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CASA MODULAR PADRÃO IF, SISTEMA CONSTRUTIVO UTILIZANDO PINUS

Eloá de Castro Cruzeiro e Akemi Ino

RESUMO: Este trabalho apresenta um pequeno histórico da utilização da madeira para


edificação no Instituto Florestal - IF, órgão da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São
Paulo. A possibilidade de desdobrar troncos com pequeno diâmetro, desde 13cm, produzidos
nos desbastes intermediárias de pinus elliotti, motivou o aproveitamento deste material de
pequenas dimensões para construção de casas. Assim, foi desenvolvido um sistema
construtivo modular, para atender as necessidades do IF, na época, relativa às demandas de
residências para funcionários e outras edificações em áreas de Parques pertencentes à
Secretaria no Estado de São Paulo. O presente trabalho apresenta ainda, uma descrição do
sistema construtivo original, denominado casa de madeira modular padrão IF e a atual,
com as modificações realizadas, levantando as vantagens e desvantagens. Utilizando o
sistema IF foram também executadas diversas obras com outros arranjos arquitetônicos, as
quais apresentaram indicadores tanto do ponto de vista da sua versatilidade como também
sobre as limitações do sistema. O sistema IF comprova a viabilidade de uso da madeira de
pequenas dimensões oriundas de reflorestamento de pinus para construção de edificações,
indicando maior aproveitamento das florestas e colocando a perspectiva de um manejo
sustentável visando a produção da madeira para construção.
Palavras-chave: casa de madeira modular, pinus, Instituto Florestal

MODULAR PINUS WOODEN HOUSE CONSTRUCTIVE SYSTEM


– FOREST INSTITUTE STANDARD

ABSTRACT: This text introduces some of the history of the wood used in construction in the
Forest Institute, agency of the Secretariat of the Environment of the State of São Paulo. The
possibility of re-sawing trunks with a small diameter, from 13 cm, produced in the
intermediate stages of consumption of pinus elliotti, prompted the exploitation of this small-
dimensioned material for use in houses construction. As a result, a modular construction
system was developed to fulfill the needs of the Forest Institute at that time, which was in
response to the demands for employee residences and other constructions in park areas
pertaining to the Secretariat of the Environment in the State of São Paulo. The present work
includes both a description of the original constructive system, called modular wooden
house Forest Institute standard, and the current one with the modifications added, which
shows the advantages and disadvantages. That system has been tested with a variety of
workmanship and a range of other architectural designs. This has provided information on its
versatility and also on the limitations of the system. The System proves the viability of the use
of small-derived sections of wood and reforestation of pinus for construction improvements.
This indicates that greater exploitation of the forests is possible and sets the scene for
sustainable forest management aimed at the production of wood for construction.
Keywords: modular wooden house, pinus, Forest Institute

Trabalho extraído da Dissertação de Mestrado


1 CONSIDERAÇÕES INICIAS SOBRE A CONCEPÇÃO

Segundo MONTAGNA (1994), este projeto e seu sistema construtivo teve início em 1974,
quando o Instituto Florestal –IF tinha um déficit de 300 casas que deveriam ser destinadas a
funcionários (vigias). Na época a alocação dos recursos orçamentários necessários a essas
construções já era escassa. Tentando a solução dessa situação e sem perder de vista a
destinação mais nobre da madeira de pinus de seus reflorestamentos, surgiu a proposta da
construção de casas padrão Instituto Florestal, pré-fabricadas, com sistema construtivo
modular, tendo como componente básico a madeira de pinus. Este sistema construtivo foi
denominado Sistema IF. Na época, por própria tradição, o IF já dispunha de mão-de-obra apta
e potencial para trabalhar com madeira em quantidade razoável. Dispersas em suas Unidades
do Interior, foram devidamente treinadas e constituíram-se equipes de produção dos
componentes de madeira, montagem e serviços de acabamento de casas (serviços de pedreiro,
elétrica, hidráulica, esgoto e pintura). Foi dessa maneira que ficou assegurada, mesmo que de
maneira parcial, a “matéria-prima” e a “mão-de-obra”.

Com a finalidade de obter maior subsídio sobre tecnologia de construção de casa de madeira,
alguns técnicos do IF empreenderam viagem a Curitiba, em novembro de 1974, a fim de
entrar em contato com as principais indústrias locais, pois no Estado do Paraná a construção
em madeira sempre foi difundida e praticada. Estes técnicos eram Engenheiros Agrônomos e
Florestais (não havia no quadro Engenheiros Civis ou Arquitetos), os quais desempenharam
um papel importante na pesquisa sobre tecnologia de madeira voltada para a produção de uma
habitação.Segundo informações contidas em relatório interno INSTITUTO FLORESTAL
(1975), estes técnicos constituíram um grupo de trabalho com vistas à obtenção de subsídios
para a solução do problema de construção de casa para vigia. Foi a partir do levantamento de
dados junto às indústrias que fabricam “casas de madeira” que os pesquisadores obtiveram
subsídios para a concepção e desenvolvimento do projeto. Após as visitas efetuadas, ficaram
evidentes as vantagens de construção de casas de madeira.

Os pesquisadores envolvidos no processo, listaram como premissas básicas os seguintes


fatores para concepção e construção do projeto:
- Aplicação principalmente de madeira de Pinus, tendo como opção a utilização, em alguns
componentes de peças de Eucalipto (em menor quantidade) disponíveis nos plantios do IF e
eventualmente madeiras de lei (proveniente de árvores caídas em áreas de florestas);
- Adoção de sistema modular mais adequado em relação ao aproveitamento da madeira e de
forma a permitir tamanhos mínimos para abertura de portas e janelas, vãos de tesouras, etc.;
- Possibilidade de produção com o menor número de componentes;
- Usinagem e beneficiamento possíveis de serem executados em uma pequena oficina de
marcenaria-carpintaria própria o para o fim, com produtividade aceitável, ou seja, um local do
IF que possuísse uma infra-estrutura mínima e com matéria-prima abundante (madeira);
- Execução de todos os serviços, desde o corte da madeira na Floresta até a produção e
montagem exclusivamente pelos funcionários locais (disponibilidade de mão de obra);
- Possibilidade de preservar a madeira através de uma Usina de Tratamento existente no IF;
- Peças ou componentes a serem tratados não poderiam ultrapassar o comprimento da
autoclave existente, ou seja, 7,80 m;
- Que o local escolhido possibilitasse a construção de galpões, pátios para secagem da
madeira e armazenamento do material;
- Que todos os componentes de uma casa coubessem em um caminhão;
- O transporte limitado a um caminhão pequeno de modo a permitir o trânsito a locais de
difícil acesso;
- Que possibilitasse a desmontagem da casa, caso necessário, e a montagem novamente da
mesma casa em outro local;
- Que a unidade habitacional objetivada atendesse ao programa de necessidades dos
funcionários (vigias em sua maioria) e suas respectivas famílias;
- Que possuísse características entendidas como moradia de construção simples, para atender
a uma determinada faixa de funcionários, resolvendo a demanda existente;
- Que fosse uma habitação de baixo custo e ao mesmo tempo assegurasse as mínimas
condições de habitabilidade e higiene.

Além dos fatores básicos listados acima, considerando-se que a proposta era o uso da madeira,
basicamente proveniente de reflorestamentos que apresentam um desempenho bastante variado
e na época bastante desconhecido, segundo MONTAGNA (1997) foi necessário o
conhecimento dos diferentes aspectos que podem ser subdivididos nos seguintes itens:
- Preconceito: Foram levantados dados sobre o preconceito das construções de madeira
existentes no Brasil, no Estado de São Paulo e junto aos funcionários do IF, devido ao
desconhecimento da tecnologia e do acúmulo de imagens negativas (madeira pega fogo,
apodrece, é fraca, racha, entorta, etc.). Os pesquisadores temiam que a proposta da casa em
madeira não fosse aceita pelos futuros moradores e principalmente pela Divisão de Obras,
órgão que deveria aprovar o projeto.
- Características do Material: Foram pesquisadas as características do material a ser
utilizado, ou seja, o conhecimento da madeira e do seu comportamento frente às diferentes
solicitações quando em uso, o que possibilitou dados suportes para o projeto. Tratou-se do
conhecimento da estrutura anatômica da madeira, das propriedades físicas e mecânicas e do
seu comportamento frente às diferentes solicitações.
- Defeitos: Foram relacionados os diversos tipos de defeitos que as peças de madeira
poderiam apresentar, quando empregadas nas construções, independentes de seu uso. As
deformações mais comuns, conhecidas como abaulamentos (encanoamento, empenamento e
arqueadura), os defeitos congênitos (defeitos que a madeira já tenha em si, tais como nós,
rachaduras, fibras desviadas, manchas, etc.) e quais seriam as conseqüências de um
desdobramento inadequado (desbitolamentos, quinas mortas, etc.).
- Durabilidade: Trataram das questões da madeira, com relação à resistência à ação do meio
ambiente (do ar e da umidade, do sol e da chuva) e da ação de fatores biológicos (insetos e
microrganismos), e quais seriam os processos de proteção com certa eficiência.

Porém os dados acima nunca foram publicados ou relatados de uma forma mais detalhada. A
partir da concepção do projeto, para testar a efetiva viabilidade técnica da sua construção,
bem como para propiciar a análise de custos, foi elaborado um primeiro protótipo da chamada
“casa de madeira” Sistema IF no início do ano de 1975.

2 DESCRIÇÃO DA TRAMA MODULAR DO SISTEMA IF

Para produção e execução do Sistema IF foi adotado um sistema estrutural modular, que é
uma forma de organizar todos os elementos de uma edificação sobre a base de uma medida
comum, com dimensões uniformes, que se denomina módulo. Segundo JUNTA DEL
ACUERDO DE CARTAGENA (1980), a coordenação modular caracteriza projetos e
construções de edifícios racionalizados e produzidos segundo as bases de um sistema
industrial. Tem especial importância para construções com madeira, pois sua aplicação
melhora a eficiência e economia de produção, comercialização e transporte. Neste caso é
usado 1,00 m como unidade de medida. Esta medida se repete apenas no plano horizontal,
constituindo a trama modular.
A utilização racional da madeira requereu a adoção deste sistema com dimensões coordenadas
modularmente, para assegurar flexibilidade e funcionalidade do desenho do projeto proposto.
Isto possibilita simplificar e reduzir o número de peças componentes da edificação, além de
facilitar desde as etapas de extração e transformação da matéria-prima, a concepção do
projeto, a produção e a construção. O sistema modular tem também como objetivos:
- relacionar as dimensões dos materiais com as dimensões dos ambientes arquitetônicos;
- reduzir desperdícios;
- aumentar o rendimento da mão-de-obra;
- reduzir os prazos de execução de uma obra.

Possibilita, ainda, a verificação se todas as peças ou componentes de madeira, quanto às


medidas, se corretas ou não, como também facilita o controle de qualidade e a organização da
produção em série.

Segundo ROSSO (1978), a coordenação modular estabelece um Sistema Modular de


Referência, uma correlação entre as dimensões da edificação e as dimensões dos
componentes. É este sistema que permite usar a unidade de medida padrão para se proceder a
locação dos componentes no projeto e na obra. A locação da obra, portanto, geralmente é
executada pelo eixo modular. Este Sistema é constituído de pontos, linhas e planos originados
por um sistema cartesiano básico, formado por eixos ortogonais X e Y. Dele se originam
quadrículas planas, com a unidade de medida de 1,00 m que, se somadas, determinam o
comprimento e a largura dos ambientes.
Portanto princípio básico do Sistema IF é a modulação em 1,00 m, sendo no sentido
transversal o comprimento igual e limitado a 6,00 m (tamanho padrão da tesoura). A
modulação no eixo longitudinal também determina o espaçamento das tesouras da cobertura,
sempre em duas águas. A modulação de 1,00 m também é requisito básico para a locação dos
pilares. Estes apresentam função estrutural e construtiva: apoio das tesouras, fixação das
tábuas das paredes e fixação de esquadrias.

3 VERSÃO ATUAL DA CASA DE MADEIRA - SISTEMA CONSTRUTIVO IF

Para alcançarmos a meta da descrição da versão atual da casa de madeira, segundo o Sistema
I.F, foi necessário um levantamento do funcionamento da infra-estrutura de processamento da
madeira, do registro dos componentes através do desenho das peças quantificação e das etapas
de montagem.

Os instrumentos utilizados para tal pesquisa foram planilhas de coleta de dados, aplicadas no
local de produção e através de revisão bibliográfica, sobre os vários assuntos correlacionados,
para que pudesse nos auxiliar na descrição. Além disso, foram coletadas informações junto a
vários canteiros de obras. Posteriormente, também foram realizadas visitas a outras
edificações já executadas. Isto se fez necessário, pois não existe uma bibliografia atual que
descreva o Sistema IF de uma forma geral.

A versão atual do Sistema IF utiliza para todos os componentes madeira de pinus elliottii.
“Esta versão foi elaborada baseando-se em uma pesquisa exploratória, foi feito em cima de
acertos e erros, quando nos acertávamos nós deixávamos, quando nós errávamos, fazíamos
outra vez, íamos modificando ...” MONTAGNA (1997)

A unidade tem dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e dois pequenos “terraços” ou varandas (a
varanda junto à cozinha é utilizada como área de serviço, onde sempre se instalou um tanque).
Figura 1- Planta da Casa de Madeira, Sistema IF de 54 m².

Desde a primeira versão até a atual, este sistema sofreu várias modificações, que vieram
sendo aperfeiçoadas em função da necessidades dos usuários, da modernização dos
equipamentos e da própria mão-de-obra ao executá-las. Constata-se porém, que estas
alterações foram evoluindo naturalmente, sem que esta evolução fosse decorrente de alguma
pesquisa específica. Os pilares, com altura total do pé-direito da construção, são cravados por
meio de cavilhas, nos elementos da estrutura do piso (vigamentos chamados barrotes e
baldrames) e na estrutura superior (vigamentos chamados frechais) do telhado. Neste sistema
os pilares e vigas formam parte da estrutura do piso, da cobertura e dos diafragmas da parede
(elementos estruturais colocados em plano vertical que fecham os espaços existentes entre o
pilar e a viga). Os pilares, com altura total do pé-direito da construção, são cravados por meio
cavilhas, nos elementos da estrutura do piso (vigamentos chamados de barrotes e baldrames) e
na estrutura superior (vigamentos chamados de frechais) do telhado. Para execução dos
elementos verticais e horizontais foi adotada a madeira na sua forma serrada.

Com relação ao enfoque estrutural, critério baseado na tipologia da estrutura, podemos


classificar como um sistema construtivo com elementos estruturais independentes de vedação.
As cargas são transmitidas através das tesouras para vigas (frechais) ligadas aos pilares e em
seguida para a fundação, conforme mostra a figura 2.

Figura 2 – Sistema Estrutural da Casa de Madeira –54 m²


O contraventamento é realizado através de reforços com diagonais colocadas nos planos
verticais e nos planos horizontais. Após a colocação da vedação, as tábuas de parede ajudam
na rigidez e estabilidade da edificação, bem como no desempenho das funções de isolação
térmica, resistência ao choque, proteção contra intempéries, etc. Estas casas são fabricadas na
Unidade de Produção - Floresta Estadual de Manduri do Instituto Florestal, que encontra-se
equipada para atender tal demanda. Tal fato ocasionou a formação de vilas operárias ou casas
de vigias em pontos isolados, tanto nas Unidades de Conservação quanto nas Unidades de
Produção. Nos próximos subitens serão apresentados os componentes utilizados na montagem
de uma unidade habitacional.

3.1 Base de Madeira


A base de madeira, que irá sobre a fundação, é composta por peças de seção quadrada com
0,075 x 0,075 m constituídas por vigas chamadas baldrames e barrotes.

3.2 - Pilares
São peças que apresentam função estrutural e construtiva, sendo sua fixação feita após a
conclusão da base de madeira. Estas peças são chamadas de pé-direito - PD. A função
estrutural é suportar a carga proveniente das tesouras da cobertura. A função construtiva dos
pilares é para servir de fixação das tábuas de madeira através de pregos, que formarão as
paredes, ou para fixação dos batentes das portas e janelas. Os pilares apresentam um
comprimento útil de 2,80 m.

Nas duas extremidades, eles recebem uma perfuração para encaixe de uma cavilha. Este
componente será responsável pelo encaixe do pilar com o baldrame e barrote, ou na viga
superior de amarração (frechal).

3.3 - Painéis Parede


As paredes são construídas com tábuas de madeira, com sistema macho e fêmea, formando
painéis do tipo sanduíche. Estas têm suas bordas pregadas nos eixos dos pilares e são
colocadas na sua forma horizontal. Os pilares permitem maior rigidez da parede e minimizam
os problemas de retração das tábuas. Os tipos de tábuas usadas para revestimento, ou seja,
para a execução de paredes, pode ser visualizada figura 3.

Este sistema construtivo, em que as tábuas são pregadas em ambas as faces do pilar, foi
adotado recentemente para proporcionar um melhor conforto térmico e acústico. A melhoria
não é significativa, mas, mesmo assim, não é colocado nenhum tipo de isolamento mais eficaz
dentro do colchão de ar interno.

Figura 3 - Componentes de parede

Para fixação das tábuas de parede interna (forro) junto aos pilares, são utilizados os sarrafos
de enchimento, com dimensões de 2,5 cm x 7,5 cm por 2,80 m de altura.
4 EVOLUÇÃO DO SISTEMA CONSTRUTIVO IF: PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES

Paredes:
- A princípio, as tábuas internas não tinham o sistema macho e fêmea, encaixavam-se nos
recortes dos pilares com o tempo, saíam do alinhamento criando frestas entre si.
- As tábuas de parede possuíam alturas variadas, no intuito de diminuir as perdas. Porém este
fato ocasionava ajustes constantes na produção e um efeito estético negativo nas paredes
prontas.
- O sistema macho e fêmea das tábuas de parede apresentavam um formato igual ao de
assoalho, ou seja, em ângulo reto. Este formato permitia que as águas de chuva, umidade, etc.
se acumulassem nas uniões sem espaço ou declividade para escoar.
- No intuito de melhorar o conforto térmico e acústico, reforçar a estrutura e esconder as
frestas foram colocadas no perímetro externo tábuas pregadas nos pilares. As tábuas de parede
possuíam 3,00 m de comprimento.
- A alteração seguinte já adotava, a partir da produção, que as paredes externas passariam a
ser pregadas pelo lado de dentro e de fora, enquanto que as paredes internas permaneceriam
de encaixar.
- CRUZEIRO (1986) utilizou em alguns de seus projetos, segundo o sistema IF, fachadas
externas com paredes de pregar e paredes de encaixar. Este artifício aconteceu em função da
necessidade de dar mais movimento a fachadas de longo comprimento e quebrar a aparência
de um único pano formado pela parede de pregar. Misturando-se o sistema construtivo, pode-
se jogar com panos diferentes de acabamento. Em muitos casos foram feitas estruturas
imitando pilares externos sobre parede de pregar.
- A última evolução, no que diz respeito a paredes, foi a adoção de paredes pregadas
externamente e internamente. As paredes externas com tábuas de 2,2 cm de espessura e as
internas 1,1 cm de espessura (o mesmo componente utilizado no forro). Isto provocou a
remodelação dos pilares, o que será abordado adiante.
- Outro procedimento adotado na construção de paredes foi a substituição de paredes de
madeira, onde seriam executados os serviços de tubulação hidráulica, por paredes de
alvenaria. Esta situação ocorre nas áreas do banheiro, cozinha e área de serviço.
- A partir da execução de alvenarias, ocorreram modificações no que diz respeito a soluções
de junção de paredes de alvenaria com parede de madeira. Geralmente é colocado um sarrafo
de enchimento ou pontalete parafusado ou pregado na alvenaria, para que se possa pregar as
tábuas da parede de madeira.
- Nas paredes de alvenaria, em algumas situações, foram adotadas as seguintes medidas: 1)
Paredes de alvenaria de ½ tijolo ou “espelho”, executadas internamente, faceando as paredes
externas de madeira, até a altura 1,20 m na pia de cozinha, tanque e lavatório e 2,00 m para o
chuveiro. 2) Paredes de alvenaria com altura do pé-direito.
- Em alguns projetos, adotou-se o revestimento externo através de tábuas de madeira pregadas
sobre as paredes de alvenaria. Este tipo de execução, imitando uma parede de madeira, causou
vários problemas como infiltração de água de chuva, acúmulo de umidade, frestas, acúmulo
de sujeira, insetos, etc. A falsa aparência de um sistema construtivo comprometeu
esteticamente o projeto.

Barrotes e Baldrames
- Estes componentes mantiveram sua forma e função desde o início. A única mudança
significativa foi com relação a pré furação. O corte do furo para encaixe do componente de
ligação (cavilha ou respiga do pilar) acompanhou a evolução dos pilares, passando do formato
retangular para o formato redondo, com diâmetro de 3 cm e atualmente com diâmetro de 2
cm. A posição destes furos e o recorte da peça se mantiveram.
Pilares
- Os pilares possuíam inicialmente um recorte nas duas extremidades, denominado “respiga”,
responsável pelo encaixe do pilar na sua parte inferior com o baldrame ou barrote, e na sua
parte superior o encaixe junto a viga superior de amarração (frechal).
- Esta respiga de formato retangular (no protótipo) passou a ser cilíndrica e torneada no pilar
com 3 cm de diâmetro por 7,5 cm de comprimento. A fragilidade desta peça sugeriu a criação
de cavilhas de eucalipto com 2 cm de diâmetro e 15 cm de comprimento. Os pilares ao invés
de ter respiga, passaram a receber um furo em ambas extremidades.
“Qualquer pontalete quando se fazia as respigas, estas ficavam com a pior parte da madeira.
Depois de um certo tempo, principalmente quando ia se proceder a montagem, não encaixava
perfeitamente, ficava torto. Quando você ia acertar, batia ... aí ela quebrava”. MONTAGNA
(1997)
- As alterações sofridas pelas tábuas de paredes obrigaram, por sua vez, a proceder-se
alterações nos pilares. O sulco feito para o encaixe deixava de ser executado (havia sete
configurações de pilares), passando o pilar a ter uma configuração retangular. Esta inovação
permitiu diminuir para três tipos de pilares: 7,5 x 7,5 cm, 7,5 x 10 cm e 10 x 10 cm.
- A alteração descrita, obrigou a criação de mais um componente construtivo, o sarrafo de
enchimento. Esta peça tornou-se necessária para pregar as pontas das tábuas de paredes
internas nos cantos e também nos encontros de paredes.
- Os pilares dos cantos, pelo lado de fora apresentavam um problema estético de acabamento.
As paredes eram serradas formando uma aresta viva de aspecto negativo. Procedeu-se à uma
melhoria na quina de encontro das mesmas, criando-se um recorte nas duas faces visíveis do
pilar, no ponto de chegada das tábuas.
- Para os pilares utilizados nas varandas passou-se a adotar o acabamento arredondado em
todas as quinas.
- Atualmente é cortado em obra o pilar de canto utilizado na varanda da casa padrão 54 m²,
pois necessita que a tábua passem diretamente.
- Em algumas situações, tanto pelo aspecto estético, como pelo estrutural, faz-se uso de peças
roliças de eucalipto. Isto ocorre geralmente nas varandas, ou internamente, para possibilitar
vãos maiores entre os apoios da cobertura, ou seja, vigas com vãos maiores e pilares sujeitos a
cargas maiores.

Pisos
- No início da construção de casas padrão IF, foi adotado para todos os pisos, assoalho de
madeira, fixado nos barrotes. Este fato se deu em função da economia de materiais, pois, na
época, pensava-se em utilizar somente madeira para todas as partes da casa.
- O tratamento do assoalho passou a ser realizado somente após alguns pisos executados
apresentarem apodrecimento ou ataque por cupins. Este fato inviabilizou muitos assoalhos
que tiveram que sofrer substituição.
- A necessidade de se lavar o piso de uma cozinha, quer por acúmulo de sujeira, ou por queda
de alimentos, ou ainda por excesso de gordura, sugeriu a substituição do assoalho por piso
cimentado ou cerâmico. Este procedimento pede a retirada dos barrotes neste trecho, dando
lugar ao contra-piso de concreto.
- Grande parte das edificações são executadas em áreas de índice pluviométrico alto. A falta
de uma calçada no entorno das edificações provocava acúmulo de resíduos que iam se
acumulando nas paredes externas. Além disso dificultava a circulação no entorno das casas.
Esta situação sofreu uma melhora mais acentuada com a execução de varandas.
- Com a utilização do sistema IF para projetos de arquitetura com novos usos (alojamentos,
centro de visitantes, escritórios, etc.), surgiram propostas para o uso da madeira em assoalhos
externos expostos à chuva. A solução foi iniciar a fabricação de tábuas sem o sistema macho e
fêmea, de 4 cm de espessura por 11 cm de largura, com 3,00 m de comprimento, tratadas. Na
execução as tábuas são espaçadas entre si, com vãos de 1 cm a 1,5 cm. Isto possibilita o
escoamento da água de chuva, ajudando no melhor desempenho quanto à durabilidade da
madeira, segundo de recomendações feitas por engenheiros ou arquitetos da Secretaria do
Meio Ambiente.
- Para a estrutura dos assoalhos externos, adotou-se vigamento em pinus e pilares em
eucalipto roliço, ambos tratados. A espessura das tábuas de assoalho foram calculadas para
espaçamento do vigamento em pinus, a cada 1,00 m. Porém na fase de execução da estrutura,
nem sempre é adotado este vão e as dimensões das vigas ficam a critério de cada projetista.
- Junto ao uso de assoalhos externos, também denominados “decks,” e nas varandas, foi
incorporado também o uso de guarda-corpo executados com peças de pinus tratado. Este
elemento construtivo não segue um padrão, ficando a critério do projetista a especificação
para o projeto executivo.

Forro
- As emendas de forro antigamente eram feitas num alinhamento só. Atualmente são feitas
alternadas com alinhamentos intercalados, favorecendo o aspecto visual.
- As tábuas de forro tiveram formas diversificadas no desenho e na sua fixação. Com intuito
estético de decorar o forro, foram feitos arranjos especiais formando desenhos ou formas
variadas.

Esquadrias
- Uma mudança significativa foi a execução das folhas das janelas venezianas de uma folha de
abrir para duas folhas. O problema que ocorria na folha única era seu peso próprio, que
ocasionava empenamentos e dificultava a sua abertura.
- Com intuito de melhorar o controle da iluminação e ventilação, ocorreram duas alterações
nas janelas: - Janelas de abrir para fora, do tipo veneziana, e de abrir para dentro com vidro.
Este tipo de janela favoreceu a ventilação, pois ela se abre completamente, aproveitando-se
toda sua área; - Janela tipo basculante maior, com duas ou três basculas, aumentando a
eficiência no controle de ventilação, de acordo com o ângulo de abertura. Apesar do aumento
no comprimento dos componentes, estas peças não foram redimensionadas em suas seções.
- As portas também sofreram inovações. A utilização de portas-balcão favoreceu a estética na
composição de fachadas. O uso de duas folhas de abrir melhorou funcionalidade, ajudou na
passagem de mobiliários grandes e favoreceu a circulação. A destinação dos ambientes para
outros usos (escritório, salas de reunião, etc.) teve grandes benefícios.
- Com a atuação de profissionais de arquitetura, alguns cuidados passaram a ser observados.
O alinhamento de janelas e portas pelo nível superior e o uso de telas do tipo mosquiteiro para
as áreas de mata.

Cobertura
- A substituição da tesoura “Howe” pela “Fink”, o espaçamento a cada 1,00 m e a retirada das
terças e caibros favoreceram muito a estrutura da cobertura. Conseguiu-se mais facilidade na
montagem, melhor distribuição de cargas e maior alívio nas tensões da estrutura.
- Com a mudança da estrutura da cobertura, passou-se a utilizar as tabeiras como elemento
essencial para proteção das pontas da tesouras à ação das intempéries. Este componente
também ajuda no acabamento final da última fiada de telha para que estas não escorreguem.
- Com a substituição da telha de fibro cimento pela telha de barro, foi necessário mudar
também a inclinação do telhado. A declividade passou para 35%, de acordo com o tipo de
telha de barro mais utilizado na época, a telha francesa.
- Por ser a madeira um material que funciona também como isolante, absorvendo a umidade
do ar, ela também foi utilizada na forma de telhas. São chamadas de cavacos ou telhas de
lascas de madeira. As peças utilizadas para este fim, foram tábuas de pinus aparelhadas com
dimensões de 1,5 cm de espessura x 8 cm de largura e 50 cm de comprimento. Entretanto
estas peças necessitaram de tratamento em autoclave. Para a execução procedeu-se a
colocação das telhas de madeira sobrepostas intercalando-se mantas plásticas entre as telhas.
Este tipo de cobertura só foi adotado para edificações com pequenas áreas, tais como guaritas
e quiosques.
- Com a necessidade de construir novas edificações nas Unidades de Conservação para
diferentes usos, surgiu a proposta de emprego do Sistema IF atráves da junção de unidades
padrão. Com esta alternativa as edificações teriam áreas maiores para comportar edifícios
como escritórios, alojamentos, centro de visitantes, etc.
-Este recurso é altamente utilizado por profissionais de arquitetura e engenharia, porém a
cobertura destas edificações apresenta-se mal resolvida. Em função da cobertura da unidade
padrão ser em duas águas, isto provocou a existência de calhas na junção entre os módulos. O
recorte de telhas, a execução das calhas (recorte de chapas galvanizadas, sobreposição, etc.) e
condutores acarretam muitas vezes problemas de infiltração de água de chuva, causando a
deterioração.
- Teoricamente uma tesoura ideal tem como tensões em suas peças, somente compressão ou
tração, sendo peças bi-apoiadas em suas extremidades. Ocorre que, nas tesouras fink do
Sistema IF, devido a imperfeições de montagem, defeitos de ligações, sub-dimensionamento,
etc, ocorrem flechas quando são submetidas a vão livre de 6 m, sem paredes inferiores.
Havendo paredes e pilares sob a tesoura, estes suportam as sobrecargas, evitando a flecha do
conjunto. Para minimizar os efeitos do vão lilvre, diminuiram-se as cargas aplicadas,
alterando o espaçamento entre elas de 1m para 0,50 m.
- Em conjunto com a “Gang Nail” do Brasil, a SMA através de seus engenheiros, desenvolveu
um novo dimensionamento destas tesouras para suportarem um vão livre de 8 m. Foram
redimensionadas todas as peças e as ligações passaram a usar os conectores “gang-nail”. Este
projeto não foi levado adiante, devido as necessidades de alterações nas dimensões das peças
de madeira e necessidade de comprar material externo (conectores gang nail) para as ligações.

Conforto Térmico
- A adoção do sistema de parede de pregar, através da formação de um “colchão de ar” entre o
sistema de painel sanduíche, funcionou como um componente isolante, uma vez que o ar é um
isolante térmico.
- Sendo o telhado a superfície mais exposta à ação direta do sol e chuva, alguns cuidados
foram tomados visando à proteção da casa. A inclusão de varandas, por exemplo, veio
proteger as paredes e aberturas (janelas e portas). Este procedimento vem sendo adotado
como proposta para a atual versão de 54 m², suprimindo-se as duas pequenas varandas
existentes (aumentando a área da cozinha e sala) e incluindo varanda à volta toda da
edificação.
- Algumas tentativas foram feitas no sentido de melhorar o conforto térmico interno da casa,
pois o impacto da radiação solar sobre a madeira e as superfícies da cobertura, ocasionaram
em muitos locais uma temperatura interna maior que a do ar que circundava a casa. Com
intuito de melhorar a circulação do ar, foram realizadas aberturas nos oitões sobre o forro da
casa. Nunca foram realizadas pesquisas específicas para avaliar o desempenho deste artifício.
- Ainda abordando o aspecto de absorção de calor e também reduzir a propagação de ruídos,
foram realizadas algumas práticas como a colocação de materiais de baixa condutividade
entre as paredes de pregar. Estes materiais, que não absorvem calor em grande quantidade,
tiveram como função reter ou acumular a emissão deste para o interior. Dentre os materiais
isolantes utilizados podemos exemplificar a lã de vidro, o isopor e a cortiça. O alto custo
destes materiais inviabilizou seu uso, já que o objetivo maior é o baixo custo das edificações.
Em função disto, algumas experiências foram iniciadas neste sentido como, por exemplo, a
substituição destes materiais no interior da parede por serragem, pó de serra e cavacos de
madeira.Também foram adicionados a estes, misturas com areia, porém estas pesquisas nunca
foram levadas adiante, não se obtendo nenhum dado a respeito.
- Em alguns projetos, foram utilizados recursos como pergolados ou vegetação, para servirem
de anteparo à radiação solar. Este recurso assume considerável papel como instrumento que
minimiza a ação de chuvas, de ventos e favorece a proteção dos materiais de construção.
- A telha de fibro cimento por sua grande capacidade de armazenar e absorver calor foi
substituída pela telha de barro. A evaporação da água absorvida pela telha irá favorecer a
ventilação e o retardamento do calor, transmitindo-o em menores quantidades para o interior
da edificação. A telha de barro, devido a sua forma irregular e sua fixação, permite a
ventilação entre elas. O problema dos ventos fortes, que provocavam respingos de chuva no
interior, foi facilmente resolvido, aumentando-se a declividade do telhado.

Fundação
- As primeiras fundações, executadas em terrenos planos, eram simples e executadas com
canaletas de tijolos, cheias de concreto com armação de aço corrido. A cada metro, abriam-se
brocas curtas de no máximo um metro. Nestas brocas, deixava-se arranques de ferro para
dobrá-los sobre os baldrames de madeira.
- Nas situações seguintes, com terrenos planos ou não, testou-se uma fundação através de
pilotis, ou seja, pilaretes de concreto apoiados em bases ou brocas, distanciados a cada 1
metro em ambas direções. Sobre o topo destes pilaretes, com arranques de ferro, apoiavam-se
os baldrames e barrotes de madeira. A vantagem deste sobre o primeiro tipo de fundação,
apesar de mais trabalhoso, é que permite a ventilação inferior da edificação, inibindo a
umidade por capilaridade. Esta opção permite ainda um espaçamento maior entre os pilaretes,
compensando-se os vãos com vigas mais altas e de madeiras mais resistentes aos esforços
solicitantes.
- Atualmente, a opção mais utilizada consiste em uma fundação do tipo sapata corrida. Os
desníveis impostos pelo terreno (caso existam) são nivelados através de alvenarias de
embasamento, devidamente revestidas e impermeabilizadas. Desta forma, as alvenarias
permitem também trabalhar-se com níveis diferentes. Determinados os níveis de acabamento,
executa-se o contrapiso de concreto impermeabilizante, armado ou não, dependendo de cada
caso.
- Durante muito tempo, utilizava-se incorretamente, uma manta plástica preta sobre o solo. Os
barrotes e baldrames eram colocados sobre estas mantas, sendo que, às vezes, se procedia ao
enchimento do espaço com areia. Da mesma maneira que a umidade tinha dificuldade para
atravessar a manta e entrar (por exemplo capilaridade), também tinha dificuldade para sair
(por exemplo água que atravessou o assoalho). Como não havia ventilação, o ambiente era
favorável a proliferação de microorganismos.
- Com relação a pinturas executadas, foram utilizados vários produtos, com a finalidade de
proteger a madeira contra o envelhecimento natural, contra o acúmulo de umidade e com
finalidades de composição estética com uso de cores diferentes. Dentre estes produtos
podemos citar o uso de cal, tinta látex, esmalte, óleos (de linhaça, óleo diesel,etc.), vernizes e
por último o stain.
- As alternativas utilizadas para proteção de superfícies de madeira molhadas constantemente,
como áreas de chuveiro, pias de cozinha e tanque, foram revestimentos como placas de fibro-
cimento e placas de laminado melamínico. Também foi empregado o revestimento com tijolos
junto à parede de madeira e acabamento com azulejos. Esta última opção é mais adotada.
Serviços Complementares
- Pelo mesmo motivo da criação da calçada no entorno das edificações, foi adotada a
execução de valas de drenagem, no intuito de contribuir com a minimização da umidade nas
paredes externas, além de abaixar o índice de capilaridade do terreno na área compreendida
pela edificação.
- A coleta, o tratamento e a disposição final de efluentes tornaram-se imprescindíveis nas
áreas pertencentes à Secretaria do Meio Ambiente - SMA. Com a assessoria de engenheiros
da SMA e seu órgão CETESB, todos os projetos passaram a adotar a execução de sistemas de
tratamento e disposição final dos efluentes, através de fossas sépticas, filtro anaeróbio,
sumidouros, valas de infiltração, etc., associados entre si conforme cada local de
implantação.
- O sistema elétrico sempre foi um dos itens mais importantes na execução de qualquer
edificação. No caso de uma construção em madeira, a preocupação com o projeto e execução
é maior ainda. A partir de determinada data, também com participação da área técnica da
SMA, passou-se a adotar projetos de instalação elétrica segundo as prescrições das Normas
Brasileiras. Passou-se a adotar a utilização de eletrodutos, aterramentos, bitolas de condutores
elétricos de acordo com a carga, quadros metálicos e projetos específicos para cada uso da
edificação.

5 RECOMENDAÇÕES RELACIONADAS AO DIVERSOS ASPECTOS TECNOLÓ-


GICOS PARA PROTEÇÃO DAS EDIFICAÇÕES MADEIRA – SISTEMA IF

Apesar das imensas vantagens no uso da madeira, este material requer recomendações e
detalhes construtivos específicos para concepção arquitetônica, execução, qualidade,
durabilidade e manutenção de edificações. Segundo BITTENCOURT (1995), para se
proceder recomendações para concepção e execução de edificações em madeira, os
profissionais de engenharia e arquitetura devem desenvolver métodos e instrumentos novos,
repensando os princípios, refletindo nas formas e nos produtos da prática arquitetônica, além
de romper com os sistemas de construção convencionais em alvenaria e tradicionais em
madeira. “ O pesquisador com formação voltada à concepção de edificações, ao iniciar seus
estudos na área madeira-construção, defronta-se com inúmeros obstáculos. O primeiro é o
vazio existente em sua formação profissional a respeito do material madeira. Ao tentar
superar esta deficiência, este perceberá que a literatura técnica nacional é farta nos
trabalhos que enfocam as propriedades físicas e mecânicas da madeira, mas escassa
naqueles que abordam a madeira e a construção, seja de elemento, seja de componentes
construtivos.” (BITTENCOURT,1995, p.171.)

A madeira, como qualquer outro material de construção, tem vantagens que podem ser
utilizadas e desvantagens que devem ser controladas. Na medida que se conhece o material é
possível tirar o máximo aproveitamento dele, usufruindo de suas virtudes e controlando os
seus defeitos.

Por proteção entende-se a redução ou eliminação de causas que deterioram a madeira, de tal
modo que se possa garantir um bom comportamento do material em suas funções estéticas e
estruturais.

Basicamente para o sistema IF há três mecanismos de proteção importantes: especificações


técnicas (indicações necessárias para a execução da obra), detalhes construtivos e tratamento
da madeira. Uma recomendação básica seria, portanto, análisar os seguintes itens abaixo,
relacionados com madeira:
- Concepção do Projeto:
a)Recomendações para a concepção do projeto: Avaliar o processo construtivo, facilitar as
etapas de execução, impedir a improvisação no canteiro de obras, identificar os agentes
agressivos e Planejamento da Obra.
b)Meio Físico Ambiental e Topográfico:
Vegetação Existente, Resistência do Solo, Formas de Relevo, Orientação da edificação no
Terreno
- Canteiro de Obra
- Transporte e Armazenamento
- Tipos de Defeitos apresentados na Madeira
- Processamento da Madeira: Corte da Árvore na Floresta, Desdobro e Usinagem, Processo
de Secagem e Processo de Preservação
- Estabilidade Estrutural
- Estanqueidade ao Ar e à Água
- Isolamento Térmico e Acústico
- Proteção Contra Incêndios
- Proteção Superficial (Pintura)
- Propostas de Inovações

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITTENCOURT, R. M. Concepção Arquitetônica da Habitação em Madeira. São Paulo,


1995. 246p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica - Universidade de São Paulo.
CRUZEIRO, E. C. Proposta para o Núcleo de Manejo e Pesquisa no Parque Estadual do
Morro do Diabo. Relatório das Obras Executadas no Convênio CESP/IF para o Parque
Estadual do Morro do Diabo. Arquiteta da Divisão de Reservas e Parques Estaduais. São
Paulo, novembro de 1986. 36p.
CRUZEIRO, E. C. Produção e Construção de Casas em Madeira de Reflorestamento-
Sistema IF. São Carlos 1998. 283p. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de
São Carlos - Universidade de São Paulo.
INSTITUTO FLORESTAL. Processo S. A. 79.779/75 referente a Construção de Casas de
Elementos Pré-fabricados em Madeira para Vigias em Áreas Florestais. Relatório –
Sobre o Problema da Construção de Casas para Vigia. Projeto Casa de Madeira. Secretaria
da Agricultura do Estado de São Paulo. Gabinete do Secretário, Divisão de Obras. São
Paulo 13 de abril de 1975. 17p.
JUNTA DEL ACUERDO DE CARTAGENA. Cartilla de Construccion con Madera.
Proyectos de Desarrolo Tecnologico en el Area de los Recursos Forestales Tropicales –
PADT-REFORT. 3 ed. Lima – Peru, 1980.
MONTAGNA, R. G. Produção e Utilização de Casas de Madeira pelo Instituto Florestal.
Instituto Florestal. São Paulo, julho, 1994.
MONTAGNA, R. G. Dados Obtidos Através de Entrevista / Comunicação Pessoal.
Pesquisador do Instituto Florestal e Autor do Projeto da Casa de Madeira, Padrão IF. São
Paulo, julho, 1997.
ROSSO, T. Proposição de um sistema aberto por componentes de madeira e derivados
para habitação de baixa renda. Eng. Civil. Sindicato da Indústria de Serrarias,
Tanoarias, Carpintarias, Madeiras Compensadas Laminadas, Aglomerados e Chapas de
Fibra de Madeira no Estado de São Paulo. Simpósio sobre Barateamento da Construção
Habitacional. Tema I – Tecnologia de Projeto e Construção de Habitações. Salvador, BA,
março, 1978. 22p.

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