califórnia

Acadêmicos: Bruno Augusto Yoshioka RA: 85637


Roberta de Oliveira Pavão RA: 82774

Professor: Jesner Ildefonso

Maringá, 03 de maio de 2016


Sumário
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................2
2. REVISÃO TEÓRICA ..................................................................................................................3
3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................4
3.1 Materiais .....................................................................................................................................4
3.2 Metodologia ...............................................................................................................................4
4. RESULTADOS E ANÁLISES ....................................................................................................7
4.1 Ensaio de Compactação .............................................................................................................7
4.2 Índice de Suporte Califórnia ......................................................................................................8
5. CONCLUSÕES E DISCUSSÕES .............................................................................................14
6. NORMAS ...................................................................................................................................15
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................16
ANEXO A – TABELA 3 DA NORMA DNER-ME049/94 ..............................................................17
ANEXO B – CURVA DE APROXIMAÇÃO DE PRESSÕES PADRÕES .....................................17
ANEXO C – PRESSÃO PADRÃO ...................................................................................................17

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1. INTRODUÇÃO

As estruturas de pavimentos são sistemas de camadas assentadas sobre uma fundação


chamada subleito. O comportamento da estrutura do pavimento depende da espessura e da rigidez de
cada uma das camadas e do subleito, e também da interação entre as diversas camadas do pavimento.
Em geral, os revestimentos das estruturas de pavimento são submetidos a esforços de
compressão e de tração devidos à flexão, gerado pela sobrecarga sobre o pavimento, ficando as
demais camadas submetidas principalmente à compressão.
O pavimento deve ser dimensionado para suportar o tráfego previsto em projeto e para
suportar as condições climáticas a que o mesmo será submetido. As camadas do pavimento devem
resistir aos esforços e transmiti-los às camadas subjacentes, além disso, a espessura dessas camadas
e a rigidez dos materiais são diretamente relacionadas com as tensões e deformações as quais a
estrutura será submetida.
No caso de um pavimento bem projetado e bem executado, as cargas provocarão
deslocamentos sem que ocorra rupturas após poucas solicitações. As estruturas de pavimento são
projetadas para resistirem a incontáveis solicitações sem que ocorram danos estruturais graves e não
previstos, desde que não tenha atingido o fim de sua vida útil. Os principais danos sofridos pelo
pavimento são a deformação permanente e a fadiga.
Para um bom dimensionamento de uma estrutura de pavimento, deve-se levar em
consideração alguns fatores, como as propriedades dos materiais constituintes dessa estrutura, sua
resistência à ruptura, permeabilidade, deformabilidade diante à repetição excessiva de cargas e aos
efeitos do clima.
Diante desse cenário, tem origem no final da década de 1920, no estado da Califórnia, o ensaio
para a determinação do Índice de Suporte Califórnia – CBR, que visava determinar o potencial de
ruptura do subleito, uma vez que era o defeito mais frequente nas rodovias do estado da Califórnia na
época

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2. REVISÃO TEÓRICA

O ensaio para a determinação do Índice de Suporte Califórnia – CBR (ou ISC, em português)
foi criado para avaliar o potencial de ruptura do subleito. O ensaio tem basicamente como função,
avaliar a resistência do material quando sujeito a de deslocamentos significativos, obtida através de
ensaio penetrométrico em laboratório.
Na época das pesquisas de campo californiana, foram utilizados os melhores materiais
granulares de bases de pavimento com bom desempenho para a época, e assim, a média de resistência
à penetração pelo ensaio CBR foi estabelecida como um valor padrão ou de referência, sendo
representado como 100%.
No ensaio CBR, todos os materiais analisados são apresentados por um valor em porcentagem,
representando o quão melhor ou pior é a resistência desse material em relação a resistência do material
padrão. Dessa forma, é possível obter tanto valores de CBR muito baixos, como valores acima de
100%, no caso da resistência do material ser melhor do que a do material padrão. Esse valor em
porcentagem representa a relação entre a pressão necessária para produzir uma penetração de um
pistão em um corpo-de-prova de solo ou de material granular e a pressão necessária para produzir a
mesma penetração no material padrão.
Os resultados do ensaio CBR foram relacionados empiricamente com o desempenho das
estruturas, dando origem a um método de dimensionamento que fixa valores mínimos para as
espessuras das diferentes camadas do pavimento de acordo com o índice de suporte de subleito, com
o objetivo de limitar as tensões e protege-lo da ruptura.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

Segundo a norma DNER-ME 049/94, os materiais necessários para a realização do ensaio


são:
 Conjunto de bronze ou latão, constituído de molde cilíndrico com entalhe superior externo,
cilindro complementar com entalhe inferior interno, prato de base perfurado com dispositivo
para fixação do molde cilíndrico;
 Disco espaçador maciço de aço;
 Soquete cilíndrico de bronze ou latão, para compactação e com face inferior plana;
 Prato perfurado de bronze ou latão, com haste central ajustável, constituída de uma parte fixa
rosqueada e de uma camisa rosqueada internamente e recartilhada externamente, com face
superior plana para contato com o extensômetro;
 Tripé porta extensômetro, de bronze ou latão, com dispositivo para fixação do extensômetro;
 Disco anelar de aço para sobrecarga, dividido diametralmente em duas partes;
 Extensômetro com curso mínimo de 10 mm, graduado em 0,01 mm;
 Prensa para determinação do Índice de Suporte Califórnia;
 Extrator de amostras do molde cilíndrico, para funcionamento por meio de macaco
hidráulico;
 Balde de chapa de ferro galvanizado com capacidade de 20 litros;
 Papel de filtro circular;
 Balança com capacidade de 20kg;

3.2 Metodologia

De acordo com a norma DNER-ME 049/94, o procedimento do ensaio CBR tem início com
os ensaios de compactação do solo e com a realização da curva de compactação do material.
A moldagem do corpo-de-prova é realizada usando solo passado na peneira ¾”, compactado
na massa específica e umidade de projeto, utilizando-se um molde cilíndrico de 150 mm de diâmetro
e 125 mm de altura com um disco espaçador, de mesmo diâmetro do molde e com 64 mm de altura,
no fundo do molde cilíndrico a fim de impedir que o solo compactado ocupe o molde inteiramente,
deixando assim, um espaço para a colocação da sobrecarga a ser utilizada na determinação da
expansão posteriormente.

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A compactação do solo é feita normalmente com cinco amostras com teores de umidade
crescentes, e os corpos-de-prova são compactados em cinco camadas iguais, cuja a altura total de solo
após a compactação seja de aproximadamente 12,5 cm. Cada camada receberá 12 golpes, utilizando
o soquete grande (4,5 kg), com os golpes sendo realizado a uma altura de 45,7 cm. É importante
observar a necessidade de se realizar uma escarificação de cada camada compactada, para
potencializar a aderência entre as mesmas. Após a compactação, retira-se o disco espaçador de cada
corpo-de-prova e invertem-se os moldes e fixam-se a ele pratos perfurados.
Em seguida, no espaço deixado pelo disco espaçador, para cada corpo-de-prova será colocada
a haste de expansão com os pesos anelares equivalentes ao peso do pavimento, onde essa sobrecarga
não pode ser menor do que 4,536 kg. Na haste de expansão, adapta-se um extensômetro fixo ao tripé
porta-extensômetro, colocado na borda superior do cilindro, a fim de medir as expansões ocorridas
no corpo-de-prova.
É feito a leitura inicial do extensômetro, e em seguida, o corpo-de-prova é imerso em água
por 4 dias, medindo-se a expansão da amostra a cada 24 horas. A expansão é dada por um valor em
porcentagem, e representa a relação entre o aumento da altura do corpo-de-prova em relação a sua
altura inicial. Ao fim do período de imersão, o corpo-de-prova é retirado da água e deixado para
escoar a água durante 15 minutos.
Ao término do período de secagem, o corpo-de-prova é levado a prensa para o rompimento
por meio da aplicação de uma carga de aproximadamente 4,5 kg, controlada pelo deslocamento do
ponteiro do extensômetro do anel dinamométrico. Em seguida, zeram-se os extensômetros do anel
dinamométrico e o que mede a penetração do pistão no solo.
Através de uma manivela da prensa, o pistão é acionado a uma velocidade constante de 1,27
mm/mim (0,05 pol/min). As leituras dos extensômetros são determinadas por tempos específicos e
são anotadas de acordo com a Tabela 01. As leituras efetuadas no extensômetro do anel medem os
encurtamentos diametrais provenientes da atuação das cargas. Através das leituras realizadas, é
possível traçar a curva pressão x penetração.

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Tabela 01 – Representação das leituras no extensômetro do anel
Tempo Penetração Leitura no extensômetro do anel
min pol mm mm
0,5 0,025 0,63 -
1,0 0,050 1,27 -
1,5 0,075 1,9 -
2,0 0,100 2,54 -
3,0 0,150 3,81 -
4,0 0,200 5,08 -
6,0 0,300 7,62 -
8,0 0,400 10,16 -
10,0 0,500 12,7 -

O CBR é calculado para as penetrações de 2,54 mm e 5,08 mm, através das seguintes
equações:

𝑃0,1"
𝐶𝐵𝑅0,1" = 𝑥 100 (1)
70

𝑃0,2"
𝐶𝐵𝑅0,2" = 𝑥 100 (2)
105

Onde:
𝑃0,1" - Pressão correspondente à penetração de 2,54mm (ou 0,1”) em kgf/cm²
𝑃0,2" - Pressão correspondente à penetração de 5,08mm (ou 0,2”) em kgf/cm²

Nas equações 1 e 2, os valores 70 e 105 correspondem aos valores de pressão padrão do


material de referência à penetração de 2,54 mm e 5,08 mm, respectivamente. O CBR é o maior valor
entre os dois calculados 𝐶𝐵𝑅0,1" e 𝐶𝐵𝑅0,2" .

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4. RESULTADOS E ANÁLISES

4.1 Ensaio de Compactação

Primeiramente realizou-se a determinação do teor de umidade e o ensaio de compactação para


cada cilindro ensaiado. O Quadro 01 apresenta os resultados para o ensaio de compactação e teor de
umidade:

Quadro 01. Ensaio de Compactação e Teor de Umidade

Assim, em posse dos dados obtidos, foi possível construir a curva de compactação do solo
apresentado na Figura 01 a seguir:

Figura 01. Curva de Compactação do Solo

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4.2 Índice de Suporte Califórnia

Para o ensaio de índice de suporte Califórnia realizou-se medições de expansão dos corpos de
prova, diariamente durante 5 dias. Mediu-se então os deslocamentos do cilindro quando ensaiado no
aparelho sob energia normal.
Utilizando a curva de calibração do aparelho (Equação 3) e sabendo-se que o diâmetro da
seção da agulha é de 4,96 cm, foi possível calcular a pressão exercida sobre o corpo. Com os dados
da Tabela 3 da DNER-ME049/94 (Anexo A), foi possível encontrar a curva que aproxima as pressões
padrão (Anexo B), e seus valores (Anexo C). Assim, calculou-se o CBR em porcentagem para cada
leitura de penetração dos corpos de prova. Os resultados obtidos são apresentados no Quadro 02.

𝑌 = 2,1928 ∗ 𝑋 + 11,565 (3)

Em que Y é a força kgF/cm² e X, a leitura dos deslocamentos em 0,001 mm.

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Quadro 02. Ensaio de índice de suporte Califórnia - CDR

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Em posse dos dados obtidos e demonstrados anteriormente, foi possível elaborar a curva de
expansão (%) em função do número de dias e a curva de pressão em função da penetração para cada
cilindro ensaiado. Os resultados são demonstrados a seguir nas Figuras 02 e 03:

Figura 02. Curva de Número de dias x Expansão – Cilindros 1, 2, 4, 5, 6, 7, 9 e 10

N° de dias x Expansão
1,00

0,80

CILINDRO 1
0,60
Expansão (%)

CILINDRO 2
CILINDRO 4
0,40
CILINDRO 5
CILINDRO 7
0,20
CILINDRO 6
CILINDRO 9
0,00 CILINDRO 10

-0,20
0 1 2 3 4
Número de Dias

Figura 03. Curva de Penetração x Pressão Máxima – Cilindros 1, 2, 4, 5, 6, 7, 9 e 10

Penetração x Pressão
60,0

50,0

CILINDRO 1
Pressão (Kgf/cm²)

40,0
CILINDRO 2
CILINDRO 4
30,0
CILINDRO 5
CILINDRO 7
20,0
CILINDRO 6

10,0 CILINDRO 9
CILINDRO 10
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Penetração (001 mm)

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Assim, foi possível montar a curva de expansão máxima em função do teor de umidade para
cada cilindro. O gráfico é apresentado na Figura 04:

Figura 04. Curva de Teor de umidade x Expansão

Expansão Máxima x Teor de Umidade


1

0,8
Expansão Máxima (%)

0,6

0,4

0,2

-0,2
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Teor de Umidade (%)

Por meio da análise do gráfico de Expansão Máxima x Teor de umidade, é possível observar
que a expansão é maior quando menor é o teor de umidade, variando conforme esse valor aumenta.
Assim, nota-se que para esse ensaio deve-se utilizar tanto amostras de solo que possuem teor de
umidade menor do que a umidade ótima do solo, quanto amostras com esse valor maior.
Ainda, utilizando os dados do Quadro 02, analisou-se os valores de CBR (%) obtidos para
cada cilindro nas penetrações de 2,54 (0,001 mm) e 5,08 (0,001 mm). Entre os dois valores analisados,
adotou-se o maior deles para a confecção da curva de CBR em função do teor de umidade. O resultado
é demonstrado da Figura 05:

Figura 05. Curva de Teor de umidade x CBR

CBR x Teor de Umidade


50
45
40
35
30
CBR (%)

25
20
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Teor de Umidade (%)

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Observando a Figura 05, é possível observar que o valor de CBR tende a crescer até alcançar
seu valor máximo, quando o teor de umidade se encontra entre 9% e 12%, e começa a diminuir.
Analisando a curva de compactação, apresentada na Figura 01, observa-se que a umidade ótima é
aproximadamente 10,9%, portanto, conclui-se que o valor máximo de CBR é atingido quando o teor
de umidade se encontra próximo a umidade ótima do solo.

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5. CONCLUSÕES E DISCUSSÕES

Analisando a Figura 05, é possível concluir que o valor do CBR correspondente ao teor de
umidade ótimo, encontrado por meio da curva de compactação, é aproximadamente 21%.
Para o contexto da pavimentação, é importante determinar as condições de resistência do solo
e sua expansão devido à exposição à água. Nota-se que baixos valores de teor de umidade provocam
alta expansão no solo, e ao mesmo tempo baixos valores de CBR. Ainda, observou-se que o valor
máximo de CBR, ou seja, o ponto em que o solo demonstrou maior resistência, ocorre quando o solo
apresenta teor de umidade próximo ao valor ótimo.
Dessa maneira, levando em conta que, para pavimentação é recomendável a utilização de um
material que não perca consideravelmente sua resistência quando em contato com a água, e ainda
considerando os valores de expansão e de CBR encontrados, conclui-se que a melhor condição de
preparo do solo é quando este se encontra com teor de umidade ótimo, ao passo que, quanto mais
distante o valor do teor de umidade estiver do valor ótimo, menor será a resistência deste solo.
A prática realizada não possui valores exatos pois existem erros que podem ser cometidos
durante sua execução. As leituras dos valores de deslocamentos que são feitas durante a penetração
da agulha em instantes específicos, podem não ter sido efetuadas com tamanha precisão necessária,
no que diz respeito ao instante em que deveriam ser marcadas, bem como condições ambientais como
umidade do ar no momento da prática ou erros de leitura, podem ter afetado a precisão do ensaio.

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6. NORMAS

MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRDAS DE RODAGEM. DNER-ME049/94:


Solos – determinação do Índice de Suporte Califórnia – Método de ensaio. DNER,1994.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNUCCI, Liedi Bariani, et al. Pavimentação Asfáltica – Formação Básica para Engenheiros, Rio
de Janeiro: PETROBRAS: ABEDA, 2010.

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ANEXO A – TABELA 3 DA NORMA DNER-ME049/94
Penetração (cm) Pressão Padrão (kg/cm²)
0,254 70,31
0,508 105,46
0,762 131,58
1,000 161,71
1,25 182,80

ANEXO B – CURVA DE APROXIMAÇÃO DE PRESSÕES PADRÕES

Pressões Padrões
200
180
160
Pressão Padrão (Kg/cm²)

140
120
100
80
60
40
20
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
Penetração (cm)
y = -341,65x4 + 1020,9x3 - 1074,8x2 + 580,29x - 23,051

ANEXO C – PRESSÃO PADRÃO


Penetração (mm) Pressão Padrão (kg/cm²)
0,63 9,491
1,27 35,313
1,9 54,961
2,54 70,308
3,17 81,966
3,81 91,284
4,44 98,796
5,08 105,453
6,35 117,897
7,62 131,565
8,89 147,272
10,16 163,700
11,43 177,398
12,7 182,782

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