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ESTADO DE GOIÁS
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Advogado/OAB-GO XXXX
Autos Nº: 201500943732
Agravante: Anna Cláudia Guilherme Oliveira Moreira
Agravado: Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
1 – SINOPSE FÁTICA
Pela suposta prática de crime previsto no art. 33 da Lei 11.343/2016, ANA CLAUDIA
foi absolvida pelo juiz de primeira instancia, em ação penal proposta pelo Ministério Público
do Estado de Goiás (MPGO), nos termos do art. 386, III, do Código de Processo Penal (CPP)
declarando a nulidade das provas obtidas ilicitamente, com fundamento nos arts. 157, caput,
157, §1º do CPP e 5º, LVI da Constituição Federal (CF).
O recorrente apelou perante o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) e obteve
provimento, conforme ementa seguinte:
Diante desta decisão, a Agravante interpôs recurso especial, que teve negado o seu
seguimento. Tal decisão, todavia, merece reforma, pelas razões expostas:
2 - MÉRITO
1
(TJGO, APELACAO CRIMINAL 94373-35.2015.8.09.0175, Rel. DR(A). FABIO CRISTOVAO DE CAMPOS
FARIA, 2A CAMARA CRIMINAL, julgado em 21/03/2017, DJe 2263 de 09/05/2017).
2
WAMBIER, Teresa A. A. Distinção entre questão de fato e questão de direito para fins de cabimento de
recurso especial. RePro, vol. 92/98.
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRESOS EM FLAGRANTE QUE
TIVERAM SEUS TELEFONES CELULARES ACESSADOS PELA POLÍCIA
SEM MANDADO JUDICIAL. NULIDADE. OCORRÊNCIA. HABEAS
CORPUS CONCEDIDO. 1. A defesa, no writ originário, pleiteava a revogação da
prisão preventiva em decorrência da falta de justa causa oriunda da nulidade das
provas adquiridas por meio do acesso aos smartphones. Neste habeas corpus
substitutivo de recurso ordinário, a defesa repisa o argumento de nulidade da
quebra do sigilo dos telefones celulares, mas cinge-se a pedir a "exclusão
processual de todas as provas obtidas e as provas derivadas". 2. Existem dois
tipos de dados protegidos na situação dos autos: os dados gravados no aparelho
acessados pela polícia ao manusear o aparelho e os dados eventualmente
interceptados pela polícia no momento em que ela acessa aplicativos de
comunicação instantânea. A partir desse panorama, a doutrina nomeia o chamado
direito probatório de terceira geração, que trata de "provas invasivas, altamente
tecnológicas, que permitem alcançar conhecimentos e resultados inatingíveis pelos
sentidos e pelas técnicas tradicionais". 3. Em verdade, sempre haverá, no âmbito
das liberdades públicas, possibilidade de reavaliações da interpretação jurídica
dada aos fatos julgados, sendo nefasto o estabelecimento de conclusões a priori
absolutas. Nessa medida, o acesso aos dados do celular e às conversas de
whatsapp sem ordem judicial constitui devasso e, portanto, violação à intimidade
do agente. 4. Habeas corpus concedido, a fim de reconhecer a ilegalidade das
provas produzidas pelo acesso aos telefones celulares sem mandado judicial,
determinando ao Juiz de primeira instância que avalie quais evidências
devem ser eliminadas dos autos por derivação, bem como as que devem
remanescer em função de fonte independente ou de descoberta inevitável 3.
3
(STJ - HC: 418180 RN 2017/0250026-6, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de
Julgamento: 06/11/2018, T6 - SEXTA TURMA Data de Publicação: DJe 21/11/2018).
ACESSO AOS DADOS DE APLICATIVO CELULAR WHATSAPP. PRISÃO
PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO ABSTRATA. QUANTIDADE NÃO RELEVANTE
DE DROGA. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO. 1. Ilícita é a
devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, obtidas diretamente pela polícia em
celular apreendido por ocasião da prisão em flagrante, sem prévia autorização judicial. 2.
Estando o decreto prisional ancorado apenas na gravidade abstrata e na quantidade não
relevante de droga (41 gramas de maconha e folhas frescas prensadas de maconha pesando,
aproximadamente, 2 gramas), inidônea é a constrição do recorrente. 3. Recurso em habeas
corpus provido para a soltura do recorrente MATEUS SLAVIERO, o que não impede nova e
fundamentada decisão cautelar penal, inclusive menos gravosa do que a prisão processual,
bem como para declarar a nulidade das provas obtidas por meio de acesso ao celular do
recorrente, sem autorização judicial, cujo produto deve ser desentranhado dos autos 4.
Há que se ressaltar que a balança e papel filme (usado para diversas finalidades na
cozinha) encontrados não podem ser suficientes como de prova em uma condenação. Não há
certeza absoluta da relação desses materiais com algum ato ilícito.
Excluindo-se a prova ilícita, a posse de pequena quantidade de droga não pode ser
suficiente para condenação da apelante.
Não estamos solicitando reexame de provas pois sabemos que isso esbarraria na
Súmula 7/STJ. Pedimos que, baseado nos motivos aqui expostos, bem como no Recurso
especial, este seja remetido ao STJ e provido.
3 – PEDIDO
4
(STJ - RHC: 98250 RS 2018/0115069-4, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento:
12/02/2019, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 07/03/2019).
Temos em que pede deferimento.
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Advogado/OAB-GO XXXX
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