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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Gado de Leite


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Manual de Identificação e Manejo de Plantas Daninhas


em Cultivos de Cana-de-açúcar
Alexandre Magno Brighenti

Embrapa Gado de Leite


Juiz de Fora, MG
2010
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Projeto gráfico e editoração eletrônica: Adriana Guimarães
Normalização Bibliográfica: Inês Maria Rodrigues
Tratamento das ilustrações: Moema Sarrapio (estagiária)
Capa: Moema Sarrapio (estagiária)

1ª edição
1ª impressão (2010): 200 exemplares

© Embrapa 2010
Autores Carlos Eugênio Martins
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. – Embrapa Gado de Leite
Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco
36038-330 Juiz de Fora – MG
Alexandre Magno Brighenti caeuma@cnpgl.embrapa.br
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. – Embrapa Gado de Leite
Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco Fausto de Souza Sobrinho
36038-330 Juiz de Fora – MG Engenheiro Agrônomo, D.Sc. – Embrapa Gado de Leite
Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco 3
brighent@cnpgl.embrapa.br
36038-330 Juiz de Fora – MG
fausto@cnpgl.embrapa.br
Wadson Sebastião Duarte da Rocha
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. – Embrapa Gado de Leite Leonardo Henrique Ferreira Calsavara
Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco Extensionista Agropecuário
36038-330 Juiz de Fora – MG Emater de Coronel Xavier Chaves
wadson@cnpgl.embrapa.br leonardo.calsavara@emater.mg.gov.br

Thiago Rodrigues Costa Lucas de Cássio Nicodemos


Graduando em Biologia – CES Graduando em Biologia – CES
thiago@bioces.com.br lucasnicodemos@yahoo.com.br
Apresentação

A cultura da cana-de-açúcar vem se expandindo no País, principalmente na região Centro-Sul.


Com expansão da cultura, os problemas relacionados à infestação por espécies daninhas têm também
aumentado de forma significativa, podendo ocorrer perdas consideráveis no rendimento de colmos.
A fim de realizar um manejo adequado dessas espécies, é preciso reconhecê-las, o que começa pelo
levantamento das plantas daninhas presentes na área. A importância do levantamento dessas espécies é a
de possibilitar a tomada de decisão e o estabelecimento de métodos mais racionais de controle, sejam eles 4
o cultural, o mecânico, o químico ou de preferência o manejo integrado. Além disso, possibilita estabelecer
uma ordem de prioridades entre as espécies a serem controladas, a fim de implantar programas mais
eficazes de controle. Dessa forma, a presente publicação visa contribuir com informações que irão auxiliar
na identificação e no controle das principais espécies infestantes da cultura da cana-de-açúcar, servindo de
apoio técnico a pesquisadores, professores, engenheiros agrônomos, estudantes, agricultores e técnicos
que desenvolvam atividades relacionadas a essa área.
Duarte Vilela
Chefe-Geral da Embrapa Gado de Leite
Sumário
Capítulo 1. Identificação de espécies de plantas daninhas em cultivos de cana-de-açúcar...........................07

Introdução..................................................... 08 Família Fabaceae....................................................52


Família Amaranthaceae....................................10 Família Lamiaceae..................................................56
5
Família Asteraceae............................................16 Família Malvaceae..................................................60
Família Cucurbitaceae.......................................34 Família Poaceae......................................................63
Família Brassicaceae.........................................36 Família Portulacaceae............................................79
Família Cyperaceae...........................................38 Família Rubiaceae...................................................81
Família Commelinaceae....................................40 Família Sapindaceae..............................................85
Família Convolvulaceae....................................42 Família Solanaceae................................................87
Família Euphorbiaceae......................................46
Sumário

Capítulo 2. Práticas de manejo de plantas daninhas em cultivos de cana-de-açúcar...................................91

Introdução...............................................................................................................................................92

Períodos de convivência entre as plantas daninhas e a cultura.........................................................93 6

Controle das plantas daninhas..............................................................................................................95

Considerações finais.............................................................................................................................107

Agradecimentos....................................................................................................................................108

Referências............................................................................................................................................109
Capítulo 1

Identificação de espécies de plantas daninhas


em cultivos de cana-de-açúcar
Alexandre Magno Brighenti, Thiago Rodrigues Costa,
Carlos Eugênio Martins, Fausto de Souza Sobrinho,
Leonardo Henrique Ferreira Calsavara e Lucas de Cássio Nicodemos
Introdução
As plantas daninhas interferem trabalhos de colheita e depreciar a espécies daninhas. Kuva et al.
sobre as culturas agrícolas redu- qualidade do produto colhido. (2003) observaram que numa co-
zindo-lhes, principalmente, o ren- munidade infestante com espécies
dimento. Essa interferência ocor- Dentre os fatores que contri- predominantes como braquiária
re, diretamente por meio da com- buem para a redução da produ- (Brachiaria decumbens) e capim-
petição por água, luz e nutrientes tividade da cultura da cana-de- colonião (Panicum maximum) hou-
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e pela inibição química (alelo- açúcar (Saccharum officinarum), ve redução em até 40% da produti-
patia), afetando a germinação e destaca-se a interferência causa- vidade de colmos.
o desenvolvimento das plantas da pelas plantas daninhas.
cultivadas. Indiretamente, as es- A cana-de-açúcar é cultivada em
pécies infestantes podem causar Pesquisas realizadas por Blan- vários estados brasileiros, des-
prejuízos aos cultivos por hospe- co et al. (1982) relatam perdas tacando, principalmente, duas
darem insetos-pragas, fungos e de até 85% do peso dos colmos macrorregiões de produção: a
nematódeos, além de dificultar os em função da competição por Centro-Sul e a Norte-Nordeste.
Como as condições edafoclimá- Dessa forma, para se estabelecerem de crescimento. Assim sendo, para
ticas são variadas, é de se espe- métodos adequados de controle é im- cada espécie em questão, foram
rar que as plantas daninhas que portante que sejam feitos levantamen- disponibilizadas até quatro fotos
ocorrem nas lavouras também tos das plantas daninhas presentes para facilitar a identificação e dar
variem de Estado para Estado na área, pois um mesmo método de subsídios para tomadas de decisão
e de local para local, dentro do controle, geralmente, não apresenta mais adequadas quanto ao manejo 9
mesmo Estado. Além disso, ou- eficácia para controlar todas as espé- de plantas daninhas em cultivos de
tros fatores contribuem para a de- cies existentes no local a ser cultivado. cana-de-açúcar.
terminação da flora daninha, tais
como o manejo adotado em cada A identificação visual pela planta A seguir são descritas as principais
cultivo, proximidades de outras adulta torna-se mais fácil, contu- espécies daninhas presentes em
lavouras com infestação própria e do, na maioria das vezes, o con- cultivos de cana-de-açúcar, identifi-
lavouras cultivadas anteriormente trole é facilitado quando a inter- cando-as por família, nome científi-
no mesmo local. venção é feita nos estádios iniciais co e nomes comuns.
Família Amaranthaceae
Alternanthera tenella mentes. Alastra-se por enraiza- Plantas novas apresentam folhas
mento dos nós em contato com maiores e, à medida que a planta
Nomes comuns: apaga-fogo, envelhece, ocorre o surgimento
o solo. Quando são feitas quei-
carrapichinho, periquito. de folhas menores. As sementes
madas para renovação de pasta-
gens, a massa úmida dessa plan- são lisas e brilhantes, glabras,
Planta anual ou perene, depen- de cor castanho-amarelada a
dendo das condições, herbácea, ta daninha dificulta a progressão
castanho-avermelhada. Trata-se
prostrada ou ascendente, de 0,5 do fogo, advindo, assim, o nome
de uma planta daninha de im-
a 1,2 m de comprimento, nativa apaga-fogo (Kissmann & Groth, 11
portância crescente na agricul-
do Brasil (Lorenzi, 2000). Sua 1999). O caule é lenhoso na base tura, devido ao aumento recente
forma adulta inicial é muito dife- e a raiz principal pivotante, com de sua infestação. Atualmente,
rente da forma adulta tardia. Pro- raízes adventícias a partir de nós. é mais frequente na região do
paga-se exclusivamente por se- As folhas são simples e opostas. Brasil-Central.
Amaranthus viridis ral, acinzentada em plantas no- mento nas folhas maiores. A in-
vas ou castanho-avermelhada na florescência é formada por espi-
Nomes comuns: caruru-de- parte mediana do limbo foliar. É gas densas à semelhança de pa-
mancha, caruru-verde, bredo. uma planta muito prolífica e de nícula. A coloração das espigas
ciclo curto, propagando-se ape- é verde-pálida, podendo ocorrer
Planta anual, herbácea, muito nas por sementes que apresen- pigmentação avermelhada. Na
ramificada, variavelmente pig- tam superfície lisa e brilhante Região Sudeste, a germinação
mentada, ereta, de 40-100 cm (Gazziero et al., 2006a). O caule ocorre, principalmente, durante
de altura, originária do Caribe é cilíndrico, glabro, de cor ver- a primavera e o verão, sendo o ci-
(Lorenzi, 2000). Apresenta como de ou, às vezes, de pigmentação clo até a maturação de 80-90 dias,
característica diferencial uma avermelhada. As folhas são sim- 12
podendo ocorrer 3-4 gerações por
mancha violácea no centro das ples, alternas, com pecíolos que ano (Kissmann & Groth, 1999).
folhas. Essa mancha é, em ge- podem chegar a 6 cm de compri-
Amaranthus deflexus Ramifica-se intensamente desde ras perenes (cafezais, pomares e
a base, sendo os ramos, em ge- canaviais), devido à condição de
Nomes comuns: caruru, bredo. ral, decumbentes. As folhas são sombreamento e maior teor de
Planta anual, herbácea, glabra, simples, alternadas com pecíolo matéria orgânica destes locais.
de 30-50 cm de comprimento e longo que pode exceder o com- Pode ser encontrada também
30-40 cm de altura quando ereta primento do limbo. Este possui em terrenos baldios e lavouras
(Lorenzi, 2000). Propaga-se ape- cor verde ou verde acinzentada. anuais, geralmente em solos de
nas por sementes. Desenvolve A raiz é pivotante e possui colo- boa fertilidade e em condição 13
bem da primavera ao outono ração rosada a avermelhada. As de sombreamento. É ocasional-
na região meridional do Brasil. sementes são lisas e brilhantes. mente consumida na forma de
Prefere solos férteis e terrenos É uma planta daninha de gran- saladas e refogados.
trabalhados, como os de lavou- de importância, principalmente
ra (Kissmann & Groth, 1999). quando está presente em lavou-
Amaranthus hybridus mato cilíndrico e espessura de no sul do País, infestando prin-
até 3 cm. A planta possui folhas cipalmente solos cultivados com
Nomes comuns: caruru-roxo,
simples, alternadas, mais abun- lavouras anuais mas também
bredo vermelho, bredo-gigante.
dante na parte superior da plan- pode infestar cafezais, pomares
Planta anual, herbácea, ramifica- ta. As inflorescências formam e terrenos baldios. Possui gran-
da, ereta, pigmentada, de 40-100 espigas cilíndricas e densas. A de capacidade reprodutiva,
cm de altura. Propaga-se apenas raiz é pivotante, bem desenvolvi- chegando uma planta a produ-
por sementes (Lorenzi, 2000). O da, avermelhada, especialmente zir 117 mil sementes. Tem sido
caule é ereto, com ramificação quando o resto da planta apre- utilizada na forma de alimen-
ascendente nos dois terços su- senta essa coloração (Kissmann to, como saladas, e, ocasional- 14
periores. Sua coloração é verde, & Groth, 1999). É uma planta mente na terapêutica popular.
avermelhada ou purpúrea, de for- daninha relativamente frequente
Amaranthus spinosus bro, com coloração verde-aver- nados de pixídios que, juntamente
melhada ou vermelho-escura. Ao com as sementes, são as unidades
Nomes comuns: caruru-de-espi- longo dos ramos, junto à axila das de dispersão da espécie. As semen-
nho, bredo-bravo, caruru-bravo, folhas ocorre um par de espinhos tes têm formato oval e são de cor
bredo-de-espinho. rígidos, com até 20 mm de com- preta avermelhada e brilhantes.
primento. Essa característica é su- Uma única planta pode chegar a
Planta nativa da América do Sul.
ficiente para distinguir a espécie produzir cerca de 235 mil sementes
No Brasil, é encontrada em todo o
território, com predominância nas de todas as outras espécies do gê- (Lorenzi, 2000). O sistema radicular
Regiões Norte e Nordeste. Plantas nero Amaranthus. As folhas são é pivotante, chegando até 40 cm de 15
eretas com até 1,2 m de altura, simples, alternadas, com pecíolos comprimento e as raízes secundá-
intensamente ramificada (Kiss- de até 9 cm de comprimento. To- rias distribuídas mais na superfície
mann & Groth, 1999). Em plantas das as flores são sésseis e guarne- do solo. Devido à sua característica
mais velhas, o caule é robusto e cidas por duas brácteas de forma- espinhenta, é bastante indesejável
lenhoso, cilíndrico, estriado, gla- to variável. Os frutos são denomi- em lavouras.
Família Asteraceae
Acanthospermum australe inundadas) até o Rio Grande do te. Propaga-se por sementes. Os
Sul, havendo forte concentração frutos se prendem facilmente aos
Nomes comuns: carrapicho rasteiro, na região dos cerrados (Kiss- animais, sacarias, roupas de tra-
carrapichinho, mata-pasto, maroto. mann & Groth, 1999). O caule é balhadores rurais, sendo um dos
cilíndrico e bastante ramificado principais meios de dispersão
Planta anual, herbácea, prostra- na parte inferior. As folhas são dessa espécie daninha a longas
da, de caules pubescentes e ar- simples, inteiras, pecioladas e distâncias (Gazziero et al., 2006a).
roxeados de 20-40 cm de com- opostas. Plantas desenvolvidas É muito comum em lavouras novas
primento, nativa da América em condições ideais apresentam de campos e cerrados. A correção 17
Tropical. Ocorre em todo o con- folhas com até 5 cm de compri- das condições de fertilidade do solo
tinente, com maior concentra- mento por 4 cm de largura. A co- geralmente leva à diminuição dos
ção no Brasil e no Paraguai. No loração das folhas é verde, com níveis de infestação (Lorenzi, 2000).
Brasil, tem ampla distribuição, maior intensidade na face ven- Ocorre também em pastagens e em
desde a Amazônia (terras não tral. A raiz principal é pivotan- outros tipos de solos.
Acanthospermum hispidum tante irregular, o que dificulta seu dura, áspera, de cor castanho-ama-
controle (Aranha et al., 1982). Seu relada a castanho-escura, com cerdas
Nomes comuns: carrapicho-de-carnei- ciclo é rápido e da emergência a e espinhos recurvados, a semelhança
ro, espinho-de-carneiro, amor-negro, frutificação leva cerca de 120 dias. de cabeça de ovinos ou caprinos. Essa é
benzinho. Seu caule é cilíndrico e ramificado a razão do nome comum carrapicho-de-
de forma dicotômica, de coloração carneiro (Gazziero et al., 2006a). É uma
Planta anual, herbácea, ereta, de verde-clara e com densa cobertu- séria infestante de lavouras tanto anuais
frutos espinhentos, com caule ra de pelos (Kissmann & Groth,
quanto perenes, principalmente no
denso-pubescente, de 30-100 cm 1999). As folhas são simples, opos-
de altura. Tem origem na Améri- tas, com limbo de formato ova- sul e sudeste do País (Lorenzi, 2000).
ca tropical, ocorrendo em todo o lado. O comprimento das folhas É bastante indesejada em lavouras de
continente. Propaga-se apenas por pode chegar até 12 cm por 5 cm algodão, pois seus frutos pontiagudos 18
sementes (Lorenzi, 2000). As se- de largura, sendo pilosas e de cor aderem às fibras, durante a colheita,
mentes são produzidas em grande verde. Os capítulos têm formato desvalorizando-as significativamente.
quantidade e a germinação é bas- estrelado e o fruto tem superfície Geralmente, forma densas infestações.
Ageratum conyzoides verdadeiras (Kissmann & Groth, mais na superfície do solo. Propa-
1999). O caule é, normalmente ga-se exclusivamente por semen-
Nomes comuns: mentrasto, picão- ereto, ramificado e com ramos as- tes (Lorenzi, 2000). A dispersão
roxo, erva-de-são-joão. cendentes. As folhas são simples, dessas sementes ocorre por meio
pecioladas; as inferiores são opos- do vento ou pela água, devido
Planta anual, herbácea, com odor
tas e as superiores podem ser al- aos pelos que se prendem aos
característico, ereta, ramificada,
ternadas. O comprimento das fo- aquênios. É uma planta daninha
com caule revestido de pelos al- lhas pode chegar a 10 cm por 5 cm muito disseminada em todas as
vos, de 30-80 cm de altura. Nati- de largura. A cor do limbo é verde, regiões agrícolas do País. Infesta 19
va da América tropical. O ciclo é sendo mais clara na face dorsal; tanto lavouras anuais como pe-
curto e podem ocorrer até três existem glândulas que encerram renes, hortas e terrenos baldios.
gerações por ano. Em condições uma substância odorífera. A raiz Uma única planta chega a pro-
adversas, essa espécie pode flo- principal é pivotante e as raízes duzir 40 mil sementes. É muito
rescer já com dois pares de folhas secundárias estão distribuídas empregada na medicina caseira.
Bidens spp. de seção quadrangular e coloração B. pilosa é mais comum encontrar
verde. Muito prolíficas e de ciclos três aristas e suas ramificações são
Nomes comuns: picão, picão-preto. curtos. Podem produzir até três dicotômicas em toda a extensão do
gerações por ano. São hospedeiras de caule. B. subalternans é nativa da
No Brasil, as espécies do gênero nematódeos. Biótipos de picão-preto
Bidens mais encontradas são B. pilosa América do Sul, com folhas opostas
foram confirmados no Brasil como na parte inferior e alternadas na parte
e B. subalternans. As duas espécies resistentes aos herbicidas inibidores
são anuais, eretas, herbáceas e superior. Seus aquênios apresentam,
da enzima aceto lactato sintase (ALS).
se reproduzem por sementes que em geral, quatro aristas. Uma única
B. pilosa possui cerca de 30-120 cm de
aderem às roupas, sacarias e pelos altura. É nativa da América Tropical, planta pode produzir cerca de
de animais, facilitando a dispersão. com maior presença na América 3.000 aquênios. Nessa espécie,
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São sérias infestantes encontradas do Sul (Kissmann & Groth, 1999). a parte inferior da planta possui
em lavouras anuais e perenes do As folhas são opostas e pecioladas, ramificação dicotômica e na parte
centro-sul do País. O caule é ereto, com 3-7 folíolos. Nos aquênios de superior a ramificação é alternada.
Blainvillea spp. na base, com entre-nós longos. As do Brasil. Propaga-se por semen-
folhas são simples, pecioladas e tes. É uma planta daninha mode-
Nomes comuns: erva-palha, pi- opostas, ocorrendo aos pares e de radamente frequente nas regiões
cão, picão-grande. forma cruzada. O limbo é mem- tropicais do País, onde infesta
No Brasil, as espécies do gênero branáceo e fláscido, com colora- lavouras anuais, pomares, terre-
Blainvillea mais encontradas são ção verde e superfície veludosa. nos em pousio, cafezais, terrenos
B. biaristata e B. latifolia. Ambas É mais frequente nos Estados de baldios. Geralmente, ocorre em
são plantas anuais, herbáceas, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. reboleiras de alta densidade. Em la-
eretas que se reproduzem por Existem duas aristas no aquênio. vouras de porte baixo, cresce acima 21
sementes. B. biaristata é nativa B. latifolia se ramifica dicotomica- da cultura, sufocando-a. É mais fre-
da América do Sul (Kissmann & mente, possui ramos, geralmente quente em solos arenosos das regi-
Groth, 1999). O caule é reto, cilín- marron-avermelhados e ásperos, ões Sudeste e Centro-oeste, ocor-
drico, com até 2 cm de espessura com 80-160 cm de altura. Nativa rendo apenas durante o verão.
Conyza spp. piloso, o qual facilita sua disper- As suas folhas apresentam mar-
são pelo vento. A raiz principal gens lisas ou minúsculos dentes.
Nomes comuns: buva, voadeira. é pivotante. Biótipos de buva C. canadensis possui cerca de
foram cientificamente confirma- 80-150 cm de altura. Suas folhas
Existem duas espécies de maior dos como resistentes ao herbici- apresentam margens denteadas
importância no Brasil que são da Glyphosate no Brasil (Vargas e os ramos da parte superior
Conyza bonariensis e Conyza ca- et al., 2007). C. bonariensis pos- não ultrapassam o topo. Possui
nadensis. São espécies anuais, sui cerca de 40-120 cm de altura, uma ampla panícula terminal no
herbáceas e eretas, de caules nativa da América do Sul (Loren- ramo principal.
densamente folhosos. Propa- zi, 2000). A ramificação da parte
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gam-se por sementes. Os frutos superior do caule ultrapassa o
são aquênios que possuem uma topo da planta e a inflorescên-
estrutura denominada papilho cia (Kissmann & Groth, 1999).
Emilia sonchifolia noso, tenro, de cor verde e super- Ocorre com maior frequência du-
fície ligeiramente pubescente. Sua rante o período de verão-outono.
Nomes comuns: falsa-serralha, raiz principal é pivotante. Suas Confere as áreas infestadas uma
pincel, bela-emília. folhas têm aspecto variado. As coloração característica, em fun-
folhas inferiores de plantas novas ção da sua corola apresentar cor
Planta anual, herbácea, ereta, não têm pecíolo e são de formato rósea ou avermelhada (Lorenzi,
pouco ramificada, levemente pu- quase circular. Em plantas adul- 2000). É uma das primeiras plan-
bescente, de 30-60 cm de altura, tas, as folhas medianas não têm tas daninhas a colonizar áreas de
originária da Ásia e espalhada pecíolo verdadeiro, mas um limbo expansão agrícola. E, com o pas- 23
por todas as regiões agrícolas do contraído na parte basal. A repro- sar dos cultivos, sua importância
território nacional, infestando a dução se dá por sementes. Seus reduz, em função do surgimento
maioria das culturas anuais e pe- aquênios, com papilho piloso, de outras espécies mais compe-
renes, jardins, hortas e terrenos são dispersos pelas correntes de titivas (Gazziero et al., 2006a).
baldios. O caule é cilíndrico, car- vento (Kissmann & Groth, 1999).
Eupatorium pauciflorum espessura, de cor verde e pelos ou não, porém com nítida prefe-
esbranquiçados. As folhas ver- rência por terrenos arenosos e
Nomes comuns: botão-azul, dadeiras são simples e opostas, de baixa fertilidade. Vegeta du-
mata-pasto, eupatório, men- em pares cruzados, com pecíolo rante o verão, formando, geral-
trastão. curto e margem denteada; são mente grandes infestações. De
mais claras na face dorsal, apre- suas folhas desprende um odor
Planta anual, herbácea, ereta, sentando curtos pelos hialinos. desagradável, liberado por uma
ramificada, com glândulas folia- Os aquênios possuem papilho substância produzida pelas glân-
res e ramos branco-pilosos, com piloso e são carreados pelo ven- dulas foliares (Lorenzi, 2000).
odor característico, de 40-70 cm to. Sua raiz principal é pivotante.
de altura e nativa do Brasil (Kis- 24
Propaga-se apenas por semen-
smann & Groth, 1999). O caule é tes. É uma espécie medianamen-
cilíndrico, reto, com até 7 mm de te frequente em solos cultivados
Galinsoga parviflora do surgir sementes viáveis em distribuição superficial. É uma
quatro semanas e, em um ano, espécie daninha encontrada em
Nomes comuns: botão-de-ouro, podem ocorrer várias gerações solos cultivados de quase todo
fazendeiro, picão-branco. (Kissmann & Groth, 1999). O o território brasileiro, infestando
caule é ereto, ramificado desde praticamente todas as culturas.
Planta anual, herbácea, ereta, a base, cilíndrico, tenro e de cor Ocorre com maior frequência
glabra ou levemente pubescen- verde clara; glabro na parte infe- nos meses de outono e primave-
te, de caule estriado, com 20-40 rior e pelos curtos na parte su- ra. É uma das principais plantas
cm de altura, nativa da América 25
perior. Suas folhas são simples, daninhas de lavouras de café e
tropical. Propaga-se exclusiva- opostas, sendo as inferiores pomares de citros. É um hospe-
mente por sementes que são pecioladas e as superiores sés- deiro alternativo do nematódeo
facilmente levadas pelo vento. seis. A raiz principal é pivotante do gênero Meloydogine e de He-
Seu ciclo é muito curto, poden- e as secundárias são de ampla terodera schactii (Lorenzi, 2000).
Melampodium perfoliatum por isso, em geral, ocorre em votante. Ocorre com maior fre-
reboleiras. A germinação se dá, quência no Triângulo Mineiro e
Nomes comuns: estrelinha, bo- sul do Estado de Goiás. Contudo,
principalmente, na primavera.
tão-de-cachorro. considerando seu vigor de cres-
Entretanto, esse processo germi-
nativo é escalonado, dificultando cimento e competitividade dian-
Espécie nativa do México e mui-
as práticas de controle. O caule é te das culturas agrícolas, pode-
to comum na América Central
cilíndrico nas partes mais velhas se concluir que se trata de uma
(Kissmann & Groth, 1999). É anu-
e achatado e estriado nas partes planta infestante de importância
al, ereta, herbácea, muito rami-
mais novas. Sua ramificação é potencial. Seu porte elevado difi-
ficada, de 50-150 cm de altura
dicotômica e ascendente. Suas culta a colheita de grãos.
(Lorenzi, 2000). Propaga-se por 26
sementes. Estas são pesadas e folhas são opostas, em pares
caem próximo à planta-mãe e, cruzados e a raiz principal é pi-
Parthenium hysterophorus perior; de cor verde, sulcado e (Kissmann & Groth, 1999). No
piloso. As folhas são alternadas, Brasil a população tem aumen-
Nomes comuns: losna-branca, simples e de limbo com margens tado, principalemnte, no norte
fazendeiro, coentro-do-mato. recortadas. As unidades de dis- do Paraná, em função do surgi-
persão são os aquênios. Planta mento de biótipos resistentes a
Espécie nativa do Continente rústica, vegetando quase o ano herbicidas inibidores da enzima
Americano. Está presente, atu- todo. Forma grandes infesta- acetolactato sintase (ALS) (Ga-
almete, nas três Américas. Essa ções, com longo florescimento. zziero et al., 2006b). Existe ainda
espécie é anual, ereta, herbácea, 27
Foi introduzida acidentalemente na região de Corumbá, MS, onde
pubescente, com 50-90 cm de em certos países da Ásia e da apresenta flores com tonalidade
altura (Lorenzi, 2000). O caule Oceania, tendo se tornado uma mais amarelada e no norte do
é pouco ramificado na parte in- séria infestante na região de Paraná e São Paulo as flores são
ferior e muito ramificado na su- Queensland, Austrália, e na Índia mais brancas.
Porophyllum ruderale simples, pecioladas, alternadas de mediana frequência em solos
ou quase opostas. O limbo é cultivados, margens de estradas
Nomes comuns: couvinha, arni- membranáceo e flácido. Ocor- e terrenos baldios. É mais en-
ca, couve-cravinho. rem células oleíferas nas folhas contrada na Região Sudeste do
que exalam cheiro desagradável País, infestando lavouras anuais
Espécie nativa da América do quando amassadas. Os frutos e perenes. Vegeta praticamente
Sul (Kissmann & Groth, 1999). são chamados de aquênios e o ano inteiro, porém raramente
É anual, herbácea, ereta, glabra, possuem papilho piloso que fa- sendo problemática ou forman-
de caule ramificado na parte cilita sua dispersão pelo vento. A do grandes infestações. Possui
superior, com 60-120 cm de al- raiz principal é do tipo pivotante. propriedades terapêuticas, sen-
tura (Lorenzi, 2000). Propaga-se Essa espécie tem, nas partes ex- 28
do muito empregada na medici-
apenas por sementes. Seu cau- postas da planta, uma fina cama-
na caseira.
le é reto e ereto. As folhas são da de cera. É uma planta daninha
Senecio brasiliensis cor violácea. Na medida que as suem papilho piloso que facilta
plantas crescem, as folhas infe- sua dispersão pelo vento. O as-
Nomes comuns: maria-mole, pecto da planta é muito singular
riores vão caindo e deixando ci-
flor-das-almas, flor-de-finados. e quando florida não deve haver
catrizes e o caule se torna verde
acinzentado. As folhas surgem dúvidas na sua identificação. É
Planta perene, ereta, herbácea,
ao longo do caule, em disposi- uma planta tóxica para o gado,
muito ramificada, de 80-160 cm
ção helicoidal. Não há pecíolos e muito comum em pastagens,
de altura. Propaga-se por se-
o limbo pode chegar até 15 cm terrenos baldios, culturas pere- 29
mentes. A emergência se dá no
de comprimento. A raiz princi- nes e ocasionalmente em cultu-
inverno e na primavera. O caule
pal é pivotante e as secundárias ras anuais, principalmente em
é cilíndrico e muito ramificado.
semeadura direta na região sul
Em plantas novas o caule é ver- bastante compridas (Kissmann
do País.
de-claro e os tecido novos são de & Groth, 1999). Os aquênios pos-
Sonchus oleraceus regulares. Todas as margens das papilho piloso que permite a flu-
folhas apresentam pequenos den- tuação no ar, sendo disseminados
Nomes comuns: serralha, chicó- tes pontiagudos moles. A superfí- facilmente pelo vento. As sementes
ria-brava, serralha verdadeira. cie é glabra, lisa e lustrosa, de cor permanecem viáveis no solo por
verde-escura. Sua raiz principal é mais de oito anos. É uma espécie
Planta anual, herbácea, lactescen- pivotante e as secundárias bastan- frequente em muitas regiões agrí-
te, ereta, glabra, pouco ramificada, te fibrosas. Propaga-se exclusiva- colas do País, onde infesta tanto
de 40-110 cm de altura. É originária mente por meio de sementes. Uma lavouras anuais como perenes. Ve-
possivelmente do Continente Eu- única planta pode produzir cerca de geta principalmente no período de
ropeu (Lorenzi, 2000) e encontrada 100.000 sementes e a germinação inverno-primavera. É muito empre-
em mais de 60 países do mundo. no solo se dá na superfície ou até 30
gada na medicina caseira e tam-
O caule é carnoso e produz látex. 2 cm de profundidade (Kissmann & bém na alimentação humana.
As folhas são simples e muito ir- Groth, 1999). Os aquênios possuem
Siegesbechia orientalis drico, de cor verde ou vermelho- principal é pivotante, muito de-
castanho com pelos terminados senvolvida, de cor branca e aver-
Nome comum: botão-de-ouro. melhada junto à região do coleto
por uma glândula esférica. As
folhas saem de quatro em qua- (Kissmann & Groth, 1999). Vege-
Planta anual, ereta, herbácia,
tro de um mesmo ponto, uma ta predominantemente durante
muito ramificada e de ramos
para cada lado, com forma oval a primavera-verão, com ciclo de
pubescentes. Ocorre na Ásia,
ou lanceolada (Gazziero et al., 130-140 dias. Geralmente, ocorre
Europa e América. No Brasil, é
2006a). As flores saem do ponto em reboleiras, com alta densida- 31
encontrada com maior frequên-
de junção das folhas superiores de de plantas.
cia na Região Sudeste. Seu por-
te varia de 40-70 cm e propaga- ao caule. Os aquênios são arque-
se exlusivamente por sementes ados de 3-4 mm de comprimen-
(Lorenzi, 2000). O caule é cilín- to por 1-2 mm de largura. A raiz
Synedrellopsis grisebachii de pastagem, tomando o lugar opostas, com curto pecíolo. Sua
de forrageiras em áreas mal ma- raíz principal é pivotante e há
Nomes comuns: agriãozinho, formação de raízes a partir dos
nejadas. Resiste ao pisoteio do
agrião-do-pasto, poejinho. nós. Os aquênios, bastante vari-
gado e, em vegetação rala, se
estabelece rapidamente. Quan- áveis, podem ser levados juntos
Planta perene, prostrada, herbá-
do tratada com herbicidas, o com as sementes colhidas de
cea, de caule ramificado e gla-
gado deve ser retirado até que as gramíneas forrageiras. É uma es-
bro. Propaga-se por sementes
gramíneas forrageiras passem a pécie de difícil erradicação.
e por meio dos nós em contato
com o solo (Lorenzi, 2000). É repovoar a pastagem (Kissmann
nativa da América do Sul, com & Groth, 1999). O caule é cilíndri- 32
porte de 20-40 cm de altura. É co, com 4 mm de espessura. As
bastante prejudicial em áreas folhas são simples, em pares e
Tridax procumbens cência é denominada capítulo, parte tropical do Brasil. Contudo,
com flores de coloração ama- nas Regiões Sudeste e Centro-
Nome comum: erva-de-touro. Oeste sua frequência é maior.
rela. Os aquênios possuem pa-
pilho plumoso com cerca de 20 Apresenta nítida preferência por
Planta anual ou bianual, herbá-
pelos de 5 mm de comprimento, solos arenosos e secos, vegetan-
cea, prostrada ou ascendente,
que facilitam sua disseminação do, predominantemente, duran-
pouco ramificada com enraiza-
pelo vento (Kissmann & Groth, te o período mais quente do ano.
mento nos nós em contato com
o solo. Possui caule denso-pu- 1999). Propaga-se por meio de 33
bescente, com 20-40 cm de altu- sementes, as quais apresentam
ra, originária da América Central. certa dormência inicial, sendo a
As folhas são simples e opostas, germinação escalonada. É en-
com pecíolos curtos. A inflores- contrada, atualmente, em toda a
Família Cucurbitaceae
Momordica charantia 3 m de comprimento, com pe- a ricina que são tóxicas no âmbi-
los hialinos; é volúvel, ou seja, to celular, inibindo a síntese de
Nomes comuns: melão-de-são- prende-se aos obstáculos por proteínas. A raiz principal é pi-
caetano, melãozinho. meio de gavinhas (Kissmann & votante. É uma espécie bastante
Groth, 1999). As folhas são sim- frequente em pomares, cafezais,
Planta anual, herbácea, trepa- ples, alternadas, com longo pe- cercas e alambrados. Ocorre pra-
deira, muito ramificada, de cau- cíolo canaliculado. Os frutos são ticamente em quase todas as re-
les pubescentes, com 2-3 m de amarelos e as sementes envoltas giões do País. Essa espécie apre-
comprimento, originária da Ásia por mucilagem vermelha, a qual senta boa rusticidade, possuindo 35
(Lorenzi, 2000). Propaga-se tan- atrai formigas e insetos, facili- adaptabilidade em uma ampla
to por meio de rizomas quanto tando sua dispersão. Tanto as fo- faixa de condições ambientais.
por sementes. O caule é ramifi- lhas quanto as sementes encer- Possui propriedades medicinais.
cado na parte inferior, com até ram compostos como a abrina e
Família Brassicaceae
Raphanus raphanistrum chegar a 20 cm de comprimento ano, causando sérios problemas
por 8 cm de largura. As folhas também em lavouras de verão como
Nomes comuns: nabiça, nabo, rabanete. superiores são menos lobadas e as de soja e de milho. As plantas que
Planta anual, herbácea, ereta, de menores. As flores apresentam vegetam no verão apresentam ciclo
frutos com estrangulamento entre corola de quatro pétalas, com mais curto. A raiz principal é grossa
os alojamentos das sementes, de coloração amarela ou rósea. O fruto e pivotante, apresentando grande
50-100 cm de altura. É nativa da é denominado de síliqua. Propaga- quantidade de reserva (Kissmann &
Europa (Lorenzi, 2000). O caule é se por sementes e está largamente Groth, 1999). Biótipos dessa espécie
37
curto, durante a fase vegetativa. espalhada na Região Sul do País. foram confirmados como resistentes a
Durante a fase reprodutiva, este Inicialmente, era encontrada herbicidas inibidores da enzima aceto-
se alonga, surgindo, na porção apenas em cultivos de inverno. lactato sintase (ALS). As sementes são
terminal, a inflorescência. As folhas Agora, já bastante aclimatada, consideradas tóxicas.
inferiores são lobadas. O limbo pode vegeta em qualquer estação do
Família Cyperaceae
Cyperus rotundus em espaço, ocorrem hipertrofias, vermelho-acastanhada. No Brasil, é
semelhantes a um tubérculo, nas encontrada em quase todos os tipos
Nomes comuns: tiririca, junça, alho- quais ocorrem gemas. O caule emerge de solos, climas e culturas, exceto em
bravo, tiririca vermelha. isoladamente de cada bulbo basal, lavouras de arroz inundado. Em épocas
Planta perene, ereta, herbácea, de com altura de 10-40 cm. Sua seção é de baixa temperatura, o crescimento
10-65 cm de altura. Origina-se da trígona, com até 5 mm de espessura. é lento, sendo bastante sensível
Índia e está disseminada em mais de As folhas são predominantemente ao sobreamento. A fotossíntese é
92 países (Lorenzi, 2000). Propaga- basais, de lâminas lineares do tipo C4. Além de sua grande
se por sementes, rizomas, bulbos e, planas, sulcadas longitudinalmente capacidade competitiva, exerce 39
principalmente, por tubérculos. A partir e de cor verde-escura brilhante. um efeito inibidor (alelopático)
do bulbo basal, inicia-se a formação de Uma característica marcante dessa sobre algumas culturas, como a
um extenso sistema de rizomas. Estes espécie é sua inflorescência cana-de-açúcar.
não possuem gemas mas, de espaço com espiguetas avermelhadas ou
Família Commelinaceae
Commelina benghalensis também podem dar origem a claro ou verde-escuro. Tanto o
novas plantas. As flores subter- caule quanto as folhas possuem
Nomes comuns: trapoeraba, pilosidade. É uma espécie infes-
râneas são fechadas (cleistogâ-
rabo-de-cachorro, maria-mole, tante de lavouras anuais e pere-
micas) e parecem botões de co-
andacá. nes, hortas, margens de canais e
loração mais clara. Essas flores
se transformam em frutos, sem terrenos baldios de todo o País.
Planta perene, semiprostrada,
haver fecundação (partenogêne- Apresenta preferência por solos
de 30-70 cm de altura, originá-
se), formando sementes viáveis de boa fertilidade, com boa umi- 41
ria do sudeste asiático (Lorenzi,
dade e também locais mais som-
2000). Propaga-se por semen- (Penckowski & Rocha, 2006). O
breados.
tes provenientes da parte aérea tipo de caule é prostrado, mas
e por sementes provenientes pode escorar-se sobre outras
dos rizomas. Pedaços de ramos plantas. Apresenta cor verde-
Família Convolvulaceae
Ipomoea grandifolia cos. As folhas são cordiformes melhado. A raiz principal é pivo-
(formato de coração), podendo tante. É uma das espécies dani-
Nomes comuns: corda-de-viola, ser alongadas, com ponta de nhas mais prejudiciais em cultu-
corriola. lança (Gazziero et al., 2006a). Po- ras anuais e perenes das Regiões
demos encontrar também folhas Centro-oeste, Sudeste e Sul. É
Planta anual, trepadeira, volúvel, trilobadas. E, até mesmo, em particularmente indesejada em
herbácea de caule com leve pilo- uma única planta, são encontra- lavouras de cereais devido às
sidade translúcida, de 1-2 m de dos os dois tipos de folhas (Kis- dificuldades causadas à colhei-
comprimento, nativa da América 43
smann & Groth, 1999). As flores ta mecânica, além de conferir
do Sul. Propaga-se apenas por emergem do ponto de inserção alta umidade nos grãos. É a es-
sementes. O caule é roliço, com das folhas ao caule. Possuem cor pécie de Ipomoea mais comum
sulcos ao longo do comprimen- branca na base do tubo e rosa na em lavouras de cereais (Lorenzi,
to, ramificado e com pelos bran- parte superior, com centro aver- 2000).
Ipomoea purpurea nome purpúrea sugere plantas mais novas de coloração verde,
com flores de cor púrpura. De com superfície pilosa. A raiz
Nomes comuns: corda-de-viola, principal é pivotante. Propaga-se
fato, essa cor é a que realmen-
corriola, campainha. apenas por sementes. É uma das
te ocorre, entretanto há flores
violáceas, róseas, avermelhadas principais infestantes de lavou-
Planta anual, herbácea, muito
e brancas (Kissmann & Groth, ras anuais do País, principalmen-
ramificada, com caule chegan-
1999). Pode existir mais de uma te de cereais colhidos mecanica-
do a 4 m de comprimento. Sua
cor de flor na mesma planta. As mente (Lorenzi, 2000).
origem é da América Tropical e
Subtropical, ocorrendo em todo folhas são simples, lisas, com
o território brasileiro. Foi levada pecíolo desenvolvido, em forma- 44
para muitos locais como orna- to de coração. O caule é cilíndri-
mental e depois se alastrou. O co, levemente estriado; as partes
Ipomoea nil 1999). O caule é cilíndrico ou dificulta a colheita porque seus
anguloso de 1-4 mm de diâme- ramos se emaranham nas plantas
Nomes comuns: corda-de-viola,
tro, muito ramificado e volúvel; cultivadas. Propaga-se por se-
campainha, corriola.
sua cor é esverdeada, com tons mentes.
vermelho-violáceos nas partes
Planta anual, herbácea, trepadei- expostas ao sol. As folhas são
ra, de caule com densa pilosidade geralmente trilobadas, com lobos
amarela, de 1-3 m de comprimen- de base larga e ápice acuminado 45
to e nativa do Continente Ameri- ou agudo. As flores são de cor
cano (Lorenzi, 2000), ocorrendo branca na base e roxa na parte
desde o México até o norte da superior. Como o seu ciclo é mais
Argentina (Kissmann & Groth, longo que o das culturas anuais,
Família Euphorbiaceae
Chamaesyce hirta 3.000 sementes (Kissmann & Gro- pelos densos. As folhas são sim-
th, 1999). A dispersão ocorre pela ples, em pares e opostas, com pe-
Nomes comuns: erva-de-santa- expulsão da semente, de modo cíolos curtos. O limbo é um pouco
luzia, erva-de-sangue, burra-leiteira. explosivo, quando ocorre a ma- assimétrico na base. Apresenta raiz
Planta anual, tenra, prostrada a su- turação dos frutos. É tolertante ao principal do tipo pivotante. É uma
bascendente, leitosa, pubescente, herbicida Glyphosate e, em áreas das principais plantas daninhas em
pouco ramificada, com ramos de infestadas onde se utiliza com fre- viveiros de mudas. Pode hospedar
10-60 cm de comprimento, nativa quência esse herbicida, a espécie nematódeos como o Rotylechus
47
da América tropical e amplamen- tem proliferado de forma assusta- spp. e o Meloidogyne incognita. O
te distribuída pelo território brasi- dora. O caule é difuso e ramifica- látex produzido pela planta é no-
leiro (Lorenzi, 2000). Propaga-se do, com até 60 cm de comprimen- civo para animais e pode produzir
apenas por sementes. Uma úni- to. Os ramos são cilíndricos, de dermatites de contato.
ca planta pode produzir cerca de cor verde ou avermelhada, com
Chamaesyce hyssopifolia com até 5 mm na parte inferior; te, preferindo solos ricos em
geralmente é marron-averme- matéria orgânica e infestando
Nomes comuns: erva-andorinha, lavouras anuais e perenes, pas-
lhado, ereto e ramificado de
burra-leiteira, erva-de-santa-luzia. tagens, jardins, fendas de cal-
forma dicotômica. Partindo-
Planta anual, herbácea, leito- se os ramos, escorre um látex çadas e terrenos baldios. É uma
sa, ereta ou ascendente, rami- branco, que é cáustico (Kis- planta bastante variável quanto
ficada, em geral glabra, com smann & Groth, 1999). As fo- aos caracteres vegetativos e, al-
30-80 cm de altura, nativa dos lhas são simples, opostas e em gumas vezes, nas características
trópicos e subtrópicos do Con- pares. Propaga-se apenas por florais. Sua importância na agri-
tinente Americano. No Brasil, sementes (Lorenzi, 2000). A raiz cultura vem aumentando nos úl-
48
timos anos.
raramente forma grandes infes- principal é pivotante. É uma es-
tações. O caule é cilíndrico, fino pécie medianamente frequen-
Croton glandulosus das diferenças varietais, como tam- pécie bastante disseminada nas re-
bém determinado pelas condições giões agropastoris do Brasil. A raiz
Nomes comuns: gervão, gervão- ambientais. Contudo, existe uma principal é pivotande e as laterais
branco, velame. característica comum que é a pre- engrossadas e nodosas (Kissmann
sença de duas glândulas proemi- & Groth, 1999). Apresenta preferên-
Planta anual, ereta, muito ramifica- nentes na base dos limbos foliares. cia por solos mais arenosos. Flo-
da, de caules ligeiramente pubes- O caule é cilíndrico, muito resisten- resce praticamente o ano inteiro,
centes (Lorenzi, 2000). Possui, em te e fibro-lenhoso, especialmente completando um ciclo reprodutivo
geral, altura de 30-70 cm. É nativa na base. As folhas possuem curtos em 90-100 dias. É uma planta muito 49
do Continente Americano e ampla- pecíolos e na parte inferior são al- rústica, resistindo a longos perío-
mente distribuída no território bra- ternadas, opostas na parte mediana dos de seca. Ocorre também nas
sileiro. Existe um grande polimor- e verticiladas na parte superior. Pro- renstingas litorâneas de norte a
fismo na espécie, tanto em função paga-se por sementes. É uma es- sul do País.
Euphorbia heterophylla cas variáveis, especialmente em da germinação. A raiz principal
relação ao formato de folhas; em é pivotante e as secundárias fi-
Nomes comuns: leiteiro, amendoim- lamentosas. Produz látex que, na
virtude disso, designa-se hetero-
bravo. colheita de culturas infestadas,
pylla. Propaga-se por sementes,
lançadas a distância pela abertu- ocorre contaminação, permitin-
Planta anual, ereta, herbácea, lei-
ra explosiva dos frutos. A capaci- do a fixação de sujeira aos grãos
tosa, com caule glabro ou varia-
dade germinativa dessas semen- colhidos (Kissmann & Groth,
velmente pubescente, de 30-80
tes pode se manter por alguns 1999). É uma das espécies dani-
cm de altura, nativa do Conti-
nhas mais temidas pelos produ-
nente Americano (Lorenzi, 2000). anos. Em profundidades de solo
tores de soja.
O caule é simples ou ramificado, inferiores a 4 cm, as sementes 50
cilíndrico, de cor geralmente ver- germinam facilmente; entre 4-12
de. É uma espécie de característi- cm há uma diminuição gradual
Phyllanthus tenellus nares são curto-pecioladas e infestante de importância se-
de formato ovalado. As folhas cundária na agricultura. É mui-
Nomes comuns: quebra-pedra, arre- verdadeiras são inicialmente to comum em hortas, jardins
benta-pedra, erva-pombinha. verticiladas e passam a alterna- e viveiros de mudas. Vegeta,
das com o crescimento do caule principalmente, durante os pe-
Planta anual, ereta, herbácea, (Kissmann & Groth, 1999). A raiz ríodos de temperaturas mais
pouco ramificada, glabra ou principal é pivotante e as secun- amenas, preferindo ambientes
esparsamente pubescente, de dárias filiformes e ramificadas. É semisombreados. É encontrada 51
20-50 cm de altura. É nativa do uma espécie daninha espalhada sob copas de árvores mas sem-
Brasil e propaga-se apenas por pelas principais áreas agrícolas pre formando infestações de
sementes (Lorenzi, 2000). O do País, ocorrendo tanto em la- mediana intensidade. É muito
caule é cilíndrico e lenhoso na vouras anuais como perenes, utilizada na medicina caseira.
parte basal. As folhas cotiledo- porém podendo ser considerada
Família Fabaceae
Desmodium tortuosum quente, principalmente nas Regi- sua pouca suscetibilidade aos
ões Sul e Centro-Oeste. O caule herbicidas utilizados na cultu-
Nomes comuns: desmódio, carrapi- ra da soja, sua infestação vem
é cilíndrico, com até 20 mm de
cho-beiço-de-boi, pega-pega. aumentando muito nos últimos
espessura na parte inferior. Exis-
te uma folha em cada nó e qua- anos. A germinação das semen-
Planta anual, arbustiva ou semi- tes é escalonada, o que também
arbustiva, fibrosa, ereta, rami- se sempre trifoliolada. Na parte
dificulta o controle. Interfere no
ficada, de 60-200 cm de altura, mais baixa da planta, as folhas
processo de colheita, causando
nativa da América tropical. É são grandes e com pecíolos de 53
estragos nas colhedoras. É uma
uma espécie rústica, vegetando até 5 cm. Possui raiz principal espécie capaz de fixar nitrogênio
bem em solos pobres. Propaga- pivotante. Sua inflorescência e, quando jovem, pode ser utili-
se apenas por intermédio de se- é de coloração purpúrea (Kiss- zada na alimentação animal (Lo-
mentes. É uma planta muito fre- mann & Groth, 1999). Devido a renzi, 2000).
Senna obtusifolia adubação com fósforo. O caule muito no solo (Kissmann & Gro-
é ereto, ramificado, com partes th, 1999). É uma séria infestante
Nomes comuns: fedegoso, mata- de lavouras de soja uma vez que
mais velhas lenhosas. As folhas
pasto, fedegoso-branco. seu controle químico é bastante
são pecioladas, compostas por
dois pares de folíolos. Propaga- difícil, em função da semelhan-
Planta anual, subarbustiva, le-
se apenas por sementes que são ça com a cultura. Geralmente,
nhosa, ereta, com forte cheiro,
formadas em grande quantidade forma densas infestações, difi-
desprovida de nódulos radicu-
e possuem alta viabilidade. Essas cultando o processo de colheita
lares fixadores de nitrogênio;
sementes são pesadas e caem mecanizada de grãos. É conside-
de 70-160 cm de altura, nativa,
próximas à planta-mãe, forman- rada planta tóxica para o gado.
provavelmente do Continente 54
Americano (Lorenzi, 2000). To- do reboleiras. A raiz é pivotante
lera solos ácidos e responde a e muito vigorosa, aprofundando
Senna occidentalis caule é cilíndrico e lenhoso nas é bastante difícil, em função da
partes mais velhas. As folhas semelhança com a cultura. Ge-
Nomes comuns: fedegoso, mata- ralmente, forma densas infes-
são compostas, com até 15 cm
pasto, manjerioba. tações e dificulta o processo de
de comprimento, formadas por
4-6 folíolos ovalado-lanceolado, colheita, danificando as colhedo-
Planta anual, arbustiva, muito ra-
de ápice acuminado ou agudo. ras. É considerada planta tóxica
mificada, de 1-2 m de altura, na-
A raque possui uma glândula para o gado.
tiva da América tropical (Lorenzi,
2000). Propaga-se apenas por globosa na face superior junto à 55
sementes que apresentam ger- região axilar. A raiz é vigorosa e
minação escalonada. As vagens se aprofunda muito no solo (Kis-
são achatadas com 20-60 semen- smann & Groth, 1999). Em lavou-
tes, dispostas em linha única. O ras de soja, seu controle químico
Família Lamiaceae
Leonotis nepetifolia diversos nós da parte superior o País. Geralmente, ocorre em
do caule (Kissmann & Groth, reboleiras densas de populações
Nomes comuns: cordão-de-frade, 2000). As folhas da parte mais quase homogêneas. É mais co-
cordão-de-são-francisco. baixa têm formato ovalado e as mum na planície litorânea. Prefe-
superiores são menores e de re solos férteis e bem drenados,
Planta anual, ereta, herbácea ou formato lanceolado. As flores florescendo durante todo o ve-
subarbustiva, pouco ramificada, são sésseis e as corolas são ala- rão. É considerada planta medi-
aromática, de caule quadrangu- ranjadas, podendo também ser cinal e inseticida. 57
lado, com 80-160 cm de altura, avermelhadas. A raiz principal é
originária da África tropical. A pivotante e bem desenvolvida.
planta adulta apresenta um as- Propaga-se apenas por semen-
pecto singular, pela inflorescên- tes. É uma planta daninha me-
cia em globos compactos, nos dianamente frequente em todo
Leonurus sibiricus ramos são quadrangulares. As frequente no Centro-Sul do País,
folhas apresentam formas dife- em solos argilosos e ricos em
Nomes comuns: rubim, erva-macaé, matéria orgânica. Ocorre duran-
rentes, com lobos arredondados
cordão-de-são-francisco. te todo o ano em regiões livres
em plantas novas e lobos lan-
ceolados e de ápice agudo em de geadas, com ciclo aproxima-
Planta anual ou bianual, ereta,
plantas maiores. As flores são de do de 100 dias. Tolera iluminação
aromática, ramificada, herbácea
coloração avermelhada, arroxea- difusa. Geralmente, forma den-
ou subarbustiva de 40-120 cm
da ou rósea e exalam um cheiro sas infestações, com populações
de altura, originária da Sibéria e
homogêneas. É utilizada com
da China (Lorenzi, 2000). É uma semelhante ao de bacalhau (Kis-
planta medicinal.
planta daninha medianamente smann & Groth, 2000). Propaga- 58
frequente em quase todo ter- se apenas por sementes e sua
ritório brasileiro. O caule e os raiz principal é pivotante. É mais
Leucas martinicensis flores possuem coloração bran- ao sombreamento, preferindo
ca. É uma espécie muito pareci- áreas abertas e ensolaradas das
Nomes comuns: cordão-de-freira, da com Leonotis nepetifolia, mas lavouras. Sua ocorrência vem
mentinha, hortelã. é geralmente menor, com folhas aumentando nas regiões do Tri-
mais estreitas e com globos de ângulo Mineiro e sul do Estado
Planta anual, ereta, herbácea, inflorescência também meno- de Goiás. Prefere solos férteis e
pouco ramificada, aromática, pu- res (Kissmann & Groth, 2000). ricos em matéria orgânica, po-
bescente, de caule quadrangula- Sua raiz principal é pivotante. rém raramente forma densas po-
do, de 30-50 cm de altura (Loren- Propaga-se por sementes. É uma 59
pulações.
zi, 2000). O caule é resistente e espécie com maior frequência na
levemente piloso, com 4-7 mm Região Centro-Oeste, onde pode
de espessura. Existe um par de ser encontrada infestando lavou-
folhas opostas em cada nó. As ras anuais de verão. É sensível
Família Malvaceae
Malvastrum deste e na Região Sul. O caule em dias de sol, permanecendo
coromandelianum é sublenhoso na base e bastante assim por pouco tempo. Flores-
fibroso. As folhas são simples, ce no verão, propagando-se por
Nomes comuns: malvastro, guan- pecioladas, dispostas de forma sementes. A raiz principal é pivo-
xuma. espiralada ao redor do caule e tante e muito profunda. Formam
ramos. São ainda corrugadas e densas infestações que domi-
Planta anual ou perene, herbá- nam completamente as culturas.
margem serrilhada, de colora-
cea ou subarbustiva, ereta, rami-
ção verde-escura (Kissmann & 61
ficada, de caule com pilosidade
dourada, de 30-60 cm de altu- Groth, 2000). As flores são de
ra, de origem tropical (Lorenzi, pedúnculo curto, com corola de
2000). No Brasil, ocorre com cinco pétalas de cor amarelo-
maior frequência na Região Su- alaranjada. Abrem-se somente
Sida rhombifolia dade de rebrota (Kissmann & comprimento, com muitas raízes
Groth, 2000). As folhas são sim- secundárias. Infesta principal-
Nomes comuns: guanxuma, vassouri- mente lavouras anuais, perenes
ples, alternadas, de pecíolo com
nha, guaxuma. e pastagens. É bastante encon-
cerca de 6 mm de comprimento.
As flores apresentam coloração trada também em cultivos de ce-
Planta anual ou perene, subar-
amarelada, propagando-se por reais, no sistema de semeadura
bustiva, ereta, de 30-80 cm de al-
sementes. Estas, quando inge- direta.
tura, nativa do Continente Ame-
ricano (Lorenzi, 2000). É uma ridas por animais, passam pelo
planta daninha frequente em so- trato digestivo, sendo encontra-
los cultivados do Brasil. O caule das nas fezes sementes ainda 62
é cilíndrico e fibroso e, quando viáveis. A raiz principal é pivo-
cortado, possui grande capaci- tante e pode chegar a 50 cm de
Família Poaceae
Brachiaria decumbens foi introduzida como forragei- solo (Kissmann & Groth, 1997).
ra, sendo utilizada até hoje com Apresentam dormência inicial
Nomes comuns: capim-braquiária, de suas sementes; com isso, a
esse objetivo. As plantas são
braquiária. germinação é muito irregular.
bastante enfolhadas, o que con-
tribui para o seu valor forragei- Os rizomas são de dois tipos:
Planta perene, ereta ou decum-
ro. Entretanto, toda vez que uma curtos, duros e nodosos; alonga-
bente, entouceirada, rizomatosa,
área de pastagem é transforma- dos, duros e do tipo estolonífe-
com enraizamento nos nós in-
da em solo cultivado, torna-se ro. As folhas podem ser macias
feriores em contato com o solo;
ou rígidas e bastante pilosas e o
denso-pubescente, de coloração uma séria planta daninha. Pro-
sistema radicular é do tipo fila-
geral verde-escura, de 30-90 cm paga-se por sementes e através 64
mentoso.
de altura, originária da África do de rizomas. As sementes podem
Sul (Lorenzi, 2000). Esta planta ser viáveis por até oito anos no
Brachiaria plantaginea negreiros, onde a planta era inferiores. As folhas possuem
utilizada em camas dos escra- lâminas lanceoladas, com mar-
Nomes comuns: capim-marmelada, gens serreadas, e as raízes são
vos (Kissmann & Groth, 1997). É
papuã, marmelada. fasciculadas. A semeadura dire-
uma das plantas daninhas mais
frequentes nos solos cultivados ta pode contribuir para redução
Planta anual, herbácea, ereta ou
das regiões centro e sul do País da infestação. Biótipos resisten-
ocasionalmente ascendente, gla-
(Lorenzi, 2000). Vegeta principal- tes aos herbicidas inibidores de
bra, com enraizamento nos nós
mente no período mais quente acetil co-enzima-A carboxilase
inferiores, de 50-80 cm de altu- 65
foram confirmados no Brasil
ra, originária, provavelmente da do ano. Seus colmos são cilín-
(Gazziero et al., 2004). É uma
África. Propaga-se por semen- dricos, compridos e, quando em
excelente forrageira, porém não
tes. Chegou no Brasil, prova- contato com o solo úmido, pode
suporta o pisoteio do gado.
velmente, nos porões de navios ocorrer enraizamento dos nós
Cenchrus echinatus porções inferiores achatadas ras anuais e perenes de quase
(Kissmann & Groth, 1997). As todo o País. É, particularmente,
Nomes comuns: capim-carrapicho, temida em lavouras de algodão,
folhas são abundantes, com bai-
capim-timbete, capim-roseta. onde se fixa irreversivelmente às
nhas lisas ou com algum pelo na
parte marginal. A inflorescência fibras, causando desvalorização
Planta anual, herbácea, ereta ou
é constituída por racemos, com significativa. Além disso, pode
eventualmente semiprostrada,
uma raque ao qual se inserem ferir as mãos e os braços dos
com os nós providos de pigmen-
invólucros espinhosos. A disper- colhedores e agarrar em suas
tação avermelhada (antociânica),
roupas quando são feitos tratos
de 20-60 cm de altura. Propaga- são é feita pelo invólucro que
culturais e colheitas.
se por sementes e é originária da pode se prender a sacarias, rou- 66
América Tropical (Lorenzi, 2000). pas, pelos de animais. É uma es-
Os colmos são cilíndricos, com pécie muito frequente em lavou-
Chloris polydactyla 10-15 racemos. Uma única planta, floração. Após a maturação, suas
crescendo isoladamente, pode pro- inflorescências tornam-se branco-
Nomes comuns: capim-branco, duzir cerca de 95 mil sementes que prateadas e com aspecto cotonoso,
capim-barbicha-de-alemão. podem ser carreadas pelo vento. ficando fácil a sua visualização. Sua
Maior número de plantas emergem ocorrência vem aumentando ulti-
Planta perene, ereta, pouco ces- quando as sementes estão sobre mamente em lavouras perenes e
pitosa, de colmos glabros e sub- o solo e em profundidades inferio- em culturas de cana-de-açúcar em
cilíndricos, de 50-100 cm de altura, res a 4 cm (Brighenti et al., 2007). São Paulo e de soja no Paraná. Em
nativa do Continente Americano 67
As folhas possuem bainhas aber- dessecação pré-semeadura, somen-
(Kissmann & Groth, 1997). Propaga- tas e lisas. Na região dos cerrados te doses mais elevadas de Glypho-
se por sementes e através de curtos e Região Norte e Centro-Oeste é sate são capazes de controlar plan-
rizomas. A fotossíntese é do tipo comum ser vista na beirada das es- tas em estádio mais avançado de
C4. A inflorescência possui cerca de tradas e quase que o ano todo em crescimento (florescimento).
Digitaria spp. rem observação mais detalhada que largas. A lâmina foliar é gla-
para se chegar com precisão a bra, exceto na base. Propaga-se
Nomes comuns: capim-colchão, milhã. espécie são D. horizontalis, D. ci- por sementes e pelo enraizamen-
liaris e D. sanguinalis. D. horizon- to dos nós. D. sanguinalis possui
O gênero Digitaria abrange, no talis distingue-se das demais es- espigueta três vezes mais com-
mundo, cerca de 300 espécies pécies do gênero por apresentar prida que larga. A bainha foliar é
(Kissmann & Groth, 1997). Algu- nos racemos, junto à base de cada pubescente e a lâmina com pelos
mas espécies são muito parecidas espigueta, um longo pelo branco. na base. Propaga-se apenas por
entre si, que mesmo os especialis- Propaga-se por sementes e pelo sementes. A espécie D. ciliaris
tas têm dificuldades em identificá- enraizamento dos nós inferiores. foi confirmada como resistente a 68
las. As espécies que mais comu- D. ciliaris apresenta algumas es-
herbicidas inibidores da acetil co-
mente são encontradas infestan- piguetas ciliadas e as espiguetas
enzima-A carboxilase.
do lavouras no Brasil e que reque- são quatro vezes mais compridas
Digitaria insularis vez mais áreas, diminuindo o valor que facilitam o transporte pelo vento.
dos pastos. Os colmos são cilíndricos, Propaga-se por sementes e através
Nomes comuns: capim-amargoso, de curtos rizomas. É menos comum
com entrenós longos. As folhas pos-
capim-açú, capim-flexa. em solos cultivados com frequência,
suem bainhas longas. As panículas
Planta perene, herbácea, entoucei- são grandes com 15-30 cm de com- contudo, é uma das mais importan-
rada, ereta, rizomatosa, de colmos primento. Cada panícula é formada tes infestantes de áreas de semea-
dura direta de cereais no sul do País
estriados, com 50-100 cm de altura, por 20-50 racemos, com 10-15 cm
(Lorenzi, 2000). Vegeta com grande
nativa das regiões tropicais e sub- de comprimento, cobertos por pelos
vigor, formando touceiras que flo- 69
tropicais do Continente Americano. sedosos de coloração amarelo-pra- rescem praticamente durante todo o
Plantas desenvolvidas são evitadas teada (Kissmann & Groth, 1997). As verão. Tem grande facilidade de re-
pelo gado por serem amargas. As- unidades de dispersão, chamadas brotamento quando cortada, quei-
sim, a espécie tende a ocupar cada de cariopse, possuem longos pelos mada ou após o controle químico.
Echinochloa colonum também solos enxutos, sendo cachos de coloração esverdeada
infestante também de culturas ou avermelhada. As sementes
Nomes comuns: capim-arroz, capituva, de sequeiro. É tida como planta são amarelas, brilhantes e lisas,
capim-da-colônia. anual, herbácea, ereta, glabra e com um ponto escuro na base.
muito entoucerada. Seu porte Em ambiente seco, as raízes são
Planta originária da Índia e dis- varia de 20-40 cm (Lorenzi, 2000). fasciculadas; em ambientes úmi-
tribuída amplamente por regi- Os colmos são delgados e, geral- dos, as raízes são mais longas,
ões tropicais e subtropicais do mente, ocorrem seis entre-nós, lisas e grossas, apresentando
mundo. No Brasil, é bastante constituídos de tecido enponjo- algum tecido lacunoso subepi-
frequente em baixadas úmidas, so. As folhas têm ponta de lança, dérmico. Possui raízes adventí-
sendo uma das mais sérias in- 70
com alguns pelos e margem lisa. ceas, a partir de nós inferiores
festantes em lavouras de arroz A inflorescência ocorre na par- do caule em contato com o solo.
(Kissmann & Groth, 1997). Tolera te terminal da planta, formando Propaga-se por sementes.
Eleusine indica É uma espécie pouco exigente em E. indica não são cariopses e sim
tipo de solo, adaptando-se em so- aquênios, que apresentam uma
Nomes comuns: capim-pé-de-galinha, los pobres e também a uma ampla semente livre, de cor vermelho-
grama-de-coradouro, grama-sapo. faixa de pH. Alta luminosidade es- amarronzada ou vermelho-negra
timula o crescimento das plantas e (Kissmann & Groth, 1997). Propaga-
Planta anual, ereta ou semipros- determina hábito mais prostrado. se por sementes. É uma das plantas
trada, entouceirada, de colmos Em condições de sombreamen- daninhas mais comuns em cultivos
glabros, com 30-50 cm de altura, to, as plantas ficam mais eretas. A anuais e perenes. Possui um siste-
originária da Ásia (Lorenzi, 2000). 71
fotossíntese é do tipo C4. O colmo ma radicular bastante desenvolvi-
Seu ciclo varia com as condições é achatado, especialmente na par- do, sendo uma das principais in-
ambientais sendo, em geral, 120 te inferior, com predominância de festantes de solos compactados,
dias. Entretanto, pode se alongar folhas na base. Diferindo da maio- em semeadura direta.
em ambientes mais secos ou frios. ria das gramíneas, os frutos de
Panicum maximum tura. Há diversas variedades, O florescimento ocorre durante
de diferentes formas e portes. longo período, bem como a ma-
Nomes comuns: capim-colonião, Os colmos são simples ou ra- turação das cariopses. Os rizo-
capim-colônia, capim-guiné. mificados, eretos e com até 3,5 mas são curtos e robustos, dos
m de altura, cilíndricos na parte quais se originam novos colmos
Planta perene, robusta, entoucei- superior e achatadas na inferior, (Kissmann & Groth, 1997). Esca-
rada, de colmos com cerosidade podendo chegar a 1 cm de es- pa facilmente ao cultivo e passa
branca nos entrenós, originária pessura. As raízes são fibrosas. a infestar beiras de estradas ter-
da África (Lorenzi, 2000). Propa- As folhas são muito longas, em renos baldios e solos que antes
ga-se por sementes e rizomas. forma de lança e cor verde clara. foram pasto ou estão próximos
É uma planta cultivada como As unidades de dispersão são as a estes. Interfere muito com as 72
forrageira. Foi introduzida como cariopses envoltas pelas glumas, culturas infestadas devido a sua
pastagem na época da escrava- facilmente carreadas pelo vento. grande capacidade competitiva.
Pennisetum setosum co, com até 5 mm de espessura. é composto por rizomas curtos;
As folhas têm bainhas longas, as raízes são fasciculadas e fi-
Nomes comuns: capim-custódio, brosas. Sua propagação é por
de cor verde clara e, frequente-
capim-oferecido, capim-avião. sementes ou através de rizomas.
mente, com tons arroxeados. As
lâminas são lanceoladas, acumi- É uma espécie frequente em la-
Planta perene, ereta, entoucei-
nadas e com cerca de 8-35 cm de vouras anuais e perenes, beira-
rada, herbácea, de colmos gla-
comprimento por 13 mm de lar- das de estradas e carreadores,
bros e levemente pigmentados,
gura. As unidades de dispersão principalmente na Região Cen-
de 80-180 cm de altura, nativa 73
tro-Oeste do País. É uma planta
da América tropical, incluindo são as espiguetas que possuem
extremamente agressiva.
o Brasil (Lorenzi, 2000). Tolera pilosidade, facilitando seu car-
solos pobres. A fotossíntese é reamento pelo vento (Kissmann
pelo ciclo C4. O colmo é cilíndri- & Groth, 2000). O sistema basal
Rhynchelytrum repens (Kissmann & Groth, 1997). Ocorre levadas pelo vento. As raízes são
intenso perfilhamento a partir da filamentosas e duras, lembrando a
Nomes comuns: capim-favorito, base. As folhas possuem bainhas um arame, podendo ocorrer enrai-
capim-gafanhoto, capim-natal. mais curtas que os entrenós. As zamento a partir de nós inferiores.
lâminas são lanceoladas, com Propaga-se por sementes. A fotos-
Planta anual, ereta ou ascendente, 5-20 cm de comprimento por 2-8 síntese é pelo ciclo C4. É facilmente
perfilhada, cespitosa, herbácea, mm de largura na base. A inflo- vista ao longo das rodovias, tendo
de colmos glabros ou esparsa- rescência apresenta panícula plu- sua expansão ocorrida principal-
mente pubescente, com 30-60 cm mosa, de cor vermelho-violácea, mente através desse meio. Dois
de altura, originária da África do que na maturação passa a pra- açúcares existentes nessa espécie
Sul (Lorenzi, 2000). Os colmos são teada. As unidades de dispersão (betaglucano e arabinoxilano) es- 74
cilíndricos, de ramos ascenden- são as espiguetas que se formam tão sendo estudados em trata-
tes e quase paralelos ao colmo em grandes quantidades e são mentos ligados ao diabetes.
Rottboellia exaltata gativos dessa espécie são a sua tas raízes e algumas são adven-
grande capacidade competitiva e tíceas. Possui racemos cilíndricos
Nomes comuns: capim-camalote, a presença de cerdas rígidas nas com 8-15 cm de comprimento.
capim-alto, rabo-de-lagarto. bainhas das folhas que causam Cada racemo tem em torno de 10
Planta anual ou perene, depen- irritação e inflamação na pele artículos. Na maturação, há libera-
dendo das condições, entoucei- de trabalhadores. Essas cerdas ção dos artículos, que podem ser
rada, ereta, de 1,0-2,5 m de altu- concentram na bainha das folhas lançados a distância (Kissmann &
ra e originária da Índia. No Bra- e, quando novas, são macias e Groth, 1997). Propaga-se apenas
sil, ocorre com certa frequência moles, fincando rígidas como por sementes. Uma única planta 75
na Região Norte, embora haja microagulhas, à medida que vão é capaz de emitir até 100 perfilhos
focos na Região Centro-Oeste ficando mais velhas. O colmo é e produzir 15.000 sementes que
e também no norte do Paraná. longo, cilíndrico com até 1 cm de ficam dormentes no solo por até
Os dois principais aspectos ne- espessura na base. Possui mui- quatro anos (Lorenzi, 2000).
Setaria geniculata Os colmos são cilíndricos ou ou violáceo-avermelhada (Kiss-
pouco achatados, com cerca de mann & Groth, 1997). Na coroa
Nomes comuns: capim-rabo-de- basal, ocorre formação de raí-
1 mm de espessura. A partir da
raposa, capim-rabo-de-rato, capim- zes fasciculadas. É uma espé-
base da planta, surgem muitos
rabo-de-gato. cie medianamente frequente
colmos que se elevam. As folhas
Planta anual, herbácea, ereta, possuem bainhas verde-claras, no Brasil. Prefere solos férteis
glabras. Os racemos ficam ex- e vegeta, principalmente, du-
entouceirada, de colmos gla-
postos bem acima das folhas, rante o período quente do ano,
bros, com nós pubescentes e
completando o ciclo em aproxi-
mais escuros que os entrenós, com 2-8 cm de comprimento por
madamente 60 dias.
de 30-120 cm de altura, nativa do 0,8-1,0 cm de espessura, deixan- 76
Continente Americano. Propaga- do sobressair cerdas abundan-
se por sementes (Lorenzi, 2000). tes de cor amarelo-esverdeada
Sorghum arundinaceum co (hidrociânico), tóxico ao gado. cie medianamente frequente no
Os colmos são longos e robustos Brasil. Infesta principalmente la-
Nomes comuns: sorgo-selvagem vouras perenes, cafezais e beiras
com cerca de 1 cm de diâmetro.
falso-massambará. de estradas. Sua área de infesta-
Não possui rizoma e as raízes
são fasciculadas. As folhas são ção vem aumentando.
Planta anual ou perene, herbá-
cea cespitosa (forma touceira), glabras, com lâminas lanceola-
ereta, de colmos com até 1 cm das com 75-100 cm de compri-
de diâmetro e entrenós de 18-20 mento por 3-5 cm de largura, de 77
cm de comprimento. Possui al- margens cortantes. As unidades
tura que varia de 1,5-2,5 m, sen- de dispersão são as espiguetas.
do originária da África (Lorenzi, Propaga-se exclusivamente por
2000). Pode liberar ácido prússi- meio de sementes. É uma espé-
Sorghum halepense ácido hidrociânico (ácido prússico), terminal dos colmos, com coloração
que é venenoso. Também o selênio que varia do vermelho-vinho ao
Nomes comuns: sorgo-de-alepo, pode estar em níveis tóxicos nas amarelo-palha. A cariopse possui
capim-massambará. plantas. Propaga-se por sementes pericarpo castanho-avermelhado-
Planta perene, ereta, rizomatosa, e por rizomas (Lorenzi, 2000). Pode escuro, levemente brilhante. As
cespitosa, de colmos cerosos e hospedar agentes patogênicos de raízes são fasciculadas e os
pilosidade nos nós. Tem de 1-2 m plantas cultivadas, como vírus e o rizomas apresentam formato
de altura. É originária da Região fungo Piricularia oryzae, causador cilíndrico de cor branca e manchas
Mediterrânea e do Oriente Médio e da brusone do arroz. Os colmos são avermelhadas. Em algumas regiões,
introduzida no Brasil por meio de eretos, verdes e glabros. As folhas já invadiu lavouras anuais e perenes, 78
sementes de linho, girassol, alfafa e são longas, com lâminas de 50 cm de principalmente a cana-de-açúcar.
sorgo vindas da Argentina (Kissmann comprimento por 25 mm de largura.
& Groth, 1997). As plantas produzem Possui panículas vistosas na parte
Família Portulacaceae
Portulaca oleracea da planta saem diversos ramos mentes que têm formato de rim.
e o conjunto deles pode formar É uma planta daninha comum em
Nomes comuns: beldroega, bredo- reboleira de 1 m de diâmetro. Os todo o País, onde infesta, princi-
de-porco, ora-pro-nobis. ramos são cilíndricos, carnosos, palmente, áreas de horticultura
Planta anual, herbácea, suculenta, lisos, sem pilosidade e de cor ver- (Kissmann & Groth, 2000). Prefere
glabra, prostrada, de 20-40 cm de de ou avermelhada. As folhas são solos ricos em matéria orgânica.
comprimento. A estrutura carnosa simples, ocorrendo de forma al- É muito prolífica, com uma única
e com grande reserva de água su- ternada sobre o caule e os ramos. planta chegando a produzir 10.000
gere que a origem da espécie seja As flores abrem-se por pouco sementes, que podem permane-
de uma região de baixa pluviosi- tempo e em manhãs ensolaradas. cer dormentes no solo por mais
dade, provavelmente do norte da A raiz principal é pivotante e as de 19 anos. Nas condições do Bra- 80
África (Lorenzi, 2000). O ciclo va- secundárias bastante filamento- sil, suas sementes germinam o
ria de 2-4 meses. A partir da base sas. Propaga-se por meio de se- ano todo.
Família Rubiaceae
Richardia brasiliensis opostos e cruzados. As folhas à semelhança de um tapete. É
são simples e opostas, ocorren- considerada uma das principais
Nomes comuns: poaia-branca,
do um par em cada nó do caule plantas daninhas infestantes de
poaia, poaia-do-campo.
e ramos. As flores são brancas lavouras de soja e de milho das
Planta anual, herbácea, pros- e as unidades de dispersão são Regiões Sul e Centro-Oeste (Lo-
trada, ramificada, de caule den- os frutos e as cocas (Kissmann renzi, 2000). Tem ocorrido com
samente pubescente, de 10-50 & Groth, 2000). A raiz principal maior frequência em áreas de
cm de comprimento e nativa da é pivotante e raízes secundárias semeadura direta. Tolera um cer-
América do Sul. Forma-se a partir filamentosas. Propaga-se apenas to grau de sombreamento, cau-
do colo, um caule principal que por meio de sementes. Apre- sando problemas também na 82
se desenvolve de forma prostra- senta grande vigor vegetativo, operação de colheita, devido a
da e a seguir formam-se ramos cobrindo completamente o solo sua grande massa vegetal.
Spermacoce latifolia larmente, atingindo até 40 cm de te curta, e um pouco avermelha-
comprimento. Na parte inferior da. É uma espécie bastante fre-
Nomes comuns: erva-quente, erva- do caule, o formato pode ser cilín- quente no Sudeste, Centro-Oeste
de-lagarto, poaia-do-campo. drico, mas nas partes mais novas e Nordeste. É considerada espécie
são quadrangulares. As folhas são de difícil controle em lavouras
Planta anual, herbácea, prostrada opostas, em pares que se cruzam de soja e tida como tolerante ao
ou ascendente, de caule tetrago- alternadamente (Kissmann & Gro- herbicida Glyphosate. É muito en-
nal, com os ângulos pubescentes, th, 2000). As flores são pequenas, contrada em solos ácidos e tolera
pouco ramificada, de 20-50 cm de corola branca ou azulada. O um certo grau de sombreamento. 83
de comprimento, nativa do Brasil fruto é denominado de cápsula O revolvimento do solo e cultivos,
(Lorenzi, 2000). A partir da base e as unidade de dispersão e pro- a correção da acidez e dos níveis
da planta, formam-se diversos pagação são as sementes. A raiz de fertilidade geralmente causam
caules que se ramificam irregu- principal é pivotante, relativamen- a diminuição da infestação.
Spermacoce verticallata drico na parte basal, com ramos dutora de soja no sul do Estado
tetrágonos, com pilosidade curta do Maranhão (região de Balsas)
Nomes comuns: vassourinha-de- é considerada espécie de con-
e abundante. As folhas não pos-
botão, falsa-poaia, poaia-botão, trole problemático. Os herbici-
suem pecíolo e são dispostas de
poaia-rosário. das comumente empregados na
forma verticilada nos nós. São
duas folhas opostas (maiores) e cultura da soja nessa região não
Planta nativa das Américas,
diversas folhas menores que fa- têm controlado essa espécie de
ocorrendo desde o sul dos Esta-
zem parte de ramos não desen- forma eficaz.
dos Unidos até a parte meridio-
nal da América do Sul. É perene, volvidos. As flores são sésseis e
herbácea, muito ramificada, ere- de cor branca. É uma planta bas- 84
ta ou semiprostrada (Kissmann tante frequente em todo o terri-
& Groth, 2000). O caule é cilín- tório brasileiro. Na região pro-
Família Sapindaceae
Cardiospermum ramos e gavinhas que se enroscam (Kissmann & Groth, 2000). Na soja, as
halicacabum em obstáculos. Os ramos são sementes da cultura e do balãozinho
longos e bastante resistentes à são de difícil separação, pois possuem
Nomes comuns: balãozinho, saco- tração, dificultando o trabalho das forma e peso semelhantes. Como o
de-padre, olho-de-pombo. colhedoras. Quando cortada acima ciclo dessa infestante é mais longo
do primeiro nó cotiledonar, ocorre do que o das culturas anuais,
Planta anual, herbácea, vigorosa,
rebrota e desenvolvimento dos torna-se difícil a colheita em áreas
glabra ou ligeiramente pubescente,
ramos axilares, em consequência infestadas. Densidades da ordem
com 2-5 m de comprimento da quebra da dominância apical de 10 plantas/m² podem reduzir a
(Lorenzi, 2000). Propaga-se por (Machado et al., 1997). As folhas são produtividade da soja em cerca de
sementes. A germinação ocorre compostas de três conjuntos de três 25,5% (Souza & Machado, 1997). É 86
em fluxos durante a primavera e o folíolos. As flores são brancas e o forte competidora por nitrogênio
verão. Possui hábito trepador, com fruto é chamado de cápsula inflada e potássio (Brighenti et al., 2003).
Família Solanaceae
Datura stramonium pinho e é glabro. As folhas são das sementes. Uma planta bem
alternadas e pecioladas, de limbo desenvolvida pode produzir até 20
Nomes comuns: quinquilho, com margens sinuadas, com até mil sementes. A fotossíntese é do
figueira-do-inferno, estramônio, 20 cm de comprimento por 10 cm tipo C3. Está bastante dissemina-
trombeteira. de largura. As flores são grandes, da na Região Sul do País. Prefere
de cálice tubuloso. A corola tem solos férteis e ricos em matéria or-
Planta anual, herbácea, ereta, coloração branca ou ligeiramen- gânica, onde cresce vigorosamen-
com cheiro capaz de provocar te violácea (Kissmann & Groth, te interferindo na operação de
náuseas, com 40-120 cm de altu- 2000). A raiz principal é pivotante, colheita. É considerada tóxica ao
ra. É originária da Ásia (Lorenzi, relativamente curta, e com raízes homem e aos animais. Entretan-
2000). O caule é ereto, cilíndrico, secundárias superficiais ao solo. to, tem sido utilizada como planta 88
ramificando-se intensamente na O fruto é denominado de cápsu- medicinal, porém ministrada em
parte superior, não apresenta es- la e a propagação se dá por meio doses baixas.
Nicandra physaloides tência carnosa e é fistuloso. As produzir até 1.000 sementes. A
folhas são alternadas ou gemi- raiz principal é pivotante e bas-
Nomes comuns: joá-de-capote, nadas, com pecíolo de até 5 cm tante desenvolvida (Kissmann &
bexiga, balão. de comprimento. O limbo foliar Groth, 2000). Apresenta prefe-
Planta anual, herbácea, ereta, ra- é liso, de coloração verde-clara, rência por solos mais argilosos
mificada, de caule glabro e forte- com cerca de 15 cm de compri- e úmidos. É muito frequente na
mente sulcado, com 40-200 cm mento por 8 cm de largura. As Região Sul do País, onde vegeta,
de altura, originária da America flores possuem corola campanu- principalmente, durante o verão.
89
do Sul (Região Andina). O caule, lada de cor branca, azul clara ou Sua ocorrência vem aumentan-
em plantas grandes, é bastante violácea. O fruto é chamado de do no Centro-Oeste, Sudeste e
grosso na parte inferior, poden- solanídio globoso. As unidades Triângulo Mineiro. Seus tecidos
do chegar a 5 cm de diâmetro. de dispersão e propagação são contêm alcaloides tóxicos.
Nas partes novas, tem consis- as sementes. Uma planta pode
Solanum americanum simples, com cerca de 7 cm de verdes; quando maduros, são pre-
comprimento por 4 cm de largura tos. Secam e, geralmente; retêm as
Nomes comuns: maria-pretinha, (Kissmann & Groth, 2000). As flo- sementes que são as unidades de
erva-moura, pimenta-de-galinha. res possuem corola com cinco lo- propagação da espécie. A raiz prin-
bos lanceolados, brancos ou com cipal é pivotante. É altamente pro-
Planta anual, herbácea, ereta, leve tonalidade púrpura. O fruto é lífica, podendo uma única planta
glabra, ramificada, de 40-90 cm denominado de solanídio globoso produzir cerca de mil sementes. É
de altura. Nativa do Continente que, quando verde, apresenta al- altamente indesejável em lavouras
Americano (Lorenzi, 2000). O cau- calóides tóxicos. Frutos maduros de soja, pois seus frutos não são
le é lenhoso na parte inferior, ci- são comestíveis e apreciados por totalmente eliminados no benefi-
líndrico, ereto, ramificado na parte pássaros. Folhas e ramos também ciamento, aumentando o grau de 90
superior, liso e de cor verde. As apresentam alcaloides. Os frutos impurezas na soja. É hospedeira
folhas são alternadas, pecioladas, são redondos; quando novos, são de nematódeos.
Capítulo 2

Práticas de manejo de plantas daninhas


em cultivos de cana-de-açúcar
Alexandre Magno Brighenti, Thiago Rodrigues Costa,
Wadson Sebastião Duarte da Rocha, Leonardo Henrique
Ferreira Calsavara e Lucas de Cássio Nicodemos
Introdução
As plantas daninhas são um açúcar, além de servir como das plantas daninhas presen-
dos principais componentes hospedeiras de pragas e do- tes na área (cap. 1). A seguir,
do agroecossistema da cana- enças e ainda interferir no serão descritos os principais
de-açúcar (Saccharum offici- processo de colheita (Pitelli, métodos de controle em cana-
narum), interferindo no cres- 1985). de-açúcar.
cimento e no desenvolvimento
das plantas. A presença das Pesquisas realizadas por Blan-
plantas daninhas pode inter- 92
co et al. (1982) relatam perdas
ferir no processo produtivo, significativas do peso dos col-
competindo com os recur- mos em função da competição
sos do meio, principalmente por espécies daninhas.
a água, a luz e os nutrientes.
Há também a possibilidade Dessa forma, para se estabe-
de liberação de substâncias lecerem métodos adequados
alelopáticas capazes de inibir de controle é importante que
o crescimento da cana-de- sejam feitos levantamentos
Períodos de convivência entre as plantas daninhas e a cultura
Denomina-se período de convi- No início do ciclo, o período em lar após esse período não mais
vência o espaço de tempo em que que as plantas daninhas con- terá condições de interferir, de
convivem, em um mesmo local, as vivem com a espécie cultivada maneira significativa, sobre a
plantas cultivadas e as plantas da- sem que esta sofra algum pre- produtividade da planta cultiva-
ninhas. A intensidade dos efeitos juízo denomina-se período an- da. Após esse período, a cultura
negativos resultantes da convivên- terior à interferência (PAI). Tam- apresenta capacidade de, por si
93
cia de culturas e plantas daninhas bém existe o período chamado só, controlar as plantas daninhas
depende das espécies envolvidas, período total de prevenção à que emergirem. Entre o PAI e o
da sua frequência, da duração do interferência (PTPI), que é aque- PTPI ocorre um terceiro período
período dessa convivência e da fase le em que, após a emergência, chamado período crítico de pre-
do ciclo em que ocorre. Depende a cultura deve se desenvolver venção à interferência (PCPI).
também da cultivar a ser utilizada, livre da presença de plantas da- Esse período corresponde à fase
de seu manejo cultural (população, ninhas, a fim de que sua produ- em que as práticas de controle
espaçamento entrelinhas, densida- tividade não seja alterada signi- devem ser efetivamente adota-
de), fertilidade do solo e disponibili- ficativamente. A comunidade de das. Trabalhos dessa natureza fo-
dade de água e de nutrientes. espécies daninhas que se insta- ram desenvolvidos em cana-de-
açúcar por Kuva et al., (2001
e 2003). Os autores observa-
ram que o período mínimo de
controle de plantas daninhas
para assegurar a máxima pro-
dutividade da cana-de-açúcar
é de 138 dias após o plantio
(período total de prevenção a
interferência) (Figura 1). Ou
seja, mantendo-se a cultura da 94
cana-de-açúcar livre de plan-
tas daninhas durante os pri-
meiros 138 dias, as espécies
infestantes que se instalarem
após esse período não mais Figura 1. Produtividade percentual de colmos de cana-de-açúcar, em fun-
terão chance de competir com ção dos períodos com controle ou com convivência das plantas dani-
nhas. PAI (período anterior à interferência); PTPI (período total de preven-
a cultura a ponto de reduzir ção à interferência); PCPI (período crítico de prevenção à interferência).
sua produtividade. Fonte: Kuva et al., 2001.
Controle das plantas daninhas
O manejo de plantas daninhas, se o preventivo, o cultural, o me- Controle Preventivo
além de possibilitar a obten- cânico e o químico. Na cultura
ção de rendimentos mais ele- da cana-de-açúcar, predomina a O primeiro cuidado, ao se insta-
vados pela cultura da cana- utilização dos métodos mecâ- lar a lavoura, é evitar a introdu-
ção de novas espécies na área
de-açúcar, facilita os tratos nicos e químicos. Entretanto,
cultivada, além de não permitir
culturais. Além disso, mantém o uso de uma prática isolada, 95
a entrada de partes reprodutivas
a lavoura livre de plantas hos- às vezes, não é suficiente para
de espécies já existentes. Espe-
pedeiras de patógenos, de in- evitar a interferência de es-
cial atenção deve ser dada às
setos vetores e evita a forma- pécies infestantes na cultura. espécies de controle problemáti-
ção de microclima favorável Deste modo, a associação de co na cultura da cana-de-açúcar,
ao desenvolvimento de algu- métodos de manejo melhora dentre elas o capim-barbicha-
mas doenças. o controle das espécies dani- de-alemão (Chloris polydactyla)
nhas, além de possibilitar ga- (Brighenti et al., 2007), a tiririca
Esse manejo pode ser efetuado nho econômico e ambiental de (Cyperus rotundus) e a grama-
por vários métodos, destacando- todo o processo. bermuda (Cynodon dactylon).
Grandes infestações podem ini- • controlar o desenvolvimento rar a composição da flora daninha
ciar com a ocorrência de peque- das plantas daninhas, impedindo e reduzir a população de algumas
nas quantidades de sementes. a produção de sementes e estru- espécies; sendo também prática
turas de reprodução às margens recomendada para evitar a sele-
A disseminação de plantas dani- de cercas, estradas, terraços, ca- ção de biótipos de espécies dani-
nhas ocorre principalmente pelo nais de irrigação e outros locais nhas resistentes e tolerantes;
desconhecimento do problema, da propriedade;
pela subestimação ou desinteres- • quando da utilização de algum
se do agricultor e pela falta de pla- • utilizar métodos para o contro- tipo de adubo orgânico (ester-
nejamento, a longo prazo. Algu- le de focos de plantas daninhas, cos), observar a existência de 96
mas práticas são indicadas como desde a catação manual, até a estruturas de disseminação de
forma de evitar a disseminação: aplicação localizada de herbici- plantas daninhas;
• promover a limpeza rigorosa das das, principalmente para o caso
máquinas e dos implementos, an- de plantas de difícil controle; • estar atento para que sementes
tes de serem transportados para de plantas daninhas, não sejam
outras áreas, bem como não per- • utilizar rotação de culturas e de transportadas através de rou-
mitir que animais se tornem veí- herbicidas com mecanismos de pas, sacarias e pelos de animais
culos de disseminação; ação diferentes, permitindo alte- como, por exemplo, as do picão-
preto (Bidens pilosa e Bidens Dentre as diversas práticas sistema radicular profundo, de
subalternans), capim-carrapicho culturais, destacam-se a esco- grande capacidade de recruta-
(Cenchrus echinatus) e carrapi- lha da cultivar, a correção do mento de recursos do meio e
cho-de-carneiro (Acanthosper- solo e a adubação, o preparo alto poder de interceptação da
mum hispidum). do solo, o manejo populacio- luz solar dificultam o acesso e a
nal, os tratos culturais e a ro- utilização dos recursos pela co-
Controle Cultural tação de culturas. munidade de plantas daninhas.
97
Escolha da cultivar Correção do solo e adubação
Este método é extremamente im-
portante, pois visa dar condições
Há cultivares que apresentam A correção da acidez do solo
favoráveis ao pronto estabele-
diferentes características mor- pode favorecer o controle de al-
cimento da cana-de-açúcar, em
fológicas de crescimento. Essas gumas espécies de plantas dani-
detrimento ao da planta daninha.
diferenças influenciam na capa- nhas adaptadas a solos ácidos,
O controle cultural nem sempre cidade de interferência com as tais como o carrapicho-rasteiro
reduz a população de plantas da- plantas daninhas. Cultivares de (Acanthospermum australe), a
ninhas a níveis suficientes, porém rápido crescimento, de maior samambaia (Pteridium aquili-
minimiza os danos. altura, alto índice de área foliar, num) e o sapé (Imperata brasilien-
sis). Embora não seja uma prática sulta em atraso na germinação to importante na determinação
que favoreça o controle da maio- das sementes de espécies daninhas do balanço de interferência, in-
ria das espécies, pode ser consi- e em um estabelecimento mais fluenciando na precocidade e na
derada em alguns casos. rápido da cana-de-açúcar. Esse intensidade do sombreamento
preparo do solo pode ser con- promovido pela cultura.
Também, a prática de distribuição siderado como um método de
do adubo próximo à planta culti- controle de plantas daninhas
Deve-se considerar, entretanto,
vada facilita a sua utilização, auxi- se, no momento em que for re-
liando no aspecto competitivo. alizado, existirem espécies dani- que o espaçamento é um impor-
nhas germinando ou emergindo. tante componente do sistema 98
Preparo do solo Quanto maior o número de plan- de produção da cana-de-açúcar,
tas emergidas, maior será a efici- particularmente quanto ao trân-
O preparo do solo, quando bem exe- ência do método. sito de máquinas e equipamen-
cutado, possibilita maior eficiência tos. Desse modo, a sua utilização
no controle das plantas daninhas. Manejo populacional no manejo de plantas daninhas
se restringe a determinados limi-
De modo geral, o plantio feito O espaçamento entre linhas tes, impostos pela parte opera-
logo após o preparo do solo, re- no momento do plantio é mui- cional de manejo da cultura.
Menores espaçamentos entre li- Rotação de culturas cobertura do solo e com sistema
nhas possibilitam supressão das radicular profundo.
plantas daninhas, pois a cultura A rotação de culturas tem como
cobre mais rapidamente o solo um dos objetivos prevenir o sur- Dessa maneira, quanto menor o pe-
e menor quantidade de luz atra- gimento de populações de certas ríodo de tempo em que as plantas
vessa o dossel foliar das plantas. espécies de plantas daninhas daninhas e a cultura conviverem
adaptadas à monocultura, além num mesmo lugar, menor será o
de permitir interrupção no ciclo grau de interferência, tornando-se 99
Tratos culturais
de pragas e doenças. Deve-se importante os estudos sobre os
considerar, na escolha de cultu- chamados períodos de convivência,
Os tratamentos fitossanitários, ras a serem incluídas no esque- já mencionados no item 2.
as irrigações e as adubações vi- ma de rotação, espécies com
sam favorecer o crescimento e características morfológicas e Controle Mecânico
o desenvolvimento da cana-de- fisiológicas o mais diferenciadas
açúcar, em detrimento aos da possível. São desejáveis as es- O método mecânico pode ser
planta daninha. pécies cultivadas que possuem realizado por meio de capinas
produção significativa de fito- manuais ou tração animal. Es-
massa, de rápido crescimento e sas práticas são mais indicadas
para pequenas áreas e nos cul- laterais são rasas e podem ser método exige técnica apurada,
tivos orgânicos. Quando se faz o facilmente danificadas por cul- pessoal capacitado e bem treina-
controle com tração animal, uti- tivos muito profundos ou muito do, uso de equipamentos de pro-
lizando cultivadores, o controle próximos das plantas. teção individual (EPIs), cuidados
das espécies daninhas é feito na com a saúde do aplicador e com
entrelinha da cultura, acumulan- Controle Químico o ambiente.
do solo próximo à região do co-
leto. Essa quantidade de solo co- Dentre as alternativas para o Para se obter sucesso com o
locada próxima ao colmo, além controle eficiente das plantas controle químico, devem ser
de sucumbir às plantas daninhas daninhas em cana-de-açúcar, considerados alguns fatores, 100
presentes na linha, dá suporte está o uso de compostos quími- tais como o tipo de solo, o teor
às plantas da cultura, evitando cos, denominados herbicidas. de matéria orgânica do solo, a
maiores problemas com o aca- Suas principais vantagens são a qualidade da água de aplica-
mamento. eficácia de controle das plantas ção, as condições de clima no
daninhas, a economia de mão- momento da aplicação, os equi-
Deve-se ter o cuidado para não de-obra e a rapidez na aplicação. pamentos adequados para apli-
afetar o sistema radicular da Em contrapartida, para a obten- cação e ainda avaliar o aspecto
cana-de-açúcar, pois suas raízes ção de bons resultados, esse econômico.
Para aplicação dos herbicidas, de que o produto não atinja as Em áreas maiores, deve-se
são indicados alguns equipa- plantas da cultura (Figura 2B). procurar um maior rendimen-
mentos cujo uso vai depender da Esse método de aplicação di- to operacional. Para isso, pode
extensão da área, dos objetivos rigida em que o herbicida não ser utilizado o pulverizador
e da operacionalidade de todo o deve atingir as plantas de cana- tratorizado de barras (Figura
processo. O pulverizador costal de-açúcar é recomendado, por 2D). Vale ressaltar que para
manual (Figura 2A) é indicado exemplo, quando se opta pelo todos os equipamentos de
para menores áreas, em aplica- uso do herbicida MSMA nessa aplicação de herbicidas, deve- 101
ções dirigidas e localizadas. Há cultura. se fazer a calibração prévia
também a opção de uso de bar- do equipamento, estar atento
ras de maiores extensões com Outro equipamento passível de quanto ao uso correto de EPIs
dois a seis bicos, aumentado a utilização é o pulverizador manu- e ter o acompanhamento de
faixa de aplicação. Outra possi- al com barra de seis bicos (Figu- um profissional capacitado
bilidade é acoplar pingentes às ra 2C). Esse equipamento cobre (Engenheiro Agrônomo).
barras de pulverização para apli- uma largura de faixa de aplica-
cações dirigidas, utilizando bi- ção de 3,0 m, o que facilita e agi-
cos antideriva, com a finalidade liza todo o processo.
Figura 2. Principais equipamentos
utilizados para aplicação de herbici-
das. Pulverizador costal manual (A),
Pulverizador costal com barra de
três bicos com pingentes (B), Pul-
verizador manual com barra de seis
bicos (C). Pulverizador tratorizado
de barras (D).

A B
102

A seguir serão descritos os


principais herbicidas indica-
dos para a cultura da cana-de-
açúcar, bem como as doses, o
C D modo de aplicação e o grupo
de espécies controladas:
Tabela 1. Herbicidas indicados para o controle de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar*.
Produto Doses Modo de Grupo
Princípio Ativo 1
Observações
Comercial p.c./ha Aplicação Controlado
Doses menores para solos mais
Alaclor Nortox Folhas largas
Alachlor 5,0 - 7,0 L pré arenosos e as maiores doses para
e Laço CE e estreitas
solos mais argilosos
103
Doses menores para solos mais
Alachlor + Folhas largas
Boxer 7,0 - 9,0 L pré arenosos e as maiores doses para
atrazine e estreitas
solos mais argilosos

Gesapax 4,0-8,0 L Folhas largas


Ametryn Pré e pós
Herbipak 3,2-4,8 L e estreitas -

Ametryn + Folhas largas Para o controle de grama-seda


Sinerge CE 5,0 L Pré e pós
clomazone e estreitas (Cynodon dactylon), aplicar 6,0 L/ha
continua
continuação
Produto Doses Modo de Grupo
Princípio Ativo 1
Observações
Comercial p.c./ha Aplicação Controlado
Ametryn + Folhas largas
Krismat 1,75-2,0 kg Pós
trifloxysulfuron e estreitas -
Folhas largas
Amicarbazone Dinamic 1,5-2,0 kg Pré e pós -
e estreitas
Gsaprim 500 4,0-5,0 L Folhas largas
Atrazine Pré e pós - 104
Siptran 500 4,0 -5,0 L e estreitas
Doses menores para solos mais
Atrazine + Folhas largas
Extrazin 3,6-6,8 L Pré arenosos e as maiores doses para
simazine e estreitas
solos mais argilosos
Gamit 1,8-2,2 L Folhas largas
Clomazone Pré -
Gamit 360 CS 3,0 3,5 L e estreitas
continua
continuação
Produto Doses Modo de Grupo
Princípio Ativo 1
Observações
Comercial p.c./ha Aplicação Controlado
Aminol 806 1,0-1,5 L
2,4-D DMA 806 1,0-1,5 L Pós Folhas largas -
U46 D-Fluid 1,0-2,0 L
Doses menores para solos mais
Folhas largas 105
2,4-D + picloram Dontor 3,0-4,0 L Pré e pós arenosos e as maiores doses para
e estreitas
solos mais argilosos
Cention SC 5,0-8,0 L
Folhas largas
Diuron Herburon 500 3,2-6,4 L Pré e pós -
e estreitas
Karmex 2,0-4,0 kg
Velpar K 1,8-2,5 kg
Diuron + Folhas largas
Advance 2,0-3,5 kg Pré e pós -
Hexazinone e estreitas
Hexaron WG 1,8-3,0 kg
continua
continuação
Produto Doses Modo de Grupo
Princípio Ativo Observações
Comercial p.c./ha1 Aplicação Controlado
Folhas largas
Ethoxysulfuron Gladium 200-250 g Pós -
e cyperaceas
0,4 kg Pré Folhas largas
Flazasulfuron Katana -
0,2-0,4 kg Pós e estreitas
Folhas largas 106
Imazapyr Contain 0,5-0,8 L Pré -
e estreitas
Folhas largas
Imazapic Plateau 150-210 g Pré -
e estreitas

*Ao optar pelo uso de herbicidas, consultar um engenheiro agrônomo para emissão do receituário agronômico e
acompanhamento das atividades/consultar a relação de herbicidas registrados no Mapa e cadastrados na Secretaria de
Agricultura do Estado. Estar atento ao uso de EPIs (Equipamentos de proteção individual).1Doses: p.c. (produto comercial).
Adaptado: Rodrigues & Almeida, 2005.
Considerações finais
Atualmente, o manejo de plantas planejamento. A correta implantação economia, segurança do
daninhas em cultivos de cana-de- da cultura proporciona vantagem aplicador e do ambiente como
açúcar é uma operação bastante competitiva sobre as espécies um todo. Dessa forma, as
complexa. Com a expansão infestantes. O método químico é informações abordadas nesta
dessa cultura, os problemas com a prática mais eficaz no controle publicação visam auxiliar na
essas espécies têm aumentado das plantas daninhas, porém tomada de decisão por métodos 107
significativamente, podendo não deve ser considerado como mais racionais de controle, com
ocorrer perdas elevadas no a única solução para o problema. ênfase no manejo integrado de
rendimento de colmos. Dessa Existem métodos alternativos plantas daninhas.
maneira, a correta identificação com eficácia reconhecida,
das espécies daninhas ocorrentes que devem ser empregados
na área é de suma importância como ferramentas de auxílio
na tomada de decisão por aos herbicidas. O emprego
métodos mais adequados de de diferentes estratégias de
controle. Inicialmente, o manejo controle das comunidades
das plantas daninhas requer infestantes implica eficiência,
Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – Fapemig e ao Conselho Nacional de De-
senvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pelos recursos financiados para execução dos trabalhos.
108
Referências
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