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ABSTRACT: In the last decade, Brazilians research had a significantly rise emphasizing
timber constructive system. This rise reflect the University’s mastership efforts in creating
research lines aiming at environmental of timber technology in civil constructions. The
purpose is to increase, in approximately ten years, the research result about post-occupancy
evaluation effectuated in timber structural wall constructive system. The present work
recovers these data to subsidize a new technical analysis over a sample from habitations
studied before trying to detect their performance after this period. On the first part of this
work it is show the methodology, the first research result in field and the evaluation realized
in this system in that opportunity. The second part shows the rule and analogy for the choice
and re-evaluation from a predetermined sample of this habitations.
The importance of this study is on the implementation of the constant systematic evaluation
timber constructive system, considering that one of the biggest argumentations against wood
constructive system is its fast deterioration.
In this way, it is intended to monitor this habitations in aspects under specific conditions of
use and verify the global system performance.
Keywords: post-occupancy evaluation, constructive system.
1. INTRODUÇÃO
O trabalho expõe os resultados das análise efetuadas em habitações em madeira de paredes
portantes, efetuadas em dois momentos com intervalo de dez anos. O estudo original
realizado no final da década de 80, foi objeto de um trabalho acadêmico da disciplina
“Avaliação pós-uso”, da Faculdade de Arquitetura da USP. Resgatando estes dados, em uma
segunda fase, efetuou-se a avaliação de algumas destas unidades habitacionais, procurando
detectar o desempenho destas após este período.
2. DESENVOLVIMENTO
A metodologia adotada para o estudo das habitações, como mencionada, foi a “avaliação pós-
uso”, portanto cabe um pequeno aparte para esclarecer a compreensão que se tem sobre este
método.
Introduzida no Brasil a partir de 1984, a metodologia de avaliação pós-uso vem conquistando
espaços entre os técnicos na sistematização das avaliações de edifícios. Em junho de 1989,
após cinco anos de suas primeiras aplicações, realizou-se na Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo – USP, São Paulo, o primeiro seminário de “Avaliações Pós-Uso” com o objetivo
de expor os trabalhos realizados nestes anos e discutir as perspectivas da metodologia no
Brasil. Neste seminário firmou-se a tendência de adotar “avaliação pós-uso”, concluindo-se
que na introdução da metodologia no Brasil houve tradução literal do termo “post-occupancy
evaluation” para “avaliação pós-ocupação”. Sendo pertinente tal consideração, no trabalho
adota-se o termo avaliação pós-uso, com a sigla APU.
O prof. Wolfgang F. E. Preiser da Universidade do Novo México, em Albuquerque, EUA, do
Institute for Environemental Education da School of Architecture and Planning, concebeu a
metodologia da APU tendo como princípio a coleta de informações do edifício junto ao
usuário. A metodologia visa diagnosticar globalmente o edifício, abordando aspectos técnicos
(construtivos e materiais), funcionais e comportamentais.
Elaborou-se a pesquisa piloto, que foi aplicada em três residências na grande São Paulo. Em
conseqüência da pesquisa piloto, chegou-se a conclusão que alguns itens deveriam ser
suprimidos, sendo em maior número a supressão dos itens do laudo técnico.
A pesquisa do usuário foi composta pela discussão sobre os aspectos: segurança (conjunto,
estrutural, roubo); durabilidade; estanqueidade; conforto ambiental (acústica, higrotérmico);
instalações (elétrica, hidráulica); aparência (interior, exterior); adequação do espaço
(dimensionamento dos cômodos, áreas funcionais, circulação e integração); processo
construtivo (facilidade, prazos, custos); expectativa do usuário (opção pela madeira, avaliação
após uso); e, caracterização do usuário (cultural, econômica, social).
As pesquisas foram aplicadas na região da grande São Paulo e na área urbana de Atibaia/SP.
Em média gastou-se 40 minutos para aplicar a pesquisa; enquanto o usuário respondia ao
questionário, o técnico preenchia o laudo. As três pesquisas piloto foram incorporadas às
dezenove pesquisas posteriores para serem tabuladas. Das nove pesquisas com os carpinteiros,
cinco foram efetuadas indo nas residências destes em Atibaia e as quatro últimas foram
realizadas na fábrica de Bom Jesus dos Perdões, quando nas segundas-feiras freqüentemente
os montadores procuram se informar sobre os futuros serviços.
Anteriormente mencionou-se que a pesquisa foi aplicada junto aos usuários e aos carpinteiros.
O denominado laudo técnico corresponde a avaliação feita pelo técnico sobre as habitações. A
tabulação da pesquisa foi efetuada através de um programa existente da Unidade de
Processamento de Dados da UNESP – Campus de Guaratinguetá. Este programa trabalha os
dados por itens e não por pesquisa, desta forma os dados são apresentados na forma de tabela
onde encontra-se a freqüência das respostas e as correspondentes porcentagens; após, o
intervalo onde pode ser verificada a possibilidade de se obter a resposta em cada item. A
confiança no intervalo é de 90%.
Morar em casa de madeira é uma experiência nova para quase todos. Gostam do projeto
padrão, mas quase sempre introduzem pequenas modificações no projeto. Não existe
restrições quanto ao transporte do kit ser feito pelo proprietário e a obra também é tocada pelo
mesmo. A maioria seguiu orientação da Empresa na escolha da mão de obra e gostou. O
custo final da obra é considerado bom. Gostou da aparência da casa. Apresenta restrições
quanto as dimensões da área de serviço e sanitários. Aprovou as distribuições dos ambientes.
O kit foi considerado regular por uma boa parte dos entrevistados, quanto ao transporte,
identificação das peças e manuseio. Acham precário ou regular a estocagem do kit na obra.
Considera boa a qualidade do material do kit.
Os caixilhos não são aprovados por todos. A estrutura é confiável para todos e o sistema
como um todo é tido como durável, mas a execução de reformas e ampliações não é fácil.
Considera fácil a execução principalmente da paredes, entretanto difícil a colocação dos
caixilhos. A montagem de todo o kit é feita em menos de 30 dias para uma área de 100m2.
Todos aprovam o projeto de montagem fornecido pela Empresa.
A segunda pesquisa teve como objetivo verificar as condições atuais de uso destas habitações.
Infelizmente, foi possível aplicar os questionário em apenas vinte e cinco porcento das
residências anteriormente analisadas; entretanto, acredita-se que a pesquisa tem seus méritos
pois expõe uma metodologia cada vez mais utilizada para avaliar edificações em condições
de uso.
Laudo técnico
• A verticalidade das paredes apesar de ser considerada boa na maioria das edificações,
apresenta-se em alguns casos regular.
• A quantidade do material não chegou a ser ótimo na maioria das edificações, ficando entre
bom e regular. O mesmo acontece com o material de forro.
• A estrutura da cobertura não apresenta deformações visíveis em grande parte das
edificações, sendo que há uma parcela onde estas deformações foram detectadas. O
madeirame usado na cobertura é considerado bom na maioria dos casos. Não existindo
materiais precários ou péssimos.
• A impermeabilização da fundação e do contrapiso é boa. Nas edificações onde o piso
interno é de madeira este foi considerado bom, já no caso de pisos cerâmicos há uma
parcela que foi considerado regular. O calçamento externo apresenta-se bom na maioria
das edificações, entretanto há uma parcela não desprezível com calçamentos regulares.
• Metade das edificações não apresenta qualquer revestimento na cozinha ou sanitários; onde
eles existem foram considerados entre regular e bom.
• Quanto a pintura em verniz nas paredes internas, foram consideradas entre bom e regular.
A pintura em óleo ou esmalte em aproximadamente metade da residência foi considerada
regular. Quanto a pintura externa em verniz a maioria é regular; e uma parcela (~5%)
péssima.
• A maioria das esquadrias de janelas ou portas apresentou-se entre precário e regular.
• A instalação elétrica é considerada boa em relação a quantidade de distribuição dos pontos
de luz, interruptores e tomadas. Os conduites (canaletas de madeira) da instalação elétrica
dividem-se entre bom e regular.
• A proteção das tubulações de hidráulica foi considerada boa na maioria dos casos.
• De um modo geral, as instalações hidráulicas foram consideradas boas.
B. Técnico
• Não existe unanimidade quanto a segurança contra o roubo; as respostas são eqüitativas
nas avaliações. Quanto a segurança contra incêndio mais da metade considera regular. É
unanime a aprovação em relação a segurança estrutural.
• É quase unanime a aprovação contra chuva e vento, tanto na cobertura como no piso. As
vedações das paredes é considerada regular, por uma parcela significativa dos usuários.
• Todos consideram entre bom e ótima a durabilidade dos materiais que compõem a parede e
a cobertura.
• A iluminação artificial também é aprovada pela maioria, sendo que uma parcela
considerou regular e alguns poucos, consideraram-na péssima.
• Quanto a manutenção da pintura, apesar da maioria tê-la aprovada, uma parcela
significativa a considera regular.
• O funcionamento da caixilharia não tem aprovação, sendo que quase a metade a considera
entre precária e regular.
C. Comportamental
• A aprovação é unanime quanto a ventilação interna.
• Os aspectos que menos agradam os usuários são em ordem de: tipo de acabamento, pouca
luminosidade, ruídos internos e tamanhos de alguns cômodos.
• Os aspectos que mais agradam os usuários correspondem: conforto ambiental, aparência
estética e disposição dos ambientes. É interessante notar que a porcentagem (13,6%) dos
que acham desagradável o tamanho dos cômodos é exatamente a mesma dos que considera
este item um dos mais agradáveis.
• A grande maioria (90,9%) teve suas expectativas correspondidas tanto quanto ao sistema
como ao material, ninguém considerou precário ou péssimo; estes construiriam outra casa
de madeira no mesmo sistema.
Ao comprador deverá ser dada a opção de definir as dimensões da caixa d’água de forma a
satisfazer as suas necessidades; o sistema impõe apenas uma opção que freqüentemente é
insuficiente. A locação e apoio estrutural da caixa d’água deverá ser melhor estudado.
Quando em lotes urbanos a Empresa deveria sugerir aos proprietários afastamentos adequados
das edificações vizinhas de forma a evitar a propagação do fogo; tendo em vista que os
Códigos Municipais são omissos à estas questões. A qualidade do produto final, em parte,
está muito dependente da habilidade e cuidado construtivo dispensado pela mão de obra
contratada e assim como depende do comportamento do material (madeira verde) em função
de fatores climáticos nem sempre previsíveis.
A maior motivação pela escolha do sistema se dá pela grande afinidade que o usuário tem
com o material ; isto faz com que este relegue ao segundo plano os inconvenientes do sistema
construtivo.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDER, C. et ali Un lenguaje de patrones. Barcelona, Editorial Gustavo Gili S.A.,
1980.
BITTENCOURT, R.M. ; REBELLO, Y.C. P. Avaliação pós-uso sistema construtivo em
madeira. Caso específico: CASEMA (Trabalho na disciplina AUT.805 – Avaliação pós-
uso das edificações, apresentado em julho/89)
MANUAL DA CASEMA Publicação da CASEMA Ind. e Comércio, 1989. (O trabalho
somente foi possível pois contou com a colaboração da diretoria e departamento técnico
da Casema, seja na época da primeira pesquisa como atualmente).
ORNSTEIN, S. W. Avaliação pós-ocupação (APO) como metodologia de Projeto. In:
Sinopses 9. São Paulo, FAU-USP, 1986, p.261 – 266.
______________ e outros. Um modelo de análise do processo produtivo da habitação auto
construído – O caso do Promorar do Jardim São Luiz. São Paulo, 1985 (trabalho
realizado a nível de pós-graduação, sob orientação do Prof. Dr. Ualfrido Del Carlo).
______________. A avaliação da habitação auto-gerida no Terceiro Mundo. São Paulo, 1988
(Tese de Doutorado, FAU-USP).
PICARELLI, M. Alternativas Tecnológicas: Sistemas Construtivos. In: Sinopses 4. São
Paulo, FAU-USP, 1983, p.65 – 79.
PREISER, W. F. E.; RABINOWITZ, H. Z.; WHITE, E. T. Post-Occupancy Evaluation.
New York, Van Nostrand Reinhold Company Inc., 1987.
ROMERO, M. A. Avaliação pós-ocupação (APO) – Conjunto Habitacional de Vila Nova
Cachoeirinha. São Paulo (trabalho realizado para disciplina de pós-graduação FAU-
USP, sob a orientação do Prof. Dr. Ualfrido Del Carlo).