Você está na página 1de 4

ABRIL/ 2011 – Edição nº1, ano I

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ACIDENTES DE TRABALHO


INFORME DO CENTRO COLABORADOR UFBA/ISC/PISAT – MS/DSAST/CGSAT

Acidentes de Trabalho fatais no Brasil 2000 – 2010

Óbitos por Acidentes de Trabalho caem em todo País


Baseando-se em dados divulgados pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) para
trabalhadores segurados entre 2000 e 2007, verifica-se que o número de óbitos por acidente de
trabalho (AT) decresceu nesse período, passando de 3.094 óbitos em 2000 para 2.804 em 2007,
queda de 9,3%. Isso ocorreu tanto para os homens (8,2%) como entre as mulheres (25,1%).
O coeficiente de mortalidade por acidentes de Figura 1: Coeficiente de mortalidade anual de acidentes de trabalho (CMx100.000), por ano,
especifico por sexo, entre trabalhadores segurados da Previdência Social. Brasil, 2000-2007.
trabalho, (CM-AT), também chamado de taxa
de mortalidade anual, se reduziu (42,9%)
caindo de 17,5x100.000 para 10,0x100.000
trabalhadores segurados (Figura 1). Entre os
CM x 100.000

homens, este declínio foi de 24,6x100.000


para 15,1x100.000 (38,6%), menor do que a
queda entre as mulheres de 3,6x100.000 para
1,5x100.000 (58,3%). Nota-se também que a
CM-AT foi maior entre os homens em Total Homem
17,5
24,6
13,2
19,3
13,5
20,2
12
17,9
12,1
18,1
10,9
16,4
10,9
16,4
10
15,1
comparação com as mulheres, ocorrendo Mulher 3,6
Fonte: MPAS/Coordenação
MPAS/Coordenação Geral
1,8
Geral de
1,5
de Estatística
Estatística e
1,5
e Atuária
1,7 1,5
Atuária –– CGEA/DATAPREV,
1,6
CGEA/DATAPREV, disponíveis
1,5
disponíveis na
Fonte: na RIPSA,
RIPSA,IDB-2009.
IDB-2009.AA
cerca de 10 óbitos por AT em homens para um população empregada
população empregada para
empregados em
empregados em um
um ano
para estimativas
ano de
estimativas do
de referência.
referência.
do CM
CM corresponde
corresponde aoao número
número médio
médio mensal
mensal de
de vínculos,
vínculos, i.e.,contribuintes
i.e.,contribuintes

entreFigura mulheres.
2 - Coeficiente de mortalidade anual por acidente de
Figura 2: Coeficiente
trabalho (x
Brasil, 2000-2007.
de100.000),
mortalidade anual
por por acidente
região de trabalho
no, Brasil, (CMx100.000), por região.
2000-2007. Esse padrão de queda foi observado em
45 todas as regiões do País no período, mas com
intensidade distinta (Figura 2). Na região
40
norte, onde em 2000 a CM-AT era maior a
queda foi a mais expressiva ficando em 2007
35
abaixo da região centro-oeste que se
encontrava em 2º. lugar no rank nacional. A
30
menor CM-AT foi observada na região
CM x 100.000

25
Norte sudeste, onde também foi menor a queda no
Nordeste
Sudeste
período de observação. Em 2007 os CM-AT
20 Sul
das regiões nordeste, sul e sudeste se
Centro-Oeste aproximam com valores praticamente iguais.
15

10

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 1


Ano

Fonte: MPAS/Coordenação Geral de Estatística e Atuária – CGEA/DATAPREV. RIPSA, IDB-2009.


Na Figura 3 mostram-se a CM-AT específicas por ramo de atividade econômica, observando-se
que a queda geral no período não se repete em todos os grupos. Houve elevação da CM-AT na
construção e na indústria e redução nos demais ramos.
Figura 3: Coeficiente de mortalidade anual por acidentes de trabalho (CMx100.000), entre trabalhadores segurados, de acordo com ramos de atividade econômica. Brasil, 2006-2008.

CM x 100.000

Brasil 10,3 09,6 08,5


Agricultura/Pecuária/Pesca 14,6 14,8 11,7
Indústrias 07,5 08,8 07,8
Construção 23,0 21,3 23,8
Serviços utilidade pública 25,6 18,3 16,1
Serviços 07,2 06,4 05,5
Fonte: AEPS, 2008. Alguns denominadores foram ajustados para diferenças nos subramos da CNAE agrupados em 2006 em relação a 2007 e 2008.

Dados de óbitos por Acidentes de


Trabalho registrados no SIM

Figura 4: Principais causas dos óbitos por acidentes de trabalho, excluindo-se os acidentes de
Com dados do Sistema de Informação de
veículos, registrados no SIM. Brasil, 2006-2008.

Mortalidade (SIM), entre 2006 e 2008, foram


identificados 9.096 casos de AT, 427 em
mulheres e 8.669 em homens (20 casos em
homens:1 caso em mulheres). Em ambos os
sexos, a maior proporção de casos teve o
envolvimento de veículos (n=4.075, 44,8%).
Esta proporção foi maior entre as mulheres
(63,5%) do que no sexo masculino (43,9%).
Retirando-se esses casos com veículos,
dentre os demais AT, as quedas foram as
causas mais comuns, seguidas por
eletrocussões, tanto em homens. Entre as
Fonte: SIM, 2006-2008.
mulheres, os afogamentos constituíram a 3ª.
causa mais comum de óbito por AT, mas entre os homens foram os impactos com objetos em
movimento. Homicídios ocuparam a 4ª. posição entre as mulheres e a 5ª. entre os homens, com
proporção duas vezes maior em mulheres quando comparadas com os homens.
2
Trabalhadores jovens têm maior risco de morrer
por Acidentes de Trabalho
Na tabela 1 pode-se observar que o CM-ATx100.000 trabalhadores segurados apresenta
oscilações de acordo com a idade. Entre os homens, há uma tendência de declínio com a idade,
mas o pico ocorre entre 45 e 59 anos de idade. Mulheres têm maiores CM-AT quando mais
jovens, entre 15-24 anos, caindo entre 25-59 anos, elevando-se entre as de mais idade (60 ou
mais). Padrões de acordo com a região são bastante diversificados, mas em geral os
trabalhadores com idade abaixo de 25 anos detêm as maiores CM-AT exceto na região norte
onde os mais idosos apresentam a maior estimativa (26,3x100.000).

Tabela 1 - Coeficiente de mortalidade por acidentes de trabalho (CMx100.000), por grupos de


idade, especifica por sexo, entre trabalhadores segurados. Brasil e regiões, 2007.

Coeficiente de mortalidade por acidentes de trabalho (CM x 100.000)


Região 15 a 24 anos 25 a 44 anos 45 a 59 anos 60 anos e mais Total

Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
Norte 19,5 --- 21,0 0,7 24,8 3,1 26,3 --- 21,4 0,9
Nordeste 16,4 1,7 13,0 1,1 16,3 0,3 06,9 4,0 13,9 1,1
Sudeste 12,6 2,2 13,0 1,4 16,2 1,3 10,4 4,3 13,5 1,6
Sul 18,1 1,6 14,6 1,8 17,0 0,9 13,8 --- 15,7 1,6
Centro 25,0 5,2 24,5 1,3 29,7 2,9 16,6 --- 25,2 2,3
Oeste
Total 15,4 2,2 14,5 1,4 17,6 1,2 11,5 3,1 15,2 1,5

Fonte: Ripsa, 2007.

Acidentes de Trabalho fatais


registrados no Sinan
Casos de mortes em trabalhadores informais
tiveram maior proporção de homens, com
maior idade, do ramo de atividade econômica
da construção civil e comércio e a causa mais
comum foram as quedas, excetuando os
acidentes envolvendo veículos (Tabela 2).

3
Foto: Eduardo Marinho
Tabela 2 - Distribuição dos óbitos por acidente de trabalho de acordo com o vínculo de trabalho,
registrados no Sinan. Brasil, 2008-2010.
Tipo de vínculo de trabalho
Variáveis Informal Formal
N % N %
Sexo
Masculino 7110.00 95,60000 1.6010000 92,50000
Feminino 330.00 4,40000 1.1290000 7,50000
Faixa etária (anos)
10-19 300.00 4,10000 770000 4,50000
20-29 1460.00 19,70000 1.5260000 30,60000
30-39 4920.00 66,50000 1.0280000 57,70000
>59 720.00 9,70000 1.0900000 5,20000
Ramo de atividade econômica
Agricultura 110.00 8,70000 0510000 8,70000
Indústria da transformação 160.00 12,60000 1610000 27,60000
Construção 340.00 26,80000 840000 14,40000
Comércio 300.00 23,60000 1030000 17,60000
Transporte 210.00 16,50000 680000 11,60000
Serviços 110.00 8,70000 850000 14,50000
Educação 30.00 2,40000 220000 3,80000
Saúde 10.00 0,80000 100000 1,70000
Mecanismo do acidente
Com envolvimento de veículo 3020.00 43,30000 7290000 44,60000
Quedas 940.00 13,50000 1490000 9,20000
Impacto c/ objetos em movimento 330.00 4,70000 670000 4,10000
Esmagamento 10.00 0,10000 300000 1,80000
Tentativa de homicídio 320.00 4,60000 790000 4,80000
Ferramentas 130.00 1,90000 440000 2,70000
Explosões/fogo/fumaça 0110.00 1,60000 570000 3,50000
Mordida/picada animais 50.00 0,70000 040000 0,20000
Afogamento 20.00 0,30000 120000 0,70000
Eletrocussão 560.00 8,00000 970000 6,00000
Outras 1490.00 21,30000 3650000 22,30000
Fonte: SINAN, 2008-2010 – Atualizado em 13/04/2011.

Conclusões desses dados devem considerar acesso à serviços e benefícios sociais como o
a parcialidade da cobertura, apenas da Previdência, como a Agricultura/pecuária e
trabalhadores segurados pelo INSS e o SAT, e pesca.
o grande subregistro de dados identificado em
pesquisas, especialmente no que se refere à Prioridades de atuação da Renast poderiam
informação do vínculo da morte com o se dirigir para trabalhadores mais jovens, do
trabalho, o que caracteriza o evento como sexo masculino, e também da indústria e
ocupacional. Na base SIM, apenas 20% dos construção, identificando as especificidades
registros apresentavam dados provenientes das suas respectivas áreas de cobertura.
do campo relativo aos AT da Declaração de
Óbito, indicando preenchimento inadequado, Centro Colaborador em Vigilância dos Acidentes de
Trabalho
o que pode resultar em vieses nos achados.
Por exemplo, é possível que a alta proporção Instituto de Saúde Coletiva, Campus Universitário do
Canela, Rua Augusto Vianna s/n, Salvador-Bahia,
de acidentes de trânsito se reduzisse caso 40110-060. Fone: 71-3336-0034
houvesse melhor qualidade do registro.
Acidentes de trabalho que mostram a Universidade Federal da Bahia, Instituto de Saúde
responsabilidade do empregador ou Coletiva, Programa Integrado em Saúde Ambiental e
demonstram precariedade na segurança das do Trabalhador

condições de trabalho podem ser menos Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância à


registrados que os que ocorrem no trânsito. Saúde, Diretoria de Saúde Ambiental e do
Trabalhador, Coordenação Geral em Saúde do
Alguns ramos de atividade econômica podem Trabalhador.
também ser alvo de maior sub-registro devido 4
à predominância rural, e dificuldades de

Você também pode gostar