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Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001
Tel.: (21) 2334-1569 Fax: (21) 2568-0725
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Masako Oya Masuda
Vice-presidente
Mirian Crapez
Governador
Sérgio Cabral Filho
Universidades Consorciadas
UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO
NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO RIO DE JANEIRO
Reitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho Reitor: Aloísio Teixeira
Referências ___________________________________________161
11
AULA
A barreira de potencial:
casos E < V0 e E > V0
Meta da aula
Aplicar o formalismo quântico ao caso de uma partícula
que incide sobre uma barreira de potencial, em que a
energia potencial tem um valor 0 para x < 0 e para
x > a, e um valor V0 > 0 para 0 < x < a.
objetivos
Pré-requisitos
Para uma melhor compreensão desta aula, é importante
que você revise as Aulas 8 e 9 desta disciplina e, também,
os conceitos de reflexão e transmissão de ondas na
interface entre duas regiões com índices de refração
diferentes (Aula 6 de Física 4A).
Introdução à Mecânica Quântica | A barreira de potencial: casos E < V0 e E > V0
A BARREIRA DE POTENCIAL
V (x) = 0, x < 0
(11.1)
V (x) = V0 , 0 < x < a
V (x) = 0, x>a
E > V0
V0
E < V0
0 a x
Figura 11.1: Uma partícula quântica de massa m que incide sobre uma barreira de
potencial. A figura mostra os dois casos possíveis: E < V0 (energia menor que a altura
da barreira) e E > V0 (energia maior que a altura da barreira).
8 CEDERJ
MÓDULO 1
SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER NAS REGIÕES
11
x<0Ex>a
AULA
Pelos mesmos argumentos utilizados para a partícula livre e para
o degrau de potencial, sabemos que não existe solução se a energia
total da partícula for negativa. Portanto, podemos considerar apenas a
situação em que E > 0. Nas regiões x < 0 e x > a, a partícula se movimenta
livremente, de modo que a solução geral da equação de Schrödinger
nessas duas regiões é dada por:
( 2
j = vg A − B
2
)=v g C ,
2
(11.3)
CEDERJ 9
Introdução à Mecânica Quântica | A barreira de potencial: casos E < V0 e E > V0
A+B=F+G
ik(A – B) = K(F – G) . (11.6)
Já para x = a, temos:
10 CEDERJ
MÓDULO 1
Podemos eliminar F e G das Equações (11.6) e (11.7) e calcular
11
as relações B/A e C/A. O resultado, cuja obtenção sugerimos como
AULA
uma exercício opcional, nos leva aos seguintes coeficientes de reflexão
e transmissão:
−1
B 2
4k2 K 2
R = 2 = 1 +
A ( k2 + K 2 )2 senh2 ( Ka )
−1
( k2 + K 2 )2 senh2 ( Ka )
2 . (11.8)
C
T = 2 = 1 +
A 4k2 K 2
ATIVIDADES
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
−1 −1
a b
Note que as expressões para R e T são da forma R = 1 + e T = 1 +
b a
−1 −1
a b b a
R + T = 1 + + 1 + = + = 1.
b a a+b a+b
16k2 K 2 −2 Ka
se simplifica: T = e .
( k2 + K 2 )
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
CEDERJ 11
Introdução à Mecânica Quântica | A barreira de potencial: casos E < V0 e E > V0
RESPOSTA COMENTADA
ex − e− x
Partindo da Equação (10.8) e usando o resultado senh(x) = ,
2
ex
de modo que lim senh (x) = , obtemos:
x→∞ 2
−1
( k2 + K 2 )2 e2 Ka
16k2 K 2
T ≈ 1 + ≈ e −2 Ka .
16k2 K 2
(k 2
+K )
2 2
V0
0 a x
12 CEDERJ
MÓDULO 1
O fato de o coeficiente de transmissão ter um valor diferente
11
de zero demonstra que uma partícula pode atravessar uma barreira de
AULA
potencial que seria completamente intransponível se prevalecesse o ponto
de vista da Mecânica Clássica! Esse fenômeno, que já foi mencionado no
estudo do degrau de potencial, é chamado de penetração de barreira, ou
efeito túnel, e aparece com frequência em vários ramos da Física, como
veremos na próxima aula.
−1
2
B 4k2 k′2
R = 2 = 1 +
( k − k ) sen ( k a )
A 2
′ 2 2 2
′
−1
C ( k2 − k′2 )2 sen2 ( k′a )
2
T = 2 = 1 + .
A 4k2 k′2 (11.10)
ATIVIDADE
____________________________________________________________
____________________________________________________________
CEDERJ 13
Introdução à Mecânica Quântica | A barreira de potencial: casos E < V0 e E > V0
RESPOSTA COMENTADA
−1
a
As expressões para R e T no caso E > V0 também são da forma R = 1 +
b
−1
b
e T = 1 + , exatamente como no caso E < V0 , de modo que a
a
V0
0 a x
14 CEDERJ
MÓDULO 1
Vale a pena verificar que, para E = V0 , as expressões (11.8) e
11
(11.10) coincidem, o que significa que o gráfico de R ou T como função
AULA
da energia é contínuo. Vamos verificar este resultado na Atividade 4.
ATIVIDADE
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
−1 −1 −1
k4 K 2 a2 k2 a 2 mV0 a2
T = 1 + = 1 + = 1 + .
4k2 K 2 4 2h2
mV0 a2
Observe que o número adimensional mede a opacidade da
2h2
barreira. Quanto maior esse número, menor será o fluxo de probabilidade
que atravessar a barreira. Perceba como é razoável que esse número seja
tanto maior quanto maior for a altura da barreira V0 , sua largura a e a
massa da partícula m.
CEDERJ 15
Introdução à Mecânica Quântica | A barreira de potencial: casos E < V0 e E > V0
0,5
R
1 E / V0
CONCLUSÃO
ATIVIDADES FINAIS
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
16 CEDERJ
MÓDULO 1
11
RESPOSTA COMENTADA
AULA
ser satisfeita. Como k′ = 2m ( E − V0 ) h , temos:
E n 2 π2 h 2
k′a = a 2m ( E − V0 ) h = nπ ⇒ = 1+ .
V0 2mV0 a2
mV0 a2
Usando a condição = 1 , obtemos:
2h2
E n 2 π2
= 1+ , em que n = 1, 2, 3 etc.
V0 4
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
CEDERJ 17
Introdução à Mecânica Quântica | A barreira de potencial: casos E < V0 e E > V0
RESUMO
Se uma partícula incide sobre uma barreira de potencial com energia menor ou
maior que a altura do degrau, ela pode ser refletida ou transmitida. A transmissão
no caso de energia menor que a barreira (efeito túnel) e a reflexão no caso de
energia maior que a barreira são situações não previstas pela Mecânica Clássica.
As probabilidades de transmissão e reflexão em cada caso são obtidas pelas leis
da Mecânica Quântica.
18 CEDERJ
12
AULA
Barreira de potencial:
exemplos e aplicações
Meta da aula
Discutir alguns exemplos e aplicações do efeito-túnel que
podem ser modelados pela barreira de potencial, tais como o
microscópio de tunelamento, a emissão de partículas alfa,
a fusão nuclear e a emissão de elétrons por metais frios.
objetivos
Pré-requisito
Para uma melhor compreensão desta aula, é importante que
você revise a Aula 11 desta disciplina.
Introdução à Mecânica Quântica | Barreira de potencial: exemplos e aplicações
20 CEDERJ
MÓDULO 1
12
AULA
Amostra
Ponta
Elétrons
tunelando
Φ Estados
vazios EF
EF d
Estados
ocupados eV
Figura 12.2: Esquema de energias para o problema de tunelamento em um STM. À esquerda, temos o caso em
que não há diferença de potencial entre a ponta e a amostra. Nesse caso, a função trabalho vale Φ, as energias
de Fermi da amostra e da ponta valem EF e a espessura da camada de vácuo (ou seja, a distância entre a ponta
e a amostra) é igual a d. No painel à direita, mostramos como a situação se altera, quando se aplica uma volta-
gem igual a V entre a ponta e a amostra, possibilitando o tunelamento. A figura mostra, de forma esquemática,
a função de onda para uma partícula que tunela da amostra para a ponta.
CEDERJ 21
Introdução à Mecânica Quântica | Barreira de potencial: exemplos e aplicações
22 CEDERJ
MÓDULO 1
12
16EF Φ 8mΦ
T= exp − d . (12.1)
(EF + Φ)2
h
AULA
d
I ∝ V exp − , (12.2)
λ
h
em que λ = é um comprimento característico de decai-
8mΦ
mento da corrente. Em outras palavras, poderemos observar uma
corrente de tunelamento apreciável, quando a distância d entre a ponta
e a amostra não for muito maior que λ. A Equação (12.2) é bastante
útil na análise dos experimentos de STM.
ATIVIDADE
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
2 2
usando as definições hk e h2 K 2 , e identificando
EF = Φ=
2m 2m
d = a e λ = 1/2K ,
chegamos ao resultado esperado.
CEDERJ 23
Introdução à Mecânica Quântica | Barreira de potencial: exemplos e aplicações
h
1. b. Usando a definição λ = , obtemos λ = 50 pm. No entanto,
8mΦ
os equipamentos de STM apresentam uma alta sensibilidade, podendo, em
alguns casos, medir correntes de tunelamento menores que 1 pA. Isso faz
com que a distância entre a ponta e a amostra possa chegar a 1 nm.
24 CEDERJ
MÓDULO 1
EMISSÃO DE ELÉTRONS DE METAIS FRIOS
12
AULA
Um mecanismo semelhante ao funcionamento do STM é
responsável pela emissão de elétrons de metais frios, observada pela
primeira vez em 1922. Na ocasião, notou-se que elétrons podem ser
extraídos de metais, através da aplicação de um campo elétrico alto.
Para entender esse fenômeno, vamos analisar o diagrama de energias
mostrado na Figura 12.5. Como no caso do STM, os elétrons mais
energéticos do metal têm energia EF e estão presos a ele por um degrau
de potencial de altura Φ (função trabalho). Essa situação está mostrada
no lado esquerdo da figura, em que não existe nenhum campo elétrico
aplicado. Ao aplicarmos um campo elétrico na região do vácuo e
perpendicular à superfície do metal, temos a situação mostrada no lado
direito. Veja que a energia potencial não é mais constante na região
do vácuo, mas varia como V (x) = EF + Φ − eEx , em que E é o campo
elétrico aplicado e x é a distância até a superfície. Perceba que agora surge
uma barreira triangular, através da qual o elétron pode tunelar. O cálculo
da probabilidade de tunelamento não é tão simples quanto o da barreira
retangular, que vimos na Aula 10, mas pode ser realizado usando-se a
aproximação WKB (Wentzel-Kramers-Brillouin), que é vista em cursos
mais avançados de Mecânica Quântica. Esse cálculo foi realizado pela
primeira vez por Fowler e Nordheim em 1928. Eles obtiveram a corrente
de elétrons emitidos como função do campo elétrico aplicado, explicando
os resultados experimentais. Essa foi uma das primeiras demonstrações
claras da importância do efeito-túnel.
V (x) = EF + Φ − eEx
Estados Φ
vazios
EF EF
Estados
ocupados
E=0 E>0
CEDERJ 25
Introdução à Mecânica Quântica | Barreira de potencial: exemplos e aplicações
238
U→ 234
Th + α , (12.3)
2Ze 2
V (r) = . (12.4)
4πε0 r
26 CEDERJ
MÓDULO 1
O problema era que as partículas alfa escapavam do núcleo de 238U
12
com uma energia E muito menor que a altura da barreira coulombiana,
AULA
de altura V. Ou seja, segundo a mecânica clássica, seria impossível que
as partículas alfa escapassem do núcleo com uma energia tão baixa.
Gamow, Condon e Gurney propuseram que a emissão dessas partículas
seria através do tunelamento pela barreira de potencial. Seus cálculos,
em bom acordo com os resultados experimentais, mostraram que essa
hipótese era essencialmente correta.
A fusão nuclear é um processo no qual dois núcleos colidem e,
se tiverem energia suficiente, poderão vencer a barreira da repulsão
coulombiana esquematizada na Figura 12.6 e se fundir em um único
núcleo. De certa forma, é o processo inverso ao que ocorre na emissão
da partícula alfa. O processo de fusão libera uma grande quantidade
de energia: a imensa energia produzida pelo Sol (e por todas as demais
estrelas), e que chega até nós sob a forma de luz, é fruto dos processos de
fusão nuclear. Infelizmente, a energia liberada na fusão nuclear pode ser
também utilizada nas armas mas destrutivas que o homem já produziu,
as bombas de hidrogênio.
Resistência diferencial
negativa
Corrente
0
0
Voltagem
CEDERJ 27
Introdução à Mecânica Quântica | Barreira de potencial: exemplos e aplicações
hf
V= , (12.5)
2e
em que h é a constante de Planck e e é a carga elementar. Por relacionar uma voltagem
com uma freqüência, que é uma grandeza que pode ser medida com bastante precisão, essa
relação é usada em metrologia para definir um padrão preciso de voltagem.
ATIVIDADE FINAL
28 CEDERJ
MÓDULO 1
é de aproximadamente 107 K. Faça uma estimativa da energia total do próton,
12
comparando-a com a altura da barreira coulombiana. (c) Calcule a probabilidade
AULA
de o próton penetrar em uma barreira retangular de altura V, que se estende de Rn
a 2Rn, ou seja, até o ponto no qual a barreira de potencial coulombiana cai a V/2.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
(a) Basta utilizar a expressão para a energia potencial entre duas partículas carregadas,
o próton com carga e = 1,6 × 10-19 C e o núcleo de carbono com carga 6e:
6e 2
V= = 6, 9 × 10−13 J = 4,3 MeV.
4πε 0 Rn
2mE 2m(V − E)
em que k = = 2, 0 × 1013 m-1; K = = 4, 5 × 1014 m-1; e ,
h h
CEDERJ 29
Introdução à Mecânica Quântica | Barreira de potencial: exemplos e aplicações
RESUMO
Na próxima aula, faremos exercícios sobre tudo o que vimos até agora no Módulo
II desta disciplina.
30 CEDERJ
13
AULA
O poço de potencial finito
Meta da aula
Aplicar o formalismo quântico ao caso de um
potencial V(x) que tem a forma de um poço (tem um
valor V0 para x < -a/2 e para x > a/2,
e um valor 0 para –a/2 < x < a/2).
objetivos
Pré-requisitos
Para uma melhor compreensão desta aula, é
importante que você revise a Aula 11 desta disciplina.
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial finito
V (x) = V0 , x < −a / 2
V (x) = 0 , − a / 2 < x < a / 2
V (x) = V0 , x > a / 2 (13.1)
V(x)
V0
32 CEDERJ
MÓDULO 1
PRIMEIRO CASO: E > V0.
13
AULA
O caso E > V0 é bastante parecido com o problema da barreira de
potencial em que a energia é maior que a altura da barreira, que tratamos
na Aula 10. Neste caso, a solução para a função de onda na região interna
( − a 2 < x < a 2), em que o potencial é nulo, será a mesma da partícula
livre:
h2 d 2ψ (x)
− + V0ψ (x) = Eψ (x) (13.3)
2m dx 2
F k + k′′ − ika
= e (13.6)
G k − k′′
CEDERJ 33
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial finito
ATIVIDADE
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
____________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
que levam a
F / G + eika k A / B + eik"a
= . (13.8)
F / G − eika k" A / B − eik"a
T = 2 = 1 +
A 4k2 k′′2
34 CEDERJ
MÓDULO 1
Veja como a Equação (13.9) é parecida com a Equação (10.10),
13
que obtivemos na Aula 10. Podemos escrever a Equação (13.9) em
AULA
termos de E e V0:
−1
4E(E − V0 )
R = 1 + 2
V0 sen ( ka )
2
. (13.10)
−1
V 2 sen2 ( ka )
T = 1 + 0
4E(E − V0 )
ATIVIDADE
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
CEDERJ 35
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial finito
Efeito Ramsauer
h2 d 2ψ (x)
− = ( E − V0 )ψ (x) (13.11)
2m dx 2
d 2ψ (x)
= K ’2 ψ (x) (13.12)
dx 2
36 CEDERJ
MÓDULO 1
13
ψ (x) = Ae K ’ x , x < −a / 2 . (13.14)
AULA
−K’x
ψ (x) = De , x > a/2
Na região interna, -a/2 < x < a/2, nada muda em relação ao caso
E >V0, ou seja:
Feika / 2 + Ge − ika / 2 = De − K ’ a / 2
ik ( Feika / 2 − Ge − ika / 2 ) = −K ’ De − K ’ a / 2 , (13.16)
Ae − K ’ a / 2 = Fe − ika / 2 + Geika / 2
(13.17)
K ’ Ae − K ’ a / 2 = ik ( Fe − ika / 2 − Geika / 2 )
K’
ψ (x) = Ae − K ’ a / 2 cos k(x + a / 2) + senk (x + a / 2) . (13.19)
k
CEDERJ 37
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial finito
K′
cos ( ka 2 ) + k sen ( k a 2 ) cos ( kx ) + . (13.20)
ψ (x) = Ae − K ′a / 2
−sen ( k a 2 ) + K ′ cos ( k a 2 ) sen ( kx )
k
1 K ’ − K ’ a / 2 − ika / 2
F= 1 + i De e , (13.21)
2 k
1 K ’ − K ’ a / 2 ika / 2
G= 1 − i De e
2 k
K’
ψ (x) = De − K ’ a / 2 cos k(x − a / 2) − sen k(x − a / 2)
k . (13.22)
K′
cos ( ka 2 ) + k sen ( k a 2 ) cos ( kx ) + . (13.23)
ψ (x) = De − K ′a / 2
sen ( k a 2 ) − K ′ cos ( k a 2 ) sen ( kx )
k
K’ K’
A cos ( ka / 2 ) + sen ( ka / 2 ) = D cos ( ka / 2 ) + sen ( ka / 2 ) (13.24)
k k
A = D ou k cot ( ka 2 ) = −K ′ , (13.25)
38 CEDERJ
MÓDULO 1
enquanto que a igualdade entre os coeficientes de sen(kx) leva a
13
AULA
K’ K’
A −sen ( ka / 2 ) + cos ( ka / 2 ) = D sen ( ka / 2 ) − cos ( ka / 2 ) (13.26)
k k
A = −D ou k tan ( ka 2 ) = K ′ . (13.27)
K ′ 2
ψ (x) = Ae − K ′a / 2 cos ( k a 2 ) 1 + cos ( kx ) (solução par). (13.28)
k
K ′ 2
ψ (x) = De − K ′a / 2 sen ( ka 2 ) 1 + sen ( kx ) , (solução ímpar). (13.29)
k
CEDERJ 39
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial finito
V(x)
–a/2 V0 a/2
E3
E2
E1
40 CEDERJ
MÓDULO 1
(II) As funções de onda associadas às energias E1, E2 e E3 têm
13
as formas indicadas na Figura 13.3. Observe que, à medida em que
AULA
aumenta o valor da energia, é maior o número de oscilações (ou nodos)
da função de onda. Isso ocorre porque k = 2mE / h , ou seja, quanto
maior a energia, maior o número de onda que aparece no argumento dos
cossenos ou senos da função de onda na região entre –a/2 e +a/2.
(III) Note que o estado de mais baixa energia (estado fundamental)
é par (cosseno), o primeiro estado excitado é ímpar (seno), e o segundo
estado excitado é novamente par (cosseno). Como veremos novamente
nas próximas aulas, existe sempre uma alternância entre as soluções pares
e ímpares da equação de Schrödinger à medida que aumenta a energia
e a função de onda do estado fundamental é sempre par.
E1 E2 E3
CEDERJ 41
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial finito
ATIVIDADE FINAL
(c) Qual fração do feixe incidente é transmitida além do poço? Qual fração é
refletida?
(d) Calcule a energia cinética mais baixa dos elétrons em que ocorre transmissão
perfeita (efeito Ramsauer).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
(a) Se a energia cinética dos elétrons incidentes vale E – V0 = 3 eV, então o número
de onda na região fora do poço é
k′′ = 2m(E − V0 ) / h = 2 × ( 9,1 × 10-31 ) × 3 × (1,6 × 10-19 ) /1,05 × 10-34 = 8, 9 × 109 m-1
(b) Na região interna ao poço, onde a energia cinética vale 4,5 eV, temos
k = 2mE / h = 1, 1 × 1010 m-1 e λ = 2π k = 0, 58 nm .
(c) Usando a expressão para o coeficiente de transmissão, Equação (13.10):
−1
V 2 sen2 ( ka )
T = 1 + 0
4E(E − V0 ) , com E = 4,5 eV, V0 = 1,5 eV e a = 0,4 nm, obtemos:
−1
T = 1 + 0, 042 sen2 ( ka ) . Usando o valor de k encontrado no item (b), obtemos
ka = 4,4 radianos e, portanto, sen(ka) = – 0,95. Desta forma, o coeficiente de
transmissao tem o valor T = 0,96. O coeficiente de reflexão pode ser calculado
por R = 1 − T = 0, 04 .
(d) A condição para transmissão perfeita é ka = nπ . O valor mais baixo de energia
corresponde a n = 1, ou seja, k = π a = 7, 9 × 10 m
9 -1
. Desta forma, a energia
total dos elétrons vale
h2 k2 (1, 05 × 10 × 7, 9 × 10 )
−34 9 2
E= = = 3, 7 × 10−19 J = 2, 3 eV ,
2m 2 × 9, 1 × 10−31
e a energia cinética incidente vale E − V0 = 0, 8 eV .
42 CEDERJ
MÓDULO 1
13
RESUMO
AULA
Uma partícula incidente em um poço de potencial com E > V0 pode ser transmitida
ou refletida, exatamente como no caso da barreira de potencial. Os coeficientes de
reflexão e transmissão apresentam oscilações com a energia da particula incidente.
Em particular, para alguns valores da energia incidente, a partícula é transmitida
com probabilidade de 100%, o que é conhecido como efeito Ramsauer. Já se
0 < E < V0, existem soluções para a equação de Schrödinger para apenas alguns
valores da energia (estados ligados). Essas soluções podem ser pares ou ímpares,
e quanto maior o número de nodos das funções de onda, maior o valor da energia
da partícula.
CEDERJ 43
14
AULA
O poço de potencial infinito
Meta da aula
Aplicar o formalismo quântico ao caso de um potencial
V(x) que tem a forma de um poço infinito: o potencial é
infinito para x < –a/2 e para x > a/2, e tem
o valor 0 para –a/2 < x < a/2.
objetivos
Pré-requisito
Para melhor compreensão desta aula, é importante que
você revise o caso E < Vo da Aula 13 desta disciplina.
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial infinito
V(x)
x
–a/2 0 a/2
h2 d 2 ψ(x)
− = Eψ (x), − a / 2 < x < a / 2 . (14.2)
2m dx 2
46 CEDERJ
MÓDULO 1
Como já vimos diversas vezes, a solução geral desta equação é
14
ψ (x) = Aeikx + Be − ikx. No entanto, desta vez vamos escrevê-la de uma
AULA
outra forma:
Para justificar que se ψ(x) e dψ(x)/dx são nulas para o mesmo valor de x, então
ψ(x) = 0 para todo x, vamos recordar a analogia da equação de Schrödinger
(14.2) com a equação de movimento do oscilador harmônico simples:
d2x
m = −kx . Lembre-se de que são equações diferenciais idênticas, basta
dt 2
fazer a correspondência ψ → x e x → t (a menor das constantes, é claro).
Assim, o caso em que ψ(x) = 0 e dψ(x)/dx = 0 para o mesmo valor de x iria
corresponder, no caso do oscilador harmônico, a x = 0 e dx/dt = 0 em um
certo instante de tempo, ou seja, a partícula estaria na origem (portanto, sem
sofrer ação de força) e com velocidade nula. Portanto, nunca sairia da origem,
ou seja, x = 0 para todo t. Apesar de x = 0 para todo t ser uma solução possível
para o oscilador harmônico, ψ(x) = 0 para todo x não é uma solução válida
da equação de Schrödinger.
CEDERJ 47
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial infinito
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
h2 d 2ψ
− + V (x)ψ (x) = Eψ (x)
2m dx 2
x +δ x +δ x +δ
h2 0 d 2ψ 0 0
− ∫
2m x0 − δ dx 2
dx + ∫ V (x)ψ (x)dx = E ∫ ψ (x)dx
x0 − δ x0 − δ
h2 dψ x0 + δ x0 + δ
dψ
− − = E ∫ ψ (x)dx − ∫ V (x)ψ (x)dx
2m dx x0 + δ dx x0 − δ
x0 − δ x0 − δ
48 CEDERJ
MÓDULO 1
Determinamos as constantes A e B da Equação (14.3) aplicando
14
as condições de fronteira ψ(a/2) = ψ(–a/2) = 0. Temos assim:
AULA
A cos(ka / 2) + Bsen(ka / 2) = 0,
(14.5)
A cos(ka / 2) − Bsen(ka / 2) = 0,
A cos(ka / 2) = 0,
(14.6)
Bsen(ka / 2) = 0.
B = 0, cos(ka / 2) = 0,
(14.7)
A = 0, sen(ka / 2) = 0.
nπ
kn = , n = 1, 3, 5,... (14.8)
a
a/2 a/2
∫ ∫
2 2
ψ n (x) dx = 1; An cos2 (nπx / a)dx = 1, (14.9)
−a / 2 −a / 2
2 nπ
ψ n (x) = cos x , n = 1, 3, 5,... (14.10)
a a
2 nπ
ψ n (x) = sen x , n = 2, 4, 6,... (14.11)
a a
CEDERJ 49
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial infinito
h2 kn 2 h2 π2 n 2
En = = , n = 1, 2, 3,... (14.12)
2m 2ma2
V(x)
n=3 E3 = 9E1
n=2 E2 = 4E1
Figura 14.2: Os três primeiros
níveis de energia do poço de
potencial infinito. n=1 E1
x
–a/2 0 a/2
50 CEDERJ
MÓDULO 1
As funções de onda correspondentes aos três estados de energia
14
mais baixa do poço infinito estão mostradas na Figura 14.3. Veja
AULA
também, a partir das Equações (14.10) e (14.11), que a n-ésima função
de onda, ψn(x), tem (n-1) nodos na região interna (sem contar os extremos
x = ± a/2). Desta forma, assim como no caso do poço finito, perceba
que quanto maior for número de nodos da função de onda, maior será a
energia da partícula. Você também pode verificar que as funções de onda
ψn(x) e ψm(x) associadas a energias diferentes, En e Em , são ortogonais,
ou seja,
a/2
∫
−a / 2
ψ n* (x)ψ m (x)dx = 0, n ≠ m . (14.13)
0.2
0.15 =1
=2
=3
0.1
0.05
0
–60 –40 –20 0 –20 –40 –60
–0.05
–0.1
–0.15
–0.2
Figura 14.3: As funções de onda do poço quadrado infinito no caso a = 100, para n = 1,2,3.
CEDERJ 51
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial infinito
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
π/2 π /2
2 2
∫ sen ( nθ ) sen ( mθ ) dθ e sen ( nθ ) cos ( mθ ) dθ ,
π −π / 2 π −π∫/ 2
52 CEDERJ
MÓDULO 1
ENERGIA DE PONTO ZERO E O PRINCÍPIO DA INCERTEZA
14
AULA
Note que não existe um estado com energia zero. O estado
h 2 π2
de menor energia é o E1 = , cujo valor é chamado de energia de
2ma2
ponto zero do poço infinito, e será visto em outros exemplos nas próximas
aulas. Perceba que isso está em contraste com a Mecânica Clássica,
segundo a qual seria possível que uma partícula estivesse parada dentro
do poço e, portanto, com energia zero. De certa forma, a Mecânica
Quântica impede que a partícula esteja “parada”. Isso pode ser visto
como uma conseqüência do Princípio de Incerteza, já que, como a
incerteza na posição é da ordem de ∆x = a, não é possível ter o valor do
momento com incerteza nula, como seria o caso se a energia fosse 0.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
( ∆p )
2
h2
pelo Princípio da Incerteza: E ≈ = . O valor que
2m 8ma2
h 2 π2
calculamos, E1 = é certamente maior que esse limite.
2ma2
CEDERJ 53
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial infinito
54 CEDERJ
MÓDULO 1
ATIVIDADES FINAIS
14
AULA
1. Considere uma partícula de massa m em um poço infinito de largura a.
RESPOSTA COMENTADA
p1(x)
–a/2 a/2 x
CEDERJ 55
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial infinito
1 a a 1 1
a4
2π x
sen + = + ≈ 82%.
a 2π a − a 4 2 π 2
2 2π x
onda é dada por ψ 2 (x) = sen dentro do poço. Assim,
a a
2 2 2π x .
a densidade de probabilidade dentro do poço é p2 (x) = ψ 2 (x) = sen2
a a
p2(x)
–a/2 a/2 x
a2 a2
2 2π x 1 4π x 1
P [0, a 2] = ∫ sen2 dx = ∫ 1 − cos dx = .
0
a a a 0
a 2
56 CEDERJ
MÓDULO 1
A probabilidade de encontrarmos a partícula na metade central da caixa é:
14
a4 a4
2 2π x 1 4π x
P [ − a 4 , a 4] =
AULA
∫
−a 4
a
sen2
a
dx = ∫ 1 − cos
a −a 4 a
dx =
1 a a 1
a 4
4π x
− sen = .
a 2 4π a 2
−a 4
RESPOSTA COMENTADA
h2π 2 30h2π 2
ET = 2E1 + 2E2 + 2E3 + 2E4 = 2 ( 1 + 4 + 9 + 16 ) = .
2ma2 ma2
60h2π 2 ∆a
inicial: ∆E = ET′ − ET = . Notamos então que a energia
ma3
interna do sistema aumenta.
CEDERJ 57
Introdução à Mecânica Quântica | O poço de potencial infinito
Portanto, W = ∆E =
60h2π 2 ∆a , ou seja, o trabalho é positivo.
ma3
Se fizermos uma analogia entre esse problema e o problema de um gás ideal
em um recipiente fechado, que estudamos em Física 2A, chegamos à conclusão
de que o sistema de elétrons parece estar exercendo pressão sobre as paredes
do recipiente. Isto é intrigante, já que aprendemos em Termodinâmica que a
pressão em um gás surge da transferência de momento que ocorre nas colisões
das moléculas do gás e as paredes do recipiente que o contém, e será tanto
maior quanto maior for a velocidade média das moléculas do gás. Por sua vez, a
velocidade média das moléculas do gás é proporcional à temperatura do mesmo.
Assim, em um gás ideal clássico a pressão vai a zero quando a temperatura vai a
zero. No entanto, no caso quântico, os elétrons exercem pressão sobre as paredes
da caixa também no caso em que a temperatura é nula! O surgimento desta
pressão é mais um efeito puramente quântico.
RESUMO
O poço de potencial infinito apresenta estados ligados que, assim como no poço
finito, também podem ser pares ou ímpares. As funções de onda apresentam um
número de nodos que, como no caso do poço finito, aumenta com a energia da
partícula.
58 CEDERJ
15
AULA
O oscilador harmônico
Meta da aula
Aplicar o formalismo quântico ao caso de um potencial de um
oscilador harmônico simples, V (x) = 12 kx 2.
objetivos
Pré-requisitos
Para melhor compreensão desta aula, você deverá rever
o oscilador harmônico clássico, que estudou em Física
2B e Mecânica Clássica, e seus estudos sobre equações
diferenciais e séries de potências das disciplinas de Cálculo.
Introdução à Mecânica Quântica | O oscilador harmônico
V(x)
0 x
60 CEDERJ
MÓDULO 1
modo que a partícula passa a maior parte do tempo em torno do mínimo,
15
onde a parábola é uma boa aproximação à curva de energia potencial,
AULA
o sistema será aproximadamente harmônico.
V(x)
a x
2d V
2
dV 1
V (x) = V (a) + (x − a) + (x − a) 2 + ...
dx x = a 2 dx x = a ,
1 d 2V
≈ V (a) + (x − a)2 2
2 dx x = a (15.1)
d 2V
com k = 2 é uma aproximação de V(x) em torno do mínimo.
dx x = a
CEDERJ 61
Introdução à Mecânica Quântica | O oscilador harmônico
d 2ψ (ξ )
+ ( λ − ξ 2 )ψ (ξ ) = 0 . (15.3)
dξ 2
2
ψ (ξ ) = e −ξ /2
h(ξ ) . (15.4)
d 2 h(ξ ) dh(ξ)
− 2ξ + (λ − 1)h(ξ ) = 0 . (15.5)
dξ 2
dξ
ATIVIDADE
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
2m dx 2 2
62 CEDERJ
MÓDULO 1
15
h2 mω d 2ψ 1 h 2 hωλ
− + mω 2 ξ ψ (ξ ) = ψ (ξ )
2m h dξ 2
2 mω 2
AULA
hω d 2ψ hω 2 hωλ
− + ξ ψ (ξ ) = ψ (ξ )
2 dξ 2
2 2
d 2ψ
+ ( λ − ξ 2 )ψ (ξ ) = 0,
dξ 2
−ξ 2 / 2
que é a Equação (15.3). Fazendo agora a substituição ψ (ξ ) = e h(ξ ) , vamos
tomar a derivada segunda:
d 2ψ d −ξ 2 2 dh
− ξ e −ξ 2 h (ξ )
2
= e
dξ 2
dξ dξ
2
d h dh
+ (ξ 2 − 1) e −ξ 2 h (ξ ) .
2 2 2
= e −ξ 2 2 − 2ξ e−ξ 2
dξ dξ
d 2ψ
Finalmente, substituindo esse resultado em + ( λ − ξ 2 )ψ (ξ ) = 0 , obtemos a
Equação (15.5):
dξ 2
d2h dh
+ (ξ 2 − 1) e −ξ 2 h (ξ ) + ( λ − ξ 2 ) e −ξ 2 h (ξ ) = 0
2 2 2 2
e −ξ 2
− 2ξ e −ξ 2
dξ 2
dξ
d2h dh
− 2ξ + ( λ − 1) h (ξ ) = 0.
dξ 2
dξ
a. h(ξ) par
Neste caso, h(ξ) terá uma expansão exclusivamente em potên-
cias pares: ∞
h(ξ ) = ∑ cnξ 2 n ,
n =0 (15.6)
que, quando substituída na Equação (15.5), leva à relação
∞
∑ 2n(2n − 1)c ξ
n =0
n
2(n −1)
+ (λ − 1 − 4n)cnξ 2 n = 0
(15.7)
a que pode ser reescrita
∞
CEDERJ 63
Introdução à Mecânica Quântica | O oscilador harmônico
4n + 1 − λ
c n +1 = cn (15.9)
2(n + 1)(2n + 1)
ATIVIDADE
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________
RESPOSTA
d2 ∞ d ∞ ∞
2 ∑ n ∑
c ξ 2 n − 2ξ cn ξ2 n + ( λ − 1) ∑ cnξ 2 n = 0
dξ n =0 d ξ n =0 n =0
d ∞ ∞ ∞
∑
dξ n =1
2ncnξ 2 n −1 − 2ξ ∑ 2ncn ξ2 n −1 + ( λ − 1) ∑ cnξ 2 n = 0
n =1 n =0
∞
∞ 2n ∞ 2n
∑
n =1
2 n(2 n − 1)c n ξ 2n −2
− ∑
n =1
4nc n ξ
+ ( λ − 1) ∑ c nξ = 0
n =0
∞
∑ 2n(2n − 1)c ξ
n =0
n
2n −2
+ ( λ − 1 − 4n ) cnξ 2 n = 0
cn + 1 1
≈ , (15.10)
cn n +1
∞
1 2n
eξ = ∑
2
ξ ; (15.11)
n =0 n !
64 CEDERJ
MÓDULO 1
já que
15
1 /(n + 1)! 1 . (15.12)
=
AULA
1 / n! n +1
lim h (ξ ) ≈ eξ ,
2
ξ →∞
(15.13)
e, portanto,
lim ψ ( ξ ) = lim e−ξ h ( ξ ) ≈. eξ
2 2
2 2
(15.14)
ξ →∞ ξ →∞
2
Isto é inaceitável, já que a função eξ 2
não pode ser normalizada.
A única maneira de evitar esta divergência de ψ( ξ) para valores grandes
de | ξ| é fazer com que a série (15.6) não seja infinita e termine para um
dado valor de n = N. Nesse caso, h(ξ) vai ser um polinômio na variável
ξ2. Se consideramos que a máxima potência de ξ2 nesse polinômio é ξ2N,
temos, na Equação (15.6), que cN ≠ 0, enquanto que cN +1 = 0. Levando essa
informação na relação (15.9), vemos que isso somente pode acontecer
se λ = 4N + 1 . Temos agora a liberdade de escolher em qual valor N a
expansão polinomial irá terminar. Na verdade, isso pode ocorrer para
qualquer valor finito de N, de modo que, para cada um desses valores,
teremos uma solução diferente da equação de Schrödinger. Assim,
λ pode tomar um dos valores
λ = 4N + 1, N = 0, 1, 2,... (15.15)
b. h(ξ) ímpar
Neste caso ψ(-ξ) = -ψ(ξ), e, portanto, h(-ξ) = -h(ξ), que terá uma
expansão em série de Taylor com todos os expoentes ímpares:
∞
h(ξ ) = ∑ dn ξ 2 n +1 , (15.16)
n =0
CEDERJ 65
Introdução à Mecânica Quântica | O oscilador harmônico
4n + 3 − λ
d n +1 = dn . (15.17)
2(n + 1)(2n + 3)
λ = 4N + 3, N = 0, 1, 2,... . (15.18)
NÍVEIS DE ENERGIA
λ = 2n + 1, n = 0, 1, 2,... , (15.19)
66 CEDERJ
MÓDULO 1
negro, que voce estudou em Física 4B. Outra diferença com relação ao
15
oscilador clássico é que o nível de menor energia corresponde a n = 0 e é
AULA
E0 =hω /2. Este valor finito da energia do estado fundamental, como vimos
na discussão do poço infinito, é chamado de energia de ponto zero, um
fenômeno essencialmente quântico e que está relacionado ao Princípio
da Incerteza. Enquanto na Mecânica Clássica a menor energia possível
para o oscilador seria a que corresponde à situação em que a partícula
estiver em repouso na origem de coordenadas, ou seja, energia igual a
zero, no caso da Mecânica Quântica a relação de incerteza não permite
esta situação de termos a partícula com momento zero em uma posição
determinada, pois assim teria posição e momento simultaneamente bem
definidos. Notamos, finalmente, que, de acordo com a observação de que
os estados ligados dos sistemas em uma dimensão são não-degenerados,
também no caso do oscilador harmônico quântico existe apenas uma
função de onda associada a cada energia En.
V(x)
E4
E3
E2
E1
E0
0 x
FUNÇÕES DE ONDA
CEDERJ 67
Introdução à Mecânica Quântica | O oscilador harmônico
d 2 H n (ξ ) dHn (ξ )
− 2ξ + 2nHn (ξ ) = 0 . (15.22)
dξ 2
dξ
N
H 2 N +1 (ξ ) = ∑ diξ 2i +1 (n = 2N +1, caso ímpar) . (15.24)
i =0
4 (i − N )
ci +1 = ci (caso par, polinômio de grau 2N), (15.25)
2(i + 1)(2i + 1)
4 (i − N )
di + 1 = di (caso ímpar, polinômio de grau 2N + 1). (15.26)
2(i + 1)(2i + 3)
H0 (ξ) = 1
H1 (ξ) = 2ξ (15.27)
H 2 (ξ) = 4ξ2 − 2
H3 (ξ) = 8ξ3 − 12ξ
H 4 (ξ) = 16ξ4 − 48ξ2 + 12
68 CEDERJ
MÓDULO 1
ATIVIDADE
15
AULA
3. A partir das definições (15.23) e (15.24) e das relações de
recorrência (15.25) e (15.26), obtenha os quatro primeiros polinômios
de Hermite.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
será H0 (ξ ) = 1 .
2o. n = 1 (ímpar). Mais uma vez, só haverá um termo no polinômio,
correspondendo a N = 0. Usando novamente a convenção,
o coeficiente deste termo será d0 = 2 = 2 . Assim, o polinômio será
1
H1 (ξ ) = 2ξ .
3o. n = 2 (par). Desta vez, teremos dois termos no polinômio.
O coeficiente do termo de ordem mais alta será c1 = 2 = 4 .
2
4 ( 0 − 1)
c1 = c0 , que dá c0 = −2 . Assim, o polinômio é
2(0 + 1)(0 + 1)
H 2 (ξ ) = 4ξ 2 − 2 .
4o. n = 3 (ímpar). Novamente, teremos dois termos no polinômio.
O coeficiente do termo de ordem mais alta será d1 = 2 = 8 . O co-
3
4 ( 0 − 1)
d1 = d0 , que dá d = −12 . Assim, o polinômio
2(0 + 1)(0 + 3) 0
é H3 (ξ ) = 8ξ − 12ξ .
3
!
Existe uma fórmula geral que permite calcular todos os polinômios
de Hermite:
2
2 d n e −ξ
H n (ξ ) = (−1)n eξ . (15.28)
dξ n
CEDERJ 69
Introdução à Mecânica Quântica | O oscilador harmônico
2 2
ψ n (x) = Cn Hn (α x)e−α x /2
, (15.29)
+∞ +∞
Cn 2
∫ ∫e
2 −ξ 2
ψ n (x) dx = Hn 2 (ξ ) dξ = 1. (15.30)
−∞ α −∞
+∞
∫e
− ξ2
Hn (ξ ) H m (ξ ) dξ = π 2n n ! δnm , (15.31)
−∞
1/ 2
α 2 2
(15.33)
ψ n (x) = H n (α x) e−α x /2
.
π 2 n!
n
70 CEDERJ
MÓDULO 1
Vemos também que a expressão (15.31) também leva
15
1
à ortonormalidade das funções de onda, ou seja, cada ψn(x) E= hω
2
AULA
está apropriadamente normalizada e funções ψn(x) e ψm(x)
–6 –4 –2 0 2 4 6
para n ≠ m são ortogonais. Matematicamente,
+∞
∫ψ (x)ψ m (x) dx = δ nm .
*
(15.34)
n 3
−∞ E= hω
2
A partir do conhecimento das funções de onda ψn(x),
–6 –4 –2 0 2 4 6
podemos calcular todas as propriedades do oscilador harmônico
quântico. Por exemplo, podemos mostrar muito facilmente que
o valor esperado da posição x, para qualquer ψn(x), é nulo.
5
De fato, na expressão E= hω
2
+∞ +∞
∫ ψ n (x) xψ n (x) dx = ∫ψ
2 –6 –4 –2 0 2 4 6
x = *
n (x) x dx . (15.35)
−∞ −∞
+∞
dψ (x)
p = ∫ψ (x) −i h n dx = 0
*
n
−∞ dx
11
+∞
d 2 ψ n (x) 1 E= hω
p 2
= ∫ ψ n (x) −h2
*
2 dx = n + mhω 2
−∞ dx 2
–6 –4 –2 0 2 4 6
CEDERJ 71
Introdução à Mecânica Quântica | O oscilador harmônico
ATIVIDADE FINAL
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
demonstrar.
RESUMO
72 CEDERJ
16
AULA
Exercícios
Meta da aula
Aplicar o formalismo quântico estudado nas Aulas 11 a 15 deste
módulo à resolução de um conjunto de exercícios.
objetivo
Pré-requisitos
Os conteúdos das Aulas 11 a 15 desta disciplina.
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
T = 1 + = 1 + 0 ,
4k2 K 2 4E (V0 − E )
(b) Agora temos a energia maior que a altura da barreira, então usamos
a Equação (11.10) da Aula 11:
−1
( k2 − k′2 )2 sen2 ( k′a ) V 2 sen2 ( k′a )
−1
T = 1 + = 1 + 0 ,
4k2 k′2 4E ( E − V0 )
em que k′ = 2m ( E − V0 ) h = 7, 2 nm –1 . Substituindo os valores na
fórmula, obtemos T = 0, 83 .
74 CEDERJ
MÓDULO 1
RESPOSTA COMENTADA
16
Podemos usar a Equação (11.8) da Aula 11 para obter uma expressão
AULA
para a espessura a:
4E (V − E ) (T −1 − 1)
1 –1 0
a = senh
K V02
RESPOSTA COMENTADA
−1
V02 senh2 ( Ka )
Usamos novamente a expressão T = 1 + .
4E ( V0 − E )
CEDERJ 75
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
2mE 2m (V0 − E ) K′ V0 − E 1
k= , K′ = ⇒ = =
h h k E 2
Deste modo,
ka
tan ( ka 2 ) = 1 2 ⇒ = 0, 46 + nπ (em radianos)
2
76 CEDERJ
MÓDULO 1
onde, novamente, n = 0, 1, 2, ... . Pela mesma argumentação anterior,
16
escolhemos n = 0 (estamos em busca do estado ímpar de menor energia).
AULA
4, 06
Obtemos então a = = 0, 28 nm.
k
!
A atividade a seguir é opcional, pois
requer do aluno um conhecimento básico
de programação.
RESPOSTA COMENTADA
CEDERJ 77
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
1 2
2ma
RESPOSTA COMENTADA
h2π 2 n 2
En = , temos:
2ma2
∆En En +1 − En ( n + 1) − n
2 2
2n + 1
= = =
En En n2 n2
b. O limite clássico é obtido para grandes números quânticos. Nesse
limite, deve haver uma correspondência entre os resultados quânticos e
os clássicos. Pela fórmula obtida no item anterior, no limite de grandes
números quânticos (n → ∞), a diferença fracional tende a zero. Ou seja,
torna-se imperceptível a quantização da energia, o que está de acordo
com a Mecânica Clássica, já que, para uma partícula clássica dentro de
um poço, qualquer valor positivo da energia é possível.
78 CEDERJ
MÓDULO 1
2 2
3.3. Calcule os valores esperados x , p , x , p para o
16
estado com n = 3 do poço infinito e comente sobre cada resultado.
AULA
RESPOSTA COMENTADA
∞ a2
∂ 2i h 3π 3π 3π
p = ∫ψ (x) −i h ψ 3 (x) dx = ∫ x dx = 0
*
3 cos x sin
−∞ ∂x a a −a 2 a a
∞ a2
2 3π 1 1
x2 = ∫ ψ 3 (x)x ψ 3 (x)dx = a − a∫ 2
x dx = 0 = a2 − ≈ 0, 077 a2
* 2
x 2 cos2 2
−∞ a 12 18π
∞ a2
∂2 2 9π 2 h2 3π 9π 2 h2
p2 = ∫ψ (x) −h2 2 ψ 3 (x) dx = ∫ cos2 x dx =
*
3 ,
−∞ ∂x a a2 −a 2 a a2
CEDERJ 79
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
1
A energia de ponto zero de um oscilador harmônico simples é dada porhω.
2
Para obtermos a freqüência, precisamos estimar a massa da molécula (de
forma mais rigorosa, a massa reduzida para o movimento relativo de vibração).
Obviamente, essa massa varia de acordo com a molécula, mas podemos
tomar cerca 10 vezes a massa do próton como uma ordem de grandeza
para uma molécula formada por átomos leves. Sendo assim, a freqüência é
1
ω = 2,4 × 1014 rad/s, e a energia é hω = 0,08 eV.
2
80 CEDERJ
MÓDULO 1
RESPOSTA COMENTADA
16
a. As auto-energias do oscilador harmônico quântico são dadas pela
AULA
Equação (15.20): En = (n + 1 2)hω . Assim, a diferença de energia entre
dois níveis consecutivos quaisquer, inclusive entre o estado fundamental e
o primeiro estado excitado, é igual a hω . Portanto, no caso da molécula
considerada na atividade anterior, temos hω = 0, 16 eV.
b. A energia do fóton emitido quando a molécula faz a transição entre
dois estados quânticos é precisamente a diferença de energias entre os
dois estados, que calculamos no item anterior.
c. Pela relação de Einstein, a frequência do fóton é ν = E h , onde E
é a sua energia, calculada no item anterior. Sendo assim, a frequência
do fóton é idêntica à freqüência de vibração da molécula. Podemos
entender este resultado a partir do eletromagnetismo clássico. Uma
molécula é composta por elétrons e núcleos, que contêm carga elétrica.
Quando a molécula oscila, as oscilações de carga dão origem a ondas
eletromagnéticas (fótons) de mesma freqüência, de forma semelhante
ao que ocorre em uma antena.
d. Usando a relação de Einstein com E = 0,16 eV, temos ν = E h = 3,8
× 1013 Hz ou comprimento de onda de = c/ = 7,7 µm. Esta radiação está na
faixa do infravermelho. É por este motivo que a espectroscopia na região do
infravermelho é uma das técnicas mais poderosas no estudo de moléculas.
CEDERJ 81
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
82 CEDERJ
17
Separação da equação
de Schrödinger
em coordenadas cartesianas
AULA
1. Partícula livre e caixa de
potencial tridimensional
Meta da aula
Estudar uma partícula quântica livre e presa em uma
caixa em três dimensões.
objetivos
Pré-requisito
Para melhor compreensão desta aula, é preciso que
você reveja as Aulas 4 e 7 desta disciplina.
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 1. Partícula livre e caixa de potencial tridimensional
∂Ψ h2 ∂ 2 Ψ ∂ 2 Ψ ∂ 2 Ψ
ih =− + + + V (x, y, z, t)Ψ . (17.1)
∂t 2m ∂ x 2 ∂ y 2 ∂ z 2
∂Ψ h2 ∂ 2 Ψ ∂ 2 Ψ ∂ 2 Ψ
ih =− + + 2 + V (x, y, z, t)Ψ . (17.2)
∂t 2µ ∂ x2 ∂ y2 ∂z
84 CEDERJ
MÓDULO 1
Onde, analogamente ao caso unidimensional, E representa a energia
17
total do sistema. Substituindo a Equação (17.3) na Equação (17.2),
AULA
obtemos a equação de Schrödinger independente do tempo no caso
tridimensional:
h2 2
− ∇ ψ + V (x, y, z)ψ (x, y, z) = Eψ (x, y, z) ,
2µ
em que ∇2 é o operador laplaciano.
ATIVIDADE
________________________________________________________
________________________________________________________
_________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
∂Ψ h2 ∂2 Ψ ∂2 Ψ ∂2 Ψ
ih =− 2 + 2 + 2 + V (x, y, z, t)Ψ
∂t 2µ ∂x ∂y ∂z
∂ h2 ∂ 2ψ ∂ 2ψ ∂ 2ψ − iEt / h
ih ψ (x, y, z)e− iEt / h = − 2 + 2 + 2 e + V (x, y, z, t)ψ (x, y, z)e − iEt / h
∂t 2µ ∂ x ∂y ∂z
h ∂ ψ ∂ ψ ∂ ψ − iEt / h
2 2 2 2
Eψ (x, y, z)e − iEt / h = − + + e + V (x, y, z, t)ψ (x, y, z)e − iEt / h
2 µ ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
h2 ∂ 2ψ ∂ 2ψ ∂ 2ψ
Eψ (x, y, z) = − 2 + 2 + 2 + V (x, y, z, t) ψ (x, y, z),
2µ ∂x ∂y ∂z
CEDERJ 85
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 1. Partícula livre e caixa de potencial tridimensional
h ∂ h2 ∂ 2 h2 ∂ 2
2 2
− + V1 (x) +
− + V2 (y) + − + V3 (z) ψ (x, y, z) = Eψ (x, y, z) .
2 µ ∂ x 2µ ∂ y 2µ ∂ z
2 2 2
86 CEDERJ
MÓDULO 1
17
h 1 d ψ 1 h2 1 d 2ψ 2 h2 1 d 2ψ 3
2 2
AULA
− + V1 (x) + − + V2 (y) + − + V3 (z) = E
2 µ ψ 1 dx 2 µ ψ 2 dy 2 µ ψ 3 dz
2 2 2
d 2ψ 2 h2 1 d 2ψ 3 (17.8)
+ V2 (y) + − + V3 (z) = E .
2 µ ψ 3 dz
2 2
2 dy
h2 d 2ψ 1
− + V1 (x)ψ 1 (x)= E1ψ 1 (x) , (17.9.a)
2 µ dx 2
h2 d 2ψ 2
− + V2 (y)ψ 2 (y)= E2ψ 2 (y) , (17.9.b)
2 µ dy 2
h2 d 2ψ 3
− + V3 (z)ψ 3 (z)= E3ψ 3 (z) , (17.9.c)
2 µ dz 2
CEDERJ 87
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 1. Partícula livre e caixa de potencial tridimensional
h2 d 2ψ 1
− = E1ψ 1 (x) , (17.11)
2 µ dx 2
rr
ψ (x, y, z) = Cei (k1x + k2 y + k3z) = Ceik.r , (17.13)
r
em que definimos o vetor de onda k = (k1, k2, k3), e o vetor posição da
r
partícula r = (x, y, z). Finalmente, da Equação (17.9.d) obtemos:
h2 h 2 k2 p2 , (17.14)
E = E1 + E2 + E3 =
2µ
( k12 + k2 2 + k32 ) =
2µ
=
2µ
ur r
onde p é o módulo do vetor momento p = hk .
88 CEDERJ
MÓDULO 1
!
17
∂
Operador momento linear, que em uma dimensão era , p = −i h
AULA
r r ∂x
passa a ser, em três dimensões, p = −i h∇ , onde r ∂ ∂ ∂
∇= xˆ + yˆ + zˆ ,
∂x ∂y ∂z
é o operador gradiente.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
{
= −i h ikxCe
i ( kx x + ky y + kz z )
xˆ + ikyCe
i ( kx x + ky y + kz z )
r
yˆ + ikzCe }
i ( kx x + ky y + kz z )
zˆ
= h ( kx xˆ + ky yˆ + kz zˆ )ψ (x, y, z) = hk ψ (x, y, z) ,
∫∫∫ ∫ ∫ ∫ dx dy dz = 1 .
2 2
ψ (x, y, z) dx dy dz = 1 ⇒ C (17.15)
−∞ −∞ −∞ −∞ −∞ −∞
CEDERJ 89
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 1. Partícula livre e caixa de potencial tridimensional
∞ ∞ ∞
L2 L2 L2 L2 L2 L2
1
∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫
2 2
ψ (x, y, z) dx dy dz = 1 ⇒ C dx dy dz = 1 ⇒ C =
( L)
3
−L 2 −L 2 −L 2 −L 2 −L 2 −L 2
L2 L2 L2 L2 L2 L2
1
∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫
2 2
ψ (x, y, z) dx dy dz = 1 ⇒ C dx dy dz = 1 ⇒ C = . (17.16)
( )
3
−L 2 −L 2 −L 2 −L 2 −L 2 −L 2 L
Chegamos, dessa maneira, ao valor de C que normaliza a função de
onda da partícula livre em três dimensões. Observamos que a escolha
da forma e do tamanho da caixa foram arbitrários, mas, como no caso
unidimensional, as propriedades da função de onda não dependem do
valor da constante C. Podemos, portanto, considerar que a função de
onda normalizada para a partícula livre movimentando-se em três
ur r
dimensões com momento p = hk é dada por:
rr
ψ (x, y, z) = L−3 / 2 eik.r . (17.17)
h2 ∂ 2ψ ∂ 2ψ ∂ 2ψ
− 2 + 2 + 2 = Eψ (x, y, z) , (17.18)
2µ ∂ x ∂y ∂z
90 CEDERJ
MÓDULO 1
mas agora temos de acrescentar a condição de que a função de onda
17
ψ(x, y, z) deve ser nula nas paredes (e também no espaço exterior à
AULA
caixa). Considerando a origem de coordenadas em uma das quinas da
caixa e, lembrando que ψ (x, y, z) = ψ 1 (x)ψ 2 (y)ψ 3 (z) , temos que, para
0≤ x ≤ L1, a função de onda ψ1(x) satisfaz a equação
h 2 d 2 ψ1
− =E1ψ1 (x) (17.19)
2 µ dx 2
h2 π2 n12
En1 = , n1 = 1, 2, 3,... . (17.20)
2 µ L12
1/ 2
8 πn πn πn
ψ n1n2 n3 (x, y, z) = sen 1 x sen 2 y sen 3 z . (17.22)
L1L2 L3 L1 L2 L3
π 2 h2 n12 n2 2 n32
En1n2 n3 = En1 + En2 + En3 = + + .
2 µ L12 L2 2 L32 . (17.23)
Vemos que, para valores diferentes dos lados L1, L2, L3 da caixa,
temos, em geral, que cada conjunto de valores dos números quânticos
n1, n2, n3 tem associado um único valor da energia En n n . Mais precisa-
1 2 3
CEDERJ 91
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 1. Partícula livre e caixa de potencial tridimensional
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
π 2 h2 3π 2 h2
2 (
mais baixa, que é igual a E111 = 1 + 1 + 4) = .
2µ L µ L2
π 2 h2 9π 2 h2
mesma energia E211 = E121 = ( 4 + 1 + 4 ) = ,
2 µ L2 2 µ L2
92 CEDERJ
MÓDULO 1
ATIVIDADES FINAIS
17
AULA
1. Obtenha a expressão para a densidade de corrente de probabilidade em três
dimensões, seguindo os mesmos passos que foram tomados em uma dimensão
na Aula 6 (Equações (6.16) a (6.20)).
RESPOSTA COMENTADA
r 2
∂ Ψ(r , t) ∂ r r ∂Ψ ∂ Ψ*
= Ψ* (r , t)Ψ(r , t) = Ψ* +Ψ .
∂t ∂t ∂t ∂t
r 2
∂ Ψ(r , t) ih ih r r r
= Ψ*∇ 2 Ψ − Ψ∇ 2 Ψ* = ∇ ⋅ Ψ*∇ Ψ − Ψ ∇ Ψ* ,
∂t 2m 2m
r r
onde, no último passo, usamos a identidade ∇ ⋅ ∇ Ψ = ∇ 2 Ψ (lembre-se:
r r r r
∇ ⋅ ν significa o divergente do vetor
∇ ⋅ ν ).
Note que essa equação pode ser escrita da seguinte forma:
r 2
∂ Ψ(r , t) r r
+∇⋅j = 0 ,
∂t
rr ih r r r r r r
j (r , t) = Ψ(r , t)∇ Ψ* (r , t) − Ψ* (r , t)∇ Ψ(r , t) .
2m
CEDERJ 93
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 1. Partícula livre e caixa de potencial tridimensional
RESPOSTA COMENTADA
rr
Partimos da função de onda (17.13): ψ(x, y, z) = Ce i (k1x + k2 y + k3z ) = Ce ik.r .
Para calcularmos a densidade de corrente de probabilidade, precisamos tomar o
gradiente de ψ e de sua complexa conjugada. Como vimos na Atividade 2 desta
aula, isso é equivalente a aplicar o operador momento, e o resultado é:
r r r r
∇ψ = ikψ , ∇ψ * = −ikψ *.
Substituindo esse resultado na expressão para a densidade de probabilidade
encontrada na atividade anterior, obtemos:
r r
r r 2hk r *r hk 2
j (r ) = ψ (r )ψ (r ) = C
2m m .
Compare essa expressão com a que foi obtida na Atividade 3 da Aula 7, para
o caso unidimensional. A generalização é imediata. Aqui também podemos
2
fazer analogia com o caso de um fluido de densidade C , movendo-se com a
r
r hk
velocidade de grupo da onda ν g = .
m
94 CEDERJ
MÓDULO 1
17
RESUMO
AULA
Embora a resolução da equação de Schrödinger no caso tridimensional seja
muito mais difícil do que no unidimensional (por se tratar de uma equação
em derivadas parciais), ela pode ser desenvolvida facilmente no caso em que
o potencial seja separável. No caso de uma partícula livre em três dimensões,
são obtidos resultados semelhantes ao do unidimensional, sendo os estados
r
quânticos da partícula caracterizados pelo vetor propagação k = (k1, k2, k3),
i (k1 x + k2 y + k3 z )
e dados explicitamente pelas funções de onda ψ (x, y, z) = Ce , com
energias E = h k / 2 µ . Se uma partícula se movimenta no interior de uma
2 2
CEDERJ 95
18
Separação da equação de
Schrödinger em coordenadas
cartesianas 2. Partícula numa
AULA
caixa cúbica e num potencial
harmônico tridimensional
Meta da aula
Resolver a equação de Schrödinger para o
caso de uma caixa cúbica e para o potencial
harmônico tridimensional, reduzindo este
problema ao já estudado em uma dimensão.
objetivos
Pré-requisitos
Para melhor compreensão desta aula, é preciso
que você reveja as Aulas 15 e 17 desta disciplina.
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 2. Partícula numa caixa cúbica e num
potencial harmônico tridimensional
A CAIXA CÚBICA
π 2 h 2 n12 n2 2 n32
En1n2 n3 = En1 + En2 + En3 = + + . (18.2)
2 µ L12 L2 2 L32
e
π 2 h2
En1n2 n3 =
2 µ L2
( n12 + n22 + n32 ) . (18.4)
98 CEDERJ
MÓDULO 1
Vemos que o estado de menor energia, o chamado estado
18
fundamental, corresponde aos valores n1 = n2 = n3 = 1 ou, se preferirmos,
AULA
utilizando a notação vetorial (n1, n2, n3), o estado fundamental é o estado
(1,1,1). A energia deste estado, pela Equação (18.4), é:
3π2 h2
E111 = . (18.5)
2 µ L2
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
CEDERJ 99
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 2. Partícula numa caixa cúbica e num
potencial harmônico tridimensional
ATIVIDADE
100 CEDERJ
MÓDULO 1
18
RESPOSTA COMENTADA
AULA
A expressão (18.2) torna-se
π 2 h2 2 n32 π 2 h2 2 n2
En1n2 n3 = n1 + n22 + = n + n22 + 3 .
2 1
2 µ L1
2
(1, 1) 2µ L1
2
1, 21
2 2 2
(
Em unidades de π h / 2 µ L1 , temos En1n2 n3 = n1 + n2 + 0, 83
2 2 2
. n3 . )
Sendo assim, os 3 níveis mais baixos são:
Primeiro nível: E = 2,83; estado (1,1,1); degenerescência = 1.
Segundo nível: E = 5,32; estado (1,1,2); degenerescência = 1.
Terceiro nível: E = 5,83; estados (2,1,1) e (1,2,1);
degenerescência = 2.
Apenas com estes três níveis, já podemos notar que a caixa
tetragonal tem níveis com menor degenerescência que a
caixa cúbica. No caso da caixa cúbica, o segundo nível tinha
degenerescência 3. Para a caixa tetragonal, vemos que esta
degenerescência tripla é quebrada: surge, em seu lugar, um nível
com degenerescência dupla e outro não degenerado.
1 1 1
V (x, y, z) = k1 x 2 + k2 y 2 + k3 z 2 , (18.6)
2 2 2
onde k1, k2, k3 são constantes. Perceba que este potencial é a soma de três
potenciais harmônicos nas três direções cartesianas, como se a partícula
estivesse ligada a três molas atuando nas três direções. Como sistema
mecânico, isto seria difícil de se realizar, mas, na verdade, o potencial
(18.6) é bem mais comum do que possa parecer. Você se lembra de quando
dissemos, na Aula 15, que o potencial harmônico era uma aproximação
para qualquer potencial em 1-D que tivesse um mínimo? Pois bem,
o mesmo acontece em 3-D: o potencial (18.6) é uma aproximação para
qualquer potencial que tenha um mínimo no espaço tridimensional!
CEDERJ 101
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 2. Partícula numa caixa cúbica e num
potencial harmônico tridimensional
1 1 1
se definirmos V1 ( x ) = k1 x 2 , V2 (y) = k2 y 2 ,V3 ( z ) = k3 x 2 .
2 2 2
h2 d 2ψ 1 1
− + k1 x 2ψ 1 (x) = E1ψ 1 (x) (18.9.a)
2 µ dx 2 2
h2 d 2ψ 2 1
− + k2 y 2ψ 2 (y) = E2ψ 2 (y) (18.9.b)
2 µ dy 2 2
h2 d 2ψ 3 1
− + k3 z 2ψ 3 (z) = E3ψ 3 (z) (18.9.c)
2 µ dz 2 2
E1 + E2 + E3 = E (18.9.d)
1 1 1
En1n2 n3 = (n1 + ) hω1 + (n2 + ) hω 2 + (n3 + ) hω3 , n1 , n2 , n3 = 0, 1, 2,... . , (18.10)
2 2 2
− (
1 2 2
α1 x +α 22 y 2 +α 32 z 2 )
ψ n1 n2 n3 (x, y, z) = Cn1 Cn2 Cn3 Hn1 (α1 x) Hn2 (α 2 y) Hn3 (α 3 z) e 2
, (18.11)
102 CEDERJ
MÓDULO 1
onde os H n (ξ) são os polinômios de Hermite, estudados na
18
Aula 15, α i = µωi / h , i = 1, 2, 3 , e os fatores de normalização Cn são
AULA
dados por
1/ 2
αi
Cni = , i = 1, 2, 3.
π 2ni n !
(18.12)
i
3
En1n2 n3 = (n1 + n2 + n3 + ) hω , n1 , n2 , n3 = 0, 1, 2,... , (18.13)
2
CEDERJ 103
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 2. Partícula numa caixa cúbica e num
potencial harmônico tridimensional
ATIVIDADE
RESPOSTA
3
Primeiro nível: E0 = hω ; estado (0,0,0); degenerescência = 1.
2
5
Segundo nível: E1 = hω ; estados (1,0,0), (0,1,0) e (0,0,1); degene-
2
rescência = 3.
7
Terceiro nível: E2 = hω ; estados (2,0,0), (0,2,0), (0,0,2), (1,1,0), (1,0,1)
2
e (0,1,1); degenerescência = 6.
9
Quarto nível: E3 = hω ; estados (3,0,0), (0,3,0), (0,0,3), (2,1,0), (1,2,0),
2
(2,0,1), (1,0,2), (0,1,2), (0,2,1) e (1,1,1); degenerescência = 10.
Quinto nível: E4 = 11 hω ; estados (4,0,0), (0,4,0), (0,0,4), (3,1,0), (1,3,0),
2
(3,0,1), (1,0,3), (0,1,3), (0,3,1), (2,2,0), (2,0,2), (0,2,2), (2,1,1), (1,2,1) e
(1,1,2); degenerescência = 15.
104 CEDERJ
MÓDULO 1
ATIVIDADES FINAIS
18
AULA
1. Vamos calcular a pressão exercida por um gás com 20 elétrons em uma caixa
cúbica de volume V. Este problema é semelhante ao que você resolveu nas
Atividades Finais da Aula 14, para o poço infinito. Como naquela ocasião, vamos
supor que a interação entre os elétrons seja fraca, de modo que eles sintam apenas
o potencial da caixa, como se estivessem isolados uns dos outros. Lembramos ainda
que o Princípio de Exclusão de Pauli permite apenas que 2 elétrons ocupem cada
estado quântico, cada um com uma orientação de spin.
RESPOSTA COMENTADA
π 2 h2 81π 2 h2
2× × ( 1 × 3 ) + ( 3 × 6 ) + ( 3 × 9 ) + ( 3 × 11) =
mV 2 3 ,
2mV 2 3
CEDERJ 105
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 2. Partícula numa caixa cúbica e num
potencial harmônico tridimensional
81π 2 h2 81π 2 h2
será E′ = = . No limite
m (V + ∆V ) mV 2 3 (1 + ∆V V )
2/3 2/3
54π 2 h2 ∆V
inicial: ∆E = E′ − E = − . Notamos, então, que a energia
mV 5 3
106 CEDERJ
MÓDULO 1
RESPOSTA COMENTADA
18
A partir da Equação (18.10), temos:
AULA
1
En1n2 n3 = ( n1 + n2 + 1) hω1 + n3 + hω3 = ( n1 + n2 + 1, 1n3 + 1,55) hω1
2
Assim, em unidades de hω1 , temos:
Primeiro nível: E = 1,55; estado (0,0,0); degenerescência = 1.
Segundo nível: E = 2,55; estados (1,0,0) e (0,1,0); degenerescência = 2.
Terceiro nível: E = 2,65; estado (0,0,1); degenerescência = 1.
Já podemos notar que a redução da simetria quebra a degenerescência do
segundo nível do oscilador harmônico isotrópico, que antes tinha energia
igual a 2,5 e era triplamente degenerado, em dois níveis com energias
5,55 (duplamente degenerado) e 2,65 (não degenerado).
RESUMO
CEDERJ 107
Introdução à Mecânica Quântica | Separação da equação de Schrödinger em coordenadas
cartesianas 2. Partícula numa caixa cúbica e num
potencial harmônico tridimensional
108 CEDERJ
19
AULA
O operador momento angular
Meta da aula
Introduzir o operador momento angular quântico.
objetivos
Pré-requisito
Para melhor compreender esta aula, é preciso que você
reveja a Aula 18 desta disciplina.
Introdução à Mecânica Quântica | O operador momento angular
rˆ r r
L = rˆ × pˆ , (19.1)
110 CEDERJ
MÓDULO 1
raio constante r e momento linear de módulo p, como mostrado na
19
Figura 19.1. Este problema também é conhecido como o rotor rígido, ou
AULA
seja, imagina-se a partícula presa a uma haste rígida de massa desprezível
e comprimento r. A partícula movimenta-se livremente ao longo do
círculo (em outras palavras, a energia potencial não depende do ângulo
ϕ, também mostrado na figura). Este problema é bastante parecido com
o de uma partícula livre em 1D e, portanto, é consideravelmente mais
simples que o problema de uma partícula em 3D sob ação de um potencial
central. No entanto, veremos que é possível obter alguns resultados
interessantes e que serão úteis em nossa análise posterior.
y
r
p
r
r
ϕ
x
r
Figura 19.1: Partícula em movimento circular de raio r e momento linear p . A linha
tracejada indica a onda de de Broglie associada ao movimento.
CEDERJ 111
Introdução à Mecânica Quântica | O operador momento angular
mh
p = h λ = hk = . (19.6)
r
Lz = mh (19.7)
112 CEDERJ
MÓDULO 1
Lz =
momento angular L̂z são iguais a mh, em que m é inteiro, com as auto-
19
funções (19.3) que podem ser escritas como
AULA
Φ m (ϕ ) = eimϕ , (19.8)
$ = −i h ∂
p (19.9)
∂s
µ z = −i h ∂
L (19.10)
∂ϕ
∂Φ m ∂ ( eimϕ )
L̂z Φ m (ϕ ) = −i h = −i h = mhΦ m (ϕ ) (19.11)
∂ϕ ∂ϕ
ATIVIDADE
________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
.
CEDERJ 113
Introdução à Mecânica Quântica | O operador momento angular
RESPOSTA COMENTADA
h2 m2
relação de quantização (19.5), obtemos E = . Esta expressão é,
2µ r 2
h2 m2
, em que I = µ r é o momento de inércia
2
às vezes, escrita como E =
2I
da partícula em relação à origem.
z r̂
ϕ̂
r
θ θˆ
y
x = r senθ cos ϕ
ϕ
x y = r senθ senϕ
z = r cosθ
114 CEDERJ
MÓDULO 1
Sendo assim, será necessário expressar o operador gradiente em
19
coordenadas esféricas:
AULA
r ∂ 1 ∂ 1 ∂
∇ = rˆ + θˆ + ϕˆ . (19.13)
∂r r ∂θ r senθ ∂ϕ
rˆ ∂ 1 ∂
L = − i h ϕˆ − θˆ , (19.14)
∂θ senθ ∂ϕ
∂ ∂
Lˆ x = i h sen ϕ + cot θ cos ϕ
∂θ ∂ϕ (19.15)
∂ ∂
Lˆ y = i h − cos ϕ + cot θ senϕ
∂θ ∂ϕ
∂ .
L̂z = −i h
∂ϕ
∂
Em particular, note que L̂z = −i h na descrição puramente
∂ϕ
quântica, confirmando a Equação (19.10), com autofunções
Lz = mh .
Φ m (ϕ) = eimϕ e autovalores
ATIVIDADE
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
__________________________________________________________________
CEDERJ 115
Introdução à Mecânica Quântica | O operador momento angular
RESPOSTA COMENTADA
∂ cosθ cos ϕ ∂
Lˆ x = −i h −sen ϕ −
∂θ sen θ ∂ϕ
∂ cosθ sen ϕ ∂ ,
Lˆ y = −i h cos ϕ −
∂θ sen θ ∂ϕ
1 ∂
L̂z = i h ( − senθ )
senθ ∂ϕ
ou seja, ∂ ∂
Lˆ x = i h sen ϕ + cot θ cos ϕ
∂θ ∂ϕ
∂ ∂ ,
Lˆ y = i h − cos ϕ + cot θ senϕ
∂θ ∂ϕ
∂ ,
L̂z = −i h
∂ϕ
!
É importante enfatizar que, em um potencial central, não
há nada que privilegie a direção z em relação às demais.
Por convenção e por conveniências matemáticas, escolhe-
se trabalhar com autofunções de L̂z em detrimento das
demais componentes. Diz-se então que o eixo z é o eixo
de quantização do sistema. Mas, em termos físicos, seria
igualmente válido usar os eixos x, y, ou qualquer outro,
como eixo de quantização.
116 CEDERJ
MÓDULO 1
No entanto, é possível ter autofunções simultâneas de L̂z e do
19
operador L̂2, definido por
AULA
1 ∂ ∂ 1 ∂2
Lˆ 2 = Lˆ 2x + Lˆ 2y + Lˆ 2z = −h2 sen θ + . (19.16)
sen θ ∂θ ∂θ sen2θ ∂ϕ 2
m2 Θlm (θ ) 1 d d Θlm (θ )
− + sen θ = l (l + 1)Θlm (θ ) . (19.20)
sen θ
2
senθ dθ dθ
CEDERJ 117
Introdução à Mecânica Quântica | O operador momento angular
2π π
l m Ylm (θ )
1/ 2
1
0 0 Y00 =
4π
1/ 2
3
1 0 Y10 = cosθ
4π
1/ 2
3
1 ±1 Y1±1 = m senθ e ± iϕ
8π
1/ 2
5
2 0 Y20 =
16π
( 3 cos 2
θ − 1)
1/ 2
15
2 ±1 Y2 ±1 = m senθ cosθ e ± iϕ
8π
1/ 2
15
2 ±2 Y2 ± 2 = sen2θ e±2iϕ
32π
1/ 2
7
3 0 Y30 =
16π
( 5 cos θ − 3 cosθ )
3
1/ 2
21
3 ±1 Y3±1 = m seenθ ( 5 cos2 θ − 1) e ± iϕ
64π
1/ 2
105
3 ±2 Y3± 2 = sen2θ cosθ e ±2iϕ
32π
1/ 2
35
3 ±3 Y3± 3 = m sen3θ e ±3iϕ
64π
118 CEDERJ
MÓDULO 1
Vamos agora analisar a distribuição angular da densidade de
19
probabilidade associada a estas funções. Esta pode ser obtida pela
AULA
seguinte equação em coordenadas esféricas:
2
rlm (θ , ϕ ) = Ylm* (θ , ϕ )Ylm (θ , ϕ ) = Ylm (θ , ϕ ) . (19.24)
|Y00|2
y
CEDERJ 119
Introdução à Mecânica Quântica | O operador momento angular
|Y10|2
y
|Y11|2 = |Y1–1|2
y
120 CEDERJ
MÓDULO 1
Como último exemplo, vamos apresentar a densidade de proba-
19
bilidade associada aos harmônicos esféricos com l = 2: Y22, Y21, Y20,
AULA
= ( 5 16π ) ( 3 cos2 θ − 1) ,
2 2
Y2-1 e Y2-2. Pela Tabela 19.1, temos Y20 (θ , ϕ )
Y22 (θ , ϕ ) 2 = Y2 − 2 (θ , ϕ ) = (15 32π ) sen4θ
2
Y21 (θ , ϕ ) 2 = Y2 −1 (θ , ϕ ) = (15 8π ) sen2θ cos2 θ e
2
= Y2 − 2 (θ , ϕ ) = (15 32
. π ) sen4θ . Os gráficos correspondentes estão mos-
2
Y22 (θ , ϕ ) 2
|Y20|2
y
|Y21|2 = |Y2–1|2
y
|Y22|2 = |Y2–2|2
y
CEDERJ 121
Introdução à Mecânica Quântica | O operador momento angular
L̂z
2h
−h L
−h
2h
l=2
122 CEDERJ
MÓDULO 1
ATIVIDADES FINAIS
19
AULA
1. Mostre que os harmônicos esféricos Y00, Y11, Y10 e Y1–1 são autofunções dos
Lz = mh e h2 l (l + 1), respectivamente.
operadores L̂z e L̂2 com autovalores
RESPOSTA COMENTADA
• l = 1 e m = 1:
∂ 3 3 1 2
12
iϕ iϕ
L̂zY11 = −i h
− sen θ e = h − senθ e = hY11
∂ϕ 8π 8π
1 ∂2 3
12
1 ∂ ∂
Lˆ 2Y11 = −h2 senθ + 2 − iϕ
senθ e
senθ ∂θ ∂θ sen θ ∂ϕ 8π
2
12
3 iϕ 1 d d senθ senθ d e
2 iϕ
= h2 e senθ + 2
8π senθ dθ dθ sen θ dϕ
2
12 12
3 1 d 1 3 cos2 θ − sen2θ − 1
= h2 eiϕ ( senθ cos θ ) − = h2 eiϕ
8π senθ dθ senθ 8π senθ
3 1 2
= h − 2 senθ eiϕ = 2h2Y11
2
8π
CEDERJ 123
Introdução à Mecânica Quântica | O operador momento angular
• l = 1 e m = 0:
∂ 3
12
Lˆ zY10 = −i h cosθ = 0 = 0 × Y10
∂ϕ 4π
1 ∂ 2 3
12
ˆ 2 1 ∂ ∂
L Y10 = −h sen θ + cosθ
2
sen θ ∂θ ∂θ sen2θ ∂ϕ 2 4π
12 12
3 1 d d cosθ 2 3 1 d
= −h 2
4π
sen θ = −h − ( sen2θ )
senθ dθ dθ 4π sen θ dθ
12
3 2 sen θ cosθ
= h2 = 2h Y10
2
4π s en θ
• l = 1 e m = -1:
∂ 3 3 1 2
12
− iϕ − iϕ
L̂zY1−1 = −i h
sen θ e = h − senθ e = −hY1−1
∂ϕ 8π 8π
1 ∂ 2 3
12
1 ∂ ∂
Lˆ 2Y1−1 = −h2 sen θ +
2
− iϕ
senθ e
senθ ∂θ ∂θ sen θ ∂ϕ 8π
2
12
3 − iϕ 1 d d senθ senθ d e
2 − iϕ
= −h2 e senθ + 2
8π senθ dθ dθ sen θ dϕ
2
12 12
3 1 d 1 3 cos2 θ − sen2θ − 1
= −h2 e − iϕ ( senθ cosθ ) − = −h2 e − iϕ
8π senθ dθ senθ 8π senθ
3 1 2
= h 2 senθ e − iϕ = 2h2Y1−1
2
8π
124 CEDERJ
MÓDULO 1
2. Vimos que o harmônico esférico Y10 é orientado ao longo do eixo z. Neste
19
exercício, veremos que é possível construir funções análogas orientadas ao longo
AULA
dos eixos x e y.
(a) Mostre que o harmônico esférico Y10 pode ser escrito como
z.
Y10 = Y1z = ( 3 4π )
12
r
(b) Usando combinações lineares dos demais harmônicos esféricos com l = 1,
construa as funções Y1x e Y1y , orientadas ao longo de x e y, respectivamente.
RESPOSTA COMENTADA
z
(a) Basta notar que z = r cosθ , portanto, Y10 = ( 3 4π ) cosθ = ( 3 4π )
12 12
.
r
x
(b) Por analogia com a função Y1z , buscamos as funções Y1x = ( 3 4π )
12
e
r
y
Y1y = ( 3 4π )
12
. Usando as expressões da Tabela 19.1, as Equações (19.12)
r
eiϕ + e − iϕ eiϕ − e − iϕ
e as identidades cos ϕ = e sen ϕ = , chegamos aos resultados
2 2i
x eiϕ + e − iϕ
Y1x = ( 3 4π ) = ( 3 4π ) sen θ cos ϕ = ( 3 4π ) sen θ
12 12 12
r 2
Y1−1 − Y11
Y1x =
2
y eiϕ − e − iϕ
Y1y = ( 3 4π ) = ( 3 4π ) sen θ senϕ = ( 3 4π ) sen θ
12 12 12
r 2i
−Y1−1 − Y11
Y1y =
2i
CEDERJ 125
Introdução à Mecânica Quântica | O operador momento angular
RESUMO
126 CEDERJ
20
AULA
O átomo de hidrogênio
Meta da aula
Aplicar o método de separação da equação de Schrödinger
em coordenadas esféricas ao caso de átomos com um
único elétron, tais como o átomo de hidrogênio.
objetivos
Pré-requisitos
Para melhor compreender esta aula, é preciso que você
reveja a Aula 19 desta disciplina e a discussão sobre o
modelo de Bohr na Aula 9 da disciplina de Física 4B.
Introdução à Mecânica Quântica | O átomo de hidrogênio
−Ze 2 . (20.1)
V (r) =
4πε 0 r
h2 2 Ze 2
− ∇ψ − ψ = Eψ , (20.2)
2µ 4πε 0 r
128 CEDERJ
MÓDULO 1
20
Outros exemplos de átomos de um único elétron são o dêuteron ÉXCITONS
(cujo núcleo é composto por um próton e um nêutron), o trítio
AULA
Quando fazemos incidir luz
(um próton e dois nêutrons) e o íon de He+ (dois prótons e dois em um sólido, sob certas
nêutrons). Além disso, há outros sistemas não-atômicos que condições, é possível levar
também são descritos pela Equação (20.2). Esses sistemas são
um elétron a um estado
conhecidos como “sistemas hidrogenóides”. Um exemplo bem
excitado. Curiosamente,
conhecido é o positrônio, formado por um elétron e sua anti-
o “buraco” (ausência do
partícula, o pósitron (que tem a mesma massa que o elétron,
elétron) deixado no nível
porém carga oposta). Em Física da Matéria Condensada, há sistemas
fundamental atua como
ainda mais complexos (impurezas hidrogenóides e ÉXCITONS, por
uma carga positiva efetiva,
exemplo) que podem, dentro de certas aproximações, ser descritos
que pode atrair o elétron
pela Equação (20.2). Daí a imensa importância do estudo do átomo
de hidrogênio na Física. pela interação coulombiana,
formando um sistema
hidrogenóide. Um éxciton
é precisamente isto: um
“átomo de hidrogênio”
formado pela ligação de um
elétron excitado (negativo)
com o buraco (positivo) que
ele deixou no espectro
de energias.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
m ( m + mproton + mneutron ) 2M
^
∆mtritio m m
= ≈ = 1, 82 × 10−4
m ( m + mproton + 2mneutron )
^ 3M
∆mHe+ m m
= ≈ = 1, 36 × 10−4
m ( m + 2 m proton + 2 mneutron )
^ 4 M
∆mpositronio
^ m
= = 0, 5
m (m + m)
CEDERJ 129
Introdução à Mecânica Quântica | O átomo de hidrogênio
1 ∂ 2 ∂ψ 1 ∂ ∂ψ 1 ∂ 2ψ
∇ 2ψ = r + 2 senθ + 2 2 (20.3)
r ∂ r ∂ r r sen θ ∂θ
2
∂θ r sen θ ∂ϕ 2
h2 R(r) Θ (θ ) Φ (ϕ ) , (20.7)
−
2µ r 2 sen2θ
130 CEDERJ
MÓDULO 1
Isolando o termo na variável ϕ do lado direito, obtemos:
20
sen2θ d 2 dR(r) senθ d d Θ (θ ) 2 µ 2 2
AULA
r + sen θ + r sen θ [ E − V (r)]
R(r) dr dr Θ (θ ) d θ dθ h2
(20.9)
1 d 2 Φ (ϕ )
=− .
Φ(ϕ ) dϕ 2
(θ ) dθ dθ h
A primeira dessas equações tem como solução particular
Φ m (ϕ ) = eimϕ , (20.11)
1 d 2 dR(r) 2µ 2 m2 1 d d Θ(θ )
r + r [ E − V (r )] = − senθ
R(r) dr dr h
2
sen θ Θ (θ ) senθ dθ
2
dθ
CEDERJ 131
Introdução à Mecânica Quântica | O átomo de hidrogênio
m2 Θ (θ ) 1 d d Θ (θ )
− senθ = l (l + 1) Θ (θ ) (20.12)
sen2θ senθ dθ dθ
1 d 2 dR(r) 2 µ R(r)
r + [ E − V (r)] R(r) = l (l + 1) 2
r 2 dr dr h2 r
!
Você deve estar percebendo melhor agora a importância do estudo
do momento angular quântico, realizado na aula passada, e a relação
daquele estudo com o problema do potencial central. A Equação
(20.14) deixa claro que a parte angular da função de onda consiste
nos harmônicos esféricos, autofunções dos operadores L̂z e L̂2 . Assim,
as autofunções da Hamiltoniana do átomo de hidrogênio também
serão autofunções desses operadores. Repare que não usamos ainda a
Equação (20.1), de modo que o resultado (20.14) vale não apenas para
o átomo de hidrogênio, mas para qualquer potencial central! A forma
específica do potencial V(r) terá influência apenas sobre a parte radial
da função de onda, R(r), e não sobre a parte angular.
132 CEDERJ
MÓDULO 1
RESOLUÇÃO DA EQUAÇÃO RADIAL
20
AULA
Resta-nos, portanto, concentrar nossa análise na equação diferencial
para a coordenada radial que, a partir de (20.12), é escrita na forma:
1 d 2 dR(r) 2 µ Ze 2 R(r)
r + 2 E + R(r) = l (l + 1) 2 (20.15)
2
r dr dr h 4πε 0 r r
d 2 uEl (r) 2 µ Ze 2 h2 l (l + 1)
+ E + − uEl (r) = 0 . (20.17)
dr 2 h2 4πε 0 r 2µ r 2
L2
termo extra com a “barreira centrífuga” que vimos na Mecânica
2µ r 2
CEDERJ 133
Introdução à Mecânica Quântica | O átomo de hidrogênio
h2 l (l + 1)
V centrífugo =
Vcentrifugo
2µ r 2
Ze 2
VCoulomb = −
4πε 0 r
Figura 20.1: Energia potencial efetiva para a coordenada radial, resultante da soma
do potencial coulombiano com o potencial centrífugo.
2Z 4πε 0 h2
em que ρ = r é a coordenada radial renormalizada e a = é
na µ e2
134 CEDERJ
MÓDULO 1
é um inteiro positivo (n = 1, 2, 3, ...) conhecido como número quântico
20
principal, que está relacionado à energia E, como veremos a seguir.
AULA
As funções Lnl (ρ) são polinômios de grau (n – l – 1), conhecidos como
polinômios de Laguerre associados.
l = 0, 1, 2, ... , n – 1 . (20.20)
n −1
∑ (2l + 1) = n .
l =0
2
(20.21)
CEDERJ 135
Introdução à Mecânica Quântica | O átomo de hidrogênio
Z2
En = −13, 6 eV . (20.22)
n2
136 CEDERJ
MÓDULO 1
E (eV)
20
l=0 l=1 l=2
0
AULA
– 1,51 (1) 3s (3) 3p (5) l
3d
(1)
– 13,6 1s
Tabela 20.1: Notação espectroscópica usual, em que os níveis de energia são descritos
por dois símbolos. O primeiro é número quântico principal, n, o segundo, uma letra
que indica o valor do número quântico de momento angular orbital l
Valor de l 0 1 2 3 4 5 ...
Código
s p d f g h ...
espectroscópico
CEDERJ 137
Introdução à Mecânica Quântica | O átomo de hidrogênio
2 Z3
ψ n00 (0) = .
π a3 n 3
n l m ψ nlm (r,θ , ϕ )
3/ 2
1 Z
1 0 0 ψ 100 = e − Zr / a
πa
3/ 2
1 Z Zr − Zr / 2 a
2 0 0 ψ 200 = 2 − e
32π a a
3/ 2
1 Z Zr − Zr / 2 a
2 1 0 ψ 210 = e cosθ
32π a a
3/ 2
1Z Zr − Zr / 2 a
2 1 ±1 ψ 21±1 = e sen θ e ± iϕ
64π a a
1 Z
3/ 2
Zr Zr − Zr / 3a
2
3 0 0 ψ 300 = 27 − 18 + e
81 3π a a a
3/ 2
2 Z Zr Zr − Zr / 3a
3 1 0 ψ 310 = 6 − e cosθ
81 π a a a
3/ 2
1 Z Zr Zr − Zr / 3a
3 1 ±1 ψ 31±1 = 6 − e sen θ e ± iϕ
81 π a a a
3/ 2 2
1 Z Zr − Zr / 3a
3 2 0 ψ 320 =
81 6π a
a
e ( 3 cos2 θ − 1)
3/ 2 2
1 Z Zr − Zr / 3a
3 2 ±1 ψ 32 ±1 = e senθ cosθ e ± iϕ
81 π a a
3/ 2 2
1
Z Zr − Zr / 3a 2 ± 2iϕ
3 2 ±2 ψ 32 ± 2 = e sen θ e
162 π a a
138 CEDERJ
MÓDULO 1
As constantes diante de cada autofunção da Tabela 20.2 foram
20
determinadas de maneira que elas sejam normalizadas, ou seja, para
AULA
que a integral sobre todo o espaço do módulo ao quadrado de cada
autofunção seja igual a 1. Em coordenadas esféricas,
∞ π 2π
∫ dϕ ψ ( r,θ ,ϕ )
2
∫ r dr ∫ senθ dθ = 1,
2
nlm (20.24)
0 0 0
2
Pnl (r) = Rnl (r) r 2 . (20.25)
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
de raios r e r + dr:
r + dr π 2π r + dr π 2π
CEDERJ 139
Introdução à Mecânica Quântica | O átomo de hidrogênio
140 CEDERJ
MÓDULO 1
20
0,5
AULA
0,4
0,3
n=1
0,2 n=0
0,1
0
5 10
0,2
n = 2, l = 0
0,1
0
5 10 15
0,2
0,1 n = 2, l = 1
Pnl (r)
0
Z / ao 10 15
0,1
n = 3, l = 0
0
5 10 15 20
0,1
n = 3, l = 0
0
5 10 15 20 25
0,1
n = 3, l = 1
0
5 10 15 20 25
r
ao / Z
Figura 20.3: Densidade de probabilidade radial para os estados 1s, 2s, 2p, 3s, 3p
e 3d do átomo de hidrogênio.
CEDERJ 141
Introdução à Mecânica Quântica | O átomo de hidrogênio
142 CEDERJ
MÓDULO 1
as partículas microscópicas possuem, e diferentemente do momento
20
angular orbital (estudado na aula passada) não possui uma analogia
AULA
na Física Clássica. Além disso, a teoria de Dirac previu a existência
da antimatéria, que depois foi verificada experimentalmente. Segundo
Dirac, cada partícula possuiria uma antipartícula correspondente, com
a mesma massa, porém com carga oposta.
2. A descrição da constituição da matéria em dimensões menores
que a do átomo, através do entendimento do núcleo atômico e das
partículas elementares, só pôde ser feita dentro do contexto da Mecânica
Quântica. Este conhecimento, que ainda é incompleto até os dias de
hoje, produziu efeitos marcantes para a sociedade como um todo e para
o entendimento mais fundamental da matéria e do universo. Nas áreas
da Física Nuclear e da Física de Partículas Elementares, cientistas do
mundo inteiro continuam avançando a fronteira de nosso conhecimento
nesses assuntos.
3. Mesmo se nos restringirmos à equação de Schrödinger, que é
consideravelmente mais simples que a de Dirac, sistemas com duas ou
mais partículas quânticas (como o átomo de hélio, por exemplo) não
podem ser resolvidos exatamente. Porém, isso não impediu que enormes
avanços fossem realizados no estudo de átomos de muitos elétrons e de
moléculas, utilizando-se métodos aproximados. Entre outras conquistas
nesta área, o uso da Mecânica Quântica possibilitou o entendimento das
ligações químicas em moléculas, causando uma revolução na Química.
Estes avanços deram origem às áreas conhecidas hoje em dia como Física
Atômica e Molecular e Química Quântica.
4. O entendimento dos materiais sólidos, sistemas ainda mais
complicados que as moléculas, contendo um número da ordem de 1023
partículas quânticas, também se beneficiou enormemente do surgimento
da Mecânica Quântica. Questões corriqueiras, como “por que alguns
materiais conduzem eletricidade e outros não?”, só podem ser entendidas
com base na teoria quântica. A área conhecida como Física da Matéria
Condensada lida com esses sistemas, e seus avanços revolucionaram
a humanidade por meio do desenvolvimento dos computadores,
entre outras coisas.
CEDERJ 143
Introdução à Mecânica Quântica | O átomo de hidrogênio
ATIVIDADE FINAL
RESPOSTA COMENTADA
P10 ( r ) = r 2 R10 ( r ) = r 2 e −2 r a ,
2
144 CEDERJ
MÓDULO 1
20
RESUMO
AULA
No caso de uma partícula que se movimenta sob o efeito de um potencial central
Coulombiano, o átomo de um único elétron, as soluções ligadas da equação de
Schrödinger têm a forma de um produto de uma função radial por um harmônico
esférico. As funções radiais são da forma de um produto de um polinômio em r e
uma exponencial, também em r. Elas são caracterizadas por três números quânticos,
n, l, m, onde n é o número quântico principal e determina a energia de ligação do
sistema. Cada nível de energia, caracterizado pelo número quântico n, é n2-vezes
degenerado. Os valores desses níveis de energia coincidem com os encontrados
com o modelo de Bohr.
CEDERJ 145
21
AULA
Exercícios
Meta da aula
Aplicar o formalismo quântico estudado neste módulo à
resolução de uma série de exercícios.
Pré-requisito
Ter completado o estudo dos assuntos indicados no encabeçamento de
cada grupo de exercícios.
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
r eikr
(a) Para verificar se a função de onda ψ (r ) = é autofunção da
r
148 CEDERJ
MÓDULO 1
(c) Vemos que a função de onda representa uma onda esférica, podendo
21
então representar partículas quânticas emergentes de uma fonte pontual.
AULA
Tais funções de onda são muito úteis em problemas de espalhamento, por
exemplo. Como a onda esférica se propaga em todas as direções a partir da
fonte, a função de onda não tem um vetor momento linear bem definido.
RESPOSTA COMENTADA
CEDERJ 149
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
∂ ∂ ∂ ∂
( )
(b) px , py f = px py − py px f = − i h − ih − − ih − ih f
∂x ∂y ∂y ∂x
∂2 f ∂2 f
= − h2 − = 0 .
∂x∂y ∂y∂x
(c) [ px , x ] f = − i h ∂ , x f = − i h ∂ ( xf ) − x ∂f = − i h x ∂f + f − x ∂f = − i hf
∂x ∂x ∂x ∂x ∂x
150 CEDERJ
MÓDULO 1
De modo que [ px , x ] = − i h .
21
AULA
(d) Lx , Ly f = ypz − zpy , zpx − xpz f =
= ( ypz zpx − ypz xpz − zpy zpx + zpy xpz − zpx ypz + zpx zpy + xpz ypz − xpz zpy ) f
= ( ypz zpx − yxpz pz − z 2 py px + zxpy pz − zypx pz + z 2 px py + xypz pz − xpz zpy ) f
= ( ypz zpx − z 2 py px + zxpy pz − zypx pz + z 2 px py − xpz zpy ) f
(
= ypz zpx − z 2 py , px + zxpy pz − zypx pz − xpz zpy f )
= ( ypz zpx + zxpy pz − zypx pz − xpz zpy ) f
∂ ∂f ∂2 f ∂2 f ∂ ∂f
= − h2 y z + zx − zy − x z
∂z ∂x ∂y∂z ∂x∂z ∂z ∂y
∂f ∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂f ∂2 f
= − h2 y + yz + zx − zy − x − xz
∂x ∂x∂z ∂y∂z ∂x∂z ∂y ∂y∂z
∂f ∂f
= − h2 y − x = i h ( xpy − ypx ) = i hLz
∂x ∂y
CEDERJ 151
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
Lˆ z = ∫ d Ω Y1*x Lˆ z Y1x ,
Y1 x
Lˆ z
Y1 x
= −h ( ∫ dΩ )
Y1*−1Y1−1 − ∫ dΩ Y11* Y11 = 0 .
152 CEDERJ
MÓDULO 1
(a) Lembrando que x = r cosθ e y = r senθ, mostre que
21
∂ 2ψ ∂ 2ψ ∂ 2ψ 1 ∂ψ 1 ∂ 2ψ
AULA
+ = 2 + +
∂x 2 ∂y 2 ∂r r ∂r r 2 ∂θ 2 .
RESPOSTA COMENTADA
CEDERJ 153
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
∂2 ∂ senθ ∂ ∂ senθ ∂
= cosθ − cosθ −
∂x 2
∂r r ∂θ ∂r r ∂θ
∂ 2 cosθ senθ ∂ cosθ senθ ∂ 2
= cos2 θ 2 + −
∂r r2 ∂θ r ∂ r∂θ
senθ ∂ senθ ∂2 senθ ∂ sen2θ ∂ 2
+ senθ − cosθ + 2 cosθ + 2
r ∂r r ∂r∂θ r ∂θ r ∂θ 2
∂ 2
2 senθ cosθ ∂ 2 senθ cosθ ∂ 2
sen2θ ∂ sen2θ ∂ 2
= cos2 θ 2 + − + + 2
∂r r2 ∂θ r ∂ r∂θ r ∂r r ∂θ 2
∂2 ∂ cosθ ∂ ∂ cosθ ∂
= senθ + senθ +
∂y 2
∂r r ∂θ ∂r r ∂θ
∂ 2 senθ cosθ ∂ senθ cosθ ∂ 2
= sen2θ − +
∂r 2 r2 ∂θ r ∂ r∂θ
cos2 θ ∂ senθ cosθ ∂ 2 senθ cosθ ∂ cos2 θ ∂ 2
+ + − +
r ∂r r ∂ r ∂θ r2 ∂θ r 2 ∂θ 2
∂ 2 2 senθ cosθ ∂ 2ssenθ cosθ ∂ 2 cos2 θ ∂ cos2 θ ∂ 2
= sen2θ − + + +
∂r 2 r2 ∂θ r ∂r∂θ r ∂r r 2 ∂θ 2
h2 2
− ∇ ψ + V (r)ψ = Eψ
2µ
h2 ∂ 2ψ 1 ∂ψ 1 ∂ 2ψ
− + + + V (r)ψ = Eψ
2 µ ∂ r 2 r ∂ r r 2 ∂θ 2
∂ 2ψ 1 ∂ψ 1 ∂ 2ψ 2 µ
2 + + + [ E − V (r)]ψ = 0
∂r r ∂ r r 2 ∂θ 2 h2
154 CEDERJ
MÓDULO 1
Propomos uma solução do tipo ψ (r, θ ) = f (r) Θ (θ ) . Substituindo na
21
equação anterior, obtemos
AULA
d 2 f Θ df f d 2 Θ 2 µ
Θ 2 + + + [ E − V (r)] f Θ = 0 .
dr r dr r 2 dθ 2 h2
Dividindo a equação por ψ (r, θ ) = f (r) Θ (θ ) , temos:
1 d 2 f 1 df 1 d 2 Θ 2µ
+ + + [ E − V (r)] = 0
f dr
2
rf dr r 2 Θ dθ 2 h2
1 d 2 f 1 df 2 µ 1 d2Θ
+ + [ E − V (r )] = −
f dr 2 rf dr h2 r 2 Θ dθ 2
r 2 d 2 f r df 2 µ r 2 1 d2Θ
+ + [ E − V (r )] = −
f dr 2 f dr h2 Θ dθ 2
Ze 2
(c) Usando m = 0 e V (r) = − na equação para f(r), temos:
4πε 0 r
d 2 f 1 df 2 µ Ze 2
+ + E + f (r) = 0
dr 2 r dr h2 4πε 0 r
−r a
Propomos a solução f (r) = Ae . Tomando as derivadas:
df A
= − e−r a .
dr a
d2f A −r a
= e
dr 2 a2
CEDERJ 155
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
Substituindo na equação:
A − r a A − r a 2µ Ze 2 − r a
e − e + E + Ae =0
a2 ar h2 4π ε 0 r
1 1 2µ Ze 2
− + E + =0
a2 ar h2 4π ε 0 r
Para que a última equação seja válida para todo r, devemos ter:
1 2µ E
+ 2 =0
a2 h ,
1 2 µ Ze 2
− + 2 =0
a h 4π ε 0
que nos dá
2π ε 0 h2
a=
Zµ e2
h2 Z2 µ e4
E=− = 2 2 2 .
2µ a 2
8π ε 0 h
156 CEDERJ
MÓDULO 1
RESPOSTA COMENTADA
21
(a) Sabemos que as funções de onda ψ nlm (r,θ , ϕ ) são autofunções de
AULA
2
µ e 2 1 ), 2 (autovalores h2 l (l + 1) )
Ĥ (autovalores En = − L̂
2h2 4π ε 0 h n 2
• Lˆ 2 [ aψ nlm + bψ n′l ′m′ ] = h2 [ al(l + 1)ψ nlm + bl ′(l ′ + 1)ψ n′l ′m′ ]
(c) Para que isso ocorra, temos que ter uma superposição com n = n′ e
m = m’, porém com l ≠ l ′ . Assim, ψ ( r,θ , ϕ ) = aψ nlm ( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ )
( r,θ , ϕ ) + bψ nlm′ ( r,θ , ϕ ) . Note que, para que isso seja possível, m ≤ l, l ’ .
CEDERJ 157
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
1
ψ 100 (r,θ , ϕ ) = e−r a
a 32
π
O valor esperado de r é
2π π ∞
r = ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r ψ 100 (r,θ ,ϕ) rψ 100 (r,θ ,ϕ)
2 *
0 0 0
2π π ∞ ∞
1 4
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r e = a3 ∫0
3 − 2r a
= dr r 3e − 2 r a
a3π 0 0 0
4
4 6a 3
= 3
= a
a 16 2
Já o valor esperado de r2 é dado por
2π π ∞
r2 = ∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r ψ 100 (r,θ ,ϕ) r ψ 100 (r,θ ,ϕ)
2 * 2
0 0 0
2π π ∞ ∞
1 4
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r e = 3 ∫
4 − 2r a
= dr r 4 e − 2 r a
a3π 0 0 0
a 0
5
4 24a
= = 3a2
a3 32
Ambos os resultados reforçam a idéia de que o raio de Bohr é uma boa
medida do tamanho do átomo de hidrogênio.
x = ∫ d 3r x ψ 100 (r,θ , ϕ ) = 0 ,
2
2
pois o produto x ψ 100 (r,θ , ϕ ) será também uma função ímpar, cuja
integal no espaço todo é nula.
Para calcular o valor esperado de x2, podemos novamente usar a
propriedade de simetria esférica do estado 1s, que nos leva ao seguinte
resultado:
r2
x 2
= y 2
= z 2
= .
3
158 CEDERJ
MÓDULO 1
21
1 1 r
ψ 211 (r,θ , ϕ ) = 32
senθ e − r 2 a eiϕ
64π a a
AULA
Sabendo que x = r senθ cos ϕ , podemos calcular o valor de <x2>:
2π π ∞
0 0 0
2π π ∞
1
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r sen θ cos ϕ e
−r a
= 6 2 2
64a5π 0 0 0
2π π ∞
1
∫ dϕ cos ϕ ∫ dθ sen θ ∫ dr r e
6 −r a
= 2 3
64a5π 0 0 0
1 4
= × π × × 720a7 = 15a2
64a π
5
3
CEDERJ 159
Introdução à Mecânica Quântica | Exercícios
RESPOSTA COMENTADA
0 0 0
2π π R R
1 4
∫ dϕ ∫ dθ senθ ∫ dr r e 3 ∫
2 −2r a
= = dr r 2 e − 2 r a
a3π 0 0 0 a 0
4 a −2 R a 2 a 2 a3 −2 R a 2R
2
2R
= 3 − e R + aR + + = 1 − e 2
+ + 1
a 2 2 4 a a
x 2 x3
lembramos que e x ≈ 1 + x + + + O (x 4 ) , de modo que
2 6
2R2 2R 2R 2R2 4R3 2R2 2R 4R3
P = 1 − e −2 R a 2 + + 1 ≈ 1 − 1 − + 2 − 3 . 2 + + 1 = 3
a a a a 3a a a 3a
4 2 4 1 4R3
P= π R3 ψ 100 (0) = π R3 × 3 = 3 ,
3 3 πa 3a
160 CEDERJ
Introdução à Mecânica Quântica
Referências
Aulas 11 a 19
EISBERG, Robert; RESNICK, Robert. Física quântica : átomos, moléculas, sólidos, núcleos
e partículas. 4. ed. rio de Janeiro: Campus, 1986.
Aula 20
EISBERG, Robert; RESNICK, Robert. Física quântica : átomos, moléculas, sólidos, núcleos
e partículas. 4. ed. rio de Janeiro: Campus, 1986.
PIZA, Antonio Fernando Ribeiro de Toledo. Mecânica quântica. São Paulo: EDUSP,
2003.
Aula 21
EISBERG, Robert; RESNICK, Robert. Física quântica : átomos, moléculas, sólidos, núcleos
e partículas. 4. ed. rio de Janeiro: Campus, 1986.
162 CEDERJ
ISBN 978-85-7648-543-8
código
de barras
9 788576 485438