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10 - Art Taruma Mirim PDF
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POLÍTICAS PÚBLICAS
Resumo:
O conteúdo do território e sua utilização são os elementos básicos neste trabalho, por meio
deles, pode-se melhor analisar o território e suas dimensões. Neste estudo os territórios são
criados por meio da simbiose do espaço urbano com o espaço rural, o projeto de assentamento
(PA) Tarumã-Mirim se enquadra nesta lógica de produção territorial. O PA Tarumã-Mirim é
como uma fração do território utilizado no espaço urbano de Manaus, sendo criado pelo INCRA
para promover a ocupação da área e possibilitar condições para a sua integração ao processo
produtivo da região. O presente trabalho teve os resultados obtidos com o trabalho de campo no
assentamento, tendo por objetivo diagnosticar o uso deste território pelos camponeses;
assim como o papel do Estado na constituição deste assentamento, tendo como objetivo
secundário identificar a espacialidade das políticas públicas estabelecidas.
Introdução
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como uma relação ou como um processo, nesse caso sendo um exercício de poder por
meio de determinados arranjos institucionais (HARVEY, 2005).
O espaço destinado a ser ocupado pelo projeto deve ser considerado como um espaço
político e econômico, pois “o espaço foi formado, modelado a partir de elementos
históricos ou naturais, mas politicamente” (LEFEBVRE, 2008 p.62). Desta forma:
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Diagnóstico da Paisagem do assentamento Tarumã Mirim
As reuniões e eventos ocorrem pelo menos uma vez ao mês, onde a comunidade e
representantes são convocados. As associações são regidas por presidentes e vice-
presidentes de comunidade e seus sub-representantes; secretários, tesoureiros dentre
outros que possuem funcionalidade expressiva na comunidade, os quais atuam como
representantes da comunidade local, dentro e fora do assentamento. Essas lideranças são
instituídas por meio de voto, ou seja, democraticamente, onde cada membro da
comunidade tem o direito de exercer o voto, e cada morador pode se candidatar ao
cargo. Os mandatos variam de um a dois anos, e com possibilidades de reeleição,
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dependendo da gestão desenvolvida no decorrer do mandato e a satisfação da
comunidade geral.
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O primeiro é caracterizado como baixo desenvolvimento1, como é o caso da
comunidade Nova luz, que não possui benfeitorias2 e nenhuma infra-estrutura adequada
que ofereçam melhores condições de vida, desenvolvimento e deslocamento dos
moradores, e o difícil acesso o que contribui de forma negativa na produção dos
assentados, pois “a localização afeta usos potênciais da terra” (THUNEN apud
MORAN, OSTROM E MERETSKY, 2009), sobretudo dos camponeses. O segundo é
considerado médio desenvolvimento, como é o caso da comunidade Bom Destino, que
possui uma construção (sede/associação), onde funciona também como escola, com
infra-estruturas que levam energia elétrica até as casas, porém, sem saneamentos
básicos e com difícil acesso devido à ruim condição do ramal, o que não favorece o
escoamento das mercadorias produzidas ali.
E, por fim, o terceiro considerado alto desenvolvimento, levando em consideração as
anteriores e a temporalidade, como é o caso da comunidade Nova Esperança, que possui
não só uma área rural, como também uma área urbana, com benfeitorias: ruas, escolas,
comércios, posto médico, infra-estrutura elétrica, sede comunitária, igreja, e um poço
comunitário com água potável, e melhores condições de acesso terrestre e também
fluvial, devido sua localização, com mais viabilidade para o escoamento da produção
que provem do trabalho desenvolvido pelo camponês.
No que diz respeito à relação estabelecida entre urbano e rural para além de políticas
públicas nesse território, sobre tudo, dos órgãos atuantes no assentamento, estão: o
INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) que atua como órgão de
fiscalização, de cadastro e auxilio na divisão e entrega dos lotes e regularização dos
assentados para entrega do titulo definitivo da terra, a SEPROR (Secretaria de Estado de
Produção Rural), que atua como órgão responsável pelo escoamento da produção
proveniente do assentamento.
O escoamento da produção é feito pelo caminhão da SEPROR, que adentra as
comunidades do assentamento, auxiliando no transporte e entrega da mercadoria até as
férias da cidade, e comércios que possuem relação direta ou indireta com os produtores
do assentamento. Entretanto, somente os produtores associados à ASSAGRIR
(Associação Agrícola Rural do Pau- Rosa) dispõem desse benefício, devido acordo
político estabelecido entre SEPROR e ASSAGRIR.
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Outro órgão é o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais)
que juntamente com o IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Estado do
Amazonas) atuam na fiscalização e no combate ao desmatamento e manejo ilegal da
biodiversidade. O IDAAM (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal
Sustentável do Amazonas) e a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) atuam no auxilio e análise técnica de projetos elaborados por parte de
alguns assentados e na promoção de cursos que objetivam qualificar os produtores para
melhor desenvolvimento do uso da terra. E por fim a SEMED (Secretaria Municipal de
Educação) que atua na implantação de projetos de educação nas comunidades do
assentamento.
No que se refere ao modo de vida dos assentados do PA- Tarumã Mirim foram
identificados neste estudo quatro tipos que caracterizam o modo de vida diagnosticado
nas comunidades do assentamento. Nos quais qualificamos como: lotes/sítios,
lotes/migração, lotes/assalariados e os lotes/campesinato, para melhor descrição desses
tipos. É necessário identificar a relação do modo de vida dos assentados com a terra que
utilizam, pois, desta forma, encontra-se diferentes uso no território, ou seja, diversas
ações e objetos, no mesmo território, sendo a diversidade na unidade.
O tipo caracterizado como lotes/sítios são aqueles em que há somente a prática de lazer
no uso de seus lotes, onde os proprietários geralmente não residem, pois a grande
maioria reside na cidade, nesse caso contratam trabalho acessório (caseiro), o qual fica
responsável pela manutenção e guarnição do terreno, ganhando em média de um salário
mínimo ou até menos, dependendo do acordo entre contratante e contratado. Esses lotes
também possuem vegetação diversificada, com árvores e plantas de várias espécies
nativas, medicinais, frutíferas, e em alguns casos com pequena horta e pastagem, e
criação (galinha, pato, porco, cabra), entretanto, sem fins de produção e comercialização
por parte dos proprietários da terra, ou seja, sem apropriação de renda derivada da
extração dos recursos oferecidos pelos meios naturais presentes no lugar.
Enquanto uns fazem uso da terra, outros investem na terra, como é caso daqueles que
constroem e sobrevivem de pequenos comércios (tabernas), e fazem disso sua principal
atividade de fonte de renda. Já outros migram por estar de alguma forma vinculada ao
assentamento devido seus trabalhos, como por exemplo: profissionais da educação e até
mesmo da saúde, ou de qualquer outro setor que tem como área de atuação o
assentamento Tarumã Mirim, onde sentem a necessidade de migrar para o lugar, para
que possam desenvolver melhor suas funções, tornando-se assim um novo membro da
comunidade, mesmo que tenha uma temporalidade, e com isso constituem relações
sociais, culturais e econômicas, essa classe é mais comum nas áreas urbanas do
assentamento.
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Essa prática constitui sua principal fonte de renda, visto que, esse trabalhador recebe
por jornada de trabalho, o que para ele torna-se mais lucrativo. Esses trabalhadores
desenvolvem diversos serviços, e são contratados tanto para trabalhar na agricultura,
que neste caso é a roça, como também para outros setores, como por exemplo, na
construção civil, carpintaria, pintura, mecânica, eletrônica e outros. Esses serviços
variam de R$ 35,00 a R$ 50,00 reais a diária, ou mais, no caso das empreitas.
Esta relação dos assentados com o meio, no qual, vivem e o uso dos lotes demonstra a
simbiose entre o homem produtor e uma natureza cada vez mais modificada, desta
forma, “O ato de produzir é igualmente o ato de produzir espaço” (SANTOS, 2008
p.202). Este espaço, que no assentamento é cada vez mais especulado havendo uma
“promoção do imobiliário e a mobilização do espaço” (LEFEBVRE, 2008), ou seja, a
especulação de terras no assentamento tornou-se uma fonte valorizada, pois “o
investimento no imobiliário e nas construções privadas (na produção do espaço) se
revela proveitoso, porque (...) comportará por muito tempo, uma proporção superior de
capital variável em relação ao capital constante” (LEFEBVRE, 2008 p.119). O processo
de especulação de terras no assentamento tem sua gênese ligada com a aproximação
com o espaço urbano de Manaus. Esta especulação refuta o objetivo de usos da terra
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estipulado pelo INCRA que tem como propósito o desenvolvimento dos elementos da
produção agrícola.
Considerações finais
Notas
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1
Este termo é aqui para caracterizar qual comunidade possui a melhor estrutura física, e melhores
condições de relação social com serviços públicos, como escola, saúde entre outros. E as analises foram
comparadas entre as comunidades.
1
É considerado aqui como estrutura física, por exemplo, edificações como: Escola, posto médico, igreja,
sede da associação, comércios.
Referências
MATOS, Luciana Lima de; PEIXOTO, Renata Andrade; COSTA, Reinaldo Corrêa. Os
assentados e a cidade: o assentamento tarumã-mirim e Manaus (AM). XIX Encontro
Nacional de Geografia Agrária, São Paulo, 2009, pp. 1-9.
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