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7 conflitos atuais causados por diferenças religiosas

Redação Super 8 de outubro de 2012


Por Jessica Soares
Colaboração para a SUPERINTERESSANTE

Depois da II Guerra Mundial, a ONU econômicos, raciais e étnicos. De “A a T”, Após os atentados de 11 de setembro de
adotou a Declaração Universal dos Direitos conheça sete conflitos atuais que têm, 2001, a Aliança do Norte passou a receber
Humanos, que colocava em pauta o entre suas motivações, a intolerância o apoio dos Estados Unidos, que invadiram
“respeito universal e observância dos religiosa: o Afeganistão em busca do líder do Al-
direitos humanos e liberdades Qaeda, Osama Bin Laden, estabelecendo
fundamentais para todos, sem distinção 1. Afeganistão uma nova república no país. Em 2011,
de raça, sexo, língua ou religião”. O ideal Grupos em conflito: fundamentalistas americanos e aliados comemoraram a
foi reforçado em 1999, ano em que líderes radicais muçulmanos e não-muçulmanos captura e morte do líder do grupo
budistas, protestantes, católicos, cristãos fundamentalista islâmico responsável pelo
ortodoxos, judeus, muçulmanos e de O Afeganistão é um campo de batalhas ataque às Torres Gêmeas, mas isso não
várias outras religiões se reuniram para desde a época em que Alexandre, o acalmou os conflitos internos no país, que
assinar o Apelo Espiritual de Genebra. O Grande, passava por lá, em meados de 300 continua sendo palco de constantes
documento pedia aos líderes políticos e a.C. Atualmente, dois grupos disputam o ataques talibãs.
religiosos algo simples: a garantia de que a poder no país, em um conflito que se
religião não fosse mais usada para desenrola há anos. De um lado está o 2. Nigéria
justificar a violência. Talibã, movimento fundamentalista Grupos em conflito: cristãos e
islâmico que governou o país entre 1996 e muçulmanos
Passados muitos anos e outras muitas 2001. Do outro lado está a Aliança do
tentativas de garantir a liberdade religiosa, Norte, organização político-militar que une Não é apenas o rio Níger que divide o país
grande parte dos conflitos que hoje diversos grupos demográficos afegãos que africano: a população nigeriana, de
acontecem no mundo ainda envolve buscam combater o Regime Talibã. aproximadamente 148 milhões de
crenças e doutrinas, que se misturam a habitantes, está distribuída em mais de
uma complexa rede de fatores políticos, 250 grupos étnicos, que ocuparam
diferentes porções do país ao longo dos de ataques à maioria xiita do país. O formar um governo ao lado do Fatah –
anos, motivando constantes disputas governo iraquiano estima que, entre 2004 partido que prega a reconciliação entre
territoriais. Divididos espacialmente e e 2011, cerca de 70 mil pessoas tenham palestinos e israelenses. O Hamas assumiu
ideologicamente estão também os sido mortas. o poder da Faixa de Gaza. E o Fatah
muçulmanos, que vivem no norte da chegou ao da Cisjordânia, em conflitos que
Nigéria, e cristãos, que habitam as porções 4. Israel se prolongaram até fevereiro de 2012,
centro e sul. Desde 2002, conflitos Grupos em conflito: judeus e mulçumanos quando os dois grupos fecharam um
religiosos têm se acirrado no país, acordo para a formação de um governo.
motivados principalmente pela adoção da Em 1947, a ONU aprovou a divisão da Mas segundo o site da Al Jazeera, rede de
sharia, lei islâmica, como principal fonte Palestina em um Estado judeu e outro notícias do Oriente Médio, a rixa continua.
de legislação nos estados do norte. A árabe. Um ano depois, Israel foi Eleições parlamentares e presidenciais
violência no país já matou mais de 10 mil proclamado país. A oposição entre as serão conduzidas nos dois territórios e a
pessoas e deixou milhares de refugiados. nações árabes estourou uma guerra, que, tensão internacional permanece pela
Grupos em conflito: xiitas e sunitas com o crescimento do território de Israel, possibilidade do Hamas voltar a vencer no
deixou os palestinos sem Estado. Como processo eleitoral.
3. Iraque tentativa de dar fim à tensão, foi assinado
Grupos em conflito: xiitas e sunitas em 1993 o Acordo de Oslo, que deu início 5. Sudão
às negociações para criação de um futuro Grupos em conflito: muçulmanos e não-
Diferentes milícias, combatentes e Estado Palestino. Tudo ia bem até chegar a muçulmanos
motivações se misturam no conflito que hora de negociar sobre a situação da
tem lugar em território iraquiano. Durante Cisjordânia e da parte oriental de A guerra civil no Sudão já se prolonga há
os anos de 2006 e 2008, a Guerra do Jerusalém – das quais nem os palestinos mais de 46 anos. Estima-se que os
Iraque incluía conflitos armados contra a nem os israelenses abrem mão. conflitos, que misturam motivações
presença do exército dos Estados Unidos e étnicas, raciais e religiosas, já tenham
também violências voltadas aos grupos Na Palestina, as eleições parlamentares de deixado mais de 1 milhão de sudaneses
étnicos do país. Mas a retirada das tropas 2006 colocaram no poder o grupo refugiados. Em maio de 2006 o governo e
norte-americanas, em dezembro de 2011, fundamentalista islâmico Hamas. O grupo o principal grupo rebelde, o Movimento de
não cessou a tensão interna. Desde então, é considerado uma organização terrorista Libertação do Sudão, assinaram o Acordo
grupos militantes têm liderado uma série pelas nações ocidentais e fracassou em de Paz de Darfur, que previa o
desarmamento das milícias árabes, A regulação governamental aos
chamadas janjawid, e visava dar fim à monastérios budistas teve início quando o
guerra. No mesmo ano, no entanto, um Partido Comunista da China marchou
novo grupo deu continuidade àquela que rumo ao Tibete, assumindo o controle do
foi chamada de “a pior crise humanitária território e anexando-o como província,
do século” e considerada genocídio pelo em 1950. Mais de meio século se passou
então secretário de estado norte- desde a violenta invasão, que matou
americano Colin Powell, em 2004. milhares de tibetanos e causou a
destruição de quase seis mil templos, mas
6. Tailândia a perseguição religiosa permanece. Um
Grupos em conflito: budistas e protesto pacífico iniciado por monges em
mulçumanos 2008 deu início a uma série de protestos
no território considerado região autônoma
Um movimento separatista provoca da República Popular da China.
constantes e violentos ataques no sul da
Tailândia e criou uma atmosfera de Fonte: <
suspeita e tensão entre muçulmanos e http://super.abril.com.br/blogs/superlista
budistas. Apesar dos conflitos atingirem os s/7-conflitos-atuais-causados-por-
dois grupos, eles representam parcelas diferencas-religiosas/ >
bastante desiguais do país: segundo dados
do governo tailandês, quase 90% da
população do país é budista e cerca de
10% muçulmana.

7. Tibete
Grupos em conflito: Partido Comunista da
China e budistas
Sobre o Apelo Espiritual de Genebra:

The Geneva Spiritual Appeal of 1999-October

An end to religion as a cause of violence:


Buddhist, Christian (Old Catholic, Orthodox, Protestant, and Roman Catholic), Jewish and Muslim religious leaders held a meeting Geneva
Switzerland during 1999-OCT. Also present were heads of secular groups: the President of the Red Cross, UN High Commissioners for Human
Rights and for Refugees, and the General Director of the World Health Organization.

Many conferences have been conducted in the past to discuss how religious groups could ameliorate human suffering, and reduce conflict.
However, this was one of the first to dwell on religion as a cause of violence and discrimination.

On OCT-24, they signed a document "The Geneva Spiritual Appeal." They ask political and religious leaders and organizations to ensure that
religious faiths are not used to justify future violence.

The Appeal followed the 1949 Geneva Conventions by 50 years. It followed by 100 years the 1899-MAY Hague Peace Conference which the
leader of the U.S. delegation termed, "the first conference of the entire world ever." 1

Text of the Appeal:

Because our personal convictions or the religions to which we owe allegiance have common a respect for the integrity of humankind.
Because our personal convictions or the religious to which we owe allegiance have common a rejection of hatred and violence.
Because our personal convictions or the religions to which we owe allegiance have common the hope for a better and more just world.
Representing religious communities and civil society we appeal to the leaders of the world, whatever their field of influence, to strictly adhere
to the following three principles:
1) A refusal to invoke a religious or spiritual power to justify violence of any kind,
2) A refusal to invoke a religious or spiritual source to justify discrimination and exclusion;
3) A refusal to exploit or dominate others by means of strength, intellectual capacity or spiritual persuasion, wealth or social status.
Grounded in the Genevan tradition of welcome, refuge and compassion, our appeal is open to all whose convictions are in accordance with
these three demands. 2

Two weeks before the signing of the Appeal, a service was held at St. Peter's Cathedral. It commemorated the annual Festival of Geneva. That
year, it had the Tibetan people as their special guests. The Dalai Lama was guest preacher. He said that those who waged war in the name of
religion had failed to look beyond their religion to other faiths which they opposed. If they did examine other faiths, they would recognize the
same desire for transformation as in their own. He said: "It's not enough to belong to a religion. You have to experience it. Spirituality is like a
medicine. To heal the illness, it is not sufficient to look at the medicine and talk about it. You have to ingest it." He continued that in spite of
their differing methods, the great religions shared a common goal – to make people better. He advised the congregation to follow seriously
"your own spiritual path". 3

The Appeal was signed on Sunday, 1999-OCT-24. It coincided with an interfaith religious service that was also held in St. Peter's Cathedral,
Geneva on United Nations Day. The service was "organized in close cooperation with the World Council of Churches (WCC) and
[was]...attended...by representatives of the Protestant, Roman Catholic, Old Catholic, Orthodox, Jewish, Muslim, Buddhist, Baha'i communities,
and other religious congregations present in Geneva." 4

According to Ecumenical News International, delegates claim that 56 current conflicts, civil disturbances, wars, etc have significant religious
elements. Protestant theologian William McComish said: "Religion is part of the identity by which one ethnic group sets itself against one
another."

One web site allows interested visitors to sign a petition in support of the Geneva Spiritual Appeal. 5 Visitors can also vote for or against the
Appeal. Interestingly, as of 2001-JUN-7, 7% were opposed!

References:
1. "1899: The first Hague peace conference," at: http://www.oneworld.org/euconflict/publicat/nl2.2/page2.html
2. A copy of the text of the Appeal and a list of the participants is online at: http://www.unhchr.ch/html/menu2/spirit.htm
3. Edmund Doogue, "Try out your own faith, Dalai Lama tells Geneva congregation," at: http://gbgm-umc.org/europe/
4. WCC - Geneva 2000: Kofi Annan will attend service of worship," at: http://www.wfn.org/2000/06/msg00179.html
5. Ecumenical News International report #ENI-99-0408
6. Anyone who wishes to indicate their support for the Appeal can sign a petition at:
http://160.53.186.12/appelgeneve/tbl_resultats_consult_an.asp .

Copyright © 2000 & 2001 by Ontario Consultants on Religious Tolerance


Originally written: 2000-APR-24
Latest update: 2001-JUN-6-
Author: B.A. Robinson

Fonte: < http://www.religioustolerance.org/rel_prom.htm >

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