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Civilização ou barbárie.

Todo governo eleito deve agir de forma democrática e deve respeitar a


diversidade e pluralidade de ideias e atitudes. Isso quer dizer que devem ser
provedores e defensores do interesse coletivo, do bem comum e da paz.

No Estado de barbárie cada um pegava uma arma e decidia o que ia fazer


diante de um conflito com o seu vizinho ou com um adversário. Com a
finalidade de aumentar o poder, sob o comando de um grande proprietário de
terra com mais poder e dinheiro, grupos armados de soldados ou mercenários,
saiam para tomar a propriedade de adversários ou até mesmo de pequenos
proprietários. Isso era o muito comum e acontecia Brasil. Na época cada um
tinha que se virar para se defender. O que prevalecia era a lei do mais forte, do
mais poderoso, do que tinha mais armas.

A tradição sociológica, por meio de seus diversos pensadores, mostrou que


para haver civilização foi preciso transferir ao Estado as armas e a função de
resolver os conflitos entre os indivíduos. Para garantir a paz, a ordem e a
civilidade, o Estado criou a segurança pública, com suas diversas forças para
que os cidadãos possam ter a garantia, segundo a lei constitucional, de viver
em uma sociedade com lei, ordem e com menos conflito. E esse modelo
civilizatório, por mais que tenha vícios, é o mais próximo daquilo que dá aos
que habitam a cidade condições de viver com mais segurança.

Além do controle por parte do Estado e da segurança de seus cidadãos, o que


está em jogo é o monopólio da autoridade, um dos principais pilares do Estado
Moderno, que deveria ser resgatado pelos nossos governantes. Mas lavar as
mãos frente ao problema da segurança, dar autorização para matar, é decretar
a falência de um modelo de Estado, de segurança e de autoridade, que deveria
proteger as nossas cidades e os cidadãos do caos.

Quando um país é governado sem levar em conta a democracia, o governante


toma decisões de costas para valores caros a instituição do Estado e a vida em
sociedade. A coisa pública passa a ser menosprezada e a visão menor e
tacanha, que prega o Estado mínimo em todos os setores, é levado ao
extremo. O público passa a ser colonizado pelo privado, domina e controla o
interesse coletivo. E a nossa longa tradição cidadã democrática, se esvai aos
poucos com medidas que privilegiam somente o interesse do indivíduo e não
mais do cidadão.

Diante de tantas incertezas a única saída é acreditar e defender que ainda


vivemos num país onde o Estado democrático de direito prevalece. E, portanto,
todo governo eleito deve agir de forma democrática e deve respeitar a
diversidade e pluralidade de ideias e atitudes. Isso quer dizer que devem ser
provedores e defensores do interesse coletivo, do bem comum e da paz. Estes
governos devem ser defensores da garantia dos direitos dos seus cidadãos e
acima de tudo do direito a vida. Isso é o que faz de nós uma civilização e nos
distancia sempre mais de da imagem que um dia nos aproximou de uma
barbárie.

Paulo Brandão

Filosofo

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