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Jesus Dos 13 Aos 30 Anos (Francisco Klörs Werneck) PDF
Jesus Dos 13 Aos 30 Anos (Francisco Klörs Werneck) PDF
Capa
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Dados do Livro
Exemplar nº 0246
Para uso exclusivo de
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Indice
Capa
Dados do Livro
Indice
Apresentação
Introdução
A Vida Desconhecida de Jesus Cristo
A Vida de Santo Issa
Sinópticos
Jesus e os Manuscritos do Mar Morto
Elementos Suplementares para o Estudo de
Jesus-Cristo
Retrato de Jesus
Outro Retrato de Jesus
Origem do Nascimento Virginal de Jesus
Nascimento de Jesus e a Astrologia
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Apresentação
Quem foi Jesus, chamado o Cristo, o Messias? Até hoje milhões de cristãos de todas as
religiões perguntam onde esteve ele durante os chamados 17 anos de sua vida desconhecida, e a
resposta mais cômoda que conseguem obter é a de que Jesus esteve trabalhando na oficina de
carpintaria de seu pai, José. Mas o próprio Novo Testamento se encarrega de desmentir essa
afirmativa quando diz que, ao regressar ele à sua terra natal, os judeus indagavam se não era ele
o filho do carpinteiro José, pois já não o conheciam mais, e ainda de onde lhe teria vindo toda
aquela sabedoria, conforme o Evangelho segundo Mateus, vers. 55/56 do cap. 13.
Esta falta de conhecimento de 17 dos 33 anos de vida de Jesus tem levado muita gente
à descrença e à afirmativa de que a sua vida foi forjada e copiada de grandes vultos religiosos de
longínquo passado. Para suprir esta surpreendente lacuna, o Dr. Francisco Klörs Werneck resolveu
dedicar-se ao assunto e, por mais de 40 anos seguidos, reuniu todo o material que pôde para
mostrar a pessoa de Jesus sob vários pontos de vista. Num imparcial e audacioso trabalho como
este, procurar reconstituir toda a sua vida de 33 anos e reconduzir as ovelhas perdidas ao seu
novo aprisco, ao rebanho do Mestre dos Mestres, que deve ser um só.
Francisco Klörs Werneck
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Introdução
Quando estudei o Espiritismo, estudei também e procurei compreender a extraordinária
figura do Cristo, sob o ponto de vista espiritualista, mas verifiquei, desde logo, a grande confusão
que gira em torno da sublime personalidade do rabi da Galiléia.
Li as seguintes obras (títulos em português):
Os Evangelhos;
A Vida de Jesus, de Ernest Renan; História do Cristo, de Giovani Papini; Jesus, de
Souza Carneiro;
Cristianismo Místico, do Yogi Ramacharaka;
Os Quatro Evangelhos, comunicações mediúnicas recebidas pela Sra. Colignon;
A Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo, mensagens mediúnicas recebidas pela Sra. X.;
Novo Nuctemeron, livro ditado pelo espírito de Apolônio de Tiana;
Elucidações Evangélicas, mensagens espíritas compiladas por Antônio Luiz Sayão;
Jesus Perante a Cristandade; obra ditada pelo espírito de Francisco Leite
Bittencourt Sampaio;
A vida Desconhecida de Jesus-Cristo, de Nicolau Notovitch;
Jesus e Sua Doutrina, de A. Leterre;
Da Esfinge ao Cristo, de Edouard Schuré;
Os Grandes Iniciados, idem.
A Bíblia na Índia, de Louis Jacolliot;
O Cristo Nunca Existiu, de J. Brandes, etc.;
e muitos artigos e mensagens espíritas, daqui e do estrangeiro, a respeito d’Ele.
Nas obras mediúnicas de meu conhecimento, os espíritos comunicantes geralmente
vêem Jesus sob o prisma ou o aspecto pelo qual o conheceram na vida terrena, de modo que, como
estas obras já são conhecidas no vernáculo, vou recorrer a algumas obras publicadas no estrangeiro,
esperando que projetem alguma luz sobre esta questão que não é nova: quem foi realmente Jesus
e o que fez ele nos 17 anos desconhecidos de sua vida na Palestina? Passemos a elas.
No “Novo Nuctemeron”, obra ditada pelo espírito de Apolônio de Tiana à conhecida
médium inglesa Marjorie Livingstone e prefaciada por Sir Arthur Conan Doyle, vemos que no
Jesus carnal se encarnou o Cristo, o iniciado divino. Como esse livro é pouco conhecido, dele
extraio os seguintes trechos:
“O Iniciado Divino, o Filho de Deus, realizou para vós essa Descida na Matéria,
essa Ordália Perfeita, essa Oblata de si mesmo, esse Sacrifício até a morte”. (Cap. II)
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
“Podeis perguntar-me como o Iniciado Egípcio podia ver o Cristo 2000 anos antes
de ter Jesus nascido na Galiléia. A resposta é bem simples. Não devereis pensar que, porque
o Cristo ainda não se tinha manifestado na carne, ele não existia. Sua manifestação na
pessoa de Jesus de Nazaré não foi senão um incidente de sua vida eterna; para a vossa
Terra é talvez o mais importante de sua história”.
“Repito que a manifestação do Espírito Divino do Cristo Cósmico em Jesus de
Nazaré não foi senão um incidente, etc”.
“Antes do período da Encarnação em Jesus de Nazaré, os Iniciados veneravam e
temiam o Cristo de Deus, mas com incompreensão; depois da Encarnação, um amor pessoal
por ele surgiu na Humanidade”.
“...nós não podemos conceber uma alegria mais extática, um esplendor mais
radioso do que a Visão d’Aquele que era ao mesmo tempo Filho de Deus e filho do Homem”.
“Durante a vida de Jesus de Nazaré, Deus se manifestou diretamente no corpo do
Homem e dessa forma submeteu-se a leis naturais e a limitações físicas. Esse Ato Supremo
resumiu não somente todas as possibilidades do Bem pelo Homem, no plano material, mas
também em todos os ciclos do seu progresso. Deus, tendo assim se manifestado na carne,
pode também manifestar-se à vontade, de maneira reconhecível, em todos os planos
intermediários. Assim, ele é o Cristo, Jesus e Deus, porém a sua forma não é a mesma em
todas as esferas”. (Cap. VII)
“Em sua Encarnação, o Cristo tomou a semelhança humana e essa aparência
não foi senão o invólucro exterior dos diferentes estados do seu ser, ainda como Homem.
Quando deixou a carne, a forma de sua personalidade física permaneceu gravada em sua
Forma astral e espiritual, que ele havia tomado antes para chegar a um estado mais
denso pelo qual a Encarnação fosse possível. Deus não pode pôr-se em contato direto com
a matéria e vários estados da Natureza foram precisos antes que a corrente da Força
Divina pudesse ser suficientemente isolada para tal fim. O Cristo, tendo tomado uma
única vez sobre si todos os diferentes estados aos quais pode o Homem estar sujeito, pôde
retomar essas condições à vontade. Os que por sua grande virtude ou porque tenham um
ardente desejo ou grande necessidade de verem o Cristo o verão na forma que ele viveu na
Galiléia; os que passaram o véu da morte podem vê-lo na forma que ele reveste para visitar
as esferas intermediárias” (Cap. IX).
Resumindo: no corpo de Jesus humano encarnou-se o Cristo de Deus para conduzir
esta pobre humanidade por novos caminhos. É por isto que João, o Evangelista, disse que o Verbo
se fez carne e habitou entre nós e que, no começo, estava com Deus.
Para Jacolliot (A Bíblia na Índia); na vida de Jesus Cristo há fatos da de Iezus Crisma,
o reformador hindu. E, para Schuré (Da Esfinge ao Cristo), Jesus só existiu até o batismo no
Jordão, quando o espírito do Cristo se incorporou nele.
Segundo os teósofos, o corpo de Jiddu Krishnamurti seria o novo veículo pelo qual o
Cristo se manifestaria ao mundo (O .Cristo voltará, de Jean Deville), mas Krishnamurti dissolveu
a Ordem da Estrela e fundou nova corrente de pensamento.
Ao passo que o Abade Alta (O Cristianismo do Cristo e o dos seus vigários) nos diz, como
muitos outros autores, que o Cristo foi contemporâneo de Apolônio de Tiana, o teosofista australiano
Charles W. Leadbeater (Os Mestres e o Caminho) escreve que “O Mestre Jesus, que atingiu o
adeptado durante a encarnacão em que foi conhecido sob o nome de Apolônio de Tiana e que se
tornou mais tarde Shri Ramnujacharva, o grande re-formador religioso do sul da Índia, dirige o
sexto Raio, o da devoção ou Bhakti”.
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A respeito desse mosteiro de Himis, mister se faz entremos em pormenores porque dois
mosteiros trazem este nome no Tibet. Aquele em que fui recolhido por estar ferido, e
cuidadosamente tratado e em que me foi comunicada a existência dos documentos que
entrego à curiosidade pública, é o mosteiro situado no Ladak, não longe de Leh, nas
proximidades do rio Indo e aos pés das montanhas, dominado pelo pico de Himis, de
18.733 pés de altitude. É, depois do mosteiro central do Lhassa, o mais povoado do
Tibet, sua biblioteca é a mais rica e seus monges os mais instruídos e estudiosos.
O outro Himis está situado no caminho de Khalsi a Leh e junto ao Shavlikangri, de
18.096 pés, ao norte do Indo. É uma aldeia com um pequeno mosteiro, muito pobre,
abrigando quatro ou cinco monges que se entregam comumente a trabalhos manuais,
fora das horas de suas maquinais orações.
Todos os que se acham um pouco familiarizados com o Tibet sabem, aliás, que é tão
impossível confundir essas duas localidades quanto o Paris e o Versailles da França
com o Paris e o Versailles do Connecticut.
Não tenho dúvida alguma quanto à autenticidade da crônica que me foi comunicada e
que me pareceu redigida, com muita exatidão, por historiadores brâmanes e, sobretudo,
por budistas da Índia e do Nepal.
Quis, de volta à Europa, publicar a tradução delas e, com esse fim, dirigi-me a vários
eclesiásticos universalmente conhecidos, rogando-lhes lessem minhas notas e dissessem
o que delas pensavam.
Monsenhor Platon, célebre metropolitano de Kiew, foi de opinião que o trabalho era de
grande importância, porém dissuadiu-me de fazer aparecer essas memórias acreditando
que sua publicação só poderia causar-me aborrecimentos. Por quê? Foi o que o venerável
prelado se recusou a dizer-me de modo explícito. Entretanto, como nossa conversa foi
na Rússia, onde a censura teria posto seu veto em semelhante obra, resolvi esperar.
Um ano depois me achava em Roma. Mostrei o manuscrito ao Cardeal Nina, muito
estimado pelo Santo Padre, o qual me respondeu textualmente o seguinte: “Que
necessidade há de imprimir-se isto? Ninguém lhe dará grande importância e vós
criareis uma multidão de inimigos. No entanto, sois tão jovem ainda! Se é uma
questão de dinheiro que vos interessa, pedirei para vós uma recompensa pelas
vossas notas, recompensa que vos indenizará das despesas feitas e do tempo
perdido”. Naturalmente que recusei.
Em Paris falei do meu projeto com o Cardeal Rotelli, que conheci em Constantinopla.
Ele também se opôs a que eu imprimisse o meu trabalho sob o pretexto de que era
prematuro. “A Igreja - acrescentou ele -sofre novamente correntes de idéias ateístas
e vós só fornecereis ensejo a caluniadores e detratores da doutrina evangélica.
Vo-lo digo no interesse de todas as igrejas cristãs”.
Fui, em seguida, procurar Jules Simon. Ele achou que minha comunicação era muito
interessante e me recomendou que pedisse a opinião de Ernest Renan a respeito da
melhor maneira de publicá-la. No dia seguinte, pela manhã, estava eu sentado no gabinete
do grande filósofo. No fim de nossa conversa, Renan me propôs que lhe confiasse as
memórias em questão, a fim de fazer um relatório delas à Academia. Tal proposta, como
se compreende bem, era muito sedutora e lisonjeava meu amor-próprio, todavia tornei
a levar a obra sob o pretexto de revê-la ainda uma vez.
Previa que, se aceitasse a proposta, só teria a honra de ter achado a crônica, ao passo
que ao ilustre autor da Vie de Jésus caberia toda a glória da publicação e seus
comentários.
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Nesse ínterim, Issa, que continuava a pregar de cidade em cidade, chegou a Jerusalém,
cujos habitantes acorreram em massa ao seu encontro, ansiosos por ouvir de sua boca as
palavras inflamadas com que ele havia mitigado os infortúnios das outras cidades de
Israel.
Os padres e os anciãos foram encarregados por Pilatos do julgamento do profeta no templo.
Depois de ouvirem de sua própria boca a declaração de que não procurava levantar o povo
de Israel contra as autoridades constituídas, mas que voltara de lugares distantes, onde
fora habitar em criança, para recordar aos israelitas a fé de seus antepassados e o
restabelecimento das leis mosaicas, eles se apresentaram ao governador romano e lhe
comunicaram ter absolvido o pregador judeu pela falsidade das acusações que lhe eram
imputadas.
Pilatos, encolerizado com o procedimento dos veneráveis juízes, fez acompanhar o profeta
de espiões encarregados de recolherem todas as palavras que ele dirigisse ao povo.
Issa prosseguiu em sua missão pelas cidades vizinhas, indicando os verdadeiros caminhos
do Criador, exortando os hebreus à paciência, prometendo-lhes uma pronta libertação e
explicando àqueles em que reconhecia assoldadados pelo governador que todos eles não
seriam libertos do poder de César mas dos erros grosseiros em que as suas almas viviam
mergulhadas.
Três anos durou o ministério de Issa. A sua popularidade crescia e era tido como o Messias
libertador anunciado pelos profetas. O governador romano, a quem os espiões declararam
nada ter ouvido que parecesse uma instigação à revolta contra as autoridades constituídas,
encarregou os soldados de o prenderem e conduzirem a um subterrâneo onde foi torturado
na intenção de se lhe arrancar uma confissão comprometedora. Os sacerdotes e os anciãos,
informados dos martírios infligidos ao seu profeta e da resistência heróica oposta a todos
os meios empregados para fazê-lo falar, dirigiram-se ao governador romano com o pedido
de o mandar pôr em liberdade na ocasião da festa da Páscoa, que se aproximava. Pilatos
recusou peremptoriamente a ceder aos pedidos dos velhos sacerdotes, mas consentiu em
que Issa comparecesse diante do Tribunal dos Anciãos para ser, em definitivo, julgado
antes da próxima festa.
Fizeram-no retirar da prisão, em lastimável estado de fraqueza, por motivo das torturas
sofridas. Sentado entre dois ladrões,. que deviam ser julgados ao mesmo tempo para atenuar
a importância de um acontecimento que apaixonava a população, diante do governador
romano, que presidia o Tribunal, e dos principais capitães, sacerdotes, sábios anciãos e
legistas, Issa foi submetido a um longo interrogatório do qual sobressaiu sua completa
inocência. O governador, irritado com a altivez de suas respostas, exigiu que os juízes
pronunciassem a pena capital. Os anciãos recusaram proferir essa sentença iníqua diante
das declarações ouvidas de todos. Pilatos recorre ao derradeiro expediente que o seu espírito
imaginara, para não deixar escapar a presa. Manda adiantar um dos seus espiões, que
afirma ter ouvido do profeta a anunciação do reino de Israel sobre a terra do qual Issa se
intitulava Chefe Supremo.
A cena narrada pelas crônicas budistas é de uma grandeza serena e única na história.
“Sereis perdoado”, disse o profeta ao traidor, “porque o que dizeis não vem de vós”, e,
depois, dirigindo-se a Pilatos: “Por quê humilhais vossa dignidade e induzis vossos inferiores
à mentira, quando, sem ela, tendes o poder de condenar um inocente?” A estas palavras,
Pilatos, esquecido do seu cargo, exigiu dos Anciãos a condenação de Issa e a absolvição
dos dois ladrões.
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Os velhos juízes, depois de se consultarem entre si, declararam solenemente não assumir
a responsabilidade de condenar um inocente, levantaram-se e; depois de lavarem as mãos
num vaso sagrado, saíram anunciando: “Somos inocentes da morte do justo”.
O profeta e os dois ladrões foram crucificados no mesmo dia, por ordem de Pilatos, e os
seus corpos ficaram suspensos nas cruzes sob a guarda de soldados.
Ao pôr-do-sol, extinguiram-se os sofrimentos de Issa. Ele perdeu os sentidos e a alma
desse justo se separou do corpo para ir fundir-se na Divindade.
Assim terminaram os dias de santo Issa “reflexo do Espírito eterno sob a forma de um
homem que tinha redimido pecadores endurecidos, padecendo tantos sofrimentos”.
O governador romano, assustado com a severidade do seu proceder, mandou entregar o
corpo do profeta aos parentes para o sepultarem perto do lugar do suplício. Em breve, toda
uma multidão gemente e lacrimosa acorria em peregrinação ao santo sepulcro.
Três dias após, Pilatos, a quem tinha chegado rumores de um levante popular, ordenou a
seus soldados que retirassem, à noite, secretamente, o corpo de Issa do sepulcro e o
enterrassem em um lugar afastado.
No dia seguinte, encontrado o túmulo aberto e vazio, propalou-se que “O Juiz Supremo
recolhera, pelos seus anjos, os restos mortais do santo, no qual tinha habitado, sobre a
terra, uma partícula do espírito divino”.
Pilatos, enfurecido com a nova feição dos acontecimentos, começou a mover uma cruel
perseguição contra os mais íntimos discípulos de Issa, que foram obrigados a deixar o país
de Israel e pregar a outros povos o abandono dos seus erros grosseiros, a purificação das
suas almas e a “felicidade perfeita que aguarda os homens no mundo espiritual, onde, em
repouso e em toda a sua pureza, reside, numa majestade perfeita, o grande Criador”.
Os pagãos, termina a vetusta crônica, seus reis e seus guerreiros, ouviram os pregadores,
abandonaram as crenças absurdas que professavam, renegaram seus sacerdotes e ídolos
para celebrar os louvores do muito sábio Criador do Universo, do Rei dos Reis, cujo coração
está cheio de misericórdia infinita.
Assim falam, em suas linhas gerais, as narrações arquivadas nos antigos manuscritos
budistas, achados no Tibet.
Essa narrativa preenche a lacuna de 17 anos que existe na vida de Jesus-Cristo,
começando no vers. 52 do Capítulo 2 do Evangelho segundo Lucas: “E crescia Jesus em sabedoria
e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” e indo até o vers. 23 do Capítulo 3 do
mesmo Evangelho: “E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos”. Sobre a qual o Novo
Testamento nada nos diz.
A seguir, pois, a vida de Jesus, resumida acima. segundo os versículos dos manuscritos
tibetanos.
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1- A terra estremeceu e os céus choraram por causa do grande crime que acabava
de ser cometido no país de Israel.
2- Porque acabava de ser ali torturado e executado o grande justo Issa, em que
residia a alma do Universo.
3- A qual se encarnara em um simples mortal a fim de fazer bem aos homens e de
exterminar os maus pensamentos.
4- E de conduzir à vida da paz, do amor e do bem o homem degradado pelos
pecados, recordando-lhe o único e indivisível Criador cuja misericórdia é
infinita.
5- Eis o que contam a respeito mercadores vindos de Israel.
II
1- O povo de Israel, que habitava um solo fértil, dando duas colheitas por ano e
que possuía grandes rebanhos, provocou, por seus pecados, a justiça de Deus.
2- Que lhe infligiu um castigo terrível, arrebatando-lhe a terra, o gado e toda a
sua fortuna; Israel foi reduzido à escravidão por ricos e poderosos faraós que
reinavam, então, no Egito.
3- Esses trataram os israelitas pior do que a animais, os sobrecarregaram de
trabalhos difíceis e os puseram a ferro. Cobriram seus corpos de feridas e
chagas, sem lhes dar alimentos, nem lhes permitir que tivessem um teto.
4- A fim de os manter em um estado de terror contínuo e de lhes tirar toda a
semelhança humana.
5- Em sua grande calamidade, o povo de Israel, lembrando-se de seu protetor
celestial, se dirigiu a ele e lhe implorou graça e misericórdia.
6- Um ilustre faraó reinava então no Egito, o qual ficou célebre por suas
numerosas vitórias, pelas riquezas que acumulara e os vastos palácios que seus
escravos erigiram por suas próprias mãos.
7- Esse faraó tinha dois filhos, dos quais o mais moço se chamava Mossa. Sábios
israelitas lhe ensinaram diversas ciências.
8- Mossa era amado no Egito por causa de sua bondade e da compaixão que
testemunhava a todos os que sofriam.
9- Vendo que os israelitas não queriam, apesar dos intoleráveis sofrimentos que
suportavam, abandonar o seu Deus para adorar aqueles que a mão do homem
havia criado, os quais eram os deuses da nação egípcia.
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10 - Mossa acreditou no Deus invisível deles, que lhes não deixava abater as fracas
forças.
11 - E os preceptores israelitas animaram o ardor de Mossa e recorreram a ele,
pedindo-lhe para interceder junto ao faraó, seu pai, em favor de seus
correligionários.
12 - O príncipe Mossa pediu então a seu pai que abrandasse a sorte dos desgraçados
israelitas, mas o faraó levantou-se em cólera contra ele e aumentou os
tormentos que já suportavam esses escravos.
13 - Aconteceu que pouco tempo depois uma grande desgraça visitou o Egito: a
peste ali dizimou jovens e velhos, sãos e doentes, e o faraó acreditou em um
ressentimento de seus próprios deuses contra ele.
14 - Porém o príncipe Mossa disse a seu pai que era o Deus de seus escravos que
intercedia em favor desses infelizes e punia os egípcios.
15 - O faraó intimou então a Mossa, seu filho, a tomar todos os escravos da raça
judia e os conduzir fora da cidade, e fosse fundar, a uma grande distância da
capital, outra cidade e que ficasse com eles.
16 - Mossa fez saber aos escravos hebreus que ele os havia forrado em nome do seu
Deus, o Deus de Israel. Deixou com eles a cidade e a terra do Egito.
17 - E os conduziu para a terra que haviam perdido por seus pecados, deu-lhes leis
e lhes recomendou que orassem sempre ao Criador invisível cuja bondade é
infinita.
18 - Com a morte do príncipe Mossa, os israelitas observaram-lhe rigorosamente as
leis e assim Deus os recompensou dos males a que os expusera no Egito.
19 - Seu reino tornou-se o mais poderoso de toda a terra, seus reis foram célebres
por seus tesouros e uma longa paz reinou entre o povo de Israel.
III
1– A fama das riquezas de Israel espalhou-se por toda a terra e as nações vizinhas
começaram a ter-lhe inveja.
2- Mas o Altíssimo protegeu as armas vitoriosas dos hebreus e os pagãos não
ousaram atacá-los.
3- Infelizmente, como o homem não obedece sempre a si mesmo, a fidelidade dos
hebreus a seu Deus não durou muito tempo.
4- Começaram por esquecer todos os favores com que foram cumulados, não
invocavam senão raramente o nome de Deus e pediam proteção a mágicos e
feiticeiros.
5- Os reis e os capitães substituíram as leis que lhes foram dadas por Mossa
pelas deles, o templo de Deus e as práticas do culto foram abandonados, o povo
entregou-se aos prazeres e perdeu sua pureza anterior.
6- Vários séculos haviam escoado depois de sua saída do Egito quando Deus
começou novamente a puni-los por seus pecados.
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IV
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10 - Quando Issa atingiu a idade de treze anos, idade em que o israelita devia
casar- se.
11 - A casa em que seus país ganhavam a vida, mediante um trabalho modesto,
começou a ser lugar de reunião de pessoas ricas e nobres que queriam ter por
genro o jovem Issa, já célebre por seus discursos edificantes em nome do Todo
Poderoso.
12 - Foi então que o jovem Issa deixou ocultamente a casa paterna, saiu de
Jerusalém e, em companhia de mercadores, se dirigiu em direção ao Sindh.
13 - Com o fim de aperfeiçoar-se na palavra divina e instruir-se nas leis dos
grandes budas.
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VI
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VII
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16 - “Não enganeis a ninguém a fim de que não sejais também enganados. Procurai
preparar-vos antes do juízo final, porque será então muito tarde”.
17 - “Não vos entregueis à devassidão, porque seria violar as leis de Deus”.
18 - “E alcançareis a beatitude suprema; não somente purificando-vos mas ainda
guiando os outros na senda que lhes permitirá conquistar a perfeição primitiva”.
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IX
1- Issa, que o Criador tinha escolhido para recordar o verdadeiro Deus aos
humanos mergulhados nas depravações, tinha 29 anos quando voltou ao país
de Israel.
2- Depois da partida de Issa, os pagãos haviam feito os israelitas suportar
sofrimentos ainda mais atrozes e estes se achavam tomados do maior
abatimento.
3- Muitos deles já tinham começado a repudiar as leis de seu Deus e as de Mossa,
na esperança de abrandar seus ferozes conquistadores.
4- Em vista de tal situação, Issa exortou seus compatriotas a não se
desesperarem porque o dia da redenção dos pecados estava próximo e lhes
despertou a crença que haviam tido no Deus de seus pais.
5- “Filhos, não vos entregueis ao desespero, dizia o Pai Celestial pela boca de Issa,
porque escutei vossa voz e vossos lamentos chegaram até mim”.
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6- “Não choreis mais, ó bem amados, porque vossos soluços tocaram o coração de
vosso Pai que vos perdoou, como perdoou vossos antepassados”.
7- “Não abandoneis vossa família para vos entregardes à devassidão, não percais
a nobreza de vossos sentimentos e não adoreis ídolos que ficarão surdos à vossa
voz”.
8- “Enchei meu templo com a vossa esperança e com a vossa paciência e não
abjureis a religião de vossos pais, porque eu os guiei e cumulei de benefícios”.
9- “Levantai os que tombaram, dai de comer aos que têm fome e ide em auxílio
dos enfermos a fim de ficardes todos puros e sejais achados justos no dia do
juízo final que eu vos preparo”.
10 - Os israelitas acudiram em multidão para ouvir a palavra de Issa e lhe
perguntaram onde deviam agradecer ao Pai Celestial, pois seus inimigos lhes
tinham arrasado os templos e roubado os vasos sagrados.
11 - Issa lhes disse que Deus não considerava os templos edificados pela mão do
homem, mas que ouvia os corações humanos, que são seus verdadeiros
templos.
12 - “Entrai em vosso templo, em vosso coração, iluminai-o com bons pensamentos
e com paciência e a confiança inabaláveis que deveis ter por vosso Pai”.
13 - “E vossos vasos sagrados serão vossas mãos e vossos olhos; olhai e fazei o que
é agradável a Deus, porque, fazendo bem ao vosso próximo, executais uma
cerimônia que embeleza o templo onde mora Aquele que vos deu nascimento”.
14 - “Porque Deus vos criou à sua semelhança, inocentes, simples, corações cheios
de bondade e amor, não para a concepção de projetos maus, mas para serem o
santuário do amor e da justiça”.
15 - Não maculeis vosso coração, vo-lo digo eu, porque o Ser Eterno aí reside
sempre”.
16 - “Se quereis fazer obras cheias de piedade ou de amor, fazei-as com o coração
grande e que vossa ação não seja movida pela esperança de recompensa ou por
cálculo comercial”.
17 - “Porque essa ação não vos aproximará da salvação e caireis então em um
estado de degradação moral em que o roubo, a mentira e o assassínio passarão
por atos generosos”.
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XI
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9- “E todas as coisas que se fizeram sem Deus são erros grosseiros, seduções e
encantamentos que só servem para demonstrar a que ponto a alma daquele que
pratica esta arte está cheia de devassidão, de mentira e de impureza”.
10 - “Não deis fé aos oráculos, porque só Deus conhece o futuro; aquele que recorre
aos adivinhos conspurca o templo que está em seu coração e dá prova de
desconfiança a respeito do Criador”.
11 - “A fé nos adivinhos e em seus oráculos destrói a simplicidade inata no homem
e sua pureza infantil; um poder infernal se apodera dele e força-o a cometer
toda sorte de crimes e a adorar ídolos”.
12 - “Ao passo que o Senhor nosso Deus, que não tem ninguém que se lhe iguale, é
um, todo poderoso, onisciente e onipresente; é ele que possui a sabedoria e toda
luz”.
13 - “É a ele que deveis dirigir-vos para serdes consolados de vossas tristezas,
auxiliados em vossos trabalhos, curados de vossas enfermidades; aquele que
recorrer a ele não sofrerá recusa”.
14 - “O segredo da natureza está nas mãos de Deus, porque o mundo, antes de
surgir, existia no fundo do seu pensamento divino; ele se tornou material e
visível pela vontade do Altíssimo”.
15 - “Quando vos quiserdes dirigir a ele, tornai-vos crianças, porque não conheceis
nem o passado, nem o presente, nem o futuro, e Deus é o Senhor do tempo”.
XII
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8- Nesse ínterim, uma velha que se aproximara do grupo para melhor ouvir Issa,
foi afastada por um dos homens disfarçados, que se colocou diante dela.
9- Então Issa lhe disse: “Não é bom que um filho afaste sua mãe para ocupar o
primeiro lugar, que deve ser dado a ela”.
10 - “Aquele que não respeita sua mãe, o ser mais sagrado depois de Deus, é
indigno do nome de filho”.
11 - “Escutai o que vou dizer-vos: “Respeitai a mulher porque ela é a mãe do
universo e toda a verdade da criação reside nela”.
12 - “É ela que é a base de tudo o que há de bom e belo, como é também o germe da
vida e da morte. Dela depende toda a existência do homem, porque é seu apoio
moral e natural em seus trabalhos”.
13 - “Ela nos dá à luz no meio de sofrimentos; com o suor do seu rosto vela nosso
crescimento e vós lhe causais as mais vivas angústias até os seus últimos dias.
Bendizei-a e adorai- a, porque ela é vossa única amiga e sustentáculo na terra”.
14 - “Respeitai-a, defendei-a, porque, assim procedendo, ganhar-lhe-eis amor,
sereis agradáveis a Deus e muitas faltas vos serão perdoadas”.
15 - “Da mesma maneira, amai vossas esposas e respeitai-as porque elas serão
mães amanhã e, mais tarde, avós de uma nação inteira”.
16 - “Sede dóceis para com a mulher; seu amor enobrece o homem, abranda-lhe o
coração endurecido, doma a fera e dela faz um cordeiro”.
17 - “A esposa e a mãe, tesouros inapreciáveis que Deus vos deu, são os mais belos
ornamentos do Universo e delas nascerá tudo que habitará o mundo”.
18 - “Assim como Deus outrora separou a luz das trevas e a terra das águas, a
mulher possui o divino talento de separar no homem as boas intenções dos
maus pensamentos”.
19 - “É por isto que vos digo: Depois de Deus, vossos melhores pensamentos devem
pertencer às mães e às esposas, à mulher, enfim, que é para vós o templo divino
em o qual obtereis mais facilmente a felicidade perfeita”.
20 - “Colocai neste templo vossa força moral; aí esquecereis vossas tristezas, vossos
insucessos e recobrareis as forças perdidas que vos serão necessárias no auxílio
de vosso próximo”.
21 - “Não as humilheis, porque, assim procedendo, humilhareis a vós mesmos e
perdereis o sentimento de amor, sem o qual nada aqui na terra existiria”.
22 - “Protegei vossa esposa para que ela vos proteja, vós e toda vossa família; tudo o
que fizerdes por vossa mãe, vossa esposa, por uma viúva ou uma outra mulher
na desgraça, o fareis por vosso Deus”.
XIII
1- Santo Issa ensinou assim ao povo de Israel durante três anos, em cada cidade,
em cada aldeia, nos caminhos e nos campos, e tudo que anunciara se realizava.
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17 - “Bendito sejais vós, disse-lhe Issa, por terdes dito a verdade. O Rei dos céus é
maior e mais poderoso do que a lei terrestre e seu reino supera a todos os reinos
da terra”.
18 - “E o tempo não está longe em que, conforme a vontade divina, o povo de Israel
se purificará de seus pecados, porque foi dito que um precursor viria anunciar a
libertação do povo e a sua reunião em uma só família”.
19 - O governador, dirigindo-se aos juízes, exclamou: “Ouvis? O israelita Issa
confessa o crime de que é acusado. Julgai-o então conforme vossas leis e
pronunciai contra ele a pena capital”.
20 - “Não podemos condená-lo, responderam-lhe os padres e anciãos. Vós acabais
de ouvi-lo dizer que fazia alusão ao Rei dos céus e que nada pregou que
constituísse uma insubordinação contra a lei”.
21 - O governador mandou então entrar a testemunha que, por instigação sua,
tinha traído Issa e esse homem entrou e, dirigindo-se a Issa, lhe perguntou:
“Não vos fazíeis passar por rei de Israel quando dizíeis que aquele que reina nos
céus vos havia enviado para preparar seu povo?”
22 - Issa, tendo-o abençoado, lhe disse: “Sereis perdoado, porque o que dizeis não
vem de vós”. Depois, dirigindo-se ao governador, falou: “Porque humilhar vossa
dignidade e porque ensinar vossos subalternos a viver na mentira, quando,
mesmo sem ela, tendes o poder de condenar um inocente?”
23 - Ditas que foram estas palavras, o governador ficou possuído de violenta cólera
e ordenou a condenação de Issa à morte e a absolvição dos dois bandidos.
24 - Os juízes, tendo se consultado entre si, disseram a Pilatos: “Não assumiremos
sobre nossas cabeças a grande culpa de condenar um inocente e de absolver
bandidos, coisas contrárias às nossas leis”.
25 - “Fazei, pois, o que vos agradar”. Isto dito, os padres e os sábios anciãos saíram
e lavaram as mãos em um vaso sagrado, dizendo: “Somos inocentes da morte do
justo”.
XIV
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Aqui termina a narração da vida de Santo Issa, de acordo com os documentos encontrados
por Notovitch.
Há de parecer estranho que Mossa, o Moisés dos hebreus, apareça na narrativa como
um príncipe egípcio, mas leiamos o que escreveu Lisandro de la Torre na pág. 274 de sua obra “A
questão social e os cristãos sociais”: “Mas, quem era Moisés? A Bíblia apresenta-o como um
hebreu e diz que ele matou um egípcio e foi viver entre os hebreus e se casou com Séfora,
filha de Ragual. A fácil impunidade desse crime traiçoeiro robustece a suposição de que a
autoridade do Faraó era muito fraca nas paragens onde andava Moisés. Renan supõe que
Moisés não era hebreu, mas egípcio, pois seu nome não é hebraico, e o nome Mosé é egípcio
e parece-lhe verossímil que este foi o seu. Egípcio renegado, teria podido adquirir
ascendência entre os hebreus e conceber o plano do êxodo, que coincidia com o interesse de
sua segurança pessoal”.
Estrabão, historiador grego e autor de 17 livros sobre a sabedoria antiga e que viveu na
época do nascimento do Cristo, refere que o êxodo do Egito teve lugar da seguinte forma: “Moisés,
um sacerdote egípcio que também dirigia uma província egípcia, dali partiu porque não estava
satisfeito com o estado de coisas local e com ele partiram muitos outros pelas mesmas razões
religiosas”. O caso é que Moisés dizia que não estava direito que os egípcios elevassem touros e
animais selvagens à categoria de deuses, assim como não era justo que os gregos dessem aos seus
deuses formas humanas:
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Em “Tudo começou em Babel”, do escritor alemão Herbert Wendt, lê-se o seguinte: “Os
egípcios, que emigraram para a Palestina, então se aliaram às nações vizinhas, parte por
fins comerciais, parte por costumes religiosos. E então surgiu aí o inconsiderável reino
dos judeus. Moisés e .os chefes religiosos dos judeus não eram judeus mas egípcios de alta
categoria, rebelados contra a situação religiosa. O nome Moisés é sem dúvida egípcio e
aparece nos nomes de muitos faraós: Thutmoses, Ahmoses, Ramesés, por exemplo. A grande
façanha de Moisés foi a de que se mostrou capaz de ajudar um grande número desses
párias escravos a fugir do Egito, dar-lhes leis e uma religião e ainda reuni-los em uma
única nação na terra de Canaã. Foi desde aquele tempo que começou a história judaica”.
Na mesma parte de “O Povo Eleito” do supracitado livro de Wendt, aparece uma hipótese
levantada pelo Fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, médico e psiquiatra judeu vienense,
concordando com Estrabão e outros, que “Moisés e os demais chefes religiosos, que guiaram os
judeus ao fugirem do Egito, não foram judeus, mas sim egípcios que se revoltaram contra a
religião egípcia do Estado.
Acontece que Freud não pára aí, “continua dizendo que não somente Moisés e a
casta sacerdotal dos levitas foram egípcios mas a própria religião monoteísta que, durante
milênios tornou possível a sobrevivência dos judeus, foi egípcia também”. Lê-se também ali
que a gente que constituiu o depois chamado povo judeu, hebreu ou israelita tinha várias
procedências, isto é, que era uma mistura de raças unidas por idéias religiosas.
Mas, depois de tantos séculos, dizemos nós, quem vai acreditar que Mossa ou Moisés foi
mesmo egípcio e não hebreu como sempre constou.
Da mesma forma poder-se-á dizer que o autor deste trabalho é alemão ou filho de
alemães, quando eu nasci em Niterói, Capital do Estado do Rio de Janeiro, Estado em que nasceram
também os meus pais, com, salvo um avô materno alemão, uma longa geração de ascendentes
fluminenses, mineiros e paulistas.
Tudo pode acontecer.
Sinópticos
(Extratos de “El corazon de Ásia”, de
Nicolau Roerich, edição do
Museu Roerich, de New York, MCMXXX)
Antes de fazer dois pequenos extratos da citada obra, vou dizer quem foi Roerich, de
acordo com Ricardo Rojas, em seu prólogo:
“Conheço a extraordinária personalidade de Nicolau Roerich, sua inquieta vida
de viajor de vários continentes, sua origem russa, sua aclimatação americana, sua obra
de pintor, de pensador e de educador, que fazem dele uma das mais singulares figuras do
mundo internacional contemporâneo. Para honrá-lo e para dar ao seu vigoroso espírito um
instrumento de ação, erigiu-se em New York o magnífico Museu que leva o seu nome e que
tem nas principais nações membros honorários da estirpe de Bernard Shaw, na Inglaterra;
de Zuloaga, na Espanha e de Rabindranath Tagore na Índia”.
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Isto dito e deixando aos leitores o trabalho de comparação, passo, sem comentários, aos
seguintes e interessantes trechos do seu livro:
“Em Srinagar, ouvimos, pela primeira vez, a curiosa lenda acerca da visita do
Cristo ao lugar. Depois, vimos quão amplamente difundida na Índia, no Ladak e na Ásia
Central é a da viagem do Cristo a esses países, durante sua larga ausência de que fala o
Evangelho. Os muçulmanos de Srinagar nos contaram que o Cristo crucificado, ou Issa,
como o chamam, não morreu na cruz, mas só desmaiou. Seus discípulos raptaram seu
corpo, o esconderam e o curaram. Posteriormente o levaram para Srinagar, onde doutrinou
o povo e ali morreu. O túmulo do Mestre se acha nos alicerces de uma casa particular e se
conta que existe lá uma inscrição que diz que, naquele lugar, foi enterrado o filho de José.
Narra-se que perto da sepultura se dão curas milagrosas e que o ar está saturado de
aromas. Dessa forma os crentes de outras religiões desejam ter o Cristo consigo”. (pág. 26).
Este outro trecho concorda com o anterior e com a narrativa de Notovitch. Ei-lo:
“Em Leh encontramos novamente a lenda da visita do Cristo a esses lugares. O
chefe indu dos correios de Leh e vários ladakis budistas nos contaram que nesta cidade,
não longe do bazar, ainda existe uma lagoa na margem da qual se erguia uma velha
árvore à cuja sombra o Cristo pregou ao povo, antes de sua partida para a Palestina.
Ouvimos também outra lenda de como o Cristo, quando jovem, chegou à Índia em uma
caravana de mercadores e como foi aprendendo a suma sabedoria dos Himalaias. Ouvimos
várias versões desta lenda, que se difundiu amplamente pelo Ladak, Sinkiang e Mongólia,
mas todas elas concordam em um ponto: que, durante o tempo de sua ausência, o Cristo
esteve na Índia e na Ásia. Não importa como e de onde proveio a lenda; talvez seja de origem
nestoriana, mas notável é que a ela se referem com absoluta sinceridade”. (págs. 31 e 32)
Aqui me detenho para passar a outra notícia concordante, mas de origem extra-humana,
isto é, espiritual.
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Pois bem, esse homem me contou que o Mestre, ainda criança, foi a Jerusalém
pela Páscoa, e, tendo por acaso se intrometido entre os doutores, a todos surpreendeu por
suas dissertações e raciocínios, inconcebíveis na sua idade. Entre esses doutores,
encontrava-se um velho rabino de Alexandria, abastado e sábio homem, que se interessou
pelo menino precoce e veio a proporcionar-lhe, mais tarde, uma viagem àquela cidade, a
fim de instruir-se. A morte do velho o impediu de facultar a Jesus uma posição independente,
mas, ainda, assim, ele viajou pela Índia e só regressou à Galiléia dois ou três anos antes
de começar a sua predicação. Sendo, ao demais, muito discreto, nenhum dos seus discípulos
conhecia os pormenores da sua vida, nesse período que passou longe da pátria.
Sua mãe, essa não o poderia ignorar, mas a verdade é que também se conservou
muda a respeito”.
Esta narrativa, que concorda com as anteriores, concorda ainda com as que se seguem.
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Assim escreveu Ramacharaka e o ano 2000 está próximo, ano, até quando, segundo
mensagens do Além, ficarão cumpridas todas as profecias messiânicas.
É que os tempos já chegaram, os tempos preditos pelo Apocalipse.
(Transcrição do capítulo X
O sacerdócio secreto de Jesus -
do livro “The mys-tical life of Jesus’
do Dr. H. Spencer Lewis, da Biblioteca
Rosacrux de San José, Califórnia,
Estados Unidos da América)
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Nos tempos modernos, aquele que se propõe dedicar ao ministério sacerdotal tem de estudar
as religiões comparadas e conta, com efeito, com universidades em que são analisadas,
comentadas e interpretadas as Escrituras Sagradas antes de empreender o estudo da
teologia atual. Hoje não sai mais o estudante do seu país natal e segue para terras estranhas
a fim de familiarizar-se com as antigas religiões e escolas de filosofia moral. Na época de
que tratamos, todavia, era absolutamente necessário que o estudante de religião e filosofia
fosse às sedes das antigas religiões, onde podia consultar os únicos exemplares das
autênticas escrituras de cada religião e conviver com as pessoas que a professavam para
familiarizar-se com os seus rituais, dogmas e cerimônias. Alguns grandes Avatares do
passado tiveram que ir a lugares afastados com dito propósito e assim foi universalmente
disseminado o conhecimento dos antigos ensinamentos.
O jovem Jesus ficou ao cuidado de dois magos que foram ao Carmelo com o objetivo de
levá-lo à sua primeira escola afastada e lugar de experiência. Dizem as crônicas que foi
permitido a Jesus passar uma semana com os seus pais na Galiléia, enquanto os magos
faziam os preparativos e consultavam os professores da escola do Carmelo. Também
instruíram os pais de Jesus a respeito do que deviam esperar e do que deviam fazer
durante a ausência do seu filho.
Do mesmo modo contam as crônicas que; quando Jesus e os magos saíram da Galiléia,
realizou- se uma cerimônia essênia em uma assembléia privada e, sem despertar a atenção
do povo, os magos e Jesus, junto com outros que iam à curta distância pelo mesmo caminho,
partiram em caravana na direção de Djaguernat, cidade localizada na costa oriental da
Índia, chamada hoje Puri, que, por séculos, foi o centro do mais puro budismo.
Em uma montanha das cercanias da cidade havia uma escola ou mosteiro em que se
guardavam vários antigos escritos budistas e onde residiam os mais doutos instrutores
das doutrinas de Buda.
Perto de um ano levou a caravana para chegar a Djaguernat e durante esse tempo não
cessaram os magos de ensinar ao jovem Jesus, mostrando-lhe, no meio dos incômodos e
atribulações da viagem, os sofrimentos da humanidade, a falta de ideais do povo e os
assuntos populares então em voga.
Segundo essas crônicas, permaneceu Jesus pouco mais de um ano naquela escola monástica
e se familiarizou com os ensinos e rituais do budismo. O principal instrutor dele naquele
período foi Lamaas, com quem simpatizou tanto que posteriormente o induziu a que
ingressasse na comunidade essênia da Palestina.
Do mosteiro de Djaguernat se trasladou Jesus para o vale do Ganges e se deteve alguns
meses em Benáres, onde teve ocasião de estudar ética, física, gramática e outras disciplinas
próprias das escolas mais famosas pela sua cultura e erudição. Ali se interessou vivamente
Jesus pelo sistema terapêutico dos hindus e recebeu lições de Udraka, o mais insigne
terapeuta do país.
Depois de visitar outras partes da Índia com o fim de conhecer a arte, a legislação e a
cultura dos seus povos, regressou Jesus ao mosteiro de Djaguernat, onde esteve outros
dois anos. Tal adiantamento conseguiu em seus estudos que o nomearam instrutor na vila
de Ladak, em que teve ocasião de familiarizar-se com a arte de ensinar por meio de
parábolas.
Por motivo das suas relações com eminentes instrutores de Benáres, recebeu Jesus a
visita de uma alta dignidade de Lahore. Das crônicas se infere que Jesus já havia introduzido
novas idéias e verdadeiros princípios místicos nas lições que ministrava aos alunos de sua
escola e, embora essas novidades agradassem aos discretos, provocavam o antagonismo
dos indoutos e rigorosamente ortodoxos.
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Daquele país se transportaram Jesus e os magos para as ruínas da Babilônia e ali estiveram
algum tempo a examinar os templos desmoronados, as partes destruídas e os palácios
desertos. Lá se familiarizou Jesus com as provas e atribulações das cativas tribos de Israel
e viu os lugares em que Daniel e os hebreus suportaram tremendas atribulações.
Indubitavelmente lhe impressionaram os pecados dos pagãos e os erros das crenças antigas.
Da Babilônia foram Jesus e os magos para a Grécia, onde se relacionou com alguns filósofos
atenienses e esteve sob a direção pessoal e cuidado de Apolo, que lhe mostrou as antigas
crônicas da sabedoria grega. Naquele país Jesus despertou muito a atenção dos sábios e
magos que lhe rogaram permanecesse mais tempo com eles, mas o seu itinerário estava
definitivamente traçado e, ao cabo de poucos meses, embarcou rumo a Alexandria.
Ali só esteve o tempo suficiente para conversar com os mensageiros especiais que haviam
ido saudá-lo e visitar alguns dos mais antigos santuários. De lá passou para Heliópolis e
residiu em uma casa particular, especialmente disposta para ele, com vários criados, um
lindo jardim e um escriba cujas funções eram análogas às do que chamamos hoje de
secretário particular.
Pouco depois de sua chegada a Heliópolis, foi Jesus visitado pelos representantes do
sacerdócio pagão do Egito, que se haviam inteirado com desgosto e desaprovação dos
seus ensinamentos e manifestações de poder místico. Novamente sofreu as amarguras da
vida em várias provas e atribulações que teriam levado um homem vulgar a ceder às
insinuações dos sacerdotes e a recorrer ao engano e à hipocrisia com respeito aos seus
propósitos e intenções”.
Diz o autor que foi naquela ocasião que Jesus começou a preparar-se para os graus
superiores da Grande Fraternidade Branca, quando então alcançou o título de Mestre e voltou
para a Palestina.
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Sua escrita habitual era vagarosa ao passo que, quando escrevia automaticamente, era
muito rápida, até mesmo veloz. Já em março de 1926, contavam-se 1750 palavras escritas em
apenas uma hora e quinze minutos. Sua principal produção mediúnica foi de assuntos dos tempos
apostólicos, como Francisco Cândido Xavier que nos deu: “Há 2000 anos”, “50 anos depois”, “Ave
Cristo”, “O sinal da vitória” e “Paulo e Estevão”, obras ditadas pelo espírito de Emmanuel, que, em
existência anterior, foi um sacerdote católico e que, em certo sentido, não poderia deixar de pender
para a sua última religião terrena.
O primeiro livro mediúnico recebido pela srta. Cummins foi “Os escritos de Cleofas’, que
suplementa os Atos dos Apóstolos e as Epístolas de São Paulo. É uma narrativa histórica da igreja
primitiva e do trabalho dos apóstolos de logo após a morte de Jesus até a partida de Paulo de
Beréia para Atenas.
Na sua segunda obra “Paulo em-Atenas”, a narrativa é retomada e continuada. A terceira,
“Os grandes dias de Éfeso”, segue a mesma linha de pensamento. A produção desses escritos
automáticos foi testemunhada por eminentes teólogos e outras autoridades e esclareceu muitas
passagens obscuras dos Evangelhos. Recebeu ela, além de várias outras, sobre diferentes assuntos
de fundo espírita, a pequena obra “Apelo para o César” e ainda “A infância de Jesus” e esta que
mencionei acima e que trata dos primeiros anos da vida de adulto de Jesus, o seu julgamento e a
sua crucificação. “The manhood of Jesus” está prefaciada pelo Rev. B. A. Lestes, B. A. (Ôxon).
Trata-se, em suma, de uma médium altamente credenciada e respeitada, mesmo por
autoridades eclesiásticas, e muito lhe deve o Espiritismo na Inglaterra.
Passo, finalmente, à transcrição acima prometida. Ei-la, em tradução:
Os Fariseus, os Saduceus e os Essênios adoravam cada um deles a Deus, conforme sua
própria maneira. Na época em que Jesus andava pela Galiléia, os Essênios eram em número
de três ou quatro mil. Alguns moravam na cidade, embora permanecessem uma gente à
parte. Outros viviam na comunidade local e alguns pensavam em Deus nos lugares desertos.
Eles envergonhavam os Fariseus e os Saduceus pela nobreza e pureza de suas vidas. Não
censuravam qualquer pessoa, mas entre si discutiam a respeito das práticas dos Fariseus
e condenavam o oferecimento de animais em sacrifício no Templo de Sion. Não acreditavam
que ritos e cerimônias externas fossem tudo desejado por Deus. Havia uma prática, porém,
além da prece e do jejum, que lhes era preciosa. Eram cuidadosos na limpeza do corpo e
banhavam-se muitas vezes diariamente. Esse era um sinal exterior de sua pureza interior,
esse testemunho da alma que acreditavam levar com eles depois da morte, em sua rápida
viagem para a região feliz, o Paraíso, no longínquo horizonte.
Os Essênios não proferiam palavras profanas ou mundanas antes do nascimento do sol.
Na hora escura que precede a madrugada, ajoelhavam-se e oravam até que o sol surgisse,
quando entoavam o Canto da Luz Eterna, aquela Luz que emana da fronte de Deus e que,
em majestade e beleza, alimenta toda vida. Mas se entregavam, em particular, a essa
prática da prece e comunhão com Deus antes do nascer do sol, pois que acreditavam que,
sempre na hora da morte, as almas dos fiéis viajavam para o Paraíso quando o sinal
externo da Luz Eterna surgia em sua glória por cima de colinas e vales. A essa boa gente,
portanto, a hora do levantar do sol era santa, um espaço de tempo concedido pela vontade
divina ao viajante que se libertou da carne e do mal do mundo que condenavam inteiramente
e de que pensavam livrar-se durante a sua vida.
Os Fariseus e os Saduceus odiavam esses Filhos da Luz, mas a couraça da virtude deles
não podia ser perfurada. Assim, embora esses homens desejassem a sua destruição, não
achavam um meio de assalto com que pudessem abatê-los e destruir-lhes as comunidades.
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No sopé de um monte não longe de Jericó e construída sobre uma rocha, achava-se a casa
dos eremitas. Há muitos anos, dois jovens chamados Shammai e Enoc haviam reunido
alguns desses fiéis e os aconselharam a fugir das maldades das cidades e buscar retidão
de vidas, antes que fosse tarde, nos lugares desertos.
Por algum tempo, eles perambularam pelo deserto, cheios de fome e sede, mas, finalmente,
como Moisés e Aarão, Shammai e Enoc descobriram a terra que lhes fora prometida por
Jeová numa visão.
De uma caverna no meio de uma região nua saía uma corrente d’água que denominaram
‘Água da Vida’. Nunca estava seca e regava a planície pedregosa que os irmãos desobstruíam
quando fosse possível, e plantavam pés de uva e figos no alto da rocha. Então, com vagar
e instrumentos edificaram o Lar dos Fiéis, que se tornou famoso além de qualquer outra
coisa pertencente à sua seita, pois Shammai e Enoc, após meditação e prece, esboçaram
corretos modos de pensar e de conduta e levaram-nos a serem observados, de modo que
aqueles irmãos, que dirigiam, levassem uma vida pura que servisse de exemplo para as
outras comunidades. Desprezavam as riquezas e partilhavam as coisas em comum. Sabendo
disto quando era jovem, Jesus disse à Maria Cleofas que algum dia visitaria os Essênios e
aprenderia o seu modo de viver.
E assim aconteceu que, no começo do verão, na hora do pôr do sol, Shammai, que permanecia
entre as vinhas e dirigia o trabalho dos irmãos, percebeu, no vale, um viajante que se
aproximava e que demonstrava estar caindo de fraqueza. Rapidamente despachou dois
irmãos mais moços para receber e socorrer o homem. Levantaram-lhe o corpo caído e
conduziram-no, pela volta do caminho, ao seu lar na encosta do morro.
Depois de breve instante, esse viajante abriu os olhos na frialdade da larga câmara para
onde o tinham conduzido. Tendo sido revigorado por meio de ervas e limpado da poeira do
caminho, ele falou e deu o seu nome: Jesus de Nazaré. Então Shammai mandou que os
irmãos voltassem ao seu trabalho e às suas orações, pois. como ele contou a Enoc, ficara
estranhamente impressionado pela conversa e a figura do jovem galileu.
Shammai era um homem de dignidade e idade avançada e seu tom de autoridade não
podia deixar de ser obedecido. Logo Jesus lhe estava abrindo o coração e contando o seu
plano de ir ao Egito.
‘Por que ir ao país dos idólatras, onde não há paz nem qualquer segurança onde uma
comunhão possa ser feita e mantida com o Abençoado?’ falou Shammai. ‘Percebo, jovem,
que a tua alma está pesada e que ficaste abatido pelas maldades do mundo. Em uma
época distante, como tu, também eu presenciei cenas de violência que me levaram a buscar
Deus neste lugar deserto, que tem sido frutífero para nós. Vi homens torturados e mortos
pelos Romanos e ouvi as declarações feitas pelos Fariseus aos homens do poder. Por
conseguinte, sei que unicamente pelo retiro do mundo posso preservar minh’alma e as dos
outros do mal que sempre prevalece no mundo dos homens - prevalece até que o Messias
venha’.
Então Jesus perguntou se ele podia tornar-se irmão dessa comunidade de Essênios e
passar sua vida no vale: ‘onde, na verdade, creio que encontrarei e guardarei o Reino do
Céu’.
Por um momento Shammai não deu resposta como se perscrutasse o rosto do jovem com os
olhos. Quando finalmente falou, suas palavras não foram de boas-vindas e de assentimento.
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‘Meu espírito me diz’, falou Shammai, ‘que há em ti algum estranho poder que te levará
longe de nós, te levará de volta ao mundo. Acho-me assim confuso, não gostando de proibir-
te de entrar para a nossa ordem, mas sabendo, por conhecimento íntimo, que tu não és um
dos nossos, que estranhos e terríveis acontecimentos jazem em teu caminho pela vida
afora. Portanto, temendo que a nossa paz possa ser destruída, hesito em pedir-te para
permanecer conosco’.
Jesus então encheu-se de tristeza. Percebendo-lhe o abatimento, Shammai lançou de si o
manto do pré-conhecimento e disse ao seu hóspede que ele poderia morar naquela casa
três dias e noites depois do que receberia a sua resposta.
Assim, durante aqueles três dias e noites Jesus viveu entre os Essênios, seguindo o .seu
modo de vida. Levantava-se ao nascer do sol e orava até que o dia clareasse, e todos então
se juntavam no seu canto de louvor e adoração. Jesus banhava-se na corrente quatro
vezes por dia e comia com os irmãos no largo aposento e ouvia a leitura das Escrituras,
feita por Enoc. Trabalhava na vinha e cada tarde lavava a veste branca que lhe fora dada
para usar. As horas de orações eram observadas por ele, horas das quais era cioso, não
permanecendo dormindo como acontecia com alguns irmãos durante o pesado calor da
tarde. Breve, em razão de sua singularidade e certa radiação que a regra do silêncio não
podia quebrar, tornou-se o amado dos ‘crentes’ como eram os Essênios chamados.
Na hora seguinte ao levantar do sol, já no quarto dia, Enoc foi porta-voz do desejo dos
irmãos, que pediam a Shammai que permitisse que Jesus se tornasse membro de sua
comunidade ou, pelo menos, lhe fosse permitido residir ali por três anos e observado e
experimentado até que eles pudessem saber se ele poderia continuar na ordem durante a
sua vida.
Shammai respondeu: ‘Não estou consentindo nisto, mas, já que é a vontade dos irmãos,
assim seja’. Então os Essênios daquela comunidade ficaram contentes, e, na sua presença,
Jesus proferiu as palavras de seu primeiro voto: ‘Serei verdadeiro e fiel no meu trato com
todos os homens e mais particularmente obedecerei os que tiverem autoridade, pois Deus
os apontou para dirigir-me’.
Preces foram proferidas e os irmãos vestiram Jesus com nova veste branca e assim começou
o seu noviciado.
Mais tarde iria Jesus cumprir o seu destino em Jerusalém e outros lugares.
Em resumo, esta narrativa mediúnica confirma a estada de Jesus entre os Essênios e o
seu aprendizado.
O erudito A. Leterre foi um dos autores que mais investigaram sobre a vida de Jesus e
do seu alentado volume de 540 páginas, estudo remontado há mais de 8600 anos, extraímos o
seguinte e interessante trecho:
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Como já vimos, Jesus era de ascendência judaica e, como tal, teve de submeter-se a todas
as exigências da Lei Mosaica que abrangia a Economia, o Ensino, a justiça, a Higiene, a
Moral e o Culto a Jeová.
As primeiras palavras que Jesus balbuciou foram certamente orações a IÊVE (Jeová) e
nem sua mãe poderia ter-lhe ensinado outra doutrina senão a que ela mesma professava
nos templos, tanto mais, crente como estava, de ser seu filho o Messias, isto é, o profeta
anunciado por Moisés, não podendo, pois, a religião ser outra, por isso que o nazareou,
mesmo para estar de acordo com a Lei que mandava consagrar ao Senhor todo primogênito
homem.
Criado o menino, foi ele entregue ao templo para sua educação e final desempenho da sua
missão, tendo se dado essa ausência entre a idade de 12 à de 30 anos, justamente o
tempo omisso nos Livros Sagrados sobre a Vida de Jesus nesse interregno, mas exatamente
concordante com o tempo prescrito pelos templos na Índia para as iniciações que regulava
ser de 18 a 21 anos.
Esses 18 anos de ausência de Jesus são comparáveis aos 15 anos em que Zoroastro
também esteve ausente. Apelemos para Lucas. Que diz ele em 1, 80?
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Segundo este notável escritor, toda a documentação por ele copiada e resumida em sua
citada obra, cujas edições foram em grande parte queimadas na Rússia e em Paris pelo clero
interessado, se acha, entretanto, conservada nos templos de Lhassa, para onde foi levado cerca de
200 anos após a morte de Jesus, da qual é também ali falada e igualmente é encontrada em
Bombaim e na própria Biblioteca do Vaticano.
A história parece ter seu cunho de verdade se compararmos as palavras, as sentenças,
as parábolas, os atos de Jesus com os ensinos da doutrina de Buda, onde elas se encontram em
toda sua pureza, e do que faremos adiante uma vasta comparação.
Também, segundo Saint-Yves,
Jesus foi iniciado no Agartha, no Tibet, e sua doutrina é saturada da budista, que ele
soube adaptar à mosaica e de acordo com a mentalidade e os costumes de seu povo.
Por outro lado, confrontando-se Notovitch com Schuré, ex-discípulo de Saint-Yves, este
escritor faz supor que, da idade de 29 para 30 anos, Jesus havia se recolhido ao templo
que funcionava em Engaddi, perto de Belém, nas margens do Mar Morto, e que era dirigido
por Essênios (Assaya em siríaco, que significa Médico, Terapeuta), os quais tinham por
missão curar doenças físicas e morais. Era o resto de uma casta sacerdotal pertencente a
confrarias de profetas instituídas ali por Samuel, o qual, por sua vez, era filiado às doutrinas
de Rama.
Proibiam o matrimônio e a guerra; recomendavam o amor a Deus e ao próximo e ensinavam
a imortalidade da alma; formavam uma singular associação moral e religiosa e viviam
numa espécie de mosteiros (Koinobions), pondo seus bens em comum e entregando-se à
agricultura.
Eram opostos aos Saduceus, que negavam a imortalidade da alma. Há grande analogia
entre essa seita e os primitivos cristãos. Tinham, porém, muitas idéias e práticas budistas.
O título de irmão usado na igreja primitiva é de origem essênia.
Segundo F. Delaunay, os essênios surgiram 159 anos antes de J. C. nas cercanias da
cidade dos Patriarcas, ao norte de Engaddi, não longe, portanto, de Belém, onde se achavam
disseminados seus templos.
Plínio, por sua vez, relata que os essênios eram budistas.
Paramos aqui para citar outro autor não menos erudito, ou seja um grande orientalista,
como Louis Jacolliot.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Na Índia, Jacolliot meditou toda a sua obra, composta de vários volumes, entre eles o de
que se trata e que bem revela a sua cultura de humanista erudito, e Christna et le Christ, Les fils de
Dieu, La genèse de l’humanité, Le Spiritisme dans le monde, etc.
Escreve ele:
É indubitável para nós que Jesus, até o momento em que apareceu no cenário do mundo,
isto é, até os trinta anos, se preparou pelo estudo para a missão que se havia imposto.
Por que, com efeito, permanecer até os trinta anos sem começar sua obra? Por que, se
houvesse sido Deus, permanecer na inação durante doze ou quinze anos de sua vida de
adolescente e de homem? Por que não pregar desde sua infância? Seria, sem dúvida
alguma, um meio bastante sensível de demonstrar sua divindade.
Conta-se que aos doze anos defendeu, no templo, uma tese que maravilhou os doutores
judeus. Que tese? Por que os evangelistas não julgaram conveniente nos fazer conhecê-la?
Não seria mais provável que esse fato, junto com outros, fosse produto de sua imaginação?
Enfim, que fez dos doze aos trinta anos? Esta é uma pergunta que formulo e que gostaria
de ver respondida.
No silêncio dos apologistas de Jesus não podemos ver mais do que um fato intencional,
pois seria preciso dizer a verdade e destruir a nuvem de obscuridade com a qual se
comprazeram em rodear aquela grande figura. E o certo é que Cristo, durante tal período,
estudou no Egito, talvez até na Índia, os livros sagrados, reservados desde séculos aos
iniciados e com os mais inteligentes dos discípulos que se juntaram a ele no curso das suas
peregrinações.
Desta maneira foi como Jesus conheceu as tradições primitivas e estudou a obra e a moral
de Crisma, na qual se inspirou para seus ensinamentos e prédicas familiares.
Parece-me ouvir exclamações de surpresa e admiração até no campo dos livres pensadores.
Raciocinemos, pois. A vós racionalistas me dirijo, a vós somente, pois toda discussão com
os partidários da fé é impossível, desde o momento que não podemos entender-nos a
respeito de princípios.
Se não acreditais na divindade de Jesus por que vos admirais que se indague quais foram
seus antecessores e iniciadores? Nascido de uma classe não inteligente, porque muito
pouco instruída, só mercê de estudos pôde elevar-se acima de seus compatriotas e
desempenhar o importante papel que conhecemos. Sim, Cristo foi ao Egito; sim, Cristo
estudou no Oriente com os seus discípulos, eis a única maneira de explicar logicamente a
revolução moral que realizaram. Provas não faltam. Esperai antes de formular juízo a respeito
desta opinião que não é para mim uma simples hipótese mas uma verdade histórica.
Que esta última palavra não vos surpreenda muito. Digo verdade histórica porque se comigo
recusais o revelado, o prodigioso e o maravilhoso, só ficam causas naturais para estudar e
se juntos achamos, em nossos estudos anteriores, uma doutrina mais antiga e que seja,
ponto por ponto, idêntica à de Jesus e de seus apóstolos, não estaremos no direito de crer
que nas mesmas fontes primitivas foi onde eles foram buscar seus conhecimentos?
Não foram todas as grandes inteligências da antiguidade vivificar seu gênio no Egito? Não
era aquele antigo país o ponto de reunião de todos os pensadores, de todos os filósofos, de
todos os historiadores, de todos os gramáticos daquela época? Que iam buscar ali? Que
podia encerrar aquela imensa biblioteca de Alexandria cuja destruição foi um dos menores
títulos com que o César conquistou o desprezo das gerações vindouras?
Por que mais tarde os neo-platônicos foram àquele país fundar sua célebre escola se as
antigas tradições não houvessem atraído, qual foco luminoso, todas as escassas inteligências
e todos os pensadores?
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O filho de Maria e José seguiu a corrente: o Egito estava a pouca distância e ele foi ali
instruir-se. Até pode ser, e estou tentado em acreditá-lo, que foi levado àquele país, desde
a mais tenra idade, pelos próprios pais, assim como explicam os evangelistas, e devia
voltar só depois de haver concebido o pensamento de ir pregar sua doutrina aos judeus.
Fazemos ponto aqui, passando a novas narrações concordantes, todas elas enaltecendo
a grande missão do Cristo, embora o vejam sob certo ponto de vista.
Não censureis os que consideram Jesus como um grande iniciado, pois autores há, que,
alegando que ele historicamente não existe, porque não foi mencionado por escritores de sua
época, duvidam de sua existência terrena e chegam mesmo a impugnar o Novo Testamento, que já
foi muito esmiuçado e criticado. Não desconhecemos o que aconteceu com o Padre Loisy.
Mas, seja como for, a nossa religião cristã tem feito muito pela humanidade terrena e
progredirá cada vez mais.
Jesus foi e será sempre o maior dos profetas, a julgar pelo Novo Testamento.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Estas passagens têm uma importância extrema, porque nos fazem penetrar na tradição
esotérica, constante e viva em Israel, e por ela no sentido verdadeiro da lenda cristã. Elcana,
o marido, é bem o pai terrestre de Samuel segundo a carne, mas o Eterno é seu pai celeste,
segundo o Espírito. A linguagem figurada do monoteísmo encobre aqui a doutrina da
preexistência da alma. A mulher iniciada chama uma alma superior para a receber no seu
ventre e dar à luz um profeta. Esta doutrina, muito velada entre os judeus, completamente
ausente do culto oficial, fazia parte da tradição secreta dos iniciados.
E do cap. II - Os essênios - João Batista - A tentação, este pequeno e interessante
trecho:
O que Jesus queria saber, só os essênios lhe poderiam ensinar.
Os Evangelhos guardam um silêncio absoluto sobre os fatos e os gestos de Jesus antes de
seu encontro com João Batista, pelo qual, segundo eles, o Cristo, de certo modo, deu início
ao seu ministério. Logo depois ele apareceu na Galiléia com uma doutrina formada, a
segurança de um profeta e a consciência de um Messias, porém é evidente que esse início
de pregação deveria ter sido precedido por um longo desenvolvimento e por uma verdadeira
iniciação. E não é menos certo que tal iniciação deveria ter-se realizado na única associação
que então conservava em Israel as verdadeiras tradições e o gênero de vida dos profetas.
Isto não pode oferecer a menor dúvida àqueles que, elevando-se acima da superstição da
letra e da mania maquinal do documento, ousam descobrir o encadeamento das coisas
pelo espírito delas.
Isto ressalta não só da íntima conformidade entre a doutrina de Jesus e a dos essênios
mas do próprio silêncio guardado pelo Cristo e pelos seus acerca dessa seita. Por que
motivo ele, que atacava com uma liberdade sem igual todos os partidos religiosos de seu
tempo, não cita nunca os essênios? Por que razão também nem os Apóstolos nem os
Evangelistas falam deles? Evidentemente porque consideravam os essênios como sendo
dos seus, porque estavam ligados a eles pelo juramento dos Mistérios e porque esta seita
se fundiu com a dos cristãos.
Na época de Jesus a ordem dos essênios constituía o último resto dessas confrarias de
profetas organizadas por Samuel. O despotismo dos senhores da Palestina, a inveja de um
sacerdócio ambicioso e servil os tinham repelido para o retiro e o silêncio. Eles já não
lutavam como os seus predecessores, contentando-se em manter a tradição. Tinham dois
centros principais: um no Egito, nas margens do lago Maoris e o outro na Palestina, em
Engaddi, à beira do Mar Morto. Este nome de Essênios, que tinham adotado, vinha da
palavra siríaca Assaya, médico, em grego terapeuta, porque seu mister confessado era o
de curar doenças físicas e morais.
Paramos aqui com as citações das obras de Schuré para passar a duas autoras muito
conhecidas no meio teosófico.
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Annie Besant foi uma simpática e ilustre senhora inglesa que, maravilhada com a Teosofia,
fixou residência na Índia e foi mãe adotiva do filósofo Krishnamurti.
De sua obra supracitada, extraímos o seguinte trecho do capítulo IV - O Cristo Histórico
- que condiz com o ponto de vista teosófico sobre o assunto, isto é, a iniciação Jesus e a encarnação
terrena do Cristo. Ei-lo:
Os anais ocultos confirmam, em parte, a narração dos. Evangelhos e em parte não. Mostram-
nos a vida de Jesus e deste modo nos facilitam o separá-la dos mitos que estão com ela
entrelaçados.
O menino, cujo nome judeu foi transformado em Jesus, nasceu na Palestina 105 anos
antes de nossa era, sendo cônsules Públio Rutilo Rufo e Gnae Mallio Máximo. Seus pais,
de ilustre origem, ainda que pobres, o educaram no conhecimento das escrituras hebréias,
mas sua fervorosa devoção e sua gravidade, que não condiziam com a sua idade, fizeram
com que eles o destinassem à vida religiosa e ascética e, como depois, em uma visita que
fez a Jerusalém, mostrasse sua extraordinária inteligência e seu afã de saber, indo em
busca dos doutores do templo, o enviaram para adquirir ensinamentos em uma comunidade
de essênios que habitava o deserto meridional de Judéia. Na idade de dezenove anos
entrou para o mosteiro essênio situado nas proximidades do Monte Serbal, instituto muito
visitado pelos sábios que da Pérsia e da Índia iam para o Egito e onde existia uma magnífica
biblioteca de obras ocultas, muitas das quais idas de regiões mais além do Himalaia. Desse
lugar de místico saber, passou mais tarde ao Egito.
Havia sido plenamente instruído nas doutrinas secretas que constituíam entre os essênios
a verdadeira fonte da vida e, no Egito, foi iniciado como discípulo dessa sublime Logia de
onde saem os fundadores de todas as religiões, pois o Egito foi sempre um dos grandes
centros que há no mundo para a guarda dos Mistérios verdadeiros, dos quais são fracos e
incompletos todos os Mistérios semi-públicos. Os Mistérios historicamente classificados de
egípcios eram sombras dos assuntos tratados realmente “na Montanha” e ali foi consagrado
o jovem hebreu de um modo solene que o preparou para o Sacerdote Régio a que chegou
mais tarde. Era sua pureza tão sobre-humana e tão grande sua devoção que, em sua idade
viril, cheia de graça, avantajava de muitos os severos e algo fanáticos ascetas com os quais
havia sido educado, derramando entre os rudes judeus que o cercavam a fragrância de
uma sabedoria suave e terna como um roseiral que, plantado estranhamente em um deserto,
espargisse seu perfume por estéril planície. A majestosa graça e a formosura de linhas
puras formavam em seu redor radiante auréola e suas breves palavras, dóceis e amorosas,
despertavam ainda nos mais duros suave ternura. Assim viveu até os 29 anos de idade,
crescendo de graça em graça.
Com pureza e devoção tão grandes, estava em condições para servir de templo a um Poder
mais elevado, para ser a morada de uma Presença poderosa. Havia chegado a hora de
realizar-se uma das manifestações divinas que de tempo em tempo vêm em auxílio da
humanidade, quando para apressar sua evolução espiritual se necessita de um novo
impulso, quando a aurora de uma nova civilização vai despontar.
Um poderoso “Filho de Deus” devia encarnar na terra um Instrutor supremo “cheio de
graça e de verdade” (S. João, I, 14), mas precisava de um tabernáculo terrestre, uma forma humana,
o corpo de um homem. Quem mais a propósito para ceder seu corpo com vontade e alegria ao
serviço de Um ante o qual os anjos e os homens se curvavam com a mais profunda reverência, que
esse hebreu, o mais nobre e o mais puro entre os “Perfeitos”, cujo corpo e alma imaculados eram
o melhor que a humanidade poderia oferecer? O homem Jesus se entregou voluntariamente ao
sacrifício, “ofereceu-se sem mancha” ao Senhor que tomou para si aquela forma pura como
tabernáculo e viveu com ela três anos de vida material.
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Nas tradições contidas nos Evangelhos, encontra-se essa época assinalada pelo Batismo
de Jesus, quando se viu o Espírito “que desceu do céu como uma pomba e pousou n’Ele” (S. João,
I, 32) e uma voz celestial o proclamou o Filho bem amado a quem os homens deviam prestar
ouvido. E era ele, na verdade, o Filho bem amado a quem o Pai pôs sua complacência (S. Mateus,
111, 17) e desde então “começou Jesus a pregar” (S. Mateus, IV, 17) e foi aquele grande mistério:
“Deus se manifestou na carne” (I. Timóteo, 111, 16).
Citamos mais de um autor teosofista, mas, como não mencionamos ainda aquela que é
considerada a fundadora da nova Teosofia Helena Petrovna Blavatsky, que escreveu, entre outros
livros, “Isis sem véu” e “A Doutrina Secreta”, em vários volumes, vamos ver o que diz ela sobre
Jesus nas págs. 302/3 do seu “Glosário Teosófico”: Jesus - Chamado também Cristo ou Jesus-
Cristo. É preciso estabelecer uma distinção entre o Jesus histórico e o Jesus mítico. O primeiro
era essênio e nazareno e foi mensageiro da Grande Fraternidade para pregar os antigos ensinamentos
divinos que deviam ser a base da nova civilização. Pelo espaço de três anos foi Mestre divino dos
homens e percorreu a Palestina, levando uma vida exemplaríssima por sua pureza, compaixão e
amor pela humanidade. Operou multidões de prodígios ressuscitando mortos, curando enfermos,
devolvendo a vista a cegos, fazendo andar paralíticos e realizando muitos outros atos que, pelo seu
caráter extraordinário, foram qualificados de “milagrosos”. A sublimidade de sua doutrina ressalta
sobretudo em seu célebre Sermão da Montanha. Como iniciado que era, ensinou também doutrinas
esotéricas, mas estas as reservava unicamente para uns “poucos”, isto é, para seus discípulos
escolhidos.
Ao Jesus histórico foram atribuídos não poucos fatos lendários que o converteram em
outro personagem puramente mítico, uma verdadeira cópia do deus Krishna, tão venerado na
Índia. Para comprovar claramente tal asserção, basta observar um pouco o paralelo que entre
Jesus e Krishna é apresentado em “Isis sem Véu”, etc., etc”.
Gostaríamos, e muito, de citar autores não espiritualistas ou ocultistas, mas notamos
que eles não dizem palavra sobre a vida de Jesus dos 13 aos 30 anos. Para quem quiser aprofundar
o mistério, que vai ... ao infinito, como diz Steiner, recomendamos as seguintes obras na língua
francesa: de Gustave Dalman, Diretor do Instituto Arqueológico Alemão de Jerusalém: Les itinéraires
de Jésus (Topographie des Évangiles); de R. Bultman, Professor na Universidade de Marburg: Le
Christianisme primitive dans le cadre des religions antiques; de Joseph Klausner, Professor de
Literatura Hebraica na Universidade de Jerusalém: Jesus de Nazareth (Son temps - Sa vie - Sa
doctrine); Charles
Guignebert, Professor de História do Cristianismo na Sorbonne: Des prophètes à Jésus,
Jésus, Le Christ e L’Église; e de Maurice Goguel, Decano da Faculdade de Teologia Protestante de
Paris: Jesus, La naissance du Christianisme. L’Église primitive e Au seuil de l’Évangile.
Nossos leitores já notaram que um autor escreve Krishna e outros Cristna, bem como
que uns dão 12 anos a Jesus na ocasião do encontro no templo e outros 13, embora incompletos.
São pequenos detalhes que nada alteram. Digo isto (no singular), porque, embora muito tenha lido
sobre Jesus, o que ficou ainda em mim, na mente e no coração, foi aquele que conheci em meu
tempo de criança.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Com o título acima e os subtítulos de “Jesus de Nazaré foi um “yogi”, “Onde Issa passou
a sua mocidade” e “O mistério de um túmulo sombrio”, apareceu, no conceituado matutino carioca
“Correio da Manhã”, o curioso artigo de que extraio os seguintes trechos, todos em confirmação do
que foi dito anteriormente, como veremos adiante. Dito artigo faz parte de uma série sob o título
geral de “Cartas da Índia” e foi escrito em Srinagar, Kashmyr, em julho de 1949.
Passo aos trechos que nos interessam:
Os muçulmanos veneram aqui um santuário numa pequena aldeia não longe de Srinagar.
É um túmulo antiqüíssimo e sombrio. E quem está nesse túmulo?
Quem inspira tanto respeito e veneração? Simplesmente Jesus de Nazaré! Porque, para os
muçulmanos, Jesus morreu em Kashmyr! Considerado por eles como um dos grandes
profetas, sendo os outros Abraão, Moisés e Maomé, Jesus conhecia todos os segredos da
vida e da morte. Assim, após o Calvário e o seu sepultamento, tornou à vida. Os discípulos
o esconderam e trataram das suas chagas. Depois, ele começou a grande jornada para o
Tibet. Deteve-se em Kashmyr, onde veio a morrer das feridas mal curadas. E aqui existe
um pinheiro, cujas folhas têm a virtude de sarar qualquer chaga. Nesse pinheiro, diz a
lenda, Cristo apoiou-se para morrer...
Aliás, o Nazareno já estivera aqui. E os muçulmanos têm uma versão que explica o mistério
da vida de Cristo da adolescência à maturidade. Onde esteve ele desde a discussão no
Templo com os doutores até se fazer homem?
Muitas figuras do renascimento indiano do século XIX escreveram sobre o “Cristo oriental”
afirmando que Jesus pertencia à Índia tanto racialmente como espiritualmente. Um
manuscrito descoberto num mosteiro budista refere-se a Jesus como Issa e conta que Issa
esteve por muito tempo no Tibet estudando os sistemas hindus-budistas da “yoga” e da
ciência espiritual. Na idade de 30 anos, Issa regressou à Palestina. Aí, os seus novos
ensinamentos provocaram a reação político-social que o levou ao calvário, porque Jesus, o
“yogi”, queria que o seu povo aprendesse a antiga verdade: “Deus é Amor”.
Um amigo muçulmano contava-me essa versão nova para mim. Eu fiquei ali, parado,
admirado, olhando o túmulo misterioso. Uma mulher coberta de véus entrou e ajoelhou-se
em atitude de profunda veneração. Depois suas mãos tocaram com unção uma pedra onde
está gravada a marca dos pés do Nazareno. E, eu, Católico, Apostólico Romano, senti que
minha mão se erguia, automaticamente, e fazia o Sinal da Cruz.
Quando saí do sombrio túmulo de Cristo, o sol esplendente parecia querer cegar-me. Teria
eu traído por um momento a minha crença na Ressurreição do Filho de Deus? Em torno, a
suprema beleza do verde dos vales, do azul das águas, do branco imaculado das montanhas
cobertas de neve ... Quem sabe mesmo se um dia os divinos pés do Nazareno não pisaram
essas paragens, tornando-as num dos mais belos lugares do mundo?
Mulheres veladas, homens com turbantes de cores vivas e amplos mantos, chegam em
grupos para o santuário. Pareciam sair de antigas pinturas dos tempos dos imperadores
mongóis.
Mais uma lenda para se confundir com a História, perturbando a paz do “Novo Testamento.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Aqui termina o articulista, e também eu. Não faço nenhum comentário. Quem quiser
que o faça. Porque, para mim, Jesus-Cristo será sempre o mesmo Cristo dos seus sublimes
ensinamentos.
Este escritor mexicano, no seu supracitado artigo, dividido em subtítulos: Jesus histórico;
Jesus bíblico; Jesus filósofo; Estudo analítico de Jesus; Paulo, cérebro criador da Bíblia; Jesus
não morreu na cruz; Aspiração de Jesus; Fenômeno do Avatar; Porque se chama a José o carpinteiro
de patriarca?; Jesus primogênito e não unigênito; Jesus estudante e Conclusão, também estranha
certos aspectos da crucificação, bem como que se chame a Jesus de unigênito quando teve irmãos
e irmãs carnais. Alguns categorizados exegetas do Novo Testamento argumentam que se trata não
de “irmãos carnais” e sim de “irmãos espirituais”, argumento que não prevalece pois também no
meio espírita chamamos habitualmente os nossos confrades de “irmãos” no sentido espiritual,
quando temos também os nossos “irmãos carnais”, como aconteceu com Jesus.
Do longo artigo do Sr. Rodolfo Benavides só traduzo os trechos intitulados “Jesus não
morreu na cruz”, e “Jesus estudante”. Vamos a eles.
A afirmativa de que Jesus não morreu na cruz geralmente surpreende ainda a pessoas
versadas nestas questões e isto obriga uma explicação. Lemos em Lucas, cap. 24, vers. 37
a 43, que dizem: “Então eles (os discípulos), espantados e atemorizados, pensavam
que viam algum espírito. E ele (Jesus) lhes disse: Por que estais perturbados e por
que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os
meus pés, que sou eu mesmo: apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne
nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isto, mostrou-lhe as mãos e os
pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e maravilhados, disse-lhes;
Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um
peixe assado e um favo de mel, o que tomou, e comeu diante deles”.
O Espiritismo científico experimental moderno demonstra que, em determinadas
circunstâncias, os espíritos podem materializar-se e fazer-se momentaneamente visíveis
até o ponto de deixar-se fotografar, mas nunca se aceitou que essas materializações cheguem
a constituir um corpo físico permanente, nem muito menos que possa comer, como afirma
o Evangelho. E tudo isto, sem contar com que, para a elevada personalidade de Jesus,
recorrer ao procedimento de tomar alimentos para conquistar de novo os discípulos, é um
procedimento somente válido quando se quer demonstrar, que não morreu mas que,
transcorridos alguns dias, se restabeleceu de suas feridas.
Poderíamos citar os outros evangelhos, porém preferimos chamar a atenção para fatos
suspeitos como são o de ter sido baixado da cruz só algumas horas depois de haver sido
crucificado, embora a lei romana exigisse um mínimo de três dias. Depois, quando foi
levado a um túmulo de propriedade de Arimatéia, proeminente essênio, antigo mestre de
Jesus, e finalmente quando o corpo desapareceu tão inesperadamente que os quatro
evangelistas não puderam pôr-se de acordo, em vista do que cada um deles dá uma.
versão distinta.
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Tudo isto revela a manifesta parcialidade de Pilatos, que a todo o custo tratou de salvar-
lhe a vida e proibiu que lhe fossem quebradas as pernas, conforme ordenava a bárbara lei
romana. Por que Pilatos não haveria de permitir que fosse descido da cruz antes de expirar,
para fazer o último intento de salvar-lhe a vida depois de haver satisfeito a ânsia de vingança
da igreja? Isto fala muito alto de Pilatos.
Tudo demonstra que Jesus foi um homem e não um Deus. Um homem tremendamente
odiado pelos seus inimigos e profundamente amado pelos seus amigos, os quais expuseram
a sua própria vida para salvá-lo, posto que os fariseus, braço armado da igreja judia,
pretendiam permanecer perto da cruz, como o fariam qualquer abutre, mas os soldados
romanos o impediram para evitar desordens, e aqui se volta a ver as mãos de Pilatos.
Que significa a palavra patriarca? Naquela época, com ela eram designados os homens
que tinham doze ou mais filhos. Atualmente, os dicionários concordam com que este substantivo
sirva para designar os personagens bíblicos que foram cabeça de família grande.
A definição anterior nos obriga a recordar palavras do próprio Jesus, que, em Mateus
6:3, declara: “O que é nascido da carne, carne é; e, o que é nascido do espírito, espírito é”,
assegurando-nos assim o próprio Jesus, com as suas palavras, que ele foi concebido por obra do
homem.
Além disto, podemos perguntar de onde vem a José o título de patriarca se não teve
filhos? Esta interrogação nos obriga a refletir que José não foi patriarca, pois que Jesus viria a ser
filho adotivo e então no próprio José se findou a árvore genealógica dessa família. Como pode um
homem estéril ter o nome de patriarca? Como podia José ser patriarca se precisava ser, por
requisito indispensável, o tronco de uma vasta família?
Mas é provável que José tenha sido efetivamente patriarca e então ser pai de muitos
filhos e não entendemos como pôde haver sido Jesus uma exceção, que, se Deus fez, estava
negando sua imutabilidade e, se a admitiu José, ficava a sua honra em suspenso.
Para aclarar este conflito, que tem todos os visos de artificial, devemos investigar
novamente nos evangelhos, onde encontramos algumas pessoas que são claramente designadas
com ó nome de “irmãos” de Jesus no sentido de irmão carnal, como podemos verificar pelas
citações seguintes: Mateus, cap. 13: vers. 53 a 56: “E aconteceu que Jesus, concluindo estas
palavras, se retirou dali. E, chegando à sua pátria, ensinava-os na sinagoga deles, de
sorte que se maravilhavam, e diziam: Donde veio a este a sabedoria, e estas maravilhas?
Não é este o filho do carpinteiro e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José,
Simão e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe veio pois tudo isto?”
Se só pudéssemos fazer esta citação, poderia argumentar-se má interpretação, mas há
outras que confirmam a anterior. Vejamos algumas deles: Marcos, cap. 3, vers. 31 a 34: “Chegaram
então seus irmãos e sua mãe, e, estando fora, enviaram a ele, chamando-o. E a multidão
estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te buscam lá
fora. E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em
redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos”.
No fim desta passagem de Marcos, Jesus referia-se a seus irmãos espirituais, tanto que
acrescentou no vers. 35: “Porque qualquer que fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, e
minha irmã, e minha mãe”, de acordo com as idades dos presentes, quando a mãe e os irmãos
carnais o buscavam lá fora, isto é, não se achavam presentes. Uns eram parentes “carnais” e
outros parentes “espirituais”. Jesus (houve muitos na Judéia com este nome) tinha primos paternos
e maternos com os nomes dos seus irmãos, daí muitas confusões ocasionadas em diversas passagens
do Novo Testamento.
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Mas vejamos ainda Marcos, capítulo 6, versículo 3: “Não é este o carpinteiro, filho de
Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco as
suas irmãs? E escandalizavam-se nele”.
As citações anteriores liquidam completamente com todo o conceito de divindade em
relação a Jesus, pois se fora certo. o dos reis magos, do presépio, da fuga para o Egito e das
crianças decapitadas, como é que o povo o ignorava, quando conhecia tão bem a família, se as
irmãs viviam no meio dele, se citava os país pelos nomes e pelo seu ofício? Além disto, na última
passagem, o próprio povo o designa com o nome de carpinteiro, expressão que nos faz pensar que
Jesus aprendeu o ofício de seu pai antes de começar a pregar, pois que não se pode pensar que o
chamasse de carpinteiro porque o pai dele o havia sido e isto fica esclarecido perfeitamente quando
se sabe que a escola essênia tinha no programa elemental, como obrigação, a aprendizagem de
algum ofício manual.
Continuemos com as citações: Lucas, cap. 6, vers. 14: “Simão, ao qual também chamou
Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Felipe e Bartolomeu, e Atos, cap. 1, vers. 14:
“Todos estes perseveraram unanimemente em orações e súplicas, com as mulheres, e Maria,
mãe de Jesus, e com seus irmãos”.
Seria preciso continuar com as citações? Cremos que as acima bastem e quem quiser
aprofundar o tema bastará estudar um pouco a Bíblia na qual encontrará múltiplas alusões aos
irmãos de Jesus e a naturalidade com que o povo reconhecia esse fato, como, por exemplo, quando
Efraim, acompanhado de seus irmãos e Maria sua mãe, sai a caminho para ir ao encontro de
Jesus porque dizia-se que Jesus estava louco e, finalmente, ao dar-se o encontro, o citado Efraim
pede a Jesus uma explicação pública, já que anda se proclamando filho de Deus quando todos o
sabem filho de carpinteiro e portanto irmão deles.
Usando de paciência, é possível refazer a família de Jesus. José teve cinco filhos com a
sua primeira esposa Débora; Tiago, Matias, Cleofas, Judas e Eleazar.
Depois de alguns anos de viuvez, José o carpinteiro contraiu matrimônio com Maria,
vestal (médium) dos Essênios, com a qual teve sete filhos: Jesus; José, chamado também Efraim;
Simão, Elisabeth, André, Ana e Jaime. Este último parece que mudou de nome por razoes que não
nos interessam no momento.
É de advertir que a ordem em que se acham colocados não significam as idades,
excetuando a Jesus e Jaime.
Outra coisa a notar:
Na leitura da Bíblia encontramos com muita freqüência a palavra “primogênito” e, em
menor proporção, “unigênito”.
“Unigênito” se usa no caso de um só filho produto de casamento, como é o caso de
Isaac, filho único de Abraão e Sara. Por sua vez, a palavra “primogênito” se usa no caso de
primeiro filho de um casamento, mas não único filho.
A progenitura entre os antigos judeus e que continuava sendo de certa importância nos
dias de Jesus tem grande importância nesta argumentação, porque, na Bíblia, não se chama a
Jesus de “unigênito” e sim claramente de “primogênito”, visto que Jesus foi um dos onze filhos
de José e o primeiro dos sete de Maria”.
É tão difícil analisar a personalidade de Jesus e chegar à verdade de sua existência,
como é difícil investigar a origem de qualquer deus de qualquer religião. Os deuses nunca foram
seres tangíveis, exceto quando se os converteu pela primeira vez em ídolos, mas os ídolos carecem
de personalidade própria, porque nunca tiveram vida.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Ao contrário, seria muito fácil investigar a de Jesus, se se dissesse, por exemplo, que
nasceu normalmente em Nazaré, não em Jerusalém, como sexto filho de um carpinteiro, nada
pobre certamente, o qual apesar de ser nazarita, isto é, inimigo da religião judaica, teve que
apresentá-lo no Templo na idade de doze anos, porque assim o exigia a rígida lei religiosa judia.
A partir de então, começou a estudar na escola primária dos Essênios, dirigida por José
de Arimatéia, parente do carpinteiro. Aos 22 anos, segundo ordenava a própria escola essênia,
teve que partir para percorrer o mundo e escolher a atividade que mais lhe agradava, segundo sua
vocação. Estudou no Egito as religiões comparadas, na Grécia filosofia e ciências, na Caldéia
astronomia e na Índia botânica para poder chegar à terapêutica, condição indispensável que se
exigia a todo o que chegar à condição de Iniciado ou pelo menos converter-se ao grau inferior da
chamada fraternidade branca.
Em suas pregações, demonstrou que podia fazer-se entender por todo o mundo, como
se isto fosse possível sendo o idioma dos judeus na região do Tiberíades o aramaico, o científico o
grego e o oficial o romano. Somente estudando é que poderia chegar a poliglota de três idiomas e
para tanto era preciso ir aos respectivos países, visto que não havia escolas do tipo atual e muito
menos na Palestina.
Com relação à viagem à Índia, há provas irrefutáveis como é o fato de ter pregado em
parábolas, forma desconhecida e até estranha entre os judeus, que foi uma das razões pela qual
chamou a atenção, visto que era a forma natural da doutrina budista há séculos. E mais ainda:
grande quantidade de seus ensinos parece ter sido copiada do Budismo, como o pode comprovar
quem se decide a fazer a respectiva comparação, coisa que não podemos fazer aqui por falta de
espaço, mas por certo nos faz pensar que Jesus estudou o Budismo na Índia, para tornar-se
terapeuta, profissão que exerceu amplamente durante a sua odisséia.
Pois bem, preparado para tanto, saiu Jesus a pregar, mas, como o inimigo principal do
processo era a religião judaica, que protegia a corrupção, o vício, o mercantilismo e todos os
valores negativos no homem, teve que carregar os seus discursos sobre esses temas, provocando
a ira do pontífice que se dizia representante de Deus na Terra”.
Paro aqui com as citações. Não posso explicar baseado em que o articulista diz que
Jesus nasceu a 4 de dezembro às 8 horas da manhã e que o crucificaram no dia 27 de março e
morreu 88 dias depois.
Parecendo-me não haver espírito tão perguntado, sobre tantos e tantos assuntos que
nos interessam, como o de Ramatis, vou transcrever a seguir, total e parcialmente, algumas das
perguntas que lhe foram feitas e as respostas que ele deu a respeito de Jesus.
A obrigação de quem faz um estudo assim como este é de colher todos os elementos
necessários para um consenso, uma concordância de informações provindas de vários autores,
assim como fez Kardec utilizando-se do consenso dos espíritos desencarnados para a codificação
do Espiritismo, agradem ou não, de ordem material e espiritual, isto é, o que foi escrito pelos
homens e ditado pelos espíritos, de forma franca e imparcial. Nossa responsabilidade única está
nas transcrições e traduções que procuramos fazer fielmente.
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Bem sabemos que o espírito Ramatis conquistou a admiração de muitos espíritas, como
também não ignoramos que certas respostas dele não foram aceitas por outros, mas não acreditamos
que uma divergência de opiniões, sobre uma personalidade tão analisada e discutida como a de
Jesus, vá quebrar a unidade existente no meio espírita, tanto mais porque o seu lema principal é
“Fora da caridade não há salvação” e nosso Mestre foi e sempre será a pessoa de Jesus.
Temos ainda idéias arraigadas de passado remoto e os nossos espíritos vieram das mais
diversas religiões e assim elas não desaparecem comumente numa só reencarnação, por mais
luzes que recebamos.
Conhecemos pessoas que só se tornaram espíritas depois de grandes lutas internas,
depois de muitas meditações e comparações de muitos e muitos anos, e outras não. É a reforma
total do homem terreno, alijando cargas acumuladas em séculos de outras existências transcorridas
nos mais diversos países e condições sociais. Ainda hoje não temos quem acredite na lenda de
Adão e Eva, de Caim e Abel e outras? Trabalho, solidariedade, tolerância, é o que nos é recomendado
sempre. Cada um faz sua própria experiência no mundo.
Faço, primeiramente, transcrições das “Mensagens do Astral” e depois de “O sublime
peregrino”, relacionadas com o que nos interessa.
Pergunta: Qual o fundamento da tradição religiosa que afirma haver sido Jesus concebido
por obra e graça do Espírito Santo e nascido de uma virgem? Cremos que essa tradição deve ter
alguma base lógica, pois a própria Bíblia, no Velho Testamento, afirmava que o Messias deveria
nascer de uma virgem e o evangelista Mateus o confirma no Novo Testamento quando diz que Maria,
antes de coabitar com José, já havia concebido naquelas condições.
Ramatis: Os velhos profetas procuraram deixar aos pósteros algumas indicações para
que no futuro pudessem reconhecer o Messias, mas a insuficiência humana não permitiu que se
entendessem tão prematuramente as alusões feitas ao nascimento do Messias através das deficientes
traduções dos livros sagrados, por cujo motivo resultou obscurecido o sentido exato de certas
alegorias.
Através da Bíblia, a posteridade ficou sabendo que o Messias teria de nascer de uma
virgem e ser concebido por obra e graça do espírito santo, mas interveio na profecia a interpretação
pessoal, que trouxe a confusão ao profetizado. Jesus, como primeiro filho que se gerou em Maria,
nasceu realmente de uma virgem, pois virgem era a sua jovem genitora, quando retirada do templo
de Jerusalém para uma primeira núpcia. Cumprira--se a profecia e se identificara o principal
sinal, que seria o nascimento de uma criança filha de uma virgem, ou seja, o primeiro filho nascido
da primeira concepção conjugal.
Maria, na realidade, era um espírito “santo”, ou seja um anjo descido dos céus na forma
de mulher, para servir de matriz carnal e santificada pelo espírito, isenta de provas redentoras e
em missão junto ao sublime Jesus. No seu corpo virginal e, por obra do seu espírito “santo”,
gerou-se o corpo de Jesus. Maria não era uma mulher dominada pelas paixões humanas, mas um
ser angélico, delicado, formoso e santo em espírito! Deveis atender sempre ao espírito da palavra e
não à palavra do espírito! etc. (“Mensagens”, pág. 371 e seguintes).
Pergunta: Para que a entidade espiritual, que se chamou Jesus de Nazaré, pudesse baixar
a este mundo, tomando aqui um corpo, para conviver entre nós, houve necessidade de providências
excepcionais ou essa encarnação obedeceu às leis comuns que regulam a encarnação dos espíritos
em geral?
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Ramatis: Já vos dissemos alguma coisa a este respeito, mas, como o assunto é vasto,
estamos prontos a responder novas perguntas que desejardes fazer. Como já tivemos ocasião de
explicar, o nascimento de uma alta entidade em vosso orbe, como ocorreu com Jesus, é precedida
sempre de importantíssimas providências por parte da técnica sideral, providências essas que
escapam, em sua maior parte, à capacidade de compreensão humana. Em linhas gerais, é um
acontecimento que exige a existência de um campo astronômico purificado e providências que se
estendem até ao controle dos mínimos recursos à hora de vir à luz, em vosso mundo, a entidade
que deve encarnar. Além disso, deve ser assegurado à entidade um clima espiritual, na Terra,
através da ação de espíritos que para isso se encarnam com antecedência.
A encarnação da entidade que se chamou Jesus não obedeceu totalmente à lei que
regula as reencarnações comuns, que são, em geral, de espíritos ainda atrasados, que sentem, por
isso, poderosa atração para os planos inferiores, devida à sua grande afinidade com o instinto
animal que ainda os domina. Os espíritos ainda apegados à matéria têm campo propício, favorável
à sua reencarnação, porque trazem em si o desejo latente que lhes inspira a hipnose da carne. No
entanto Jesus, um Messias, um Sublime Peregrino, um hóspede que baixava à Terra em missão
sacrificial, foi obrigado a mobilizar a sua vontade e criar mesmo aquele desejo, para que fosse
facilitada a sua entrada no plano vibratório físico. O trabalho de Jesus, para descer ao plano
físico, lembra o esforço de auto-redução que o raio do sol teria que fazer, em si mesmo, para
conseguir habitar num frasco de barro, etc. (“Mensagens”, pág. 385 e seguintes).
Pergunta: Por que motivo não chegou até nós a história da infância e juventude de
Jesus?
Ramatis: Os homens de hoje chegariam a descrer da existência de Jesus se a
conhecessem através da história ou dos relatos da época em que viveu no vosso mundo, pois que
não merecem crédito. A própria referência a Jesus, feita por Flavius Josephus na “Guerra dos
Judeus”, foi uma hábil interpolação efetuada posteriormente, para garantia da história religiosa.
Em Nazaré ainda se discute sobre qual seja o local onde Jesus provavelmente vivera.
Isso comprova que a sua infância foi despida de acontecimentos excepcionais e idêntica à dos
meninos hebreus seus contemporâneos. Devido à falta de elementos concretos e indiscutíveis, sua
infância e juventude foram descritas ao sabor da imaginação de cada autor que, por isso, o situou
sob diversas índoles psicológicas; pintaram-lhe uma infância incomum e lendária para que depois
se justificasse a epopéia do Deus imolado na cruz, etc. (“Mensagens”, pág. 301 e seguintes).
Pergunta: Em virtude de existirem duas teorias sobre a natureza do corpo de Jesus (a
carnal e a fluídica), podereis nos dizer qual a verdadeira?
Ramatis: Respeitando os sentimentos elevados através dos quais alguns dedicados
trabalhadores espirituais atribuem a Jesus um corpo fluídico, não podemos nos furtar, entretanto,
à sinceridade de vos responder que o corpo do Mestre era integralmente físico e obedecia às leis
comuns da genética humana. Naturalmente, tratava-se de um organismo indene de qualquer
distorção patogênica própria ou hereditária, pois provinha da mais pura expressão biológica e
linhagem ancestral de gerações passadas. Constituía magnífico conjunto de expressão anátomo-
fisiológica, onde o sistema endócrino era um cordão de luzes acesas para o mundo físico, e o
sistema nervoso a mais perfeita rede hipersensível entre o comando cerebral e os seus órgãos de
relação. Seu organismo era o resultado de um plano deliberado havia milênios; significava a maior
possibilidade de virtuosismo na carne, assim como um “stradivarius” tem capacidade para reproduzir
o sentimento completo e o gênio de um Paganini. Tudo fora resolvido, entretanto, sob regime
sensato das leis tradicionais e disciplinadoras da gênese nos sistemas organogênicos dos planos
físicos, etc. (“Mensagens”, pág. 412 e seguintes).
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Mas, por mais longe que se remonte o decorrer da História, encontram-se traços da existência
dessa igreja. Em 1658, quando os saxões invadiram Somerset, essa igreja já existia e, de
acordo com testemunhas dignas de fé, vinha de tempos imemoriais.
Os arquivos de Glastonbury contêm um documento que data de antes da conquista dos
normandos. Esse documento afirma, de acordo com a tradição, que aquela igreja não tinha
sido construída ‘pela mão dos homens e, sim, pelas mãos do próprio Deus’.
Há quem confirme a tradição oral da presença de Jesus na Inglaterra, baseada no
testemunho de dois santos. Quando São David se achava em Glastonbury Cristo apareceu-
lhe e, mostrando-lhe a igreja, disse-lhe: ‘Eis aqui a igreja que eu construí em honra
de minha mãe’.
Outro fato singular parece confirmar esta tradição, José de Arimatéia é o santo padroeiro
de Glastonbury.
O fato de ter sido ele escolhido entre milhares de outros é devido, talvez, a, no seu tempo,
ter estado nessa pequena região da Inglaterra, e nada prova que naquela época ele não
estivesse acompanhado por seu divino sobrinho”.
Aqui termina a nossa transcrição, que vou complementar, por assim dizer, com o que
encontrei a respeito. Diz-se que a igreja católica descobriu, intactos, mais de um século (100 anos)
depois dós acontecimentos narrados no Novo Testamento, a cruz, os cravos, a coroa de espinhos,
o manto sagrado, etc., da crucificação de Jesus, mas nada descobriu, ou não quis dizer, sobre o
período de sua vida dos 13 aos 30 anos, parando-a nos 12 anos, quando dizia que “crescia Jesus
em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”. (Lucas, II, vers. 52)
Como não se pode admitir que Jesus tenha vivido incognitamente na casa de seus pais,
nem como “agenere” num clima quente como o da Palestina, nem se conta onde ele adquiriu toda
esta grande e sublime sabedoria que mostrou e demonstrou, diferente da religião de seu próprio
povo, cabe examinar qualquer presunção para preencher esse vazio inexplicado dos 17 longos
anos de sua vida de adulto de apenas 33 anos e mesmo admitir que tenha estado na antiga
Bretanha ou Inglaterra, em companhia do mercador José de Arimatéia, seu tio e protetor.
Vou, pois, referir algo relacionado com a transcrição acima, colhido em um livro
completamente desconhecido do público brasileiro. É da autoria do Sr. Frederick Bligh Bond e tem
o título de The Company of Avalon - a study of the script of Brother Simon, sub-prior of the Winchester
Abbey in the time of King Stephen, ou, em português, “A Companhia de Avalon um estudo da
narrativa do Irmão Simão, sub-prior da Abadia de Winchester no tempo do rei Estevão”.
Em 1908, as autoridades eclesiásticas resolveram restaurar a abadia de Glastonbury, o
mais velho edifício religioso da Inglaterra, sendo as escavações começadas em 1904, para achar
uma das capelas, a de Edgar, mas sem êxito algum. Em suma, não se sabia quase nada sobre as
construções primitivas, que remontavam ao século VI.
Encarregado da restauração, o Sr. Bligh Bond resolveu recorrer à clarividência de um
dos seus amigos, o Sr. John Alleyne, antes do começo das buscas. Em uma série de “narrativas
subconscientes”, cuja origem era atribuída aos monges da abadia e em parte já conhecidas,
indicações foram dadas sobre a disposição e as dimensões das antigas capelas. Ora, essas foram
efetivamente achadas, particularmente a de Edgar.
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O Sr. Bligh Bond, bem como o seu amigo, não era espírita e daí aparecerem hipóteses já
aventadas em oposição às espíritas, mas nunca suficientes para esclarecimento do caso. Ele explica
as revelações obtidas em parte por uma “inferência subconsciente” tirada de documentos
arqueológicos, em parte por uma “metagnomia” cuja fonte lhe parecia ser uma “memória coletiva”
onde se viriam fundir, pela morte, todas as “memórias individuais”, isto é, uma espécie de “sabetudo
eterno e universal” onde os médiuns em geral tirariam todas as suas sempre exatas informações,
que, bastas vezes, na verdade, não conferem com a realidade. É o chamado “reservatório cósmico
de memórias individuais”, hipótese formulada, para fins especulativos, por Sir Wil-liam James, e
que o Prof. Ernesto Bozzano arrasou integralmente em seus trabalhos, inclusive na “Literatura
d’além-túmulo”.
Fato interessante é que as comunicações foram sempre obtidas na presença de Bligh
Bond. Sozinho, o médium não as obtinha, o que faz pensar que o arqueólogo, por qualquer motivo
- quem sabe se por uma encarnação anterior ligada à abadia - servisse de “ponto de ligação” ou
provocasse uma espécie de “relação psíquica”. Ou que talvez atraísse qualquer monge daquela
época que viesse a agir sobre o clarividente, provocando ou favorecendo as visões tidas.
Desde então outros médiuns continuaram a obter mensagens análogas que serviram
para pequenas publicações separadas, as chamadas “mensagens de Glastonbury”. Uma notável
série delas foi reunida nesse volume com o nome de uma das primeiras comunidades religiosas de
Glastonbury: The Company of Avalon.
É a história do mosteiro em certas épocas, desde a sua fundação por José de Arimatéia
até o século XII, quando foi totalmente destruído pelo fogo. Não havia então nenhum documento
que pudesse informar o médium, uma senhora que já havia obtido, pela escrita subconsciente,
comunicações relativas à catedral de Winchester e à abadia de Shafsthury. Essas mensagens
também provinham de personalidades daquela época, principalmente de Simão, sub-prior da abadia
de Winchester e de Ambrósio, prior da abadia de Glastonbury. Eles revelaram a existência de uma
câmara subterrânea, não longe da velha porta do Norte. Contaram, em seguida, no antigo inglês,
mistura de baixo-latim e de anglo-saxão, a história do grande incêndio. Enfim, deram detalhes
extremamente circunstanciados, acompanhados de plantas e croquis, sobre a primeira igreja de
madeira de Glastonbury: The Ealde Chirche ou Vetusta Ecclesia, a Velha Igreja.
Logo em seguida, por oposição das autoridades eclesiásticas, que consideraram Bligh
Bond e os médiuns como auxiliares do diabo (!!!), outra verificação não pôde ser empreendida.
Entretanto, o “acaso” de uma escavação fez descobrir, ao norte da capela de São José, certa
muralha que segue exatamente na direção da descrição dada na mensagem. Trata-se de uma obra
de alvenaria edificada pelo monge Herlewin para proteger a Vetusta Ecclesia, da qual nada resta no
momento, pois uma capela foi cavada no século XVI nas suas fundações.
Dois médiuns psicógrafos, uma na América e outro na Inglaterra, igualmente receberam
mensagens relativas à história da abadia e as indicações recebidas por eles concordam com a
narrativa do Frade Simão.
Ora, se José de Arimatéia esteve mesmo na antiga Bretanha ou Inglaterra, teria Jesus
ido com ele e vivido lá algum tempo? Nada se pode dizer ao certo por falta de dados concretos, que
também não os há nos evangelhos, dois dos quais foram escritos segundo as tradições verbais dos
primeiros cristãos.
Que nos ocultaram os chamados “evangelhos apócrifos”? Teria Jesus vivido mesmo,
anonimamente, na casa de seus pais? Mas o Novo Testamento nos conta que ele reapareceu na
Palestina, causou certa admiração e que até não o reconheceram. O certo, porém, é que Jesus não
poderia viver, anonimamente, 17 anos seguidos, inúteis, em alguma parte da Terra, ou abandonar
o seu corpo carnal e ir para o Espaço, na hora de cumprir a sua missão terrena, que foi apenas de
3 anos.
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Tudo é possível, tudo. Jesus, por mais que esmiucemos a sua vida, permanece o grande
mistério, até com o auxílio dos manuscritos encontrados em grutas perto do mar Morto, aos quais
vou referir-me por meio de vários autores.
Ao contrário do que venho fazendo, esta é a tradução completa de um artigo que já nos
fornece um resumo dos chamados “rolos do mar Morto” e nos permite fazer uma comparação entre
os Essênios e os primeiros Cristãos.
Quem conhece bastante o Novo Testamento terá, com este artigo, muito o que pensar
sobre a pessoa de Jesus. Vamos, pois, a ele.
No caminho de Jerusalém para Jericó, na passagem montanhosa da Judéia; em estreito
barranco, uma gruta se abre em dois buracos. Na primavera de 1947, um beduíno, que
cuidava de seu rebanho, penetrou na gruta. Em seu solo achou várias vasilhas de barro
cozido, quebradas umas, intactas outras, e dentro delas uns rolos de couro envolvidos em
tela e que continham manuscritos ali colocados há aproximadamente dois mil anos.
Os monges sírios do convento de São Marcos de Jerusalém adquiriram quatro rolos da
gruta de Ain Frashka (assim se chama) e os entregaram, para estudo, aos sábios orientalistas
da Escola Americana de Jerusalém. Em 1950 apareceu em New Haven, fotografado, o
primeiro rolo do mar Morto compreendendo o Livro canônico de Isaías e o Comentário de
Habacuc. Desta maneira todos os sábios do mundo podem estudar e traduzir, com toda a
liberdade, os famosos documentos. A escrita arcaica desses manuscritos é uma garantia
de sua autenticidade, provada, ademais, pela análise das vasilhas, as telas e os fragmentos
dos manuscritos. O Livro de Isaías oferece um extraordinário interesse para os estudos
lingüísticos, porém o sensacional, em tudo isto, reside no conteúdo do segundo rolo. Seu
autor comenta ali o texto do livro canônico de Habacuc, obra pertencente à coleção canônica
chamada dos “Doze Pequenos Profetas”, que anuncia e descreve a invasão dos caldeus. O
comentarista considera simbólico o texto antigo que é uma espécie de profecia aplicável à
sua época e faz alusões destinadas a serem compreendidas por seus contemporâneos.
Todo o comentário leva alegoricamente ao relato de Habacuc sobre o conflito que houve
entre os sacerdotes de Jerusalém e o “Mestre da Justiça”, fundador da seita judia “A Nova
Aliança”.
Em que data foi escrito esse comentário? Uma derrota militar ocorrida no dia de jejum da
festa de guarda das expiações é considerada ali como castigo pela perseguição ao “Mestre
da Justiça”. Unicamente a tomada de Jerusalém por Pompeu, no ano 63 antes de Jesus-
Cristo, reúne tais condições.
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O comentário foi escrito, pois, logo em, seguida a esse ano. Alusões muito parecidas com os
romanos confirmam, ademais, que se trata dessa época. Outras referências às guerras
civis entre os chefes romanos e a ausência de menção de Otávio, imperador de então, na
paz que se seguiu a esse feito, situam o escrito entre os anos 49 e 29, provavelmente 41
antes de Jesus-Cristo, segundo opina o professor Dupont-Sommer.
O comentarista fala, sobretudo, no fundador da seita. Seu nome, por veneração, não se
escreve nunca. Só é chamado “Eleito de Deus” ou “Mestre da Justiça”. É um sacerdote que
tem revelações divinas e a missão de transmiti-las aos judeus. “Deus o pôs na terra de
Judá para explicar todas as palavras de seus servidores, os “Profetas”. Seus prediletos
eram os pobres e os simples, fiéis observadores da Lei.
Tem numerosos adeptos e funda uma comunidade “A Nova Aliança”.
O “Mestre da Justiça” entra em luta com os sacerdotes de Jerusalém.
O comentarista anatematiza o “Padre Ímpio”, o “Homem do Engano”, que persegue o “Mestre
da Justiça”, bem como os seus partidários. O “Mestre da Justiça” foi sacrificado por ele em
uma sentença iníqua e odiosos profanadores cometeram horrores e vinganças sobre o seu
corpo carnal, pois quiseram desnudá-lo provavelmente para submetê-lo ao suplício.
Mediante uma severa análise histórica, o professor Dupont-Sommer deduz que esse Sumo
Sacerdote Rei que perseguiu o “Mestre da Justiça”, é Aristóbulo II, depois aprisionado e
finalmente envenenado por Pompeu, acontecimentos que situam o suplício do “Mestre da
Justiça” entre os anos 67 e 63 antes de Jesus-Cristo; parecendo também que o Sumo
Sacerdote, chefe dos Saduceus, estava entre os perseguidores ao passo que os Fariseus
se mantiveram neutros. Também se faz alusão a outro sacerdote ímpio, adversário de “A
Nova Aliança”, que o professor Dupont-Sommer identifica como Ircão II, irmão e sucessor
de Aristóbulo II. Ircão II foi feito prisioneiro no ano 40 antes de Jesus-Cristo pelos Partas,
libertado e depois assassinado por ordem de Herodes. O comentarista se refere sempre ao
castigo que aguarda os culpados, o que confirma que o relato foi escrito aí pelo ano 41
antes de Jesus-Cristo.
Os membros da “Aliança” viviam esperando o fim do mundo, com uma confiança ardente
e alegre: “Chegados os “últimos Tempos”, seguirá o Grande JuÍzo, depois o periodo definitivo
durará toda a eternidade e nele reinará o Bem. A gnose (conhecimento dos primeiros
princípios) será revelada. Ninguém sabe a hora desse Grande Juízo, mas se sabe ... por
meio de seu Eleito que Deus submeterá a julgamento todas as nações e então chegará o
momento da expiação para todos os criminosos do povo. Aqueles que tiverem observados
seus mandamentos serão uma rocha para eles...
O Juízo Final será, pois, exercido pelo “Mestre da Justiça”, “Eleito de Deus”, o mesmo que,
no evangelho, “ ... ocorrerá o mesmo no fim do mundo. O filho do homem enviará os
seus anjos que arrojarão de seu reino todos os escandalosos e os que tenham
produzido inquietudes...”
Porém, no momento do Juízo quem será salvo? Habacuc escreveu: ... “e o justo viverá pela
fé”, donde o comentarista conclui: A explicação disto concerne a todos os que praticam a
Lei na casa de Judá que Deus livrará do Juízo (Israel culpável) por causa de sua pena e de
sua fé no “Mestre da Justiça”. Assim, a fé que salva é a fé no fundador divino da Nova
Aliança. “Ninguém vai ao Pai senão por mim” é uma frase atribuída a Jesus.
Um dos rolos descobertos contém as regras da comunidade. Algumas passagens foram
publicadas a título de amostra paleográfica; o resto o será mais tarde. É um ritual de
iniciação.
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Dion Crisóstomo, refere Sinésio, menciona também os Essênios como místicos que viviam
em mosteiros e praticando, como os membros da Nova Aliança, o desprezo pelas riquezas,
o amor ao próximo, a humildade, a castidade, crendo como eles, nas recompensas celestes
e nos castigos infernais, na soberania do Destino. Há identidade na doutrina. O juramento
dos Essênios é quase textualmente a fórmula de juramento da Nova Aliança. Josephus faz
alusão ao Legislador dos Essênios, que é provavelmente o “Mestre da Justiça”. De tal
modo, o professor Dupont-Sommer concluiu na identificação entre o Essenismo e a Nova
Aliança.
A semelhança entre as doutrinas da “Nova Aliança”, isto é, entre os Essênios, e a futura
doutrina cristã, é surpreendente. Renan disse: “O Essenismo é uma antecipação do
Cristianismo”. Eis aqui uma opinião antiga que novas descobertas vêm apoiar: “Tudo na
Nova Aliança judia, diz o professor Dupont-Sommer, anuncia e prepara a Nova Aliança
Cristã. O Mestre galileu, tal como no-lo apresentam os escritos do Novo Testamento, surge
depois de muitas considerações, como uma assombrosa reencarnação do Mestre da Justiça
essênio. Como este, ele praticou a penitência, a pobreza, a humildade, o amor ao próximo,
a castidade. Como ele, prescreveu a observância da Lei de Moisés, toda a lei, acabada,
perfeita, graças às suas próprias revelações. Como ele, foi o Eleito, o Ungido, o Messias de
Deus, o Messias redentor do Mundo. Como ele, foi. objeto das hostilidades dos sacerdotes
do partido dos Saduceus. Como ele, foi condenado ao suplício. Como ele, subiu aos Céus
para perto de Deus. Como ele, profetizou sobre Jerusalém que, por causa de tê-lo condenado
à morte, foi tomada e destruída pelos Romanos. Como ele, no fim dos tempos, será juiz
soberano. Como ele, fundou uma igreja, cujos fiéis aguardam, com fervor, a sua volta
gloriosa. Na Igreja Cristã, como na Igreja Essênia, o rito essencial é a Ceia, onde os sacerdotes
são ministros. De um e de outro lado, à frente de cada comunidade há um Inspetor: o
Bispo. E o ideal de uma e outra igrejas é essencialmente a unidade e a comunhão na
caridade, chegando-se até a comunhão de bens.
Acabo de citar as conclusões do professor Dupont-Sommer, sem a menor presunção de
acrescentar outras. Acrescento que não são definitivas, posto que outras fotografias de
manuscritos serão publicadas. Mostrarão essas novas publicações semelhanças mais nítidas
entre a nova Aliança e o Cristianismo ou surgirão divergências que não se haviam notado.
Breve, talvez, tenhamos a resposta. A notícia da descoberta dos manuscritos do Mar Morto
despertou grande curiosidade. Uns esperavam que ameaçassem de ruína a fé cristã; outros
que essa fé fosse robustecida. Na minha opinião, é esperar muito desses manuscritos.
Nada têm de revolucionários, a não ser para os historiadores que agora poderão compreender
uma grande quantidade de escritos judaicos cujo sentido se lhes escapou até então. Diante
de tais documentos, qual a atitude dos crentes? Ignoro-o. Sei, ao contrário, que existe uma
controvérsia entre um padre jesuíta e o professor Dupont-Sommer acerca da interpretação
de tais documentos, porém nada mais fora disto.
Alguns querem ver um só e mesmo personagem no Mestre da justiça e Jesus, acrescentando
que é a lenda que faz viver Jesus em outra época. O próprio professor Dupont- Sommer é
de outro parecer. Que fique bem entendido que eu não me pronuncio sobre a questão, em
que me considero incompetente. Como espírita, pouco me importa a solução dada a este
problema. Da mesma -maneira pouco me importa que o Mestre da Justiça e Jesus sejam
um só personagem ou dois iniciados distintos. A mensagem de amor que eles trouxeram
das esferas superiores é o essencial. Que importa se um deles veio preparar a vinda do
outro. Que razão há para não aceitar que entidades superiores hajam preparado
pacientemente sua mensagem de amor, enviando vários grandes espíritos à Terra?
67
Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
O professor Dupont-Sommer diz, na sua conclusão, que o Mestre galileu parece uma
assombrosa reencarnação do Mestre essênio. A palavra reencarnação é empregada no
sentido figurado. Dando-se-lhe o sentido espírita, chegamos à nova hipótese: o Mestre da
Justiça essênio se reencarnou em Jesus para concluir a sua obra. Já sei que a distância é
curta entre a morte do primeiro e o nascimento do segundo, mas, no fim, a hipótese é
possível.
Antes de terminar, desejo assinalar que muitos espiritualistas, como, por exemplo, Edouard
Schuré, situam Jesus como pertencente à seita dos Essênios e ele mesmo como essênio.
Sua hipótese não é tão audaciosa assim, já que se descobriram tantas semelhanças entre
as doutrinas essênias e cristãs, e disto não se poderia extrair outra explicação possível.
Os Essênios prepararam um sucessor para o “Mestre da Justiça”, um continuador...
Aqui termina a minha tradução deste longo e interessante artigo que projeta brilhante
luz sobre os Essênios e os seus ensinamentos.
São lógicas e razoáveis as conclusões do professor Dupont-Sommer, da Sorbonne, que
teve uma controvérsia, como diz o articulista, com um jesuíta que penso seja o padre Roland de
Vaux, O.P., que séria obrigado a concluir de acordo com as doutrinas de sua religião.
Acha o articulista, em 1951, que as conclusões do professor não são definitivas pois que
outras fotografias de manuscritos serão publicadas. Sete anos depois, isto é, em 1958, prefaciando
a versão francesa de “Os Essênios e o Cristianismo”, da autoria do rev. Duncan Howlett, antigo
ministro da Primeira Igreja Unitária de Boston, EE. UU. da América, escreve as seguintes linhas
que dão a impressão de que o assunto não foi encerrado ainda:
Eis o essencial: o conjunto dos manuscritos descobertos provém de uma comunidade essênia
que se achava instalada na região de Qumram, comunidade essênia mencionada por Plínio
o antigo; a história do Mestre da Justiça se situa, em grosso, no primeiro terço do primeiro
século antes de Jesus- Cristo, um pouco antes da tomada de Jerusalém pelo romano Pompeu,
e a comunidade fundada por ele abandonou Qumram no momento da grande guerra judia
de 66-70 de nossa era, ocultando, então, nas grutas vizinhas, os seus livros sagrados;
esse Mestre que faleceu muito provavelmente durante a perseguição dirigida contra a seita
pelo sacerdote asmoneu, foi uma personalidade eminente, objeto de fervorosa veneração
por parte dos seus fiéis; enfim e sobretudo, os novos textos revelam que a Igreja cristã
primitiva se enraíza, em um grau que ninguém poderia suspeitar, na seita judia essênia,
que esta emprestou àquela uma boa parte da sua organização e dos seus ritos, das suas
doutrinas e dos seus “modelos de pensamento”, do seu ideal místico e moral.
Sobre estas idéias, a despeito de algumas oposições mais ou menos barulhentas, um acordo
cada vez maior começa a se estabelecer entre os mais diversos sábios: como se está longe
da confusão extrema que reinava há ainda quatro ou cinco anos! Certamente, bastantes
problemas ficam ainda em discussão: identificação exata do “Padre ímpio”, data e
significação do “exílio de Damasco”, caráter messiânico do Mestre da justiça ... A estes
diversos problemas e a outros ainda, no estado atual da documentação, ninguém poderia
dar, no momento, uma resposta definitiva; para abordar esses problemas, em toda a sua
amplitude e com todas as garantias científicas, é preciso esperar que tenham sido publicados
todos os textos saídos das grutas de Qumram, esperar também que tenham terminado as
buscas empreendidas na região de Qumram e que todos os resultados delas sejam
inteiramente conhecidos. Até lá não se poderá senão fazer balizas e formular hipóteses
mais ou menos revisáveis. Mas esta prudência necessária nas conclusões não poderá
impedir as pesquisas de se desenvolverem em todos os sentidos; é mesmo grandemente
desejável que as pistas as mais diversas sejam ativamente exploradas, com uma liberdade
total. A obra de D. Howlett, que se recomenda por uma orientação nitidamente histórica e
não menos pela sua serenidade e não menos pela sua serenidade e clareza, contribuirá
muito utilmente para o progresso destas cativantes pesquisas.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Esta obra do rev. Howlett contém 28 capítulos, notas e um índice. Citamos 4 dos capítulos:
o XIII - Analogias entre Jesus e os Essênios; XV - Interpretação das analogias e diferenças de
doutrina verificadas entre Jesus e os Essênios; XVI - Analogias entre os Essênios e os primeiros
Cristãos; e XVII - Interpretação das analogias existentes entre os Essênios e a Igreja dos primeiros
cristãos.
Sem nenhum comentário, deixando ao leitor o cuidado de comparar o que outros autores
disseram a respeito, passo à transcrição do que interessa para o estudo das origens do Cristianismo:
Sabe-se que Jesus, de acordo com os Evangelhos sinópticos, não celebrou a Páscoa na
data oficial. Ele a celebrou antes de sua Paixão e morreu antes do começo da Páscoa legal
que, naquele ano, caía num dia de sábado, ou seja, sexta-feira à tarde, ao cair do sol. Só
havia um calendário em concorrência com o do Templo: o dos essênios. Mas, se Jesus
tivesse seguido o calendário essênico, não teria celebrado a festa na tarde de quinta-feira,
mas na tarde de terça-feira. Uma erudita católica, Annie Jaubert, demonstrou, em um livro
de cerrada documentação (A Data da Ceia), que Jesus obedecia ao calendário de Qumram,
o qual celebra a Páscoa na tarde de terça-feira. E que a quinta-feira santa não faz parte da
tradição cristã primitiva.
Os essênios não participavam dos sacrifícios do Templo, mas tinham uma cerimônia à
parte, que constituía o seu culto central: uma ceia presidida por um sacerdote, reservada
apenas aos iniciados e que exigia a participação de dez pessoas pelo menos. Esta ceia
sagrada, durante a qual o sacerdote benzia o pão e o vinho, era uma prefiguração do
grande banquete messiânico que marcaria a chegada do Reino. Esta refeição diferente das
liturgias domésticas dos judeus, presididas pelo chefe da família - é o embrião da ceia
eucarística cristã. Com uma diferença essencial: para os essênios, o Messias ainda haveria
de chegar; para os cristãos, ele já havia chegado na pessoa de Jesus, que preside a ceia.
O banquete cristão realiza aquilo que o banquete essênio prefigura.
As comunidades essênias eram impregnadas de uma atmosfera de exaltada espera do
Messias, segundo testemunha a sua liturgia apocalíptica, e sua atitude contrasta com a da
maioria dos fariseus, cujo ponto de vista está contido neste conselho de um rabino: ‘Se
estás para fazer uma cerca e, se, neste momento, te anunciam a chegada do
Messias, termina a tua cerca: terás bastante tempo para ir a seu encontro’.
A opinião dos essênios sobre o Messias parece ter evoluído. Nos textos mais antigos são
previstos dois Messias, um Messias-Sacerdote e um Messias-Rei. Mas em documentos
mais recentes os dois Messias foram reunidos em um só. De acordo com o texto descoberto
há pouco, e que é o horóscopo do Messias, está dito que ‘o eleito de Deus será por Ele
feito’ - quer dizer, será seu filho. O arqueólogo Dupont-Sommer estabeleceu um paralelo
entre este texto e a história dos Magos, os quais, segundo o Evangelho, foram guiados por
uma estrela até Belém. Além do mais, a noção de um Messias ‘filho de Deus’ era aceita
pelos essênios, antes que os saduceus e fariseus a renegassem como atentatória à majestade
de um Deus único.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Os essênios, tal como Jesus e os apóstolos, eram curandeiros e exorcistas. Num pequeno
texto intitulado Prece de Nabonide, um rei da Babilônia, que havia sido curado por um
exorcismo, declara: ‘Ele me remiu de meus pecados’. Os essênios acreditavam que um
homem tinha o poder de perdoar os pecados. Isto chocava profundamente os fariseus que
reprovavam Jesus quando dizia àqueles que curava: ‘Vai, teus pecados te são
perdoados’.
Os essênios acreditavam que detinham um conhecimento dos mistérios de Deus,
conhecimento esse que escapava aos fariseus. Em um hino de Qumram os ‘hipócritas’ são
repreendidos por ter ‘impedido os sedentes do Conhecimento, pois, quando tinham sede,
recebiam vinagre para beber’. E Jesus apostrofou os doutores da Lei ‘porque guardam a
porta da Sabedoria mas não entram nela nem deixam que os outros entrem’.
Como se explica, então, que os essênios não sejam jamais mencionados nos Evangelhos?
É verdade que não são denominados por este nome, mas como ‘os ho-mens do Conselho
de Deus’, ou, ainda, como `a comunidade da Nova Aliança’, fórmula que será repetida
pelos cristãos”.
Por outro lado, como pensa o Padre Daniélou, ‘se os essênios não são jamais citados
nos Evangelhos, a razão parece ser que, para Cristo, eles correspondem aos
verdadeiros israelitas, aos pobres de Israel’. E mais: no momento em que foram escritos
os Evangelhos, a guerra havia dispersado as comunidades essênias. Algumas foram
assimiladas no judaísmo oficial, outras se reagruparam em torno da igreja nascente. Parece
que, neste caso, na Síria, por exemplo, haviam comunidades essênias que foram
integralmente transformadas em comunidades cristãs”.
Outra questão: Jesus se considerava um essênio? Suponhamos que não. Ele conhecia a
doutrina essênia: primeiro, pelos membros desta seita que pregavam na sinagoga; segundo,
pelo seu primo João Batista que, segundo a maioria dos exegetas, teve contatos diretos
com o Qumran antes de se transformar em um profeta solitário; terceiro, por muitos de
seus discípulos - e não poucos - que mantinham relações com os discípulos de João Batista:
Simão Pedro, André, Tiago e João. Mas Jesus acabou por organizar, ele mesmo, a sua
comunidade e inspirou-se diretamente em certas regras essênias: abolição da propriedade
privada, um tesoureiro (Judas Iscariotes) administrando os bens comuns. A Igreja era dirigida
por 12 apóstolos, da mesma forma que a comunidade de Qumran era dirigida por um
conselho de 12 membros. Entre os apóstolos, havia três que tinham mais importância que
os outros: também eram em número de três os sacerdotes que presidiam o conselho essênio.
É muito difícil admitir não tenha tido contato pessoal com meios essênios. Segundo alguns
(como Danielou), ele se retirou para Qumran depois de ter sido preparado por João Batista
e foi lá no deserto que ele conheceu as tentações do demônio. Ir ao deserto podia significar
‘ir para Qumran’. A hipótese inversa parece mais provável. Jesus teria procurado uma
comunidade essênia (mas não necessariamente a de Qumran) depois de ter sido instruido
por João Batista, o qual se preparava, por sua vez, para propagar a sua própria doutrina.
Após estas considerações, parcialmente transcritas do supracitado artigo, passemos
ainda a outros autores. Para uns Jesus foi um essênio completo, para outros esteve entre eles e
aprendeu os seus ensinamentos, de alguns dos quais discordou em parte.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Passo agora aos informes do Padre de Vaux, que explicará, com sua grande autoridade
no assunto, o que eram esses manuscritos bem como a sua grande, enorme importância para a
nossa história cristã. Vem a reportagem de Roma, Itália, capital do Catolicismo e residência do
Papa. Eis o trecho principal:
Entretanto, discute-se o conteúdo e a importância dos manuscritos. O Padre de Vaux fornece
notícias novas e importantíssimas: foram decifrados os últimos rolos descobertos na décima
primeira gruta. Em um desses foi achada uma parte do livro bíblico dos Salmos; ora, os
Salmos do Mar Morto estão em ordem diferentes dos contidos na Bíblia e incluem alguns
desconhecidos até hoje.
Mas o fato mais importante talvez é que, com o deciframento destes últimos manuscritos,
estamos pela primeira vez em situação de dizer uma palavra conclusiva, de tentar um
balanço de conjunto da descoberta.
São seiscentos os manuscritos descobertos, com milhares de fragmentos, e apresentam-se
em rolos de pele com cinqüenta centímetros de altura e muitos metros de largura. Seus
donos os tinham envolvido em panos de linho e guardado em ânforas de terracota: o clima
extremamente seco da região efetuou o milagre de preservá-los durante dois mil anos.
Certamente inúmeros cuidados se impõem ao tirá-los de dentro das ânforas, isto porque a
pele está tão ressequida que facilmente se pulverizará. Assim os arqueológicos colocam os
manuscritos num ambiente úmido, uma espécie de banho turco e somente depois de alguns
dias se arriscam a abri-los.
Os manuscritos foram escritos em hebraico e aramaico, a língua da Palestina antiga, e
pertencem à época compreendida entre o segundo século antes de Cristo e o primeiro
depois.
Segundo o Padre de Vaux, aproximadamente um quarto dos rolos do Mar Morto contém
livros da Bíblia e textos já conhecidos, mas os conhecíamos através de manuscritos feitos
mil anos depois. Eis, portanto, o grande significado da descoberta: na história do texto
sacro damos de repente com um salto de mil anos. O resultado de tal salto é, sem dúvida,
uma série de peculiaridades e variações ignoradas que lançam luz na estrutura e história
da Bíblia. Mas estas variações concernem somente aos detalhes, não afetada em nada a
linha geral do texto.
Antes de tudo, segundo o Padre de Vaux, devemos estabelecer uma relação de pessoas
entre o movimento essênio e o Cristianismo nascente. Quando João Batista pregava ao
longo da margem do rio Jordão, não era possível que os monges distantes apenas duas
horas de caminho o ignorassem ou fossem ignorados. E o próprio Jesus, batizado por João
quando o mosteiro estava em pleno desenvolvimento, dificilmente desconheceria a existência
de seus habitantes. Porém os traços da figura de Jesus emergem inteiramente autônomos,
seja em relação ao hebraísmo oficial ou ao do Mar Morto. Jesus rompe com a Lei, proclama-
se Messias, anuncia a vinda de um Reino fundado sobre o sofrimento expiatório e a negação
da morte. Os monges do Mar Morto o teriam condenado e expulsado se ele fosse um deles.
É na organização da comunidade e em alguns ritos que se nota afinidade entre os Essênios
e os Cristãos. O Padre de Vaux afirma que antes ou depois da destruição do mosteiro,
alguns Essênios haviam aderido à religião de Jesus, levando consigo lembranças da própria
doutrina. Porém tiveram um destino bem diverso. Os monges do Mar Morto, encerrados em
seus limites nacionais, sucumbiram frente às legiões de Roma. Os Cristãos, superando as
barreiras das nações, afirmaram-se no mundo. Ceci n’a pas pu sortir de cela: com
estas palavras Roland de Vaux despediu-se sorridente de seus ouvintes.
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Ignoro qual seja o verdadeiro sentido que o Padre de Vaux pretendeu conferir a esta
frase “Isto não pode sair daquilo”. Se quis dizer que o rico e pomposo Catolicismo não podia sair
da pobre e humilde comunidade dos Essênios, ele tem razão, porque desses Essênios saíram
apenas os mais pobres e mais humildes primeiros cristãos, os cristãos das catacumbas.
Embora pretenda citar outro autor a respeito das afinidades e diferenças entre os ensinos
dos Essênios e os de Jesus, não posso deixar de recomendar a leitura dos capítulos IX, X, XI, XII
e XIII, da supracitada obra de John Marco Allegro, capítulos que têm os seguintes títulos: “As
doutrinas da seita”; “O uso dos textos da Escritura nos pergaminhos do Mar Morto e no Novo
Testamento”; “A comunidade de Qumram e a Igreja (afinidades doutrinais e afinidades formais)”;
“As concepções messiânicas e a Igreja primitiva de Qumram” e “A seita de Qumram e Jesus”.
Do capítulo XII, destaco o seguinte e elucidativo trecho: “A seita de Qumram aguardava
a vinda de um Messias sacerdotal, ao qual chamavam o ‘Mestre da justiça’ ou ‘Intérprete
da Lei’. O fato de serem estes os termos que se aplicam ao fundador da seita confirma a
idéia de que não era outro senão o seu ressuscitado Mestre quem conduziria a teocrática
unidade do Novo Israel nos últimos dias”.
Quanto às citadas diferenças entre as duas doutrinas, não nos esqueçamos de que, na
vida de Jesus, houve muitas alterações e interpolações para fazer dele, ao mesmo tempo, Deus,
Filho de Deus e 2ª pessoa da Santíssima Trindade, e assim criar uma doutrina própria. E que essa
esperada vinda de um Messias nacional foi sempre um anseio do antigo povo judeu, que não
aceitou a pessoa de Jesus, pois esperava um Messias guerreiro e não um Messias manso e
moralizador dos maus costumes da época.
Em primeiro lugar, desejo informar que o Rev. Dr. Charles Francis Potter, autor dessa
obra, cujo nome, em português, é, literalmente “Os anos perdidos de Jesus revelados”, é também
autor da “História das Religiões”, já traduzida no vernáculo, e ostenta os títulos de M. A. (Master of
Arts), B. D. (Bachelor of Divinity), S. T. M. (Sacred Theologiae Minister) e Litt. D. (Litterarum Doctor).
É, como diz a capa de seu livro: World-renowned religious leader and scholar, isto é, um mundialmente
famoso líder religioso e acadêmico.
Essa obra, impressa em maio de 1958, no feitio de “bolso”, terá um prólogo e quatorze
capítulos, dos quais destaco os seguintes: 1) Quem e o que eram os Essênios? - 3) Luz sobre a
educação de Jesus. - 4) Livros sagrados omitidos na Bíblia. - 8) Importância de Enoc e outros
pseudo-epigráficos. - 11) Origem da doutrina do Espírito Santo. - 12) Profecias dos “últimos Dias”.
- 13) O Reino do Céu e a sepultura vazia. Tem ainda um pequeno epílogo.
Na impossibilidade de reproduzir, por muito extensas, partes de vários capítulos do
livro, todos bem interessantes, vou apenas traduzir um trecho de seu prólogo. Ei-lo:
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Mais de doze anos já decorreram desde que as grutas escondidas da grande biblioteca
essênia, com os chamados, ‘Rolos do Mar Morto’, foram acidentalmente descobertas por
beduínos nômades do deserto de Qumram, a quatorze milhas de Jerusalém. Depois disto,
muitos dos couros enrolados e cilindros de cobre, bem como milhares de fragmentos de
centenas de manuscritos, foram decifrados e traduzidos por sábios e teólogos para saber
se a provável Mãe do Cristianismo foi a seita separada judia às vezes chamada de essênia.
Sabemos, pela leitura dos relatórios publicados, em jornais científicos, no francês, alemão
e hebreu, que esses essênios pré-cristãos devem ter prioridade em tudo o que se tem
considerado original no Cristianismo. Suas escrituras, não incluídas em nossa Bíblia, podem
ser lidas (e têm sido) nos serviços matinais de adoração sem que a congregação suspeitasse
da substituição.
Um século ou mais antes que o Novo Testamento cristão fosse escrito, os essênios de
Qumram já conheciam as idéias, os ensinos, os provérbios, as orações, as beatitudes, as
bênçãos e até as belas sentenças de Jesus no ‘Sermão da Montanha’. Até mesmo a pregação
do Evangelho, as Boas-Novas, ou, com a já corrente frase teológica, o kerygma do Reino
Vindouro, foi evidentemente levada de Qumram por João Batista, bem como o batismo com
que ele batizou Jesus para “cumprir toda justiça”, uma frase-chave essênica. E o próprio
nome da Bíblia cristã, o Novo Testamento, vem desses monges de Qumram, que nunca se
chamavam de essênios, mas de “Filhos de Sadoc” (o grão-sacerdote do rei David), ou,
significativamente, a “Comunidade da Nova Aliança”. E “Nova Aliança” foi o melhor termo
empregado para traduzir o termo aramaico que os cristãos mais tarde traduziriam como
“Novo Testamento”.
Na última refeição de Jesus com os discípulos, que parecia mais um ritual de pão e vinho
da comunhão dos essênios antecipando a refeição do Reino Vindouro, que foi a Páscoa, é
preciso lembrar que Jesus levantou a “taça da Nova Aliança” numa verdadeira forma
essênica e que prometeu aos seus discípulos que eles comeriam e beberiam consigo no
reino que viria.
Centenas de outras provas da origem essênica das idéias, crenças e ensinos de Jesus,
João Batista, João o discípulo, Paulo e outros autores do Novo Testamento têm sido notadas
pelos sábios que trabalham com os rolos.
E agora que já sabemos que a provável Mãe do Cristianismo foi a antiga Comunidade da
Nova Aliança, comumente chamada de Essênios, a momentosa questão desafiando a
consciência de toda a Cristandade é se o filho terá a graça, a coragem e a honestidade de
conhecer e de honrar a sua mãe.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Não quero terminar esta parte sem antes transcrever o que diz a segunda capa do livro
do Rev. Potter: “Por séculos e séculos os estudantes cristãos da Bíblia se perguntavam onde
Jesus estava e o que ele fez durante os chamados ‘dezoito anos de silêncio’. Os maravilhosos
e dramáticos manuscritos da grande biblioteca essênica, achados em grutas após grutas
perto do Mar Morto, finalmente nos deram a resposta. Que durante aqueles ‘anos perdidos’
Jesus estudava nessa escola essênica está se tornando cada vez mais aparente. Os letrados
estão gradualmente admitindo os surpreendentes paralelos existentes entre as suas
doutrinas e vocabulário e as dos essênios e seu ‘Mestre da justiça’, que foi provavelmente
crucificado cerca de um século antes do nascimento de Jesus. Foi a seu título e sua
autoridade que Jesus provavelmente sucedeu”.
E já não perguntaram se Jesus não foi outro “Mestre da Justiça”, igualmente crucificado?
Quem o sabe ao certo? Aguardemos! Com muita calma, mesmo, pois parece que o caso foi encerrado
... para não abalar os fundamentos de nossa religião cristã!
Ainda aprofundando o mistério.
Tive ocasião de citar, anteriormente, o antroposofista Rudolf Steiner, grande estudioso
dos assuntos religiosos, que disse que, detrás do mistério de Jesus ... há o infinito. Em certo ponto
há mesmo, porém já existe uma literatura nova que nos permite vislumbrar mais algo além do que
consta dos evangelhos chamados sinópticos (S. Marcos, S. Mateus, S. Lucas e S. João), onde,
apesar de serem chamados de “concordantes”, muitas divergências mostram, como se pode ver do
livro de Aldeonoff Póvoas sob o título de “Contradições Bíblicas”.
Acho, pois, temerária uma exegese literal, palavra por palavra, dos quatro evangelhos,
em face de novos documentos religiosos e de progressos científico, ainda mais se entrar no meio
“o véu da letra e a capa do mistério” ... Há, por exemplo, uma passagem bíblica que diz:
“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino
do céu”. Ora, já li alhures que o tal “fundo de uma agulha” era uma porta da Palestina, com esse
feitio, tão baixa e pequena que era difícil um camelo passar por ela. Quanto ao resto da passagem,
estou de acordo.
E, para quem quiser conhecer algo a respeito de Steiner, cito o livro de Rudolf Meyer
intitulado “Quem era Rudolf Steiner?”, editado pela Associação Pedagógica Rudolf Steiner, de São
Paulo.
Vamos, pois, aprofundar o mistério de Jesus, fora da órbita dos evangelhos cristãos,
que, na verdade, muito nos têm servido pelo que muito de bom contêm, apesar do que se cometeu
no passado. Não os considero, racionalmente, a “Palavra de Deus”, mas, com a exclusão de muitas
coisas, o maior livro religioso da Terra, pelo menos no meio chamado ocidental.
Do livro de H. Dennis Bradley The Wisdom of the Gods (A Sabedoria dos Deuses), o
mesmo autor de Towards the Stars (Rumo às Estrelas), este já traduzido para o português, extraio,
da pág. 262, do cap. XIX, sessão de 8 de março de 1935, uma pergunta e uma resposta, com os
comentários do supracitado autor.
Perguntou o sr. Terry, conhecido autor teatral inglês: “Cristo é o Filho de Deus?” e o dr.
Barnett, um dos guias de George Valiantine, afamado médium norteamericano de “voz direta”,
respondeu o seguinte:
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“Jesus foi filho do homem; de pai e mãe terrenos”, e assim comenta o autor: “Eu já
fizera esta pergunta antes e recebera a mesma resposta cada vez que a formulara. Este
luminoso espírito, que já confundira os maiores cientistas vivos, nenhuma hesitação tinha
ao dar a sua opinião a respeito. Ele disse que o Cristo era um Espírito muito elevado e que
Ele vivia no Sétimo Plano da Sétima Esfera. O Cristo foi um dos maiores espíritos que já
viveram na Terra em corpo humano e a sua influência seria cada vez maior ao nosso
planeta no futuro próximo do que antes, porque a espiritualidade e a grande filosofia do
Cristo poderiam salvar nossa civilização de uma destruição material. O ‘dr. Barnett’ fala
sempre, com a maior veneração do Espírito do Cristo ao qual olha como próximo da divina
e incompreensível inteligência do grande Deus do universo”.
Vou citar agora outro espírito de grande antiguidade, referindo ao livro “A Filosofia
Hermética”, a primeira obra mediúnica impressa pela “Fundação Educacional e Editorial
Universalista”, de Porto Alegre, muito conhecida pela sigla FEEU. O conteúdo deste livro corresponde
a uma série de palestras feitas, em Londres, capital da Inglaterra, no ano de 1936, a uma classe de
aspirantes espiritualistas, por uma entidade conhecida como I-EM-HOTEP, por intermédio da
sra. K. Barkel. Na literatura hermética há muitas referências ao grande sábio egípcio I-EM-HOTEP,
cujo nome significa “Aquele que vem em paz”. Conforme consta de diversas enciclopédias, ele
viveu no Egito há uns 3.000 anos antes de Cristo, ocupando, durante o reino de Zoser, o mais alto
cargo do país, cargo que, posteriormente, recebeu o nome de Vizir. Arquiteto do rei, astrônomo e
astrólogo, autor de sábios escritos e provérbios, poeta de renome I-EM-HOTEP também era Sumo
Sacerdote do Egito e Hierofante do sistema de ensino religioso e esotérico de seu tempo. Foi ele
quem desenhou o plano da primeira pirâmide egípcia - a pirâmide escalada de Sak-Ka-Ra. Foi ele
quem, o primeiro na história do mundo, introduziu o uso da pedra talhada na construção, o que
deu inicio à construção sólida. Foi, no entanto, como médico e fundador de templos de cura que I-
EM-HOTEP deixou os traços mais profundos na areia do tempo. Suas curas tornaram-se proverbiais,
ganhando-lhe a gratidão e a profunda reverência do povo. Esta, continuando após a sua morte, fez
com que o Egito elevasse I-EM-HOTEP ao nível semi-divino, à sua semi-deificação, à divinização.
Pois foi, “da noite dos tempos”, que esse grande espírito voltou à Terra, falando aos
homens por intermédio de uma médium inglesa e começando por dizer: “Hoje, minha intenção é,
apenas, esboçar certo ensinamento que encerra a Verdade sob uma forma simbólica, que
permite transmiti-la, adaptando-a ao alcance e ao tipo de cada mente humana. Este
ensinamento, sob diversas formas, atravessou muitos milhares de anos, chegando até
vossa época e recebendo, nos últimos tempos, o nome de Filosofia Hermética”.
Passo por cima de muitas coisas interessantes para ater-me apenas às referências feitas
a Jesus-Cristo.
Na página 21 do supracitado livro, diz ele: “Os que amam o Mestre Jesus estarão
certamente interessados em saber que Ele foi o maior mago e o maior ritualista que o vosso
mundo conheceu. Ele trouxe consigo esse amor pelo Ritual das várias escolas por onde
passou” e, respondendo a certa pergunta formulada, assim respondeu: ‘Não gostaria de
destruir vossas crenças se elas até agora vos confortaram. De acordo, porém, com a
mensagem da Nova Era, devo dar-vos a Verdade. Jesus, quando iniciou Sua missão, havia
atingido à suprema maestria de todas as escolas ocultas conhecidas naquele tempo. Assim
como os outros Adeptos, Ele possuía o seu grupo interno e externo de discípulos. No grupo
interno, ensinava por símbolos, a fim de que esse ensinamento pudesse ser ministrado em
todos os países, apesar da diferença de línguas e mentalidades. Ele ensinava seus discípulos
a empregar esses símbolos segundo o desenvolvimento interno do homem. Para os que
podiam compreender apenas o sentido literal, e nele achar conforto, só este devia ser
dado. Em função, contudo, da evolução humana, o verdadeiro sentido devia ser revelado’”.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
A pergunta: “Vós referistes a Jesus como sendo um grande ritualista. Podereis citar um
Rito feito por Ele?” foi assim respondida: “A maioria dos Ritos feitos por Jesus, visto ter Ele
estudado nas escolas filosóficas egípcias e hindus, foi baseada na astrologia. No seu símbolo
- o peixe - mostrava Jesus ser Adepto da Era dos Peixes. Sua túnica sem costura, feita de
um só pedaço de pano, mostrava ser Ele Filho do Sol. Seus braços, estendidos em forma de
cruz, indicavam ter Ele conhecimento da ciência egípcia do Tarot”. Como esta resposta é
relativamente grande, passo a outra pergunta formulada, que está na pág. 56 do supracitado livro
mediúnico. É ela: “Falastes da imagem da perfeição do coração. Estão gravadas ali todas
as nossas experiências? “. A resposta é longa e a transcrevo na integra.
Ei-la: “Naturalmente. Pode ser que em uma vida o átomo permanente acumule as
qualidades materialistas, em uma outra - as da grande união, da fortaleza ou outras
ainda. Em cada encarnação, ele atrai, dos átomos que o rodeiam naquela vida determinada,
aquilo que lhe será necessário para a última expressão de sua perfeição. Tomemos o exemplo
de um Grande Portador da Força Crística - o Mestre Jesus. O átomo divino do Seu coração,
quando estava no corpo de Jesus, tinha atraído átomos perfeitamente puros e inalterados
que criaram Seu belo corpo, Sua bela mente, através dos quais Sua perfeição podia se
manifestar. Ele não poderia ter atraído estes átomos se nas vidas anteriores não tivesse
adquirido toda a experiência necessária. Não sei se vos chocarei dizendo que o átomo
permanente do coração de Jesus tinha residido previamente na pessoa de Melchizedek, de
Enoc e de outros grandes e gloriosos Seres. É a herança divina que torna divino o homem.
É a realização da semelhança com sua própria imagem no coração que permite construir
gradativamente um veículo através do qual ele poderá, no futuro, ser um Cristo para a
humanidade”.
Coisa estranha, dirão os leitores, falar-se em iniciação para Jesus, mas assim não pensa
o nosso formidável Léon Denis, chamado o “consolidador da filosofia espírita”. Como estou fazendo
um estudo mais completo e moderno sobre a chamada “vida desconhecida de Jesus” e sendo o
mais imparcial possível, dou a palavra a Léon Denis que, após tratar da decadência da época,
escreve o seguinte, em “Depois da morte”, págs. 59 e 60 da 8ª edição deste belo livro: “Entretanto,
nas margens do Mar Morto, alguns homens conservam no recesso a tradição dos profetas
e o segredo da pura doutrina. Os essênios, grupo de iniciados cujas colônias se estendem
até ao vale do Nilo, abertamente se entregam ao exercício da medicina, porém o seu fim
real é mais elevado: consiste em ensinar, a um pequeno número de adeptos, as leis superiores
do Universo e da vida. Admitem a preexistência e as vidas sucessivas da alma; prestam a
Deus o culto do espírito. Nos essênios, como entre os sacerdotes de Mênfis, a iniciação é
graduada e requer vários anos de preparo. Seus costumes são irrepreensíveis; passam a
vida no estudo e na contemplação, longe das agitações políticas, longe dos enredos do
sacerdócio ávido e invejoso. Foi evidentemente entre eles que Jesus passou os anos que
precederam o seu apostolado, anos sobre os quais os Evangelhos guardam um silêncio
absoluto. Tudo o indica: a identidade dos seus intuitos com os dos essênios, o auxílio que
estes lhe prestaram em várias circunstâncias, a hospitalidade gratuita que, a título de
adepto, ele recebia, e a fusão final da ordem com os primeiros cristãos, fusão de que saiu
o Cristianismo esotérico”.
E adiante, na mesma obra, pág. 67, Denis diz ainda o seguinte: “Negaram certos
autores a existência do Cristo e atribuíram a tradições anteriores ou à imaginação oriental
tudo o que a respeito foi escrito. Nesse sentido, produziu-se um movimento de opinião,
tendente a reduzir às proporções de lendas as origens do Cristianismo. É verdade que o
Novo Testamento contém muitos erros. Vários acontecimentos por ele relatados encontram-
se na história de outros povos mais antigos e certos fatos atribuídos ao Cristo figuram
igualmente na vida de Krishna e na de Hórus. Mas também existem outras, e numerosas
provas da existência de Jesus de Nazaré, provas tanto mais peremptórias quanto foram
fornecidas pelos próprios adversários do Cristianismo, etc.”.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
The Aquarian Gospel está na sua vigésima edição inglesa, que é de 1969, conforme
exemplar que tenho em mãos, quando da edição americana, de que possuo também um exemplar,
já alcançou a trigésima sexta edição, pois o livro vem sendo reeditado desde 1908.
Há uns capítulos do livro cujos títulos não podemos deixar de mencionar, como:
VI - Vida e obras de Jesus na Índia; VII - Vida e obras de Jesus no Tibete e Índia Ocidental;
VIII - Vida e obras de Jesus na Pérsia; IX - Vida e obras de Jesus na Assíria; X - Vida e obras de
Jesus na Grécia; X - Vida e obras de Jesus no Egito; e finalmente o XXI - Materialização do corpo
espiritual de Jesus e o XXII - Estabelecimento da Igreja Cristã.
Poderia dizer muitas coisas mais, porém prefiro restringir o assunto, pois detrás dele...
há o infinito. Menciono, para os interessados, as obras mediúnicas de uma espiritualista argentina,
Josefa Rosalia Luque Alvarez, nascida a 18 de março de 1893 e falecida a 1° de agosto de 1965.
Em mas de trinta anos em contato com os seus guias espirituais e diz-se também como o do
Mestre, deixou volumosas obras como Origines de la Civilización Adámica, Arpas Eternas, Cumbres
y Lecturas de Moisés, el Vidente del Sinái. Tratam, pelo menos as duas que tenho em mãos,
detalhadamente da vida de Jesus, tendo Arpas Eternas, em três volumes, mais de 1.000 páginas,
e Cumbres y Llanuras, em. dois grandes e grossos volumes, mais de 800 páginas. A primeira e a
quarta já estão a caminho, mas não há tempo para ler e meditar sobre tanta coisa.
Outra volumosa obra que adquiri recentemente é o True Gospel revealed anew by Jesus
(O verdadeiro evangelho revelado novamente por Jesus), editado pela Church of the New Birth, de
Washington, EUA. São quatro grandes e grossos volumes de mais de 400 páginas cada um e, como
o quarto volume ainda não me chegou às mãos e é muita coisa para eu ler e resumir, deixo de dar
a minha opinião a respeito. Com os três primeiros volumes veio um folheto intitulado Jesus’ Birth
and Youth as known by Mary, Mother of Jesus (Nascimento e MKocidade de Jesus narrados por
Maria, Mmãe de Jesus). Como é de poucas páginas, tive ocasião de lê-lo e colher a seguinte
revelação de Maria: “A maior parte do que o Novo Testamento diz a meu respeito não é
verdade. Fui casada legalmente com José, meu marido, que era um moço e não o decrépito
e impotente velho como é descrito pelos autores que fazem de mim uma virgem e mãe de um
filho cujo pai não tinha corpo ou espírito”..., e mais adiante: “Não, fui mãe de oito filhos de
carne e sangue, sendo o primeiro Jeshua, ou Jeshu, que é pronunciado diferentemente no
norte o no centro da Palestina, como diferentemente em várias partes deste próprio país”.
Há outra obra recebida recentemente e sobre a qual não posso discorrer, pois recebi
apenas o seu primeiro volume. São dois e têm os seguintes título e subtítulos:
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Como neste primeiro volume trata mais de Jesus, posso adiantar que, na interpretação
da autora, Jesus viveu primeiro na Atlântida (enorme continente submerso) com o nome de Amilius,
talvez forma latina de Emílio; foi depois Rama, o chefe ariano que penetrou na Índia; Krishna, o
conhecido filósofo hindu; Hermes, o Núbio, que foi para o Egito; Enoc, autor do livro usado pelos
antigos essênios e Melchizedek, o grande místico conhecido através da Bíblia. Sendo tudo isto
escrito de passagem, pela falta de leitura dos 2 volumes, nada mais posso acrescentar no momento.
Passo agora, de escantilhão, por uma obra sobre a qual gostaria de extrair muitas
coisas, mas limito-me a bem pouco e o melhor. Trata-se de Edgar Cayce’s Story of Jesus, título que
mais amplamente traduziria por “A vida de Jesus segundo leituras de vidas feitas por Edgar
Cayce”. Este possuía a estranha faculdade de colocar-se em um estado de sono semelhante ao
estado de transe e assim proferir palestras, fazer diagnósticos e principalmente as leituras das
vidas pretéritas de muitos consulentes. Um dos seus vários biógrafos, Jess Stearn, o chamava de
The Sleeping Prophet (O Profeta Adormecido), apelido que serviu de título a um dos seus livros. O
autor deste livro, Jeffrey Furst, livro editado por Coward-MacCann, Inc. New York, USA. Para
escrevê-lo, recorreu ao “grupo da Palestina”, isto é, às leituras de vidas de pessoas que viveram na
Palestina na época do Cristo. E confirma a passagem de Jesus pelo Egito, Pérsia e outros países,
como repetidamente referido em várias partes deste meu trabalho.
Ele dá também o Monte Carmelo como a sede de uma escola de Essênios e diz que foi
em um templo de lá que se realizou o casamento de José e Maria, os pais de Jesus. Perguntado
que idade tinha José por ocasião do seu casamento com Maria, ele respondeu que 36 anos e Maria
apenas 16. Perguntado ainda que mestres teve Jesus nos países em que estudou, respondeu:
Kahjian na Índia; Junner na Pérsia e Zar no Egito.
Este livro, em formato grande, tem cerca de 400 páginas. Citá-lo minuciosamente seria
quase que escrever novo livro.
Já que tive ocasião de me referir às várias vindas do Cristo à Terra, da qual, segundo
alguns, ele seria o Governador, o Dirigente, o Instrutor Maior, vou citar também breve trecho da
obra de Ruth Montgomery A World Beyond já traduzida para o português sob o sugestivo titulo de
“A vida no Além-Túmulo” e publicada pela Distribuidora Record. Trata na maior parte, de colóquios
com o espírito de Arthur Ford por meio da psicografia, mas de uma forma ainda desconhecida por
mim: ela recebia as mensagens, não por meio de um lápis ou uma caneta, mas diretamente na
máquina de escrever. Arthur Ford, falecido recentemente, era considerado o maior médium norte-
americano. Quem conhece bem o inglês poderá ler a obra Nothing so Strange (literalmente “Nada
tão Estranho”), que é a sua autobiografia em colaboração com Margueritte Harmon Bro e tem uma
introdução de Hugh Lynn Cayce, Diretor da Edgar Cayce Association for Research and Enlightenment.
Do capítulo 13 “Exemplos de reencarnação”, colho o seguinte e interessante trecho:
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Na manhã de Sexta-Feira Santa, Arthur Ford escreveu em minha máquina: ‘Mais ou menos
nesta data, há dois mil anos, um homem chamado Jesus de Nazaré morreu na cruz como
símbolo vivo da vida eterna. Alguns pensavam que iria livrar-se da cruz para exibir mais
um milagre, porém foi o Cristo dentro dele que sobreviveu à morte e voltou várias vezes na
forma astral para provar que a vida é eterna, que o homem de carne não é o verdadeiro
homem, mas apenas o símbolo físico da alma sempre viva. Ele provou a veracidade de
suas palavras e por isso tornou-se imortal como um Jesus físico bem como na consciência
de Cristo, que existe nas forças de Deus desde o início dos tempos.
Agora vejamos o caso de São Paulo, que teve uma visão de Cristo no caminho para Damasco.
Ele não conhecia o homem Jesus, mas assim que viu a aparição reconheceu-a como o
Cristo que tinha habitado o corpo de Jesus. As palavras, para ele, eram inconfundíveis.
Jesus foi a maior de uma longa série de personificações de uma alma criada no início e que
de vez em quando encarnava na forma humana. Foi o Buda, o Messias, o todo-no-todo, e
aquele por quem sempre ansiamos em nossas almas - o irmão mais velho, o camaradão, o
pacificador, a personificação do bem. Filho de Deus, sim, mas não somos todos filhos e
filhas de Deus? A diferença é que Jesus recebeu de Deus poderes para conduzir toda a
humanidade às verdades básicas: amai-vos uns aos outros, sede bons para com quem vos
maltrata, não faleis mal se não quiserdes que falem mal de vós, fazei aos outros aquilo que
quereis que vos façam. O espírito de Cristo viveu e teve o seu ser por um período de anos
dentro de Jesus de Nazaré, mas lembram-se disto: O espírito interior, que habita a forma
física de todos nós, é igualmente parte de Deus e capaz de suportar o mal, por isso tentemos
nós um pouco mais aquilo que no princípio foi puro, limpo e verdadeiro. Amai o próximo
como a vós mesmos.
Arthur desenvolveu um tema semelhante em seu “sermão” da manhã da Páscoa,
escrevendo:
Hoje é o aniversário da bela manhã em que o Cristo desencarnado ergueu-se do túmulo
para demonstrar a vida eterna. Livre de seu corpo, ele apareceu a muitos dos seus seguidores
na terra da Palestina e até mostrou seus ferimentos a um Tomás duvidoso, mas não é esta
a mensagem importante. O ponto de destaque é que nós todos sobrevivemos à morte com
nossa personalidade e memória intactas. Isto foi demonstrado por Jesus ao morrer na cruz
e Sua parte eterna - o Cristo - continuou a viver para provar que o corpo físico não faz parte
da alma eterna. Hoje falamos das várias encarnações daquele Cristo que recordamos na
forma de Jesus. Ele tinha sido vários homens diferentes antes daquela encarnação e em
todas buscava a perfeição do homem. Queria demonstrar a Seu Pai e a todos os outros que
é possível habitar um corpo físico, resistir à tentação e viver uma vida de perfeição. As
vezes esquecemo-nos de que Jesus era um homem como nós. Era o Cristo dentro dele que
o tornava superior. As mesmas tentações carnais estavam ali para tentar a Jesus como a
qualquer homem carnal e, no entanto, ele resistiu a todas. Lembremo-nos, pois, de que
cada um de nós poderá viver tão corretamente quanto quiser, pois foi demonstrado que o
homem, mesmo na carne, pode ser perfeito.
Já disse aqui nesta obra, citando Rudolf Steiner, que, por detrás do mistério de Jesus ...
há o infinito. E, por causa disto, vou fazer, para terminar, umas breves citações de um curioso
livro, também recente como o antes citado. Trata-se de “A voz dos extraplanetários”, livro que se
originou de um processo telepático a que se permitira o extraplanetário Ashtar Sheran por intermédio
de um médium alemão chamado Herbert Victor Speer, de Berlim.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Mas quem é este Ashtar Sheran, de nome tão estranho? Di-lo o livro em muitas linhas,
mas, para nós, direi apenas que se trata de um ser espiritual elevado, habitante de Methária,
situado no sistema solar de Alfa Centauro e que teria o comando geral das naves espaciais em
missão terrena ao aproximar-se “o fim dos tempos” tão falados. E lá se fala no Cristo e outras
coisas mais ... Passo, ainda, a algumas transcrições interessantes e bem curiosas, como, por
exemplo, do que consta das páginas 122 e 123. Ei-lo:
Já numa comunicação precedente acentuamos que Cristo não foi o bode expiatório da
humanidade terrestre. Tornou-se vítima de um crime horrendo! Essa morte brutal nada tem
que ver com a Redenção da humanidade. Somente Seus ensinamentos podem redimir-vos,
quando os colocardes em prática, porém não porque seu sangue foi derramado.
Os “Santini” estavam num direto contato com este extraordinário Mestre.
A Estrela de Belém era uma nave espacial extraterrestre, um U.F.O. como o chamais. Podereis
ver tais estrelas de Belém em cada noite e, muitas vezes, também durante o dia e em todos
os países da Terra. Suas trajetórias e seu brilho não são por nada diferentes daquela
Estrela de Belém.
O nascimento de Cristo foi anunciado pelos pilotos de um U.F.O. Citamo-vos agora uma
passagem da Bíblia: “E um Anjo do Senhor esteve diante deles, e o esplendor do Senhor
envolveu-os e assim sentiram medo”. O esplendor que envolveu os pastores era a irradiação
de um U.F.O.. O anjo era um “Santini”, um extraterrestre. Não foi o Anjo que subiu ao céu,
mas um U.F.O. acolheu-o levando rumo ao Cosmo. Uma estação interplanetária universal
não é uma plataforma para Anjos. Também a partida de Elias no carro de fogo. Nem a
visita dos Anjos, nem a luz divina com seu esplendor são baseadas na ação milagrosa de
Deus. Trata-se, ao contrário, da visita dos “Santini”, que, se empenham sinceramente em
vos explicar o significado de vossa existência.
Esclarece o editor alemão desta obra, em nota, o seguinte:
“É-nos muito difícil entrarmos em contato com Ashtar Sheran. Importante tornou-se então
para nós a confiança demonstrada pelos Guias espirituais que já há muitos anos nos
transmitem inumeráveis ensinamentos relacionados com a sabedoria. Com Ashtar Sheran
entramos em contato de tempos em tempos. Nós não o vemos. Suas mensagens são
espiritual-científicas. Por essa razão devemos recorrer ao mundo da colaboração de nossos
Guias espirituais e, como se trata de missão divina, estas Grandes Almas procuram
contentar-nos. Nem de todas as perguntas recebemos respostas, porque, para algumas
explicações, não nos achamos preparados nem amadurecidos para entendê-las. Ashtar
Sheran é um verdadeiro amigo da Humanidade; melhor instrutor não poderíamos imaginar.
É o Guia de nossos tempos. Sentimo-nos felizes por termos sido escolhidos para a recepção
de comunicações, mesmo que por causa disto sejamos escarnecidos. Entretanto existem
muitas pessoas sérias e decididas que nos compreendem e estão conosco.
As perguntas constantes das páginas 146 e 147 já são respondidas pelo Guia espiritual.
Eis as mais importantes dele recebidas:
Pergunta: A Ascensão de Cristo foi cientificamente posta em dúvida. Também as Igrejas
não sabem como explicá-la. Que relação terá com os “Santini”?
Resposta: Cristo conhecia a missão dos “Santini”. Uma nave espacial acolheu-O
tomando-O consigo. Os “Santini” possuem estes meios. O céu não é um lugar
sobre as nuvens. Cristo foi levado algures.
P. - Conheceis este lugar?
R. - Pelo que sabemos foi levado para as Índias, nas proximidades do Tibet. Ali
ficaria mais seguro. (Nota do Editor: Há muitos indícios de que Cristo tenha operado na
Índia)
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
P. - Esta resposta faz vacilar o milagre da Ressurreição. Portanto Cristo deverá ter
continuado a viver. Não teria então morrido na Cruz, não é assim?
R. - Cristo possui dotes excepcionais, visto ser uma divina encarnação. Sabemos hoje
que a maior parte das pessoas escuta de má vontade esta explicação. Porém Cristo
morreu na Cruz. Morreu clinicamente. Mas; como Cristo é uma encarnação de
imensa força divina, esta se pôs a agir n’Ele depois da morte. Ele venceu a matéria,
levando-a como uma veste imaculada. Ele possui faculdades e poderes divinos.
Curava os doentes, ressuscitava os mortos e assim recolocou-se a si próprio na
vida e curou-se. Aí está o próprio milagre da Ressurreição, dentro da ordem imutável
das leis espirituais.
P. - Diz ainda a Bíblia: “Subiu ao céu e sentou-se à direita de Deus”. Que dizeis a isto?
R. - Deus não é uma pessoa e assim sendo Cristo não poderia sentar-se à Sua direita.
E o céu não é um teto próprio colocado sobre a Terra. Este é outro consenso
dogmático. Cristo se acha no reino espiritual, na esfera mais alta. Ali não está só,
mas rodeado por muitos espíritos eleitos.
P. - Como reagirão as Igrejas ao escutarem esta afirmativa? Como nos deveremos
comportar?
R. - Poderemos sempre dizer a verdade, gostem dela ou não. Além disto, a coisa não é
tão estranha quanto parece. Existem faquires e iogues que podem realizar
semelhante milagre: Anulam a força da gravidade, fazem-se transpassar por espadas
e permanecem sepultados durante semanas inteiras. Dominam a matéria, como
fez Cristo.
P. - Cristo estava clinicamente morto. Como devemos entender isto?
R. - Também sobre a Terra existem homens que se acham clinicamente mortos. Eles
podem ser ressuscitados para a vida, mas só por um breve período de tempo,
porque usam outros meios e sistemas errados. Podem ser ressuscitados até o
momento em que o cordão de prata, aquele laço que une o corpo à alma, não tenha
sido rompido. Até aí a ressurreição poderá ser possível. (Nota do Editor: Três dias
depois da morte)
P. - Sabemos que as células do cérebro não podem permanecer vivas por mais de que
alguns minutos, visto que logo se decompõem dando-lhes a morte definitiva. Cristo,
entretanto, ficou no túmulo por muito tempo. Como poderia ater-se dado isto?
R. - Houve casos nos quais foi constatado que, depois da morte, no crânio de alguns
terrestres não mais havia o cérebro. Entretanto, eles, quando vivos, podiam agir e
pensar. Cristo não tinha necessidade de cérebro para pensar. Seu Espírito era
extraordinariamente forte.
Aqui me detenho novamente para dizer que a obra “A Voz dos Extraplanetários” foi
impressa, em 1972, pela Editora Pongetti, que já nos promete, a seguir, do mesmo autor, as
seguintes: “Veritas Vincit”, “De Estrela em Estrela” e “Antes da Aterrissagem”. Aqueles que
conservam, como eu, a liberdade do pensamento como coisa preciosa, podem lê-las todas para
estudo, comparação e ilustração, bem como “A Bíblia e os discos voadores” do escritor brasileiro
Fernando Cleto Nunes Pereira, já em 2ª edição. Não me furto à ocasião de citar dois pequenos
trechos da obra deste autor nacional. Um, da pág. 140, quando ele diz: “Não devemos fugir
nunca dos temas difíceis e contraditórios, razão pela qual pretendemos examinar o delicado
problema que constitui a reencarnação. Como já vimos, a Lei do Carma procede também
dos astronautas extraterrenos. Sentimos mesmo ser do nosso dever focalizar aqui o livro
que ficou perdido por muitos séculos, chamado Atos II, de autoria de S. Lucas, narrando a
assunção de Santa Maria - episódio inteiramente desconhecido dos cristãos, porque o
referido livro não mereceu a aprovação da Igreja Católica”.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
E outro, mais adiante, na pág. 143, quando esclarece o seguinte: “Vamos agora
surpreender a grande maioria dos leitores, focalizando um misterioso livro muito pouco
conhecido. Não sabemos se alguma Igreja já aceitou tal livro como verdadeiro. Trata-se do
remoto e desaparecido Atos II, de autoria de S. Lucas, no qual são expostas algumas lições
de Santa Maria sobre a reencarnação. Este livro foi descoberto e traduzido do grego para
a língua inglesa por Kenneth Sullivan Guthrie e para a língua portuguesa por M.M.
A primeira edição em inglês foi feita em 19-9-1904 e constou de apenas 155 exemplares.
Somente 60 anos depois da primeira edição foi tal livro reeditado na língua inglesa.
O editor e distribuidor de Atos II em nossos dias é o Centro Metafísico Mark-Age, Inc.,
327 N.E. 20th Terrace - Miami, Flórida, USA. Uma pequena edição de menos de 100
exemplares foi feita no Brasil, em língua portuguesa, editada em 15-8-1965 (Traduzido
para a língua portuguesa, da versão inglesa, por M.M.). Nesse notável livro, que teria ficado
perdido quase 1900 anos, está descrito, num verdadeiro poema, como se deu a assunção
de Santa Maria e as revelações que ela faz sobre os mistérios do Reino de Deus. Narra
também que, no momento da assunção, o próprio Jesus e o anjo Gabriel apareceram para
levar Maria ao céu, momento em que Jesus confirma algumas de suas encarnações anteriores
na Terra. Segundo o mesmo livro, Paulo e Pedro teriam assistido como se deu a assunção
e juntos teriam ouvido as últimas revelações de Santa Maria e Jesus”.
Os leitores que meditem sobre tudo isto e façam o seu juízo a respeito porque, no
mistério de Jesus, parece que só se pode mesmo é opinar. Certeza não há, ainda menos com os
Evangelhos chamados Apócrifos, que a própria Igreja Cristã rejeitou.
A Bíblia inteira foi tantas vezes adulterada e interpolada por uns e outros interessados
que hoje já não sabemos o que estava anteriormente escrito em inúmeras passagens. Para
corresponderem a certas aspirações e idéias dos judeus antigos, alterações foram feitas, a dedo,
no Novo Testamento, onde inúmeras passagens se contradizem umas as outras. E dói vermos que
espíritos ditos de luz interpretam integralmente todos os versículos da Bíblia, mesmo os mais
confusos...
Outra coisa. Dizem que os judeus antigos tratavam de irmãos tanto os irmãos carnais
como os primos-irmãos e demais parentes, mas, quando o interesse interpretativo entra em jogo,
os irmãos carnais nunca são irmãos mesmo e sim de outro parentesco.
Embora consideremos que é muito difícil argumentar-se a respeito de Jesus com
passagens bíblicas, vamos fazer uma citação da Bíblia Sagrada traduzida em português, segundo
a Vulgata Latina, pelo Padre Antonio Pereira de Figueiredo. Escolhemos, a propósito, os sete
primeiros versículos do capítulo 2 - Nascimento de Jesus - do Evangelho Segundo São Lucas:
“1. E aconteceu naqueles dias que saiu um édito emanado de César Augusto, para que fosse alistado
todo o mundo. 2. Este primeiro alistamento foi feito por Cirino, governador da Síria. 3. E iam todos
alistar-se, cada um à sua cidade. 4. E subiu José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade
de David, que se chamava Belém, porque era da casa e da família de David. 5. Para se alistar com sua
esposa Maria, que estava pejada. 6. E estando ali, aconteceu completarem-se os dias em que havia de
dar à luz. 7. E deu à luz a seu filho primogênito e o enfaixou e o reclinou em uma mangedoura, porque
não havia lugar para eles na estalagem”.
Notem bem: Maria deu à luz o seu filho primogênito. Filho primogênito, sabemos
todos nós, é o primeiro filho de um casal de carne e osso e não se falava em primogênito sem haver
outros filhos do mesmo casal, portanto haviam outros filhos mais, que eram mesmo irmãos uterinos
de Jesus, e não primos-irmãos.
São José teve filhos da primeira mulher dele, mas, quando se casou com Maria, a sua
segunda mulher e mãe de Jesus, passou de homem de carne e osso a simples espectador... para
que se cumprissem a vontade dos profetas e a dos interessados de ontem e hoje.
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Quem conhecer o inglês e quiser ler muita coisa a respeito da vida de Jesus, indico um
livro publicado pela primeira vez em 1899 e, pela segunda, em 1968 pela Unarius Publishing Co.,
de Glendale, Califórnia, Estados Unidos da América. Tem o duplo título de The True Life of Jesus
of Nazareth (A verdadeira vida de Jesus de Nazaré) e The Confessions of Paul (As confissões de
Paulo) e se trata de um volume de 325 maciças páginas recebidas através da mediunidade de
Alexander Smyth.
O referido livro é acompanhado de um apêndice com o título de The Crucifixion and
Resurrection of Jesus, by an eye-witness (A crucificação e ressurreição de Jesus por uma testemunha
ocular). Trata-se de um manuscrito descoberto e pertencente à antiga Biblioteca de Alexandria,
com muita matéria adicional e explanatória sobre os Essênios e com pasmante declaração de que
Jesus não faleceu na cruz e sim seis meses após e que não houve uma ressurreição e sim uma
ressuscitação de Jesus.
Ainda a propósito de Jesus, aproveito o ensejo para transcrever breve trecho do belo
artigo “Ritos e iniciações esotéricas”, de Sandra Galeotti, aparecido no n° 32, de abril-maio de
1975, da apreciada revista “Planeta”. Ei-lo ipsis literis:
É fácil notarmos como a identidade essencial entre várias correntes filosófico- iniciáticas se
perpetuou até a época do advento de Cristo, chegando até nós, se considerarmos o conteúdo
dos tratados firmados entre todas elas, através de seus mestres. Foi no ano 747 da fundação
de Roma que se reuniram no supremo santuário dos essênios, localizado nas montanhas
de Moal, os chefes das principais escolas esotéricas da época com o fim de estabelecer
uma aliança que tinha por objetivo proporcionar todo amparo possível ao menino, que, aos
30 anos, iniciaria uma missão redentora do gênero humano. Foi firmado então um tratado
com os seguintes dizeres: “Havendo comprovado que é uma mesma verdade a exposta
nas cinco doutrinas conhecidas hoje, ou seja, o ptolomeismo da Alexandria, o copto da
Arábia, o zend-avest da Pérsia, o budismo do Nepal e o mosaísmo essênio, nos impomos o
sagrado dever de propiciar a unificação perfeita destas cinco ramificações da divina
sabedoria para facilitar a missão redentora de Cristo em seu último advento à Terra”.
Assinavam: Ezequias de Sichen, grande servidor do santuário do monte Abarin; Gaspar
de Bombaim, primeiro mestre da Escola Estrela do Oriente; Baltasar de Susa, consultor da
Congregação da Sabedoria Oculta; Melchior de Horeb, fundador da fraternidade copta do
monte Horeb; Filon de Alexandria, estudante do 5° grau, na Escola Ptolomeísta.
Diz a articulista que o documento original essênio desta aliança encontra-se hoje em
uma das principais bibliotecas da cidade de Lhasa, no Tibet.
E se quisermos aprofundar ainda um pouco mais o mistério que há por detrás da pessoa
de Jesus, apesar dos inúmeros livros escritos a respeito e aqui citados, podemos incluir este
pequeno trecho colhido na obra de Eduardo Morgens, pág. 24, intitulada Profecias: “Aqui desejamos
abrir um parêntesis para formular a seguinte pergunta: segundo a Bíblia, Moisés, e
posteriormente Jesus, desapareceu durante certo espaço de tempo, sem qualquer menção
referente a seu paradeiro. Para onde teriam ido? Estudando cuidadosamente o Código de
Hamurabi, composto em tijolos de argila 2000 anos antes do advento dos Profetas Bíblicos
- base de toda a legislação moderna, civil e criminal - chegamos à conclusão de que esses
dois grandes personagens tiveram contato com os sucessores de Hamurabi e,
conseqüentemente, com o código famoso. Um confronto entre o Código de Hamurabi e os 10
Mandamentos leva à conclusão de que a lei mosaica é uma condensação do código citado”.
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E também ainda ao pequeno trecho que colhemos na obra de Lytle Robinson intitulada
Edgar Cayce’s Story of the Origin and Destiny of Man, que melhor traduziríamos por História da
Origem e Destino do Homem segundo leituras de Edgar Cayce. Está na pág. 93 da edição de bolso
e as leituras de Edgar Cayce, o profeta adormecido, já são bem conhecidas. Ei-lo: “A Grande
Pirâmide de Gizeh permanece como um monumento histórico para a atual raça-raiz. Registra
a história da luta do homem pela sabedoria espiritual e, por muitas épocas, foi utilizada
como templo de iniciação para os grandes mestres e líderes do mundo. Foi aqui que o
Grande Iniciado, Jesus, que se tornou o Cristo, recebeu os graus finais de Iniciado,
juntamente com João Batista, o Seu precursor”.
E o mistério parece continuar ...
Diante de tudo o que foi dito e escrito por tantos autores, quer da Terra quer do Além,
minha opinião pessoal é, e continuará a ser, a de que Jesus foi um ser carnal como nós, que se
tornou um Grande Iniciado e que exerceu a mais bela missão terrena, opinião que deixo aqui
estampada nestas poucas linhas a fim de que, após o meu desencarne, não me atribuam o que
não disse e não escrevi.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Em Roma, no arquivo do Duque de Cesadini, foi encontrada uma carta de Públio Lêntulus,
Procônsul da Galiléia, dirigida ao Imperador Romano Tibério César, em virtude deste ter interpelado
o Senador Romano acerca de Cristo, de quem tanto lhe falavam.
Eis a carta, que é um retrato fiel de Jesus:
Sabendo que desejais conhecer quanto vou narrar: existindo nos nossos tempos um homem,
o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado
Profeta da Verdade e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, Criador do Céu e da
Terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado. Em verdade, ó
César, a cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os mortos, cura
os enfermos, em poucas palavras é um homem de justa estatura e é muito belo de aspecto.
Há tanta majestade em seu rosto que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-
lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas e das
orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio da sua
fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos; o seu rosto é
cheio, o aspecto muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face de uma cor
moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos
cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave.
Tem os olhos graciosos e claros e o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como
os raios de sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque, quando resplandece,
apavora e, quando ameniza, faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade. Diz-se que
nunca ninguém o viu rir, mas antes chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na
palestra contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele alguém se aproxima, verifica
que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar,
muito semelhante à sua Mãe, a qual é de uma beleza rara, não se tendo jamais visto, por
estas partes, uma donzela tão bela. De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém.
Ele sabe todas as coisas e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma
na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém, na sua presença, falando com Ele, temem
e admiram. Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade,
segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos de grande doutrina,
como ensina este Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muito me querelam que é
contra a lei de Vossa Majestade. Diz-se que esse Jesus nunca fez mal a quem quer que
seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado afirmam ter dele
recebido grandes benefícios de saúde, porém, à sua obediência estou prontíssimo e aquilo
que Sua Majestade ordenar será cumprido.
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Este outro retrato de Jesus foi feito pelo espírito de Maria Dolores, através da mediunidade
de Francisco Cândido Xavier, a 22-4-1978, no Grupo Espírita da Prece, de Uberaba, MG.
Ei-lo:
Está sendo procurado:
Homem considerado galileu. Trinta e três anos. Pele clara e expressão triste. Cabelos longos
e barba maltratada.
Marcas sanguinolentas nas mãos e nos pés. Caminha habitualmente acompanhado de
mendigos e vagabundos, doentes e mutilados, cegos e infelizes.
Onde aparece, freqüentemente, é visto entre grande séqüito de mulheres, sendo algumas
de má vida, com crianças esfarrapadas.
Quase sempre está seguido por doze pescadores e marginais. Demonstra respeito para
com autoridades, determinando que se dê a César o que é de César, mas espalha
ensinamentos contrários à Lei antiga, como seja: o perdão das ofensas; o amor aos inimigos;
a oração em favor daqueles que nos perseguem ou caluniam; a distribuição indiscriminada
de dádivas com os necessitados; o amparo aos enfermos, sejam eles quais forem; e chega
ao cúmulo de recomendar que uma pessoa espancada numa face ofereça a outra ao agressor.
Ainda não se sabe se é um mágico, mas testemunhas idôneas afirmam que ele multiplicou
cinco pães e dois peixes em alimentação para mais de cinco mil pessoas, tendo sobrado
doze cestos.
Considerado impostor por haver trazido pessoas mortas à vida, foi preso e espancado.
Sentenciado à morte, com absoluta aprovação do próprio povo, que o condenou de
preferência a Barrabás, malfeitor conhecido, recebeu insultos e pedradas, sem reclamar,
quando conduzia a cruz às costas.
Não se defendeu, quando questionado pela justiça, complicando-se-lhe a situação, porque
seus próprios seguidores o abandonaram nas horas difíceis. Sob afrontas e zombarias, foi
crucificado entre dois ladrões. Não teve parentes que lhe demonstrassem solidariedade, a
não ser sua Mãe, uma frágil mulher que chorava aos pés da cruz.
Depois de morto, não se encontrou lugar para sepultá-lo, senão lodoso recanto de um
túmulo por favor de um amigo. Após o terceiro dia de sepultamento, desapareceu do sepulcro
e já foi visto por diversas pessoas que o identificaram pelas chagas sangrentas dos pés e
das mãos:
“Esse é o homem que está sendo cuidadosamente procurado.
Seu nome é Jesus de Nazaré.
Se puderes encontrá-lo, deves segui-lo para sempre.
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Segue o texto narrando que a mãe dela, Lakmy, faleceu e a filha, Devanaguy, foi obrigada
a voltar para o palácio de seu tio, o tirano de Madura. Passo a um trecho inicial e pequeno para
mostrar outra coincidência nas vidas do reformador indiano e do reformador judeu, trecho este do
capítulo XI do título “A palavra de Deus se cumpre - Nascimento de Cristna - Perseguições do
tirano de Madura - Matança de todos varões nascidos na mesma noite que Crisma (segundo o
Bagavad-Gîtâ e as tradições bramânicas)”. Ei-lo:
Certa tarde em que a virgem orava, uma música celestial começou de repente a encantar os
seus ouvidos, a sua prisão ficou iluminada e Vishnu apareceu em todo o esplendor de sua
divina majestade. Devanaguy caiu em profundo êxtase e tendo sido obumbrada, segundo
a expressão sânscrita, pelo Espírito de Deus, concebeu.
O período de sua gravidez transcorreu para ela em um encantamento perpétuo. O menino
divino proporcionava à sua mãe prazeres infinitos que lhe faziam esquecer a Terra, seu
cativeiro e até a sua existência.
Na noite da iluminação de Devanaguy, quando o recém-nascido dera o seu primeiro vagido,
forte vento fez uma abertura nos muros da prisão e a virgem e seu filho foram conduzidos
por um enviado de Vishnu a um aprisco pertencente a Nanda, seu parente, situado nos
confins do território do rajá de Madura”.
Este último, quando teve notícia do parto e da fuga maravilhosa de sua sobrinha, foi preso
de um furor indescritível e, em lugar de compreender que era inútil lutar contra o Senhor e
pedir perdão, resolveu perseguir, por todos os meios possíveis, o filho de Devanaguy e
fazê-lo morrer, acreditando evitar com isto a sorte que o ameaçava.
Tendo tido um novo sonho que o advertia, de uma maneira precisa, do castigo que o esperava,
“ordenou a matança, em todos os seus estados, dos meninos nascidos durante a
noite em que Cristna veio ao mundo”, pensando desta maneira atingir seguramente
quem, se-gundo o seu pensamento, deveria mais tarde derrubá-lo do trono. (Os grifos estão
no original).
O capítulo XII “Cristna começa a pregar a nova lei - Seus discípulos: Arjuna, seu mais
ardoroso colaborador”, começa dizendo que “Cristna contava apenas dezesseis anos quando deixou
a companhia de sua mãe e de seu parente Nanda e se pôs a percorrer a Índia pregando a nova
doutrina”.
Planeta, revista bem informada e de ótimos artigos, em seu n° 76 publicou um artigo
intitulado “Só os deuses são filhos de virgens”. Pois bem, num certo trecho lê-se o seguinte:
“Quanto à concepção virginal, há um aspecto interessante pela similitude existente entre
diversas religiões e lendas em relação aos seres míticos: estes quase sempre são filhos de
mães virgens, que conceberam por obra de alguma entidade superior ou através de contatos
com elementos naturais”.
Dito artigo termina com uma interrogação. Ei-la: “Que podem significar tantas
coincidências? Na opinião dos estudiosos, elas mostram apenas que muitas das tradições
cristãs são, na verdade, muito mais antigas do que o próprio Cristianismo. Para outros,
essas coincidências mostram apenas que o anúncio da vinda do Filho do Senhor é tão
antigo que remonta às próprias origens da civilização, de modo que onde parece haver
coincidências existe apenas confirmação de que um dia o Messias viria para salvar a
humanidade. Enfim, coincidências ou confirmações, quem pode saber?”
Com base em tantas dúvidas e interrogações, chegou-se a criar um Jesus que, além de
filho de virgem, era um ser fluídico, surgindo daí uma hipótese que dividiu para sempre um
movimento que deveria ter unidade, como ninguém ignora ou não quer ignorar.
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1 Bíblia Sagrada: Versão Clássica do Padre Antônio de Figueiredo, vol. XV, págs. 351-357.
2 EMIL SCHURER - A History of the Jewish People in the Time of Jesus Christ, Divisão I, vol. 1, pág. 386 (cfs.
Josefo, Antiguidades, XIV, 11, 4, e Guerra dos Judeus, II, 11, 4.)
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3 WILLIAM RAMSAY - Was Christ Born at Bethlehem?, e Bearing of Recent Discovery on the Trustworthiness of the New
Testament.
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Afinal de contas, qual é o propósito do autor bíblico nessas três passagens? É o de fixar
o ano em que Jesus nasceu? De maneira alguma. Na primeira passagem Lucas assevera que
Jesus nasceu quando Herodes, o Grande, era rei da Judéia. Certo ou errado? Todos concordam
que ele está certo. Na segunda passagem ele relata que foi um recenseamento, durante o tempo
em que Quirínio era governador da Síria, que trouxe Maria e José a Belém, onde Jesus nasceu.
Está certo o historiador bíblico? As descobertas arqueológicas dizem que sim. Na terceira passagem
o autor afirma que Jesus, com cerca de 30 anos de Idade, começou o seu ministério no 15° ano do
reinado de Tibério4. Incorre em erro o autor sagrado? Não. Portanto, o valor histórico do seu relato
não pode ser impugnado: pois a erudição bíblica moderna tem demonstrado serem autênticas
todas as três asseverações.
Nós, leitores do 20º século, é que perguntamos: coincidem essas notas cronológicas no
seu testemunho quanto à data do nascimento do Cristo? E a resposta é que, em linhas gerais,
elas, de fato, coincidem, dentro de um período de 4 a 5 anos.
Lucas, portanto, está vindicado pela erudição bíblica quanto à exatidão histórica com
que relata os fatos. Suas asseverações não são, absolutamente, discordantes: não procede, portanto,
a alegação de que ele cita “três épocas diferentes para sua narração do nascimento de Jesus”,
ou de que há uma diferença de 10 anos entre as datas. Diga-se de passagem, aliás, que desde as
investigações minuciosas e demoradas de Harnack, Ramsay e Streeter, poucos são os críticos
bíblicos que se atrevem a atacar a historicidade do autor do 3° Evangelho. Descoberta após
descoberta têm comprovado a verdade do que ele próprio afirma ter feito: “uma acurada
investigação de tudo desde sua origem”.
Mais duas observações:
1. Marcos VI, 14, não se refere a Arquelau, e sim a Herodes Ántipas, tetrarca da Galiléia
e Peréia. Nem um nem o outro recebeu o título de rei. A expressão “rei Herodes”
nessa passagem é usada no sentido lato de “governador” (conferir ainda VI, 22, 25-
27). Até o evangelista Mateus, que usa o título exato de “tetrarca” (XIV, I), em outro
lugar usa o termo “rei” (XIV, 9). Portanto, não causa espécie que Marcos faça uso do
título.
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O artigo, cuja tradução em português se vai ler, é da autoria do Sr. Frederick Bligh
Bond, antigo redator de The Journal of the American Society for Psychical Research e pessoa
mundialmente conhecida, não necessitando, pois, de apresentação. É de notar-se também que
The Journal era uma publicação científica nada espetaculosa.
O artigo do Sr. Bligh Bond é referente a um escrito automático ditado por Felipe, um
dos discípulos de Jesus-Cristo, dando as posições planetárias exatas no instante do nascimento
do Mestre, permitindo, pela primeira vez, uma determinação de data e hora. Os detalhes fornecidos
pelo desencarnado foram formalmente verificados pela astrologia científica.
Salientamos que The Journal era um órgão nada espetaculoso pelo seguinte. Há, no
escrito de Felipe, um detalhe curiosíssimo: é quando ele afirma que o nascimento de Jesus, em
Belém, foi no verão e não no inverno. 25 de dezembro, como data do nascimento dele, era
desconhecido nos três primeiros séculos de nossa era. Esta data foi oficialmente aceita, pela
primeira vez, em 353, sob o reinado do Imperador Constantino. Diz-se que dezembro é a época das
chuvas na Palestina, que a escolha do dia 25 de dezembro para o Natal e o ano que nós empregamos
no calendário foi fixado por um astrônomo russo em 534, depois de Jesus-Cristo e que este dia é
a primeira data que a observação pode determinar como sendo a volta do Sol depois do solstício do
inverno.
Quanto às últimas palavras do autor, reproduzimo-las aqui:
Certos detalhes dos ciclos planetários são conhecidos dos astrônomos e esses detalhes
não se encontram em nenhum livro de uso corrente entre o público, salvo, talvez, entre os
discípulos modernos do culto da astrologia, os quais, por seus próprios estudos, podem
atribuir-lhes um significado especial.
A revelação de um fato astronômico detalhado, absolutamente desconhecido e incognoscível
à médium receptora, que foi, porém, verificado mais tarde por astrônomo profissional,
pode muito bem ser considerado como uma revelação de origem supranormal ou pode
indicar a posse de uma faculdade psíquica como meio de informação extraterrestre. Atribuir
tal fato à coincidência é uma explicação que não é mais sustentável.
O incidente, que desejo pôr em evidência, possui um interesse todo especial em razão das
suas relações históricas, sobretudo do ponto de vista de uma exegese da própria Bíblia. É
relativa à questão da Natividade de Jesus e ele poderá servir para determinar esse ponto,
em controvérsia, de saber em qual data deve começar a Era Cristã.
Durante os anos de 1924 e 1925, empreendi uma série de sessões, por meio da escrita
automática, com a médium Sra. Hester Dowden. Essas sessões tinham por fim uma questão
de pesquisas arqueológicas, pois o nosso grande desejo era o de obter uma informação
precisa sobre a fundação da região sagrada de Glastenbury, na Inglaterra, e de localizar
ali edifícios construídos em tempos imemoriais, mas, como sói acontecer tantas vezes em
trabalhos dessa espécie, as comunicações tomaram um caminho novo e inesperado.
Achamo-nos afastados do período medieval e postos em relação com as condições dessa
idade nebulosa na ocasião em que se estabeleceu a primeira missão apostólica na Grã-
Bretanha, período em que a tradição e a lenda são os únicos guias, pois esse tempo recuado
não possui a sua história.
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O espírito comunicante, que se dizia ser um jovem grego chamado Felipe, informou-nos
que ele foi um dos membros de um grupo de doze missionários contemporâneos de Jesus,
grupo esse que fundou a primeira igreja cristã da Grã-Bretanha, em Avalon (Glastenbury).
Esse grupo estava sob a direção paternal de José de Arimatéia e o seu estabelecimento em
Glastenbury se deu acerca de 47 anos depois de Jesus-Cristo.
De acordo com uma lenda muito espalhada, conta-se que o apóstolo Felipe visitou a Grã-
Bretanha e que foi ele quem evangelizou a Ilha, porém o nosso informante declarou,
firmemente, que ele não tinha direito algum de ser chamado apóstolo e, finalmente, nos
informou ainda que ele era o jovem diácono mencionado nos Atos dos Apóstolos como um
dos sete escolhidos para o serviço das mesas sacramentais.
As comunicações, que se seguiram, formam um jornal de viagens missionárias de Felipe e
constituirá um livro de muito grande interesse, sendo de narração vivente e de um estilo
vivo e colorido.
Para o fim do ditado desse jornal e pela pena da médium psicógrafa, o espírito comunicante
perguntou-nos: “Quereis aceitar o meu ditado do Evangelho que eu tinha escrito na Samaria,
atualmente perdido, pois que o manuscrito foi queimado em Atenas, durante aqueles anos
cheios de perturbação?”
Era eu quem devia decidir e desnecessário é dizer que achei útil e interessante consagrar
um tempo suficiente para receber a versão do seu Evangelho. Pouco tempo depois recebia-
se, em sessões sucessivas, um Evangelho completo5.
Nele se acha incluída uma narração, feita por Felipe, dos acontecimentos relativos à
Natividade de Jesus, que lhe foram contados por outra pessoa. O próprio Felipe não era
então nascido, pois tinha apenas 17 anos por ocasião da crucificação.
Neste artigo só me ocupo da versão dada por Felipe com relação à Natividade. Ele fala de
uma grande estrela errante que foi o arauto dela. Insiste sobre o fato de que não é preciso
fazer confusão entre essa estrela errante e a verdadeira constelação ou agrupamento de
planetas no signo zodiacal em acordo com a realização das profecias que anunciavam o
nascimento de um Messias na geração de David. Esse agrupamento de planetas, disse ele,
tinha sido calculado e, deste modo, sábios e profetas aguardavam -impacientemente o
momento indicado.
Neste ponto é que a narração de Felipe toma maior interesse. Afirma ele que o nascimento
de Jesus, em Belém, teve lugar no verão e não no inverno e compreendemos que o ano era
anterior à data correntemente empregada.
Com meticuloso cuidado, o nosso comunicante descreveu-nos a forma da constelação como
sendo a de uma cruz, cujo pilar central era formado por três planetas em linha vertical: a
Lua no alto, Marte no meio e Vênus embaixo. Esses três corpos celestes se encontram no
signo de Caranguejo (Câncer), cujas estrelas principais formavam os dois braços de uma
cruz.
O signo de Câncer, disse ele, era visível antes d’alva para o Leste, acima de Jerusalém, e
a configuração era exata uma hora antes da alvorada.
Pela mão da Sra. Dowden, a médium escrevente, Felipe desenhou a configuração, indicando
os pontos principais.
A 24 de novembro de 1924, a mesma entidade comunicante escrevia: “As estrelas visíveis,
naquela ocasião, eram cinco e este número formava a constelação. A hora era a do
Caranguejo. Achareis as estrelas como as desenhei, mas não tão exatamente, pois agora
elas estão um pouco mais afastadas umas das outras.
5 Esse Evangelho foi publicado com o texto completo por The Macoy Publishing Co., de New York, USA, (N.A.)
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Eu ignorava totalmente o agrupamento das estrelas no signo de Câncer e foi com certo
espanto que verifiquei que este signo estava no céu, a Leste, pela manhã, durante o período do ano
indicado por Felipe.
Pesquisando em um grande planisfério, achei os dois grupos de estrelas no Câncer,
quase nas mesmas posições que Felipe as desenhara. É preciso notar que, nessa constelação,
o grupo de estrelas à direita ou sobre o braço sul da cruz é o mais importante: era aquele outrora
chamado “Presépio” ou “Creche” pelos romanos.
Este fato curioso foi comentado por Felipe da seguinte maneira: “Na verdade foi isto que
se escreveu a propósito do nascimento de Jesus. Compreendeis que todos os grandes acontecimentos
do mundo estão escritos no céu. Assim, o nascimento na creche estava escrito no céu por ocasião
do nascimento de Jesus”.
Segundo indicações dadas por Felipe, a hora do nascimento foi aquela em cujo momento
a Lua formava exatamente uma linha reta com os dois planetas Marte e Vênus, estando Marte
entre os dois agrupamentos de estrelas no Câncer.
Os elementos determinantes na narração de Felipe, considerados friamente, do ponto
de vista da ciência astronômica, são os seguintes:
1° - Indicou-nos o signo zodiacal ascendente, apropriado ao período de ano do qual me
falou e isto para um ano bastante perto daquele historicamente aceito;
2° - Indicou-nos as posições da Lua e de Vênus na justa proporção dos seus movimentos
naquela época;
3° - Deu-nos detalhes precisos e inteiramente extraordinários concernentes às posições
das estrelas do signo de Câncer, detalhes esses para nós inteiramente desconhecidos
e mais tarde verificados.
Muito tempo depois do recebimento deste ditado, achamo-nos em dificuldades para
determinar as datas aproximativas às quais uma tal configuração teria podido apresentar-se durante
alguns anos anteriores à data 1 depois de J.C..
Não tínhamos competência alguma em Astronomia e não podíamos mesmo saber se era
possível a esses planetas estarem em linha reta justa da maneira indicada durante o dito ano. A
questão era muito complexa e não podia ser resolvida senão por pesquisas e cálculos especiais e a
decisão final não podia ser dada senão por um sábio competente no mundo astronômico.
Também não estamos em posição de afirmar que o nosso informante extraterrestre
tivesse podido transmitir tudo que nos quisesse dizer, com bastante exatidão.
Mesmo considerando os ditados de Felipe com boa fé e concedendo-lhes uma perfeita
veracidade, é claro que a tarefa de transmitir detalhes de acontecimentos temporais deve ser de
extrema dificuldade e isto ainda mais quando a questão de tempo aí se acha. Esta dificuldade sói
acontecer constantemente em experiências psíquicas e principalmente em se tratando de recordações
de um tempo há muito passado.
O acontecimento essencial fica na memória, mas as condições de tempo, de lugar e das
circunstâncias atinentes desaparecem ou se tornam de uma importância de tal modo diminuta
que não se pode recordar delas com precisão. Grande foi a nossa satisfação quando, por intermédio
de um amigo, um dos maiores astrônomos da América do Norte, aceitou o encargo de fazer pesquisas
especiais baseadas na narração de Felipe e de controlar todos os detalhes do seu traçado. Fizeram-
se pesquisas e, ainda que o astrônomo tenha preferido ficar incógnito, ele nos enviou as suas
conclusões por escrito.
Podemos dar um sumário de tais conclusões da seguinte maneira:
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.·.
6 Este emprego de dois algarismos pode ocasionar confusão aos nossos leitores que não estão ao corrente da cronologia.
A Era Cristã começa em 1º de janeiro do ano 1 depois de Jesus-Cristo (e não houve ano 0 depois de Jesus-Cristo).
Os astrônomos contam o ano 0 antes de Jesus-Cristo, porém os cronologistas chamam esse ano de 1 antes de
Jesus-Cristo. Em uso geral, então, o ano dado acima, para o nascimento dele, foi o ano 7 antes de Jesus-Cristo. Há
poucos anos publicou o matutino carioca “O Dia” uma notícia, proveniente de Paris, sob o título de “Cientista
britânico diz que Cristo nasceu 7 anos antes”. (N.A.)
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