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A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA

(org.: Tarcísio Augusto)

I. A AÇÃO DO ESPÍRITO PERMEIA TODA A VIDA DA IGREJA


O Catecismo da Igreja Católica descreve a Igreja como «o lugar do nosso conhecimento do Espírito
Santo» (688), que se manifesta:

a. Na Escritura que Ele inspirou

A Igreja, no silêncio, na escuta e na acolhida da Palavra de Deus, se deixa ensinar,


educar e desafiar pelo Espírito, que fala por intermédio das Escrituras. Assim, enquanto ela acolhe a
Palavra e faz desta o seu alimento, se deixa conformar a Cristo seu Senhor e cresce na comunhão e na
unidade do único Espírito. É a Igreja, discípula de Cristo, que o Espírito conduz à plenitude da
verdade.
Assim, a Sagrada Escritura, inspirada pelo Espírito e, portanto, a ser ouvida no Espírito,
nos compromete como pessoas, como comunidade e como Igreja local e universal, a lê-la, a
compreendê-la, a meditá-la, a contemplá-la, a orar com ela e a testemunhá-la com a vida e com a
ação apostólica.

b. Na Tradição, da qual os Padres da Igreja são as testemunhas sempre atuais

A Igreja dos apóstolos, dos mártires, dos Santos Padres até hoje é a única e mesma Igreja que,
em resposta aos «sinais dos tempos», se renova constantemente. A Igreja se expressa historicamente
com modalidades diferentes, para que nela resplandeça a face de Cristo e se faça crível para
humanidade em todos os tempos e culturas. Na fidelidade ao Espírito, a Igreja se torna « católica»,
ou melhor, o Espírito a faz «católica».

c. No Magistério da Igreja, ao qual ele assiste

Cristo pediu que ouvíssemos e acolhêssemos os apóstolos e seus sucessores como a Ele
mesmo e prometeu o Espírito, para que abrisse a mente deles a toda a verdade. Assim, o Magistério
da Igreja se torna um ponto de referência determinante para conhecer a vontade de Deus. É o
discernimento comunitário sobre como viver, testemunhar e comunicar o Evangelho em todos os
tempos e lugares.
O Magistério ilumina, interpreta, motiva a vida evangélica e a ação pastoral de
toda a Igreja e, com a assistência do Espírito, torna-se critério de fé, palavra significante, retomada de
vida.

d. Na liturgia sacramental, mediante as suas palavras e os seus símbolos, o Espírito Santo nos
põe em comunhão com Cristo.

O Espírito Santo permeia toda a liturgia da Igreja, que é santificação e culto no Espírito Santo
(cf. LG, 50-51). De fato, o Pai, por intermédio de Cristo, infunde em nós o Espírito, que é
comunhão de verdade e de vida que jorra da fonte trinitária. A resposta da fé, a oração, a oferta do
sacrifício chegam até o Pai no Espírito, por Cristo.

O pão eucarístico e o vinho do cálice da Nova Aliança estão particularmente ligados com a
ação do Espírito, porque são corpo e sangue gloriosos, espirituais de Cristo Ressuscitado, pleno do
Espírito Santo. A antiga liturgia antioquena tem expressões bastante ousadas sobre a presença do
Espírito Santo na Eucaristia. Eis o que escreve S. Efrém num de seus hinos: « No teu pão está
escondido o Espírito que não pode ser comido, no teu vinho há um fogo que não pode ser bebido. O
Espírito no teu pão, o Fogo no teu vinho, maravilha sublime que os nossos lábios receberam [...] No
pão e no cálice, Fogo e Espírito Santo.. E um texto da liturgia siríaca diz: .Eis o corpo e o fogo, do qual
se aproxima quem é puro, do qual se afasta quem é corrupto.. Isaac de Antioquia ainda diz: «Vinde
beber; comei a chama que fará de vós anjos de fogo e provai o sabor do Espírito ».

e. Na oração, na qual o Espírito intercede por nós

Toda oração eclesial é feita no Espírito e, é oração do Espírito. «A unidade da Igreja orante é
obra do Espírito Santo, que é o mesmo em Cristo, em toda a Igreja e em cada um dos batizados. O
mesmo Espírito vem em auxílio da nossa ofraqueza ».E « intercede por nós com gemidos inefáveis»(Rm
8,26); ele mesmo, enquanto Espírito do Filho, infunde em nós « Espírito de filhos adotivos, por meio
do qual clamamos: Abba! Pai! » (Rm 8,15, cf. Gl 4,6; 1Cor 12,3; Ef 5,18, Jd 20). «Portanto, não pode
haver nenhuma oração cristã sem a ação do Espírito Santo que, unificando a Igreja toda, por meio do
Filho, a conduz ao Pai» (Instituição geral sobre a Liturgia das Horas, n. 8).

f. Nos carismas e ministérios, pelos quais a Igreja é edificada

No Batismo, o Espírito nos faz filhos de Deus, comunidade de irmãos, Igreja, participantes do
mesmo e único amor de Deus... Além disso, somos chamados a reconhecer e celebrar a diversidade
dos dons, carismas e ministérios como expressão da graça multiforme do Espírito a serviço da
unidade em Cristo (cf. Ef 4,1-16). Diversidade a ser reconhecida com sinceridade, avaliada com
honestidade e às quais é preciso dar generosos espaços. A vida no Espírito será autêntica na medida
em que cada um e todos juntos amarmos e promovermos com o mesmo zelo quer a diversidade de
dons, carismas e ministérios, quer a unidade do conjunto, conscientes que a comunhão no Espírito
constitui a unidade que precede qualquer distinção. A Igreja é, e aparece, como « uma comunhão de
vida, de caridade e de verdade» (LG, n. 9).

g. Nos sinais da vida apostólica e missionária

A Igreja, por Cristo no Espírito, é “enviada” ao mundo. Não é um fim em si mesma, porém a
serviço do reino de Deus e de sua expansão no mundo. Assim, a Igreja é chamada a renovar o
compromisso apostólico de evangelização missionária, iniciada no Pentecostes em favor quer
daqueles que não receberam o anúncio de Cristo, quer daqueles que, tendo-o recebido e aceito,
perderam qualquer contato vital com a comunidade cristã.

h. No testemunho dos santos e dos mártires, nos quais o Espírito manifesta a sua santidade e
continua a sua obra de salvação

Convocados pelo Espírito à salvação e à santidade não de maneira individual, mas como povo
de Deus (cf. LG, n. 9) feitos povo novo que Cristo constituiu no seu Espírito como « raça eleita,
sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido por Deus [...] » (Pd 2,9-10), « concidadão do povo de
Deus e membros da família de Deus [...] Em Cristo, vocês também são integrados nessa construção,
para se tornarem morada de Deus, por meio do Espírito ». (Ef 2,19-22).
Ao longo da história, os santos nos dizem que a santidade não é fato privado, mas da Igreja:
eles foram, no tempo deles, sinal e instrumento da santidade de Deus presente na Igreja. Por isso,
conduziram consigo a Igreja em direção à santidade. Santidade vivida como chamado, como
horizonte de perfeição e como itinerário de comunhão eclesial.
II. O ESPÍRITO SANTO E A IGREJA

“Onde está a Igreja, aí também está o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, aí também
está a Igreja e toda graça”, afirma S. Irineu; e explica o motivo: “De fato, à Igreja foi confiado o Dom
de Deus, como sopro à criatura plasmada, a fim de que todos os membros, participando dele, sejam
vivificados; e nela foi depositada a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor de
incorruptibilidade, confirmação da nossa fé e escada da nossa subida para Deus” (Contra as heresias,
III, 24,1).

1. A Igreja é una em virtude do Espírito

S. Paulo escreve: “Pois todos fomos batizados num só Espírito para sermos um só corpo” (1Cor
12,13; cf. Ef 4,4), e o Concílio Vaticano II afirma: “O Espírito Santo habita nos fiéis, penetra e rege toda
a Igreja, realiza aquela maravilhosa comunhão dos fiéis e une a todos tão intimamente em Cristo, que
é princípio da unidade da Igreja” (UR, 2).

2. A Igreja é santa em virtude do Espírito santificante

A expressão de S. Basílio: “Não existe santidade sem o Espírito Santo” (O Espírito Santo, XVI,
38) se aplica antes de tudo à Igreja enquanto tal e, a partir dela, a todos os seus membros.
É preciso esclarecer que não se trata primeiramente de uma santidade moral, mas de um
santidade referente ao ser. S. Gregório Nazianzeno afirma: “Verdadeiramente santo é o Espírito Santo,
pois nada é santo a esse ponto e dessa maneira: não é a santidade adquirida, mas a santidade em
pessoa”. Podemos afirmar que na economia da salvação a natureza santa de Deus é comunicada aos
homens pelo Espírito Santo; é exatamente isso que constitui a santidade da Igreja. S. João Damasceno
afirma: “A união de Deus com os homens se realiza por obra do Espírito Santo” (Sermão pelo
nascimento da Mãe de Deus, 3). Cirilo de Alexandria diz: “Como o Espírito santificou a humanidade de
Cristo, assim continua santificando o seu corpo místico, isto é, a Igreja (Comentário ao Evangelho de
João, XI, 11). O Espírito sendo “santo por natureza, a ele cabe santificar” (A Trindade, VI).

3. A Igreja é católica na plenitude do Espírito

Na raiz do significado de catolicidade encontramos, mais uma vez, o Espírito Santo. Lemos no
Catecismo: “Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes, e o será sempre
até o dia da Parusia” (CIC, 830). (cf. LG, 23). Máximo o Confessor, nos diz: “Homens, mulheres, jovens
profundamente divididos no que diz respeito à raça, nação, língua, classe social, trabalho, ciência,
dignidade, bens [...], todos eles a Igreja os recria no Espírito. Ela imprime uma forma divina
igualmente em todos. Todos recebem dela uma única natureza impossível de ser rompida, uma
natureza que não mais permite que se leve em conta as múltiplas e profundas diferenças que há
entre eles. Daí deriva que todos somos unidos de maneira verdadeiramente católica. (Mystagogia, I).

4. A Igreja é apostólica, pelo envio perene do Espírito

Em virtude da ação do Espírito, a Igreja é apostólica, isto é, dimensão histórica da comunhão


trinitária e realidade visível da comunhão com os apóstolos. Por isso, crer na Igreja apostólica significa
crer no Espírito Santo que torna apostólica a Igreja. No dia de Pentecostes, o Espírito desceu sobre os
apóstolos e sobre aqueles que estavam reunidos em torno deles: desse núcleo primitivo a Igreja se
multiplicou até hoje.
Essa comunhão com os apóstolos implica fidelidade da Igreja à doutrina revelada por Jesus e
por eles transmitida: “Quando já era iminente para Jesus Cristo o tempo de deixar este mundo, ele
anunciou aos apóstolos ‘um outro Consolador’ [...] Pouco depois do anuncio referido, Jesus
acrescenta: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará
todas as coisas e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26). O Espírito Santo será o
Consolador dos Apóstolo e da Igreja, sempre presente no meio deles – ainda que invisível – como
mestre da mesma Boa Nova que Cristo anunciou. Nesse sentido amplo, toda a Igreja é apostólica.
Inclusive cada um dos fiéis é apostólico se possui e vive a verdade transmitida pelos apóstolos.
A Igreja, enfim, é apostólica por causa da sucessão apostólica. Com efeito, no dia de
Pentecostes, os apóstolos se sentiram cheios de fortaleza: “Foi isto precisamente que o Espírito Santo
operou neles; e é isto que ele continua a operar na Igreja, mediante os seus sucessores. Com efeito, a
graça do Espírito Santo que os apóstolos, pela imposição das mãos, transmitiram aos seus
colaboradores, continua a ser transmitida na ordenação episcopal. Os bispos, por sua vez, depois
com o sacramento da Ordem, tornam participantes desse dom espiritual os ministros sagrados e
providenciam ainda para que, mediante o sacramento da Confirmação, sejam fortalecidos com ele
todos os que tiverem renascido pela água e pelo Espírito Santo. E assim, se perpetua na Igreja, de
certo modo, a graça do Pentecostes” (DeV, 25).

5. A Igreja se difunde evangelizando no Espírito

Pelo percurso acima traçado, aparece como o Espírito Santo é aquele que historiciza a Palavra
de Deus em suas diversas fases: inspira a Escritura, fala pelos profetas, realiza a humanização do
Verbo entregue em sua plenitude em Cristo, preenche a Igreja, Corpo de Cristo. Hoje também a
Palavra de Deus é dada aos homens pela Igreja por meio de toda a sua obra, especialmente com a
evangelização em obediência ao mandamento do Senhor: “Portanto, vão e façam com que todos os
povos se tornem meus discípulos”. Somente assim, a Igreja “una, santa, católica e apostólica” se
difunde entre os povos, tendo sempre como protagonista o Espírito do Senhor, de tal modo que se
possa aplicar aos cristãos de qualquer época as palavras da primeira Carta de Pedro: “Agora, porém,
os pregadores do Evangelho as manifestaram, guiados pelo Espírito Santo enviado do céu” (1Pd 1,12).

5.a. “É Ele o protagonista da missão” (Rpm 30)

A Igreja deve evangelizar, mas também re-evangelizar um mundo freqüentemente


descristianizado e secularizado. Ora,”a evangelização jamais será possível sem a ação do Espírito
Santo”, afirmava Paulo VI (EN, 75). E João Paulo II, retomando o ensinamento do seu predecessor,
continua; “O Espírito é também para a nossa época o agente principal da nova evangelização. Será,
por isso, importante redescobrir o Espírito como aquele que constrói o Reino de Deus no curso da
história e prepara a sua plena manifestação em Jesus Cristo, animando os homens no mais íntimo
deles mesmos e fazendo germinar dentro da existência humana os germes da salvação definitiva que
acontecerá no fim dos tempos” (TMA, 45)
É certo que sem a intervenção do Espírito qualquer pregação, qualquer forma de catequese
da
Igreja seria ineficaz, porque somente o Espírito Santo pode suscitar no coração do homem e na
sociedade a esperança da salvação: “As técnicas da evangelização são boas, obviamente; mas, ainda
as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. (EN, 75).

5.b. Jesus e os apóstolos evangelizam no poder do Espírito!

A própria missão evangelizadora de Jesus é apresentada pelos sinóticos, especialmente por


Lucas, como obra do Espírito Santo. (Lc 4, 14-15).
O livro dos Atos dos Apóstolos em 2,1-41 mostra como a eficácia da pregação apostólica se dá
somente a partir do Espírito Santo. O texto, que apresenta a primeira experiência pentecostal da
Igreja, indica o itinerário paradigmático de qualquer acostagem positiva à fé. Tomando a palavra, de
modo inspirado (v. 14), Pedro afirma, citando Jl 3,1-5, que o evento é a realização das promessas do
Antigo Testamento sobre o dom escatológico do Espírito (vv. 15-21); depois, passa ao anúncio do
Kerygma (vv. 22-36) sobre Jesus “Messias” e “Senhor” (v. 36), como auto do dom do Espírito (vv. 38-
40); enfim, ressalta a acolhida positiva da Palavra por parte dos ouvintes (v. 41).
(Comissão Teológico-histórica do Grande Jubileu).

III. O Espírito Santo foi enviado para que completasse interiormente a obra
salutífera de Cristo e propagasse a Igreja (AG, n.4).

Com estas palavras o Concílio indica a razão principal da missão do Espírito Santo. É necessário
entender esta afirmação à luz da missão do Filho. “Aquilo que o Senhor uma vez pregou e nele se
efetuou pela salvação do gênero humano, deve ser proclamado e disseminado até os confins da terra
(At 1, 8) a começar por Jerusalém (cf. Lc 24,47). Pois o que uma vez foi realizado pela salvação de
todos, deve pelo tempo afora alcançar seu efeito em todos”.
Nisto consiste precisamente a essência da missão evangelizadora da Igreja. Para sua
realização Cristo enviou da parte do Pai e Espírito Santo. “Pois pelo Espírito Santo a Igreja é compelida
a cooperar, para que, efetivamente, se cumpra os propósitos de Deus para o mundo” (cf. LG 17).
Segundo o testemunho do Novo Testamento somente o Espírito Santo torna possível a
realização desta missão da Igreja:

– Lc 1,15: “Cheio do Espírito Santo” estará João Batista para preparar os caminhos
do Senhor.

– Lc l,67: “Cheio do Espírito Santo” pronuncia Zacarias seu “benedictus”.

– Mt 4,1: “Conduzido pelo Espírito” foi Jesus ao deserto para viver o combate decisivo e a
prova suprema antes de iniciar sua vida missionária.

– Lc 4,14: “Pelo força do Espírito Santo” volta Jesus à Galiléia e inaugura em Nazaré sua
pregação.
.
– Jo 20,22: “Recebei o Espírito Santo”, diz o Senhor aos discípulos antes de enviá-los ao
mundo como evangelizadores.

– At 2,4: “Cheios do Espírito Santo” ficaram os Apóstolos no dia de Pentecostes para iniciar
definitivamente sua missão.

– At 9,17 e 13,9: “Cheios do Espírito Santo” está Paulo antes de entregar-se ao apostolado e
depois no ministério.

– At 9,31: “Cheios do Espírito Santo” estavam as Igrejas da Judéia, Galiléia e Samaria quando
tomavam incremento e viviam no temor do Senhor.

– At 11,24: “Cheio do Espírito Santo e de fé” realiza Barnabé seu apostolado em Antioquia.

– At 16,14: “O Senhor lhe abriu o coração para que aceitasse a palavra de Paulo”.

Considerando estes textos, a Evangelli Nuntiandi (n.75) tira importantes conclusões e se sente
fundamentada para fazer categóricas afirmações sobre a ação do Espírito Santo: “Ele é a alma desta
Igreja. Ele é quem explica aos fiéis o sentido profundo dos ensinamentos de Jesus e de seu mistério.
Ele é quem, hoje como nos começos da Igreja, atua em cada evangelizador que se deixa possuir e
conduzir por Ele e põe nos seus lábios as palavras que por si só não poderia encontrar, predispondo
também a alma daquele que escuta para fazê-la aberta e acolhedora da Boa Nova e do Reino
anunciado. As técnicas de evangelização são boas, mas nem as mais aperfeiçoadas poderiam
substituir a ação discreta do Espírito. A preparação mais refinada do evangelizador não consegue
absolutamente nada sem Ele. Sem Ele, a dialética mais convincente é impotente sobre o espírito dos
homens. Sem Ele, os esquemas mais elaborados se revelam desprovidos de todo valor”.

III. UM ITINERÁRIO DE FÉ
O Espírito Santo e a missão da Igreja
1. «
Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o
Espírito lhes concedia que falassem» (At 2,4):
O Espírito e os apóstolos;

2. « Todos, então, ficaram cheios do Espírito Santo e, com coragem, anunciavam a palavra de
Deus» (At 4,31):
O Espírito e a missão;

3. « Pedro e João rezaram [...] a fim de que eles recebessem o Espírito Santo. De fato,
o Espírito ainda não viera sobre nenhum deles, mas tinham recebido apenas o
batismo em nome do Senhor Jesus. Então Pedro e João impuseram as mãos sobre eles, e eles
receberam o Espírito Santo» (At 8,15-17):

O Espírito e a confirmação;

4. «O Espírito Santo disse: ‘Separem para mim Barnabé e Saulo, a fim de fazerem o trabalho para o
qual eu os chamei’» (At 13,2):
O Espírito e os ministérios;

5. « Ninguém poderá dizer: ‘Jesus é o Senhor!’ a não ser sob a ação do Espírito Santo» (1 Cor
12,3ss):
O Espírito e os seus dons;

6. «Todos fomos batizados num só Espírito para sermos um só corpo, quer sejamos judeus ou
gregos,
quer escravos ou livres. E todos bebemos de um só Espírito » (1Cor 12,13):
O Espírito Santo e a unidade da comunidade;

7. «
Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do
indispensável, como expomos a seguir». (cf. At 15,28).
O Espírito e o magistério eclesial;

8. «
Disse-lhes: ‘Como o Pai me enviou, assim também eu envio a vós’. Depois, soprou sobre eles
dizendo-lhes: ‘Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão
perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos’! ». (cf. Jo 20,21-23).
O Espírito e a autoridade da Igreja;

9. «
E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito
Santo que nos foi dado» (Rm 5,5).
O Espírito e o dom de Deus;

10. «
Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual
recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? »(I Cor 6, 19). Ver 3,16.
O Espírito e a habitação divina.

“Sem o Espírito Santo,


Deus está distante,
Cristo permanece no passado,
o Evangelho é letra morta,
a Igreja, uma simples organização,
a autoridade, dominação,
a missão, propaganda,
o culto, uma evocação,
o agir cristão, uma moral de escravos.

Com o Espírito Santo, todavia:


o cosmos se eleva e geme no parto do Reino,
o homem luta contra a carne,
o Cristo está presente,
o Evangelho é poder que dá vida,
a Igreja, sinal de comunhão trinitária,
a autoridade, serviço libertador,
a missão, um novo Pentecostes,
a liturgia, memorial e antecipação,
o agir humano é divinizado.”

Inácio de Latakia (bispo oriental). Discurso na III Assembléia Mundial de Igrejas, julho de 1968.
Em:Uppsala Report. Genebra, 1969, p. 298

ESPÍRITO SANTO

Ele é o Nome divino, todo-poderoso e digno de toda honra,


Que com o Pai e o Filho é lembrado e glorificado.
Ele santifica, vivifica e faz partícipes da luz celeste,
Guarda em todos a perseverança na concórdia;
Ele inspirou os profetas e os apóstolos,
Aos mártires deu a força para resistirem à crueldade dos tiranos;
Renova e liberta como Senhor,
Faz de nós filhos de Deus como Espírito de adoção;
Afugenta as hostes dos demônios
Mediante a iluminação do Batismo,
E cobre de vergonha satanás, o inimigo;
Abre-nos as portas dos céus e nos conduz ao porto da salvação;
Faz-nos participar da comunhão e do canto dos anjos;
É para nós caminho que leva ao Pai e Deus dos céus,
Graças à sua vinda soberanamente livre e generosa.
Ele é fecundo e infinito poder de salvação,
Incomparável e santa hipóstase, que não tem limites,
Glória puríssima e incontaminada,
Graça divina que supre a nossa fraqueza,
Bondade inefável e eterna,
Fonte inesgotável dos carismas,
Inspirador de todo bom pensamento,
Que manifesta as coisas futuras e escondidas,
Selo de salvação, unção divina, sinal dos bens eternos.

Dele toda criatura visível e invisível,


racional e irracional, recebe o sustento,
dele a vida nova que vem do alto,
a remissão das culpas e o perdão dos pecados,
a união com Deus e a coroa para os justos,
a posse dos bens e a morada nos céus,
a vida sem fim e a eterna herança no Reino de Deus.
Dídimo de Alexandria, Sobre a Trindade, II, 1 (Pg 39, 452s).

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