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Resenha descritiva sobre o filme “Nell” dirigido por Michael Apted

Nell. Direção: Michael Apted, Roteiro: William Nicholson e Mark Handley. EUA,
1994.

Resenhado por Izarrara Alves Paulino de Almeida.

Com o propósito de compreender as diferentes formas de comunicação humana, o


filme Nell dirigido por Michael Apted, roteiro de William Nicholson e Mark Handley, aborda
questões de suma importância para a vivência humana como a linguagem e a língua. O filme
de longa-metragem foi produzido nos Estados Unidos da América no ano de 1994, tem
duração de 01 (uma) hora e 53 (cinquenta e três) minutos.
O filme conta a história de uma jovem chamada Nell que vivia com sua mãe em uma
floresta e após a morte da mãe ficou sozinha na cabana em que as duas moravam,
até que Nell foi encontrada pelo Dr. Lovell quando foram recolher o corpo de sua mãe.
A mesma havia escrito em uma folha que o primeiro que a encontrasse deveria cuidar de sua
filha e Dr. Lovell, como foi o primeiro a encontra-la, ficou encarregado desta missão.
O primeiro contato entre Lovell e Nell foi assustador para ambos, até o momento ela
só havia tido contato com duas pessoas em sua vida, a sua irmã que faleceu ainda criança e a
sua mãe, como não convivia com o Lovell era de se esperar que ela reagiria com estranheza,
mas Lovell não esperava esta reação uma vez que ele não sabia de nada da vida da jovem
inclusive não compreendia sua comunicação, o que fez com que Lovell considerasse que Nell
não falava a mesma língua que a sua.
O Dr. Lovell, como médico da cidade, tinha interesse em estudar o comportamento e a
língua de Nell, nesse meio tempo o caso gerou repercussão em meio clínico fazendo com que
Dra. Paula Olsen e outro Dr. se unissem a fim de internar a jovem que era considerada como
uma selvagem pois acreditavam que ela não tinha condições de viver sozinha.
No entanto, Dr. Lovell defende que Nell tinha condições de viver em meio social e
que era apenas uma questão de compreender a língua da jovem e os seus comportamentos. O
caso foi levado a julgamento e a sentença foi adiada há três meses e nesse tempo os doutores
teriam que provar se Nell tinha ou não condições de viver tranquilamente em sociedade.
O Dr. Lovell e a Dra. Paula Olsen destinaram um tempo de suas vidas somente a este
caso, mudaram-se da cidade para a floresta e passaram a ter contato frequente com Nell, cada
um recorreu a seus meios para ter contato com a jovem. Lovell fez a montagem de uma
barraca e Paula tinha suas instalações em um barco. Os primeiros contatos com Nell foram
realizados por Lovell e posteriormente com as instalações das câmeras de Paula os estudos
ficaram ainda mais fáceis para os dois doutores.
Ao longo da convivência com a jovem, Paula registrava as palavras emitidas por Nell
e Lovell tentava compreender o que as palavras significavam chegando à conclusão de que a
jovem falava a mesma língua, mas apresentava distorções na pronúncia por ter aprendido com
a mãe que foi vítima de paralisia, fato que fez com a mãe reproduzisse palavras de forma
diferente e a filha aprendesse que as palavras eram ditas da forma como a mãe as
pronunciava.
O caso de Nell ter aprendido as palavras da mesma forma como sua mãe as reproduzia
faz com que a teoria de Chomsky seja comprovada uma vez que ele defende que o homem já
possui uma gramática em sua mente e em seu estágio inicial já possui uma gramática
universal, ou seja, uma gramática uniforme a toda espécie humana.
A gramática defendida por Chomsky é considerada universal uma vez que o ser pode
nascer em qualquer parte do mundo, mas ele sempre apresentará esta gramática logo o seu
desenvolvimento se dá conforme a criança é exposta ao meio linguístico em que vive.
Levando estas observações em consideração, Nell possuía a sua gramática particular diferente
por influência do meio em que vivia, isto é, por conta de sua vivência com a mãe já que não
tinha contato com outras pessoas além dela.
O prazo para que os doutores apresentassem suas provas de que Nell tinha condições
de viver socialmente se aproximava e com isso eles tinham que compreender a sua língua e
ainda apresentá-la ao mundo que a esconderam por muito tempo, então os médicos decidiram
levar Nell para conhecer a cidade, pois jornalistas já estavam à procura de Nell. Conhecer a
cidade fez com que Nell ficasse extasiada com tudo o mundo que não conhecia, mas não
durou por muito tempo, logo Nell foi internada e o Dr. Lovell fugiu da clínica com ela.
Passaram-se os três meses e chega o julgamento, o juiz considerou que os doutores
envolverem-se emocionalmente com a jovem, mas Nell levantou-se e começou a falar no
meio do julgamento e Dr. Lovell traduziu para todos o que Nell estava dizendo. A jovem se
expressou tão bem no julgamento, tornando-se a prova mais concreta de que estava apta a
viver em sociedade, o juiz então decidiu que ela deveria continuar vivendo na floresta e assim
Nell passou sua vida, com Lovell, Paula e a filha do casal, e todo o tempo que passou com
eles fez com aprendesse a se comunicar cada vez melhor, mas fala continua com alguns
vestígios de distorção.
Resenhado por Izarrara Alves Paulino de Almeida, acadêmica do 5º período do curso
de Letras Licenciatura em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa da
Universidade Estadual do Maranhão.

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