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Sexologia Forense - Curso de Formação Profissional para Ingresso No Cargo de Médico Perito Legista 1 Classe Da PDF
Sexologia Forense - Curso de Formação Profissional para Ingresso No Cargo de Médico Perito Legista 1 Classe Da PDF
Curso de Formação Profissional Para Ingresso no Cargo de Médico Perito Legista 1ª Classe da
Perícia Forense do Estado do Ceará - PEFOCE
SEXOLOGIA FORENSE
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Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE
Curso de Formação Profissional Para Ingresso no Cargo de Médico Perito Legista 1ª Classe da
Perícia Forense do Estado do Ceará - PEFOCE
SEXOLOGIA FORENSE
CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA INGRESSO NO CARGO DE MÉDICO PERITO LEGISTA DE 1ª CLASSE
DA PERÍCIA FORENSE DO ESTADO DO CEARÁ - PEFOCE
DISCIPLINA
SEXOLOGIA FORENSE
CONTEUDISTA
Renato Evando Moreira Filho
FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva – Sd PM
• 2015 •
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Curso de Formação Profissional Para Ingresso no Cargo de Médico Perito Legista 1ª Classe da
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SEXOLOGIA FORENSE
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO E CONCEITOS......................................................................................................................................5
2. TIPOS DE SEXO ..........................................................................................................................................................5
2.1 Sexo Biológico ou Sexo Genético ........................................................................................................................5
2.2 Sexo Biológico Cromossômico ............................................................................................................................6
2.3 Sexo Biológico Cromatínico ................................................................................................................................6
2.4 Sexo Gonadal ......................................................................................................................................................6
2.5 Sexo Morfológico (Anatômico Ou Fenotípico) ...................................................................................................7
2.6 Sexo Endócrino ou Hormonal .............................................................................................................................7
2.7 Sexo Psicológico..................................................................................................................................................7
2.8 Sexo Jurídico (Legal ou Civil) ...............................................................................................................................8
3. EROTOLOGIA FORENSE .............................................................................................................................................8
3.1 Conceito .............................................................................................................................................................8
3.2 Sexualidade Anômala - Conceito ........................................................................................................................8
3.3 Sexualidade Anômala – Classificação – Exemplos ..............................................................................................8
4. APLICAÇÕES NO DIREITO ..........................................................................................................................................9
4.1 Tipo objetivo ......................................................................................................................................................9
4.2 Sujeito do Crime ...............................................................................................................................................10
4.3 Consumação ....................................................................................................................................................10
4.4 Tentativa ...........................................................................................................................................................10
4.5 Causas de Aumento da Pena ............................................................................................................................10
4.6 Formas Qualificadas do Crime ..........................................................................................................................10
5. OBSTETRÍCIA FORENSE ...........................................................................................................................................11
5.1 Existência de Recenticidade do Parto...............................................................................................................11
5.2 Existência de Antiguidade do Parto ..................................................................................................................12
5.3 Pericia Médico-Legal no Aborto .......................................................................................................................12
5.4 Perícia de Aborto In Vivo ..................................................................................................................................12
5.5 Infanticidio........................................................................................................................................................13
5.6 Prova de Ser Nascente ......................................................................................................................................13
5.7 Prova de Infante Nascido ..................................................................................................................................13
5.8 Prova do Recém-Nascido ............................................................................................................................14
6. SEXOLOGIA CRIMINAL .............................................................................................................................................16
6.1 Perícia na Conjunção Carnal e Himenologia.....................................................................................................16
6.2 Exame da Região Genital ..................................................................................................................................17
6.3 Identificação de espermatozóides ....................................................................................................................18
6.4 Pesquisa de Proteína Prostática P30 ................................................................................................................18
6.5 Identificação de DNA ........................................................................................................................................19
6.6 Perfil de DNA da vitima ....................................................................................................................................19
6.7 Provas indiretas de conjunção carnal ...............................................................................................................19
6.8 Perícia no Ato Libidinoso Diverso da Conjunção Carnal ...................................................................................20
6.9 Inspeção ectoscópica do corpo inteiro .............................................................................................................20
6.10 Exame com luz ultravioleta filtrada (Iâmpada de Wood) ...............................................................................20
6.11 Exame da região anal .....................................................................................................................................21
6.12 Colheita de material anorretal .......................................................................................................................22
6.13 Colheita de material das regiões cutâneas .....................................................................................................22
6.14 Colheita de sangue para exames sorológicos .................................................................................................23
7. SEXOLOGIA CRIMINAL E CRIMES CONTRA A HONRA .............................................................................................23
8. SEXOLOGIA CRIMINAL E CORPOS ESTRANHOS .......................................................................................................23
9. SEXOLOGIA FORENSE NA PRÁTICA CIVIL .................................................................................................................23
9.1 Perícia e Doutrina .............................................................................................................................................23
9.2 Exames Subjetivo, Objetivo e Complementares...............................................................................................24
9.3 Considerações Doutrinárias..............................................................................................................................24
9.4 Provas Médico-Legais Não-Genéticas ..............................................................................................................24
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DNA FORENSE
1. INTRODUÇÃO E CONCEITOS
A Sexologia Forense é a divisão da Medicina Legal que estuda os problemas médico-legais ligados ao
sexo. Dois instintos poderosos e primordiais governam o homem: o da fome e o do sexo. O primeiro assegura,
pela nutrição, a conservação do indivíduo; o segundo, pela reprodução, garante a perpetuidade da espécie.
Tão poderoso como o da nutrição, é o instinto sexual. Dele depende, e não do acaso, a conservação da
espécie. Os conhecimentos científico e artístico se inspiram em tal instinto, sublimados no amor e na afetividade.
Nele se fundamenta a obra da contínua renovação humana.
Não obstante, conforme categorização descrita desde a Grécia antiga há o amor anômalo e o amor
criminoso. Estes dois representam a face oculta e doentia do outro.
É de elevada relevância o estudo da Sexologia Forense. Nela se descreve os distúrbios sexuais de
interesse jurídico, com o intuito de demonstrar e prevenir os tenebrosos desvios do instinto. Esclarece, a médicos
e juristas, sobre os meios de identificar as anomalias e crimes sexuais, como julgar seus autores e proteger suas
vítimas. Sofreu sensíveis e recentes alterações, inicialmente com a abolição do crime de sedução do ordenamento
jurídico por meio da lei 11.106/2005 e, mais recentemente, com a vigência da lei 12.015/2009, além das
modificações na redação dos artigos referentes aos crimes contra a dignidade sexual (anteriormente denominados
crimes contra os costumes), inscritos na parte especial do Código Penal. Percebe-se que a legislação tenciona
punir com mais vigor os autores de tais crimes, alguns classificados como hediondos, notadamente quando do
envolvimento de crianças e adolescentes.
A Sexologia Forense estuda, ainda, o casamento, o divórcio, a fecundação, a gestação, o parto, a
investigação da paternidade, o aborto, o infanticídio, as perversões sexuais, os crimes sexuais, a exposição a perigo
de contágio venéreo e a prostituição. Subdivide-se em três partes: Sexologia Criminal, que estuda os problemas
médico-legais relacionados com a conjunção carnal e atos libidinosos diversos; a Obstetrícia Forense, que faz o
mesmo estudo em relação à fecundação, gestação, parto, aborto, infanticídio e investigação de paternidade e a
Erotologia Forense, que se ocupa das perversões e crimes sexuais, da exposição a perigo de contágio e da
prostituição.
2. TIPOS DE SEXO
Entende-se sexo a constituição somatopsíquica do individuo que o define como homem ou como
mulher. Para se estabelecer esta determinação, na prática, intervêm fatores os mais variados.
Não é por outra razão que o sexo de um individuo pode ser considerado sob diversos prismas, a saber:
1. Sexo biológico ou genético: resulta da constituição dos gens do zigoto, podendo ser subdividido em:
- cromossômico ou citogenético
- cromatínico;
2. Sexo gonadal: diferencia-se pelas gônadas que o individuo possui (testículos ou ovários);
3. Sexo morfológico (anatômico ou fenotípico): evidenciado pelos genitais externos;
4. Sexo endócrino ou hormonal: resulta dos hormônios que o indivíduo segrega em maior concentração
(estrógenos e progesterona, no sexo feminino; testosterona, no sexo masculino);
5. Sexo psicológico: o que o indivíduo percebe-se ou presume ter;
6. Sexo jurídico ou legal: resulta do que consta no Registro Civil.
Determina a maior parte das características e comportamento sexual que acontecerá no indivíduo
durante a embriogênese e ao longo de sua vida.
Com efeito, os aspectos sob os quais se possam examinar o sexo desse novo ser, não raro, serão facetas
da expressão das informações genéticas contidas nos cromossomos do zigoto. É o sexo biológico que determina
que se forme certo tipo de gônada (sexo gonadal); é porque existe certo tipo de gônada que o estímulo dos
hormônios fará com que se diferenciem algumas estruturas primordiais, de modo a que se desenvolva
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determinado fenótipo sexual (sexo morfológico); e é porque existe certo tipo de gônada que, quando da
puberdade, começarão a ser produzidos determinados hormônios característicos do sexo do indivíduo (sexo
endócrino ou hormonal).
Nos seres humanos, os pares cromossômicos se distinguem uns dos outros, podendo ser agrupados
seguindo dois critérios cumulativos: ordem decrescente de tamanho e posição do centrômero. Isto permitiu ao
Grupo de Estudo de Denver, já em 1960, classificar os cromossomos em 22 pares, numerados de 1 a 22. Estes 22
pares são conhecidos, genericamente, como autossomos. O par restante, o 23°, corresponde aos gonossomos ou
cromossomos sexuais.
Os cromossomos sexuais, na mulher, são semelhantes entre si em forma e tamanho, enquanto que no
homem são desiguais. Com efeito, os dois gonossomos da mulher, bem como o maior dos cromossomos sexuais
do homem, são denominados cromossomos X, enquanto que o menor do par gonossômico masculino é
conhecido como cromossomo Y. Sendo assim, o cariótipo da mulher normal se expressa como 46, XX e o do
homem normal como 46, XY.
Patologicamente, são observadas constituições cromossômicas diversas das citadas. Assim, poderemos
encontrar mulheres 47, XXX e 45, X0 além de homens 47, XXY e 47, XYY. O que não pode acontecer é a ausência
absoluta do gonossomo X.
Todas as observações apontam no sentido de que o desenvolvimento fenotípico espontâneo do
individuo é o feminino. É certo que a presença do gonossomo Y condiciona o aparecimento da morfologia externa
própria do fenótipo masculino. Assim, na ausência do cromossomo Y, o indivíduo apresenta fenótipo feminino.
A constituição genética do individuo, tal como vem representada pelos seus cromossomos, acaba por
repercutir, anatomicamente, na presença de determinado tipo de gônada: testículos ou ovários.
A constituição 46, XY, em condições normais, determina o surgimento dos testículos primitivos, a
proliferação dos cordões sexuais primitivos que se transformam em cordões testiculares, que perdem contato com
o epitélio celômico pelo adensamento de uma camada de tecido conjuntivo fibroso, a túnica albugínea, e o
aproveitamento subsequente das estruturas mesonéfricas (ductuli efferentes e ducto de Wolff) e seus derivados
diretos: epidídimo, ducto deferente e glândulas vesiculosas (vesículas seminais).
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Indiretamente é dado pelas gônadas, porquanto são elas as produtoras, em maior concentração, de
hormônios sexuais. Comumente, há coincidência entre o sexo cromossômico e o sexo hormonal.
Contrariamente, inexiste correspondência necessária entre o sexo cromatínico e o sexo endócrino, como
ocorre nas gonossomopatias e nas cromossomopatias. Como exemplo, temos a sindrome de Klinefelter (47,XXY),
em que o sexo morfológico ou anatômico é masculino, ao passo que o sexo cromatínico é feminino (presença de
um corpúsculo de Barr). Na síndrome de Turner (45,X0), acontece o inverso: o sexo morfológico ou anatômico é
feminino, ao passo que, o sexo cromatínico é masculino (ausência de corpúsculo de Barr).
Assim, o simples exame físico da pessoa, notadamente dos seus genitais externos, nem sempre permite
realizar um diagnóstico adequado do sexo endócrino ou hormonal do indivíduo. Com efeito, isto somente será
possível mediante exames laboratoriais com a determinação da concentração - conforme faixa etária e sexo a
determinar - uma vez que, os hormônios FSH, LH, estrógeno, progesterona e derivados androgênicos são
secretados por qualquer dos sexos, no entanto, em faixas diversas de níveis séricos ou em outros fluidos corporais.
É aquele que o individuo sente ou presume ter. Por outras palavras, é o sentimento de masculinidade ou
feminilidade, e, como consequência, a aceitação do caráter feminino ou masculino.
Isto implica como é curial, no comportamento apropriado para o sexo morfológico que se tem, bem
como na orientação ou direcionamento da libido para o sexo oposto. O sexo psicológico é a própria identidade
sexual.
A definição da identidade sexual subjetiva se estabelece, via de regra, por volta dos três anos de idade. O
sexo psicológico resulta, como parece evidente, de dois grandes componentes: de um lado, o endógeno; de outro,
o exógeno. O primeiro decorre da tríade cromossômico-morfo-endócrina. O segundo é constituído pelos fatores
socioculturais do ambiente.
O sexo psicológico não aparece de forma repentina, abruptamente. Antes, resulta de um longo processo
de aprendizagem. Com efeito, nesse lapso, aprendem-se certas condutas próprias e isso, como é óbvio, não é
determinado nem pelos cromossomos sexuais nem por quaisquer outros fatores neuroendócrinos.
A educação, o meio ambiente, os fatores socioculturais, como o tratamento social recebido, as roupas
que se usa, dentre outros, podem aos poucos definir um comportamento sexual determinado.
Tais influências são, com frequência, observadas nos casos de intersexualidade, uma vez que, apresenta
traços de ambos os sexos. Caso seja educado como uma menina, aprenderá a comportar-se como tal e,
obviamente, será psiquicamente feminino. Contrariamente, se os pais o educam como um varão, o menino se
sente e comporta-se como um varão, defendendo a sua masculinidade.
Em outros casos, a vontade da mãe de ter um filho de determinado sexo faz com que ela, quando ganha
um bebê de sexo diferente do desejado, passe a vesti-lo e a tratá-lo como se fosse realmente do sexo oposto. Isso
era mais usual nas crianças do sexo masculino, que eram vestidas e tratadas como se fossem meninas. De outra
forma, os fatores socioculturais e a agressividade do ambiente, em um mundo de costumes hostis, fez com que
certas mulheres optassem por vestir-se e comportar-se como se homens fossem.
Verifica-se assim, na prática, que a identidade sexual depende mais do sexo assimilado do que do
próprio sexo biológico.
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Resultado do assinalado no Registro Civil de Nascimento. Considera-se que, em face da Lei dos Registros
Públicos (Lei 6.015/73), existe a presunção juris tantum de verossimilhança daquilo que tenha sido registrado.
Todo individuo, por lei, tem um sexo que é aquele que, quando do registro do nascimento, foi declinado pela
pessoa que fez a declaração e foi inscrito pelo funcionário que fez o lançamento, em obediência ao artigo 54 do
citado diploma legal.
Todavia, a utilização muito frequente ainda no Brasil, de prenomes como, Darcy, Darli, Djaci, Donizete,
lrani, lvani, dentre outros, muitas vezes é responsável por equívocos por parte dos cartorários, notadamente em
comarcas do interior. Com efeito, o analfabetismo das pessoas simples que se apresentam para fazer as
declarações exigidas, por um lado, e a dificuldade de comunicação com os funcionários dos Cartórios de Registro
das Pessoas Naturais, por outro, fazem com que, não raro, criem-se situações de trocas do sexo legal, cuja
modificação, ainda que possível, exige um decisum judicial, por força do que dispõe o artigo 40 da Lei 6.015/73.
3. EROTOLOGIA FORENSE
3.1 Conceito
Divisão da Sexologia Forense que se incube em estudar o comportamento sexual com ênfase nos desvios
e crimes de natureza sexual
VARIAÇÕES
• Local
• Temporal
• Legislação
CAUSAS
• Psiquiátricas
• Genéticas
• Infecciosas
• Endocrinológicas
• Sociais
• Educação desvirtuada,
• Vida afetiva corrompida,
• Promiscuidade sexual,
• Extremismos religiosos,
• Abusos na infância/adolescência
• Liberação dos costumes
• Atrativos financeiros
3) TRANSTORNOS EXTEMPORÂNEOS
Precocidade libidinosa, lubricidade senil.
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4) ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
Topoinversão, cronoinversão, cromoinversão, etnoinversão, travestismo.
5) DESVIOS SEXUAIS
Fetichismo, narcisismo, onanismo, pluralismo, riparofilia, voyeurismo, pigmalionismo, bestialismo,
vampirismo, necrofilia, mixoscopia, urolagnia, coprofilia, coprolalia, edipismo, algolagnia
4. APLICAÇÕES NO DIREITO
Código Penal - artigo 213 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
Pune-se o ato de constranger (obrigar alguém a fazer algo contra sua vontade; compelir; forçar) a
praticar ou permitir que se pratique qualquer ato libidinoso.
Os meios executórios previstos na disposição legal são a violência física (vis absoluta) e a grave ameaça
(vis compulsiva). A fraude como modus operandi não é abrangida pela disposição, mas se enquadra no crime do
art. 215 (violação sexual mediante fraude).
Registre-se que tanto a violência quanto a grave ameaça contra a pessoa podem recair diretamente no
ofendido ou em terceira pessoa; por exemplo: agredir o filho da vítima (ou ameaçar fazê-lo) até que ela ceda à
concupiscência do autor.
É fundamental que haja resistência séria e inequívoca imposta pela vítima. Para tanto, basta que, de
qualquer modo, manifeste sua discordância quanto ao ato. É suficiente, por exemplo, que diga: “não!”. Não é
preciso que haja resistência violenta por parte do sujeito passivo, bastando seu dissenso, repita-se, séria e
inequivocamente manifestado.
Acrescente-se que o dissenso do ofendido deve persistir durante todo o ato sexual. Não há crime se o
ofendido, de início, resistiu, mas, iniciada a conduta, aquiesceu, tendo prazer no contato sexual. Deve-se
compreender bem, todavia, o que se entende por “aquiescer”. Casos há em que o sujeito passivo, percebendo que
qualquer resistência será inócua, porta-se passivamente (isto é, desiste de lutar). Essa atitude, evidentemente,
não configura consentimento e, destarte, é incapaz de excluir o caráter delitivo da conduta perpetrada.
Há duas formas de cometer o estupro: praticar o ato (o que supõe participação mais ativa da vítima) e
permitir que se pratique (que sugere atitude passiva do ofendido, o qual é obrigado a suportar a conduta do
agente). Não é necessário que haja contato físico entre o autor do constrangimento e a vítima. O agente pode, por
exemplo, obrigá-la a se masturbar diante dele, sem tocá-la em momento algum.
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O fato pode ser praticado por ação (regra) ou omissão (quando o sujeito possuir o dever jurídico de agir;
por exemplo, o carcereiro que, ciente da intenção dos demais detentos, nada faz para impedir que estes estuprem
um companheiro de cela).
Atos libidinosos são todos aqueles que tenham conotação sexual, isto é, tendentes à satisfação da
lascívia. Abrangem o típico ato libidinoso, vale dizer, a conjunção carnal (penetração do pênis na vagina, também
chamada de cópula vaginal ou intromisso penis in vaginam) e quaisquer outros, tais como: a masturbação, o coito
anal, a felação, o toque ou beijo nas partes pudendas.
O estupro é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, de qualquer sexo. O mesmo
raciocínio se aplica ao sujeito passivo.
É possível, destarte, que se cometa estupro entre dois homens, entre duas mulheres ou entre pessoas
(autor e vitima) de sexos opostos.
4.3 Consumação
O delito se consuma com a prática do primeiro ato libidinoso envolvendo a vitima. Quando este consiste
na introdução do órgão viril na vagina da mulher, não é necessário que se dê a total penetração do membro. O
delito é de mera conduta, pois a lei não faz alusão a qualquer resultado naturalístico. O cometimento de mais um
ato com conotação sexual, no mesmo contexto fático, importará em crime único, mas deverá ser levado em conta
pelo juiz na dosimetria da pena. Se o agente, por exemplo, obrigar o ofendido à prática de felatio in ore e de
cópula anal, de modo subsequente e sem solução de continuidade, haverá unidade de infração penal.
4.4 Tentativa
É admissível, pois alguém pode dar início à execução do crime e ver frustrada sua intenção por fatores
alheios a sua vontade. Deve-se lembrar que o delito possui dois momentos: o inicial, em que há o emprego da
violência física ou grave ameaça contra a pessoa, e o momento posterior, de natureza libidinosa, em que o ato de
cunho sexual é praticado. Uma pessoa pode, por exemplo, apontar arma para a vitima e levá-la a um terreno
baldio com o intuito de estuprá-la, mas ser impedida pela intervenção oportuna de terceiro, pela aproximação da
policia, etc.
Ao crime de estupro aplicam-se as causas de aumento de pena dos arts. 226 e 234-A do Código Penal
(CP), a saber:
• Aumento de quarta parte, quando o crime é cometido com o concurso de duas ou mais pessoas;
• De metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vitima ou por qualquer outro titulo tem autoridade sobre ela;
• De metade, se do crime resultar gravidez;
• De um sexto até a metade, se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que
sabe ou deveria saber ser portador.
Os §§ 1º e 2º do art. 213 preveem formas qualificadas, respectivamente, pela lesão grave e pela morte.
Referido resultado deve envolver o sujeito passivo do crime contra a dignidade sexual (e não terceiro como o
policial que intervém no ato para prender o estuprador e acaba morto na troca de tiros por este). Se ocorrer lesão
corporal grave ou morte de terceira pessoa, haverá concurso material de delitos.
A ocorrência de lesão corporal leve, ou mera contravenção de vias de fato, não enseja a qualificação,
pois esses resultados entendem-se implícitos na disposição. A imputação do resultado – lesão grave ou morte –
pode dar-se a título de dolo ou culpa.
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5. OBSTETRÍCIA FORENSE
Múltiplas são as situações que podem ensejar uma perícia médico-legal relacionada com o parto ou com
o puerpério.
A averiguação pericial do parto recente se realiza pesquisando alguns dos sinais que se podem observar
na mulher nessas condições, como:
Estado geral;
Estado dos órgãos genitais;
Corrimento de sangue;
Corrimento de lóquios.
Este último corrimento apresenta modificações sucessivas de cor e de aspecto (inicialmente lóquios
sanguinolentos; a seguir, serossanguinolentos; por último, serolactescentes), que se iniciam logo apos o parto até
desaparecer completamente, o que possibilita fazer certa avaliação cronológica.
Todavia, durante um exame pericial mais amplo, podem detectar-se outros sinais na mulher, como:
1) Cloasma gravídico;
2) A pigmentação da linha alba;
3) A pigmentação da aréola mamária;
4) A hipertrofia dos tubérculos de Montgomery;
5) A turgescência dos seios, com o inicio da lactação, quer como colostro, quer como leite maduro;
6) Flacidez da parede abdominal;
7) Estrias gravídicas recentes;
8) Involução do volume uterino, cuja cronologia é variável, mas, quanto à altura em que se encontra o
fundo do útero, em geral segue a seguinte sequência:
- 1° dia - acima da cicatriz umbilical;
- 2° dia - sobre a cicatriz umbilical;
- 5° e 6° dias - abaixo da cicatriz umbilical;
- 9° dia – em torno de 2,0 cm acima da sínfise púbica;
- 12° dia - no nível da sínfise púbica.
Como é evidente, o laudo pericial deverá ser extremamente minucioso, descrevendo o maior número
possível de informações, de tal sorte que cumpra, com rigor técnico, a sua função processual.
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Quando o parto não é recente - ainda que muitos dos sinais elencados possam desaparecer, porquanto
temporários e fugazes - alguns podem persistir por mais tempo, como:
Pigmentação da aréola mamária e da linha alba;
Cicatrizes no períneo e na fúrcula;
Carúnculas mirtiformes, no que restou do hímen;
Colo uterino mais reduzido;
Orifício cervical externo em forma de lábios e com eventuais cicatrizes.
Quando o exame se realiza no morto, o cadáver feminino poderá apresentar um ou mais dos elementos
apontados, sendo certo que, nesses casos, poderão acrescentar-se o exame interno dos órgãos do sistema genital
e outros elementos porventura colhidos durante a necropsia.
Durante a necropsia, deve-se ter presente que é possível verificar-se, no interior do útero, vestígios da
implantação da placenta, até por volta de oito semanas após o parto.
Na literatura médico-legal, há referências ao denominado “parto post mortem”, que ocorreria na mulher
grávida que vai a óbito e que, durante a fase enfisematosa do processo putrefativo, expulsa o feto por via vaginal,
pela pressão intra-abdominal dos gases. Nestes casos, pode-se verificar, outrossim, um extenso prolapso uterino,
em geral com eversão completa, encontrando-se o feto entre as coxas do cadáver. Este é mais um achado de
exumação, às vezes anos depois do fato, quando da redução ou transferência dos restos mortais.
Nos casos em que a morte da mulher gestante ocorre durante o parto, ou mesmo logo antes, com o feto
de termo e vivo, dão-se as condições exigíveis para realizar um parto cesáreo post mortem.
Avaliando-se, criteriosamente, todos os dados possíveis de obter mediante o exame necroscópico, o
médico perito legista terá elementos suficientes para poder extrair suas conclusões, no que poderá auxiliar-se,
ainda, de exames complementares.
A perícia procurará demonstrar a existência de uma gestação pregressa do respectivo abortamento e dos
meios postos em ação para alcançá-lo; também estudará a personalidade da gestante e do possível agente, para
determinar a idade, o estado mental, a possibilidade de violência, lesões várias etc. Não faltará, quando possível, o
exame do produto/material expelido, para bem ser caracterizada a espécie. É oportuno recordar a distinção entre
o conceito obstétrico e médico-legal de aborto.
Em pericias deste jaez, todos os cuidados são imperativos. Ainda que se trate de um flagrante, em que se
encontre o agente praticando o abortamento e a mulher grávida sendo submetida a citado procedimento,
desnecessário mencionar a exigência de rodear o ato de coleta, de materiais e de informações, dos maiores
cuidados, visando não prejudicar ou, até, descaracterizar a prova indiciária.
Com efeito, não é de estranhar que a gravidade do crime, as implicações do processo penal e as
consequências do apenamento induzam comportamentos esdrúxulos e aberrantes.
Por isso mesmo, o perito médico tratará de cercar-se de alguns cuidados, como:
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5.5 Infanticidio
Intervenção pericial chamada crucis peritorum por sua complexidade para afirmar este crime. A perícia
médico-legal exige para a sua caracterização os seguintes elementos:
1) prova de ser nascente;
2) prova de infante nascido;
3) prova de recém-nascido;
4) prova de vida extra-uterina autônoma;
5) época da morte;
6) diagnóstico da causa jurídica da morte do infante;
7) exame somatopsíquico da puérpera.
O ser nascente poderá ser morto "durante o parto", ou seja, antes de ter respirado, portanto, quando
apenas um segmento corporal, ou parte, despontou (occipito), ou exteriorizou, mostrando, ao exame pericial, nele
assentadas as lesões causadoras da morte com as características das produzidas intra vitam, como a coagulação
do sangue, o afluxo leucocitário, a bossa sero-sanguinolenta, dentre outros.
a) Aqui não há indicação de provas respiratórias. O legisperito lançará mão das docimásias
circulatórias, já que, embora o ser nascente não tenha respirado, o sangue, entretanto, circulava nas
artérias. Assim é que a lei, durante o parto, não exige vida extra-uterina autônoma, mas, tão
somente, a existência de vida biológica, que se comprova, amiúde, pela circulação sanguínea.
b) A bossa sero-sanguinolenta, produzida pela diferença de pressão sofrida pelos segmentos corporais
do ser nascente, que se encontram, respectivamente, dentro do útero e no canal vaginal, é a prova
mais inconteste de que o concepto encontrava-se vivo ao iniciar-se o parto e durante sua travessia
pelo canal do mesmo. lsto porque, para formação da bossa sanguínea, tumor do parto ou caput
succedaneum e necessário feto vivo.
c) Não se confunde bossa sero-sanguinolenta com céfalo-hematoma. O céfalo-hematoma forma-se
um a quatro dias após o parto, na região occipital, pela invasão hemática da sutura. Fica limitado a
um osso enquanto a bossa sero-sanguinolenta é formada especialmente por liquido de edema que
atravessa as linhas de sutura craniana.
a) Infante nascido é o que acabou de nascer, isto é, o que, tendo sido expulso do álveo materno, não
recebeu nenhuma assistência, especialmente quanto a higiene corporal, ou ao tratamento do
cordão umbilical. É por isso que o corpo apresenta-se, total ou parcialmente, recoberto por sangue
materno ou fetal, o que se reveste de fundamental importância para a afirmação pericial de que o
crime ocorreu “logo após o parto”;
b) De importância é, também, a observação pericial de vários elementos, como o induto sebáceo ou
vernix caseosum, o tumor do parto, a expulsão de mecônio e a respiração autônoma;
c) No infante nascido, a termo, a estatura é, amiúde, 48 a 51cm, o peso entre 3.000 a 3.200g, na
menina, e 3.200 a 3.500g, no sexo masculino.
d) No varão, os testículos já se encontram nas bolsas escrotais. Perdem até 10% de seu peso ao nascer,
em seguida engordam 25 a 30g por dia. Portanto, são necessários 7 a 10 dias para readquirirem o
peso do nascimento.
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Para a comprovação do nascimento com vida, ou seja, de que o ser humano respirou, utiliza-se
obrigatoriamente um conjunto de provas denominadas docimásias (do grego dokimasia) e pelas provas
ocasionais. As docimásias baseiam-se na possível existência de sinais de vida, manifestados principalmente nas
funções respiratórias, digestivas e circulatórias.
Ressalte-se, por oportuno, que o laudo pericial deve obrigatoriamente esclarecer qual a docimásia
pulmonar ou respiratória empregada para a afirmação conclusiva de que a vítima nasceu com vida, pois a não-
obediência a esta metodização desprove a pericia médico-legal da necessária fundamentação para comprovar a
materialidade do infanticídio. Sobre esta questão:
a) Docimasia hidrostática pulmonar de Galeno - a mais antiga e, por prática, usada correntemente.
Baseia-se na densidade do pulmão que respirou e do que não respirou. O pulmão que respirou tem densidade
entre 0,70 a 0,80. Em condições normais de pressão e temperatura, a densidade da água é de 1,0. Posto em
recipiente contendo água em temperatura ambiente, o pulmão que respirou forçosamente flutuará, pois seu peso
específico é mais leve que o da água; inversamente, o pulmão que não respirou não sobrenadará, por ter peso
específico maior que o da água, ou seja, em torno de 1,040 a 1,092 Essa docimásia comporta quatro fases
distintas, a saber:
1ª fase: em um recipiente suficientemente fundo e largo, contendo água até 2/3 de sua altura, em
temperatura ambiente, coloca-se, em bloco, a árvore traqueobrônquica, a língua, os pulmões, o timo e o coração,
e observa-se se flutua por inteiro, a meia água, ou se afunda.
2ª fase: separados pelos hilos, os pulmões das demais vísceras no fundo do vaso, se eles sobrenadam
por inteiro ou a meia água, diz-se positiva a prova, sendo, segundo alguns, desnecessário seguir avante.
3ª fase: incisar um pulmão inteiro no fundo do reservatório com água e observar se algumas ou todas as
suas partes flutuam, o que confere positividade a prova. A prova será dita negativa, impondo a pesquisa da 4ª
fase, se todos os fragmentos pulmonares permanecerem no fundo do vaso.
4ª fase: consiste em comprimir energicamente, pela mão voltada para a superfície ou contra a parede do
vaso contendo água, um fragmento de pulmão que não tenha flutuado. Verificando-se que ocorre
desprendimento de finas bolhas gasosas misturadas com sangue, a fase é considerada positiva.
Deve o perito realizar sempre as quatro fases da docimásia hidrostática pulmonar de Galeno, pois se Ihe
obriga fundamentar suas assertivas, buscando a maior exatidão, porque se a primeira for positiva presume-se que
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o infante respirou satisfatoriamente; se a primeira fase for negativa e a segunda e a terceira fase positivas,
conjetura-se ter ocorrido uma respiração precária; e, finalmente, se apenas a quarta fase for positiva, pela
exteriorização de espuma com borbulhas sanguinolentas, conclui-se por prova duvidosa ou por ter havido raros
movimentos respiratórios. Desnecessário dizer que se opinará pela inexistência de respiração, ou seja, por não-
existência de vida extra-uterina, se as quatro fases forem negativas.
Importa saber que a docimásia hidrostática pulmonar de Galeno, 24 horas após a morte do recém-nato,
está sujeita a falhas por interferência dos gases de putrefação, da insuflação de ar nos pulmões de recém-natos
que receberam assistência médica, da congelação, da conservação em álcool, da atelectasia secundária, etc. Por
isso é que se recomenda ao perito, complementar as suas observações com a docimásia gastrintestinal de Breslau.
Essa complementação deveria ser feita obrigatoriamente pela docimásia histológica de Balthazard, que, mesmo
nos pulmões putrefeitos, comprova se o infante nascido respirou ou não.
b) Docimasia histológica de Balthazard - Consiste no exame histológico dos cortes dos pulmões, ao
microscópio, segundo técnica comum.
d) Docimasia óptica ou visual de Bouchut - A inspeção direta do pulmão registra aspecto hepatizado do
órgão, quando o feto não respirou, e superfície em mosaico, se ocorreu respiração autônoma.
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j) Docimásia por aspiração: os fragmentos dos pulmões são colocados em um frasco contendo água fria
até a altura do gargalo, o qual é fechado com rolha perfurada de borracha, adaptada a uma cânula e seringa de
metal, destinadas a diminuir a pressão interna do recipiente por rarefação do ar e estabelecer um equilíbrio com o
ar alveolar. Isto faz com que os pedaços analisados aumentem de volume e flutuem, conferindo, nesse caso,
positividade a prova.
k) Docimásia por imersão: os fragmentos do pulmão que não sobrenadaram são imersos em um
recipiente contendo água quente para que, depois de algum tempo, o calor dilate o ar alveolar, se existente,
favorecendo a flutuação dos pedaços.
l) Docimásia pneumo-hepática de Puccinotti - Segundo esse autor, é possível concluir se houve ou não
respiração autônoma pela determinação da quantidade de sangue encontrada no fígado e no pulmão. Este, se
respirou, mostra peso específico menor que o do fígado.
o) Provas ocasionais: representadas pela presença de corpos estranhos nas vias respiratórias e de restos
alimentares no tubo digestivo, e pelas reações vitais encontradas na vitima de infanticídio, além de indícios de
recém-nascimento. Quando associadas às docimásias afirmativas de respiração, revestem-se de grande
importância para a conclusão pericial de ocorrência de vida extra-uterina.
6. SEXOLOGIA CRIMINAL
O exame pericial, nos casos de conjunção carnal, além de bastante complexo e minucioso, implica a
coleta de uma serie de informações, em sua maioria perecíveis, e que ao final hão de ser analisadas no conjunto
probatório técnico-científico, em sua plenitude.
Nesse sentido, a perícia médico legal, nos casos de conjunção carnal – cuja sequência poderá ser
utilizada, também, mutatis mutandis, nos casos de outros atos libidinosos - deverá passar, necessariamente, pelas
seguintes fases:
1. lnspeção ectoscópica do corpo inteiro, com luz natural visando detectar lesões corporais,
especialmente na região genital e paragenital, bem como outras zonas erógenas (pescoço, mamas, coxas);
2. Exame das mesmas regiões com luz ultravioleta filtrada (lâmpada de Wood);
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3. Exame da região genital, em especial da vulva e do hímen, a vista desarmada e, se possível, com
auxílio de colposcópio;
Colheita de material das regiões cutâneas que mostraram fluorescência positiva, para pesquisa de
esperma ou de DNA do agressor;
Identificação do perfil de DNA da vitima;
Colheita de sangue para realizar exames sorológicos visando detectar doenças sexualmente
transmissíveis (DST).
Antes de proceder a qualquer colheita de materiais para estudo laboratorial, a primeira medida é o
exame ectoscópico, sem instrumentos, do quadro Iesional somático como um todo. Assim, deverão ser
procuradas e registradas as lesões, fazendo-se um inventário, de modo a caracterizar as:
lesões de imobilização ou sujeição;
lesões de deslocamento ou arrasto;
lesões derivadas de atos Iibidinosos, em geral;
lesões derivadas da conjunção carnal.
A lâmpada de Wood emite luz ultravioleta, que é filtrada, de modo que são liberadas apenas as
radiações com um comprimento de onda entre 330 nm e 400 nm, que excitam certas substâncias, as quais, em
seguida, emitem fluorescência.
Uma dessas substâncias é o sêmen, que dessa forma pode ser detectado sobre a pele, até 72 horas
depois da agressão, desde que a região não tenha sido lavada. A detecção da fluorescência do sêmen sobre a pele
é de inestimável auxílio nos casos em que a vítima está em estado de coma, em estado de choque ou, pela sua
curta idade, não tem maneira de expressar-se e contar o acontecido.
É sabido que com a lâmpada de Wood é possível observar-se fluorescência sobre a pele, em razão de
outras causas que não apenas a presença de sêmen humano. No grupo das substâncias responsáveis pelos falsos
positivos, encontramos:
as fórmulas lácteas;
algumas colas;
as loções suavizantes para pele;
a vaselina líquida;
a urina.
presença de lesões na área (hipogástrio, monte de Vênus, região inguinocrural, região proximal das
coxas, região perineal, região perianal e ânus);
presença de lesões vulvares (em lábios maiores, lábios menores, clitóris, vestíbulo, hímen, fossa
navicular e fúrcula);
Himenologia, de modo a caracterizar lesões (equimoses, escoriações, roturas completas e
incompletas, esgarçamentos, Iacerações); esta avaliação deve incluir:
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A colheita de material vaginal deve ser feita, preferencialmente, do fundo de saco posterior da vagina e
do orifício externo do cérvix. O material deve ser colhido de forma que o seu volume seja o mais abundante
possível. Não esquecer que se trata de materiais perecíveis e que a oportunidade de colhê-los é única.
O material colhido deverá ser dividido a fim de ser submetido a diferentes exames, como:
pesquisa de espermatozóides vivos, em gota suspensa, entre lâmina e lamínula;
exame de DNA imediato, para confronto, a fim de identificar algum agente suspeito;
exame de DNA mediato, quando não há suspeito, sendo que neste caso o material vaginal deve ser
armazenado, deixando-o secar e guardando-o em recipiente (rotulado e lacrado);
avaliação microbiológica, para identificação de eventuais microrganismos patogênicos (gonococos,
clamídias etc.).
A presença de esperma na vagina pode ser constatada pelo achado de espermatozóides, móveis ou não,
nas gotas suspensas ou nos esfregaços preparados a partir do material colhido na vagina. Durante a perícia, colhe-
se, com espátula de Ayres ou com pipeta, o conteúdo da cavidade vaginal, especialmente no canal cervical e no
fundo de saco posterior. Transporta-se o colhido para a avaliação laboratorial.
O resultado positivo da pesquisa de esperma na vagina, no caso de hímen rompido ou complacente, é
prova de conjunção carnal. Com efeito, nos casos em que o hímen é íntegro e daqueles que se romperiam à
introdução do pênis, o achado de esperma na vagina não significará conjunção carnal, mas apenas cópula vulvar
com ejaculação transhimenal.
O tempo é um fator decisivo da avaliação laboratorial. Sempre se deve insistir para que as vítimas
compareçam para a perícia, o mais rapidamente possível, em relação ao momento do assalto sexual.
À medida que passam as horas desde o assalto sexual, considera-se que a ejaculação intravaginal, de
regra parcial e resistida, tende a diminuir de forma exponencial. A pesquisa nas lâminas não é tarefa fácil. Isso,
muitas vezes, coloca o médico-legista ou o laboratorista em situações constrangedoras, pois, após vasculhar
exaustivamente toda uma lâmina, tentando encontrar pelo menos um espermatozóide, em um caso flagrante de
conjunção carnal, às vezes não encontra nenhum. Tal fato, em geral, parece incompreensível para as autoridades e
para as partes, mas é uma possibilidade. De certa forma, torna o método de pesquisa de espermatozóides - que,
quando positivo, é de certeza - um procedimento de baixa sensibilidade.
Em acréscimo, mister lembrar situações como o caso dos agressores azoospérmicos ou o dos
oligozoospérmicos:
vasectomizados (no Brasil, aproximadamente 300 mil por ano),
portadores de doenças testiculares pregressas ou atuais (orquite pós-caxumba, pós-tuberculose,
pós-blenorragia, por criptorquidia bilateral, por anorquidia e/ou tumores),
portadores de insuficiência fisiológica testicular, puberal ou senil.
A pesquisa de espermatozóides em lâmina tem maiores chances (oligozoospermia) ou todas as chances
(azoospermia) de ser negativa, mesmo na ocorrência de uma violência sexual manifesta. Assim não se pode excluir
outros métodos complementares de exame.
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Elevados valores de PSA (p3O) indicam de maneira incontroversa que houve ejaculação intravaginal, com
idêntico significado médico-legal do achado de esperma na vagina.
No material colhido na vagina, ainda que exíguo, poderá ser efetuada a identificação do perfil de DNA do
agressor. Em havendo um suspeito ou acusado, a comparação poderá ser feita de imediato. Caso contrário, o
material poderá ser conservado, deixando-se secar a amostra sobre papel de filtro e guardando-a, em recipiente
lacrado e rotulado, armazenado em local próprio, até surgir oportunidade de fazer o cotejo.
A técnica da PCR permitirá, utilizando mínimas quantidades do material colhido e secado à época,
sequenciar perfis comparativos, utilizando loci específicos:
no material problema;
na vitima;
no suposto agressor.
É curial que a superposição dos perfis do material colhido na vagina da vítima, logo após o assalto
sexual, com os do agressor, permitirá identificá-lo de maneira incontroversa ou, caso contrário, excluir
definitivamente o individuo do rol dos suspeitos.
Identificada uma zona cutânea que exiba fluorescência com a lâmpada de Wood, e que, por essa razão,
poderia conter esperma, deverá proceder-se a sua retirada para pesquisa laboratorial de sêmen ou do perfil de
DNA do agressor.
Caso o material estiver ainda fresco, bastará removê-lo com um swab ou cotonete. Caso já esteja seco, o
material deverá ser umedecido com salina e retirado cuidadosamente com um swab, que absorverá a salina e os
restos de esperma porventura existentes no local. A seguir esse swab é colocado em um tubo, com tampa, e
encaminhado para o laboratório onde se procederá a identificação de sêmen; se positiva, poderá traçar-se o perfil
do DNA do agente.
Será necessário, para conhecer suas características na hora de efetuar comparações. Com efeito, porque
muitas vezes se trabalha com materiais que são verdadeiros “pools” ou misturas - e.g., secreção vaginal com
sangue e esperma - é de singular importância conhecer o perfil sorológico e do DNA da vitima para, quando
estudada a amostra, poder subtrair da mesma aquilo que necessariamente é dela. Os achados a mais serão
oriundos do(s) agressor(es).
Visando detectar doenças sexualmente transmissíveis (DST) faz-se necessário obter amostras sanguíneas
da vítima, por venopunção. Os exames deverão ser repetidos nos 30, 60 e 90 dias, a contar da data do assalto
sexual.
Há provas indiretas da conjunção carnal que podem escapar das observações rotineiras e tradicionais.
Com efeito, o achado de pêlos pubianos, de cromatina sexual masculina ou de doenças sexualmente
transmissíveis (e.g., condiloma acuminado), profundamente situados na cavidade vaginal ou sobre o colo uterino,
também pode transformar-se em silente testemunho de que houve amplexo carnal.
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Inspeção ectoscópica do corpo inteiro, com luz natural, visando detectar lesões corporais, lato sensu,
especialmente na região anal e perianal, bem como outras zonas erógenas (pescoço, mamas, coxas etc.);
Exame das mesmas regiões com luz ultravioleta filtrada (lâmpada de Wood);
Exame da região anal e perineal, à vista desarmada e, se possível, com o auxílio de lupa ou
colposcópio;
Colheita de material ano-retal para:
- pesquisa de espermatozóides;
- pesquisa de proteína prostática p30;
- identificação de DNA.
Antes de proceder a qualquer colheita de materiais para estudo Iaboratorial, a primeira medida é o
exame ectoscópico, sem instrumentos e a vista desarmada, do quadro Iesional somático como um todo. Assim,
deverão ser procuradas e registradas as lesões, fazendo-se um inventário, de modo a caracterizar:
lesões de imobilização ou sujeição;
lesões de silenciamento ou homicídio (tentado ou consumado);
lesões de deslocamento ou arrasto;
lesões derivadas de atos libidinosos, em geral;
lesões derivadas da cópula anal.
Através da inspeção ectoscópica, o médico-Iegista terá condições de colher informações que lhe
possibilitarão recompor, a posteriori, a sequência dos fatos ocorridos durante o assalto sexual.
A lâmpada de Wood emite luz ultravioleta, que é filtrada, de modo que são liberadas apenas as
radiações com um comprimento de onda entre 330 nm e 400 nm, que excitam certas substancias as quais, a
seguir, emitem fluorescência.
Como mencionado, é um fato conhecido que com a Lâmpada de Wood pode observar-se fluorescência
sobre a pele, em face da presença de outros elementos que não exatamente o sêmen humano: este grupo
constituirá os resultados falsos positivos. Isso deverá ser levado sempre em consideração, sem que, contudo, deixe
de ser colhido material dessas regiões fluorescentes para estudo e pesquisa das características do sêmen, o que
permitirá diferenciá-lo das outras substancias que possam também exibir uma fluorescência positiva.
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O exame da região genitoperineal da vítima deve seguir a sequência enunciada no início, verificando-se:
presença de lesões na área (hipogástrio, monte de Venus, região inguinocrural, região proximal das
coxas, região perineal, região perianal e ânus)
exame específico do ânus, de modo a caracterizar lesões (equimoses, escoriações, rágades etc.). Este
exame deve incluir:
- observação com luz ultravioleta filtrada (lâmpada de Wood),
- observação com lupa ou colposcópio,
- aplicação de solução de azul de toluidlna para identificar a recenticidade das lesões,
- diferenciar rágades de fissuras,
- registro fotográfico dos principais achados macroscópicos
toque retal (utilizando o dedo mínimo, em crianças), visando verificar a tonicidade do esfincter;
introdução do anuscópio:
- infantil ou sempre de tamanho menor que o que corresponderia a vitima,
- de preferência, dos descartáveis de acrílico ou tipo de plástico transparente,
- que facilita a observação de lesões das paredes do canal anal,
- que possibilita a colheita de material do canal anal e/ou da ampola retal, para exames laboratoriais.
O exame deve ser feito com a vítima em posição genupeitoral ou em decúbito lateral, com boa
iluminação, o que permite reconhecer melhor o orifício anal. Os glúteos devem ser separados (de preferência por
um auxiliar, de modo a que as mãos do examinador fiquem livres), revistando-se a seguir as pregas anais, de
forma ordenada e completa.
O toque retal, visando avaliar a tonicidade do esfincter muscular, deve ser feito de preferência com o 5°
quirodáctilo (mínimo), no caso de crianças, e sempre que possível, ratificado pela manometria instrumental.
O diagnóstico de certeza do coitus contra naturam somente é possível no atentado agudo quando, além
das lesões traumáticas verifica-se:
rágades (rágadas),
hemorragia,
equimoses,
congestão,
edema,
hipotonia esfincteriana, quando pode ser encontrado sêmen na ampola fetal.
A ocorrência de lesões anorretais dependerá, a semelhança do que vimos no coito vagínico, da violência
com que se tenha perpetrado o ato sexual e da desproporção de volume entre as parte anatômicas, o que pode
ensejar rágades das pregas do esfincter anal, escoriações etc.
É recomendável que o exame seja realizado o mais rapidamente possível, pois dessa forma poderá
encontrar-se inclusive paralisia pós-traumática, imediata, do esfincter anal, com dilatação e disposição em forma
de funil, a partir do esfíncter anal com dilatação em direção a mucosa retal.
Quando o exame é realizado tardiamente, é bem provável que já não se encontrem mais as lesões
elencadas, o que não exclui que tenha havido um coito anal. Todavia, a presença de esperma no canal anal ou na
ampola retal é um importante elemento a corroborar a agressão. Mister lembrar que, na ampola retal, a sobrevida
dos espermatozóides não supera seis (6) horas.
Durante a penetração anal, a distensão local do esfincter e da pele acaba por produzir rágadas ou
rágades, fendas longitudinais agudas, instantâneas, do revestimento cutâneo do ânus e do canal anal, lesões
características e patognomônicas desta modalidade de ato libidinoso.
Um dos pontos críticos do exame médico-legal do coito anal é a diferenciação entre as rágades e as
fissuras anais que podem preexistir na vitima.
As rágades são esgarçamentos longitudinais da cobertura epitelial, sem localização fixa, produzidos pela
dilatação brusca do canal anal, que deixam em exposição a derme ou a hipoderme, no seu fundo.
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A fissura anal, por sua vez, é uma laceração ou fenda longitudinal do epitélio estratificado plano,
queratinizado, da região do ânus, uma ulceração ovóide, crônica, do canal anal. Ao lado da dor, o abscesso, a
fistula e as hemorragias são as complicações mais frequentes. Todavia, em geral, o sangramento da fissura anal é
pequeno e acompanha o ato da defecação, que é sempre doloroso.
O diagnostico diferencial entre rágades, traumáticas, e a fissura, patológica, é feito atentando para as
características que se veem no quadro a seguir:
Bonnet ressalta que alguns dos sinais das fissuras podem ser decorrentes de quadros clínicos outros,
como:
diarréias profusas;
constipação;
parasitoses (e.g., oxiuríase), com prurido;
doenças dermatológicas;
introdução de corpos estranhos.
A colheita de material anorretal deve ser feita, inicialmente, do canal anal, e apenas com swab, sem o
uso de anuscópio. Em uma segunda fase, quando colocado o anuscópio para identificar lesões mais profundas,
será possível colher material da ampola fetal. Não há de esquecer que se trata de materiais perecíveis e que a
oportunidade de colhê-los é única e irrepetível.
Identificada uma zona cutânea que exiba fluorescência com a lâmpada de Wood e que, por essa razão,
poderia conter esperma, deverá proceder-se a sua retirada para pesquisa Iaboratorial de sêmen ou do perfil de
DNA do agressor.
Caso o material estiver ainda fresco, bastará removê-lo com um swab. Caso já esteja seco, o material
deverá ser umedecido com salina e retirado cuidadosamente com um swab, que absorverá a salina e os restos de
sêmen porventura existentes no local. A seguir, o swab é colocado em um tubo, com tampa, e encaminhado para
o laboratório onde se procedera a identificação de esperma e, se positiva, poderá tragar-se o perfil do DNA do
agente.
Em torno das marcas de mordida eventuais, é possível encontrar-se manchas de saliva que, uma vez
individualizadas, poderão ser utilizadas para, do agressor, traçar o seu perfil de DNA.
Procede-se de maneira análoga para manchas de esperma. Com um swab umedecido em salina se “lava”
a pele em torno da mordida, sendo certo que a remessa do cotonete para o laboratório deve cercar-se das
cautelas habituais para amostras biológicas criminais (tubos separados, rotulagem, evitar contaminações etc.).
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O resultado Iaboratorial deverá ser interpretado usando os mesmos critérios apontados para as manchas
de esperma. É cediço que a superposições dos perfis do material colhido ao redor da mordida, com os do acusado,
permitirá identificá-lo ou excluí-lo do rol dos suspeitos, de maneira incontroversa e definitiva.
Será necessário para conhecer-lhe as características no momento de efetuar comparações. Com efeito,
porque muitas vezes se trabalha com materiais que são verdadeiros pools ou misturas, onde há sêmen e sangue
que tanto podem ser da vítima como do agressor, será de singular importância conhecer o perfil sorológico e do
DNA da vítima, para, quando estudada a amostra, poder “subtrair” da mesma aquilo que necessariamente é dela.
Os achados excedentes serão oriundos do(s) agressor(es).
Visando detectar doenças sexualmente transmissíveis (DST), faz-se necessário obter amostras
sanguíneas da vítima, por venopunção. Os exames deverão ser repetidos nos 30, 60 e 90 dias, a contar da data do
assalto sexual.
Provas indiretas do ato libidinoso diverso da conjunção carnal
Vide comentários da conjunção carnal, mas localizada na região anal ou dentro do canal anal.
CALÚNIA (art. 138) - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como Crime.
DIFAMAÇÃO (art. 139) - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua Reputação.
INJÚRIA (art. 140) - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
PERÍCIA DE CONSTATAÇÃO DE VIRGINDADE. Aspectos periciais semelhantes ao crime de estupro,
precipuamente a himenologia.
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Devem constar os dados referentes ao conhecimento das partes, a coabitação, a época do provável coito
fecundante á gestação; a convivência, a assistência; a época, o local e o tipo do parto; o registro do nascimento, o
desentendimento entre as partes.
Do histórico do processo judicial, constam: a data do início da ação, as alegações evocadas na fase inicial,
as fases mais importantes do andamento do processo, a solicitação de perícia, a formulação de quesitos, a
nomeação do perito.
Toda segurança, com respeito à identificação das partes, é necessária. Essa identificação é feita por meio
de documentos e de reconhecimentos mútuos quando do exame clínico e por ocasião da colheita de sangue e
saliva, para evitar qualquer substituição de pessoas.
O exame subjetivo é feito para facilitar um melhor relacionamento entre o perito e o examinado.
Durante essa etapa são analisadas as funções mentais e as características psíquicas das partes.
A seguir, passa-se ao exame objetivo, registrando-se o peso, a estatura, o biótipo, o tipo de crânio, o
formato do rosto, o tipo de cabelo, de nariz, de olhos, de lobo da orelha de cada examinado.
Os caracteres hereditários patológicos que forem observados e detectados são descritos com precisão. O
sangue e a saliva são colhidos para os exames imuno-hematológicos. No laboratório, determina-se o tipo de cada
examinado pelo maior número de sistemas possível.
Nessas considerações, têm-se presentes todos os achados dos exames antropológicos e laboratoriais
realizados, bem como a legislação e a doutrina médico-legal relacionadas com as provas médico-legais não
genéticas e as provas genéticas, tanto sanguínea quanto não-sanguínea.
Finalmente, têm-se presentes as tabelas organizadas para os diversos sistemas para a exclusão do
vínculo genético.
São as relacionadas com a capacidade de procriação das partes e com a compatibilidade cronológica dos
fatos, tais como:
Impotências generandi e concepiendi;
Impotência coeundi e virgindidade;
Período de coabitação e época do parto;
Duração da gravidez e desenvolvimento fetal.
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O exame de DNA permite um cálculo estatístico de probabilidade, portanto sempre possibilitando uma
margem de erro ínfima, estatisticamente insignificante.
O laboratório de genética deve ter equipamentos necessários com permanente manutenção e
assistência técnica e um rigoroso controle de qualidade devido a: erro humano, erro de técnica ou de cálculo e
contaminação do material a ser examinado. .
Há casos em que o suposto pai/mãe já faleceu. Nesses, o juiz autoriza e determina uma exumação cível
visando a obter material biológico: osso (metade superior do fêmur), dentes (pré-molares e molares) e cabelos. O
perito deve fazer um relatório de exumação para retirada de material biológico e essa deve ser presenciada pelas
partes ou por seus advogados. O material coletado deve ser embalado e lacrado. O relatório deve ser ilustrativo
(com fotos) e explicativo, sendo encaminhado ao juiz e com cópia que deverá acompanhar o material que seguirá
para o laboratório de DNA Forense da PEFOCE.
O exame para verificação do vínculo genético tem valor absoluto quando exclui um filho a partir de um
casal; exclui um pai com relação a um filho, quando se tem como certa uma mãe; ou exclui uma mãe com relação
a um filho, quando se tem como certo um pai.
O exame de DNA para investigação de paternidade e/ou maternidade traz um resultado que pode chegar
a 99,9999...% de probabilidade de o indivíduo ser a mãe ou o pai biológico.
Esse resultado, com margem de erro estatístico insignificante, determina o pai/mãe biológico e
fundamenta a convicção do magistrado para construir sua sentença.
Para que a anulação de um casamento seja decretada, faz-se necessário o atendimento dos requisitos:
causal, cronológico e consequencial.
O requisito causal é a razão determinante da anulabilidade, isto é, são os motivos alegados para invalidar
o casamento.
Esses motivos são genericamente arrolados pela lei (Código Civil arts. 1.548, 1.550, 1.556 e 1.557) e
concretamente especificados pela perícia.
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes,
ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
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IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.” Grifamos
9.8 Pseudo-Hermafroditismo
É condição sine qua non para que haja casamento a diferença de sexo entre os convolantes. Está
evidenciado o erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge quando este apresenta características sexuais
dúbias.
Sexo dúbio ou pseudo hermafroditismo é a anomalia morfológica em que as genitálias externas e
internas do indivíduo não estão bem definidas para qualquer um dos sexos.
Enquanto, portanto, o hermafroditismo é um estado bissexuado, o pseudo-hermafroditismo é um estado
intersexual masculino ou feminino. A literatura registra muitos casos de casamento de pseudo-hermafroditas
exatamente porque o próprio portador do defeito desconhecia a sua situação.
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A frigidez, que não é rara, e a anafrodisia, que é incomum, por motivos óbvios, justificam a anulação do
casamento. A mulher frígida desconhece a sua condição ou se acomoda, ao longo de muitos anos, sem que o
marido perceba claramente. Quando a vida sexual conjugal vai ficando insípida, o prazo para a ação já foi
ultrapassado.
A satiríase e a ninfomania são consideradas, no início da vida conjugal, como entusiasmo do amor que
inibe o outro cônjuge de qualquer providência, por isso, também, raramente alegadas como motivos para anular
casamento.
O sadismo e o masoquismo, com todas as suas nuances, incomodam o outro parceiro e, por isso, são
motivos justos e constatáveis pela perícia.
A sífilis, a tuberculose, as doenças venéreas, a hanseníase são moléstias transmissíveis por contágio
direto ou indireto. A maior parte é curável, até por métodos relativamente baratos e fáceis, mas provocam
recaídas ao menor descuido, pondo sempre em risco a saúde do outro cônjuge.
O diagnóstico e o tratamento dessas moléstias devem ser feitos no período pré-nupcial e com o
conhecimento do futuro cônjuge.
A genética médica experimentou, nestes últimos anos, um fabuloso impulso, e muitas doenças
gravíssimas têm sua origem na herança, mas a jurisprudência tem-se firmado ainda em torno das tradicionais:
sífilis, epilepsia essencial, esquizofrenia essencial, oligofrenias e personalidades psicopáticas.
A mulher sifilítica leva até ao seu filho a sífilis congênita, com todo o seu cortejo de malformações e
degenerações. A epilepsia essencial, ligada à constituição genética, é transmissível de pais para filhos. A
esquizofrenia essencial, também.
O retardo mental, nos graus mais acentuados, constitui impedimento matrimonial (incapacidade de
consentir), porém, no grau mais brando (retardo mental leve), conforme França, não constitui incapacidade civil.
9.11 Conclusão
De posse dos dados colhidos durante os exames subjetivos, objetivo e complementares, feita a
discussão, se necessária, tendo presentes a legislação e a doutrina vigorantes, tira-se a conclusão, que é o
diagnóstico da presença ou da ausência de uma causa justa para anular o casamento.
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o Código de Ética Médica, artigo 74 comina ser vedado ao médico: “Revelar sigilo profissional relacionado a
paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de
discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente”.
A assistência à saúde do menor de 18 anos deve observar ao princípio de sua proteção. Se a revelação
dos fatos for feita para preservá-lo está afastado o crime de revelação de segredo profissional. Entretanto, a
revelação do ocorrido também pode Ihe acarretar danos, em algumas circunstâncias. Entre outros prejuízos ainda
mais graves, pode afastar-se do serviço e perder a confiança nos profissionais que o assistem.
Os peritos devem atentar que, em muitos casos, a violência a que essas mulheres e adolescentes estão
sujeitas pode ser tão ou mais cruel e grave em função do preconceito que envolve sua orientação sexual. Muitos
adolescentes são vítimas de violência na própria família que usa de tais métodos para tentar 'corrigir' sua
sexualidade.
Sabe-se que a discriminação e preconceito por orientação sexual e por identidade de gênero
determinam formas de adoecimentos e sofrimentos. Assim, é importante estar aptos a acolher essa população
sem discriminação, não permitindo que se coloque qualquer pessoa em situação de violência institucional. A
igualdade de direitos à saúde é preconizada na Constituição Federal de 1988, o que a torna um direito social.
O seguimento do atendimento clínico, psicológico e laboratorial das pessoas que fazem sexo com outras
do mesmo sexo civil e que foram vítimas de violência deve ser feito considerando que, manter relações sexuais
com pessoas do mesmo sexo não é uma doença e que a violência sexual pode agravar os sentimentos de exclusão,
humilhação e isolamento que muitas vezes permeia a vida das pessoas por sua orientação sexual.
A abordagem médico-legal da transexualidade, de uma maneira geral, não era em nada acolhedora, até
recentemente. Nos compêndios da especialidade, era apresentada como um distúrbio da sexualidade ou do
instinto sexual, encontrando classificação entre as chamadas "inversões", ao lado de transtornos como fetichismo,
pederastia, pedofilia e outros socialmente não menos reprimidos.
Castel (2001), em um interessante trabalho empenhado em estabelecer a cronologia ao "fenômeno
transexual", o considera um indicador muito seguro das modificações históricas da percepção científica, assim
como também cultural e política, da identidade sexual no século XX.
A partir do início do século XX, com o crescimento da sexologia impulsionando os estudos sobre a
sexualidade humana e acompanhando um melhor entendimento das questões entre sexo e gênero,
principalmente após o trabalho de Harry Benjamin (1966) e outros que se seguiram, o fenômeno da
transexualidade foi obtendo melhor entendimento médico.
Os autores consideram que a noção de "gênero" consagra um triunfo em Psiquiatria de uma concepção
sociológica particular da identidade, constituindo-se em uma noção mais esclarecedora do que é "sexo", que tem
inspiração mais biológica e de fundamentação basicamente anatômica.
Atualmente, encontra a transexualidade, sob a denominação de transtorno de identidade de gênero,
classificação no manual editado pela Associação Americana de Psiquiatria (DSM-IV; Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders, 4. ed.,1994), assim como se encontra classificada na Classificação Internacional de
Doenças, 10ª revisão (CID-10,1993),editada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu capítulo V, incluída
entre os transtornos de identidade sexual.
Após uma longa fase de obscurantismo, onde a ausência de normatização específica sobre o assunto o
deixava em aberto às discussões éticas, o Conselho Federal de Medicina, por meio de sua Resolução 1.482,/97,
veio regulamentar o tratamento cirúrgico por meio da adequação genital, criando um protocolo de atendimento
multidisciplinar, consubstanciando uma forma de manifestação legal sobre o tema. Em 2002, nova Resolução do
Conselho Federal de Medicina, vem atualizar o disposto na Resolução anterior.
A partir da tomada de posição por parte do Conselho Federal de Medicina, reconhecendo como ética a
cirurgia de adequação genital, em acordo com o disposto de suas resoluções, cria-se, em nosso país, uma base de
sustentação legal para o tratamento completo dessa forma de transtorno de gênero, em acordo ao preconizado
pelo protocolo da Harry Benjamin lnternational Gender Dysphoria Association (The Standards of Carefor Gender
Identity Disorders, 2001).
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PALAVRAS FINAIS
Este trabalho não tem, nem poderia tê-lo, a pretensão de esgotar os assuntos de interesse da Sexologia
Forense. Longe de exaurir o tema, muito ainda há que se dizer e tratar. Espera-se, principalmente, que os que o
leiam sintam-se estimulados a aprofundar seus estudos, sempre em benefício de seus periciandos, em particular,
e da Justiça, em geral.
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