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DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO EMBUTIMENTO EM LIGAÇÕES

ESTRUTURAIS DE MADEIRA LAMINADA COLADA COM PARAFUSOS OCOS

Edgar V. Mantilla Carrasco e Cynara Fiedler Bremer

RESUMO: Este trabalho trata de uma análise experimental realizada em corpos de prova de
madeira laminada colada de Eucalipto Grandis que foram ensaiados com o intuito de se
determinar sua resistência ao embutimento, nas direções paralela e normal às fibras. O
conector utilizado foi um tubo de aço galvanizado, ou “parafuso oco”. Os corpos de prova
foram submetidos a carregamentos cíclicos, de acordo com a NBR 7190/97. Na região da
ligação foram instalados dois transdutores de deslocamento, na posição vertical, com o
objetivo de se medir o deslocamento relativo entre o tubo e a extremidade do corpo de prova.
A aplicação de carga foi feita através de uma célula de carga. Todos os dados foram
armazenados em um sistema de aquisição de dados. A partir dos resultados obtidos foram
traçados diagramas tensão x deformação específica e determinada a resistência ao
embutimento quando é utilizado este tipo de ligação.
Palavras-chave: madeira laminada colada, ligações, embutimento.

EMBEDMENT RESISTANCE DETERMINATION IN GLULAM CONNECTIONS


WITH HOLLOW SCREWS

ABSTRACT: This work is on an experimental analysis made from Eucalyptus Grandis wood
samples, which were tested to determine their embedment resistance in perpendicular and
parallel directions. A galvanized tube or hollow screw was used at the joint and the samples
were submitted to cyclic tests, according to NBR7190/97. At the connection region two
displacement transducers were installed in vertical position to measure the relative
displacement between the tube and the sample extremity. The load application was made
through a load cell. All data were picked through a data acquisition system. From the results
some stress x strain graphics were plotted and the embedment resistances were determined
when this kind of connection is used.
Key words: laminated timber, connections, embedment.

Dissertação de Mestrado – Apoio: CAPES


1 INTRODUÇÃO

A partir das vantagens da madeira laminada colada na construção surgiu a idéia de um estudo
da região mais crítica em uma estrutura: a área das ligações. Estas ligações podem ser de
vários tipos: ligações coladas, parafusadas, pregadas ou com anéis. Neste trabalho foram
estudadas as ligações parafusadas, porém com um diferencial: substituindo os parafusos
foram utilizados os chamados parafusos ocos, ou seja, tubos metálicos. Para este estudo foram
realizados ensaios de embutimento normal e paralelo às fibras, utilizando a espécie Eucalipto
Grandis, de acordo com a NBR 7190/97.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Materiais utilizados

A espécie de madeira utilizada foi Eucalipto Grandis. Os tubos utilizados foram de aço
galvanizado com diâmetro ½”. O diâmetro foi escolhido em função das dimensões das peças
ligadas.

2.2 Métodos

Foram realizados ensaios de embutimento nas direções normal e paralela às fibras.A carga de
ruptura para cada tipo de ensaio foi estimada a partir do ensaio destrutivo de um corpo de
prova com carregamento cíclico de acordo com a NBR 7190/97. Conhecendo-se esta carga
máxima, traçou-se o diagrama de carregamento de acordo com a figura 1 Foram instalados
dois transdutores de deslocamento, um de cada lado do corpo de prova, figura 2.

Figura 1 – Diagrama de carregamento


Figura 2 – Instrumentação dos corpos de prova de embutimento normal e paralelo às fibras

Para se avaliar a resistência das lâminas da madeira foi utilizado o aparelho Sylva test, de
classificação mecânica não destrutiva (NDT). O ensaio consiste em colocar em uma das
extremidades da peça de madeira em análise a fonte que emite a onda de ultra-som e, na outra
extremidade, o receptor. Conforme o teor de umidade presente na amostra e a própria
natureza da madeira, a onda teve maior ou menor velocidade de propagação. De posse deste
valor foi determinado seu módulo de elasticidade. O esquema do ensaio encontra-se na figura
3.

Figura 3 – Aparelho Sylva Test

As lâminas após passarem pelo ensaio no Sylva Test foram coladas e levadas a uma prensa.
Os tubos galvanizados foram confeccionados a partir de tubos com 6 metros de comprimento.
Foram então posicionados de forma que facilitasse o corte em tubos menores. Depois de
cortados foram feitas as roscas em cada lado do tubo. Esta seqüência é mostrada na figura 4.

Figura 4 – Corte e roscas nas extremidades dos tubos


As dimensões dos corpos de prova de embutimento estão representadas na figura 5. Foram
confeccionados 6 corpos de prova para os ensaios de embutimento normal às fibras e 6 para
os ensaios de embutimento paralelo às fibras (CPI, CPII, CPIII, CPIV, CPV e CPVI).

(a) (b)
Figura 5 – Dimensões dos corpos de prova de ½” em cm
(a) normal às fibras (b) paralelo às fibras

Na figura 6 encontram-se os esquemas de ensaio dos corpos de prova de embutimento normal


e paralelo às fibras.

(b)
(a)
Figura 6 – Detalhes dos corpos de prova de embutimento e do posicionamento dos DT’s
(a) Ensaio de embutimento normal às fibras (b) Ensaio de embutimento paralelo às fibras
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Todos os dados foram armazenados no programa aqdados. Este programa permite que seus
arquivos sejam exportados para um programa de planilhas eletrônicas, como por exemplo, o
Excel. Todos os dados passaram por um tratamento de filtragem, matemático e de ajuste.

A resistência de embutimento fe é definida pela equação (1).

Fe Fe (1)
fe = =
Ae t.d

onde: fe é a resistência de embutimento na direção considerada;


Fe é a força que causa a deformação específica residual de 2‰;
Ae é a área de embutimento.
t é a espessura do corpo de prova;
d é o diâmetro do pino.

3.1 Embutimento normal às fibras

Após os ensaios de embutimento normal às fibras foram traçados para cada corpo de prova
um gráfico deslocamento x tempo e carga x tempo e também um gráfico tensão x deformação
específica. Nas figuras 7 e 8 estão os resultados do ensaio de um corpo de prova, no caso, o
CPI.

Gráfico Geral do Ensaio de Embutimento Normal às Fibras - CPI de 1/2"

7,50 30,00

5,00 20,00

2,50 10,00
Deslocamento (mm)

Carga (kN)

0,00 0,00
0 50 100 150 200 250 300 350

-2,50 -10,00
DT2 (mm)
DT1 (mm)
Célula (kN)
-5,00 -20,00

-7,50 -30,00
Tempo (s)

Figura 7 - Gráfico deslocamento x tempo e carga x tempo do ensaio de embutimento normal


às fibras para o CPI de ½”
Gráfico tensão x deformação específica de embutimento normal às fibras para o CPI de ½”

20,00

18,00

16,00

14,00

12,00
Tensão (MPa)

10,00

8,00

6,00

4,00

2,00

0,00
0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500 0,0600
Deformação específica

Figura 8 – Gráfico tensão x deformação específica de embutimento normal às fibras para o


CPI de ½”

No caso acima a resistência ao embutimento normal às fibras foi de 16,00MPa. A resistência


média de embutimento normal às fibras foi de 14,69 MPa.

3.2 Embutimento paralelo às fibras

Analogamente ao feito para o ensaio de embutimento normal às fibras, foram traçados, para
cada corpo de prova do ensaio de embutimento paralelo às fibras, um gráfico deslocamento x
tempo e carga x tempo e também um gráfico tensão x deformação específica. Nas figuras 9 e
10 estão os resultados do ensaio de um corpo de prova, no caso, o CPI.

Gráfico Geral do Ensaio de Embutimento Paralelo às Fibras - CPI de 1/2"

13,50 30,00

9,00 20,00

4,50 10,00
Deslocamento (mm)

Carga (kN)

0,00 0,00
0 50 100 150 200 250 300 350

-4,50 -10,00

-9,00 -20,00
DT2 (mm)

DT1 (mm)
Célula (kN)
-13,50 -30,00
Tempo (s)

Figura 9 - Gráfico deslocamento x tempo e carga x tempo do ensaio de embutimento paralelo


às fibras para o CPI de ½”
Gráfico tensão x deformação específica de embutimento paralelo às fibras para o CPI de ½”

20,00

18,00

16,00

14,00

12,00
Tensão (MPa)

10,00

8,00

6,00

4,00

2,00

0,00
0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500 0,0600
Deformação específica

Figura 10 – Gráfico tensão x deformação específica de embutimento paralelo às fibras para o


CPI de ½”

No caso acima a resistência ao embutimento paralelo às fibras foi de 16,48MPa A resistência


média de embutimento paralelo às fibras foi de 16,33 MPa.

4 CONCLUSÕES

A norma brasileira, NBR7190/97, não aborda o tipo de ligação com parafusos ocos, ou seja,
com tubos galvanizados. Na literatura estrangeira este tipo de ligação está sendo estudado e se
mostrou eficiente. Como havia sido previsto realmente houve o esmagamento da madeira e
não a flexão do tubo durante a realização dos ensaios.

Cuidados especiais devem ser tomados quando do dimensionamento deste tipo de ligação,
principalmente durante o cálculo do βlim e a previsão de flexão do tubo ou esmagamento da
madeira.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NBR 7190 (1997) - Norma Brasileira para Cálculo e Execução de Estruturas de Madeira.

RODD, P.D. ; LEIJTEN, J.M. (1996) - Some structural properties of densified veneer wood.
International wood conference, Lousiana, USA volume 2.

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