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Superior Tribunal de Justiça

AgInt nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.612.178 - SP (2016/0178287-1)

RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO


AGRAVANTE : SEVERIANO JUSTO DA SILVA
ADVOGADOS : ARNALDO PARENTE - SP082103
EDILEUZA DE SOUZA GAMA DA SILVA E OUTRO(S) -
SP265114
ADRIANA PARENTE COELHO - SP188053
AGRAVADO : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : EDUARDO JANZON AVALLONE NOGUEIRA E OUTRO(S) -
SP123199
SÉRGIO MURILO DE SOUZA E OUTRO(S) - DF024535
EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL.
RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. ALEGAÇÃO DE
OFENSA AO ART. 535 DO CPC/73. INEXISTÊNCIA. FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO BANCÁRIO NÃO CONFIGURADA.
DANOS MATERIAIS E MORAIS NÃO COMPROVADOS.
CONSUMIDOR QUE FORNECEU SEU CARTÃO BANCÁRIO A
TERCEIROS. ACÓRDÃO ESTADUAL QUE DECIDIU COM BASE
NAS PROVAS DOS AUTOS ALINHADO À JURISPRUDÊNCIA
DESTA CORTE. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS NºS 7 E 83 DO STJ.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO. AGRAVO
INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Aplicabilidade do NCPC a este recurso ante os termos no
Enunciado Administrativo nº 3 aprovado pelo Plenário do STJ na
sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no
CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março
de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na
forma do novo CPC.
2. Não se constata eiva de nulidade no acórdão recorrido quando,
apesar de não se reportar a determinado preceito legal indicado
pela parte, decide os pontos controvertidos postos na lide,
declinando os fundamentos de suas conclusões.
3. A responsabilidade objetiva do banco foi afastada pelo Tribunal
de origem com base nas provas apresentadas nos autos no sentido
de que o evento danoso alegado pelo recorrente decorreu de sua
exclusiva e única culpa ao fornecer seu cartão bancário e senha a
terceiros, e não da falha na prestação de serviço da instituição
bancária. A revisão desse entendimento, no âmbito do recurso
especial, é obstada pela Súmula nº 7 do STJ.
4. Esta Corte possui entendimento de que, no uso do serviço de
conta corrente fornecido pelas instituições bancárias, é dever do
correntista cuidar pessoalmente da guarda de seu cartão magnético
e sigilo de sua senha pessoal no momento em que deles faz uso,
sob pena de assumir os riscos de sua conduta negligente. No caso,
o Tribunal estadual decidiu alinhado à jurisprudência do STJ. Incide
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a Súmula nº 83 do STJ.
5. O dissídio jurisprudencial não obedeceu aos ditames legais e
regimentais necessários à sua demonstração.
6. Agravo interno não provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Senhores Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de
Justiça, por unanimidade, em negar provimento ao agravo, nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino,
Ricardo Villas Bôas Cueva e Marco Aurélio Bellizze (Presidente) votaram com o Sr.
Ministro Relator.
Brasília, 23 de maio de 2017(Data do Julgamento)

MINISTRO MOURA RIBEIRO


Relator

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AgInt nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.612.178 - SP (2016/0178287-1)

RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO


AGRAVANTE : SEVERIANO JUSTO DA SILVA
ADVOGADOS : ARNALDO PARENTE - SP082103
EDILEUZA DE SOUZA GAMA DA SILVA E OUTRO(S) -
SP265114
ADRIANA PARENTE COELHO - SP188053
AGRAVADO : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : EDUARDO JANZON AVALLONE NOGUEIRA E OUTRO(S) -
SP123199
SÉRGIO MURILO DE SOUZA E OUTRO(S) - DF024535

RELATÓRIO

O EXMO. SENHOR MINISTRO MOURA RIBEIRO(Relator):


SEVERIANO JUSTO DA SILVA (SEVERIANO) ajuizou ação de
cancelamento de débito cumulada com indenização por danos materiais e morais com
pedido liminar contra o BANCO DO BRASIL S.A. (BB), sob a alegação de que teriam
sido realizadas operações indevidas em sua conta corrente com cartão de débito e
crédito.
A sentença julgou o pedido improcedente.
SEVERIANO interpôs recurso de apelação apreciado nos termos do
acórdão assim ementado:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.


Compras e débitos não reconhecidos pelo autor. Pretensão de
condenar o banco ao pagamento de indenização por danos materiais
e morais. INADMISSIBILIDADE: Não há que se falar em falha do
serviço administrativo do banco a ensejar indenização por danos
materiais ou morais. Indenizações indevidas. É responsabilidade do
correntista agir com zelo e cuidado na guarda do cartão e a
instituição financeira não pode responder por qualquer operação
bancária realizada por terceiro que teve acesso ao cartão por
imprudência do autor. Sentença mantida.
RECURSO DESPROVIDO. (e-STJ, fl. 323)

Os embargos de declaração foram rejeitados (e-STJ, fls. 344/351).


Irresignado, SEVERIANO desafiou recurso especial com base no art.
105, III, a e c, da CF, no qual alegou ofensa aos arts. 333, II, do CPC/73; 6º, VIII, 14,
§§ 1º, I e 3º, do CDC e Súmula nº 479 do STJ, além de dissídio jurisprudencial, pelos

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seguintes fundamentos: (1) negativa de prestação jurisdicional; (2) a responsabilidade
do fornecedor de serviços pela reparação de danos causados ao consumidor é
objetiva e independe de culpa; (3) a exclusão da responsabilidade do fornecedor só
ocorre quando cabalmente provado que o defeito do serviço decorreu de culpa
exclusiva do consumidor ou terceiro; (4) quando o dano for proveniente de simples
imprudência da vítima não se aplica a excludente de responsabilidade; (4) pela correta
aplicação da distribuição do ônus da prova, caberia ao BB fazer prova excludente do
direito do autor; (5) apesar daS operações bancárias realizadas em franco desacordo
com o perfil do autor recorrente, o BB não tomou nenhuma atitude para salvaguardar a
subtração de valores tão elevados; e,(6) ficou demonstrado o defeito na prestação do
serviço pelo não fornecimento da segurança esperada, devendo ser reconhecido o
direito à indenização pleiteada.
Admitido o apelo nobre, os autos subiram a esta Corte.
Em decisão da lavra do Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO -
Responsável pelo NURER da Segunda Seção, foi negado provimento ao recurso
especial (e-STJ, fls. 432/436).
SEVERIANO opôs embargos de declaração que foram rejeitados
(e-STJ, fl. 456).
Ainda inconformado, SEVERIANO ingressou com o presente agravo
interno sustentando que (1) ficou demonstrada a ofensa ao art. 535 do CPC/73 pelo
acórdão estadual ao não apreciar o pedido de inversão do ônus da prova; (2)
inaplicabilidade da Súmula nº 7 do STJ; (3) responsabilidade objetiva do BB, mesmo
sem aplicação da inversão do ônus da prova, por não demonstrar que não ocorreu
falha no seu sistema de segurança; e, (4) a decisão agravada não examinou a
divergência jurisprudencial invocada no apelo nobre, devendo ser sanada a omissão.
Foi apresentada impugnação (e-STJ, fls. 477/478).
Determinada a distribuição dos autos, vieram-me conclusos.
É o relatório.

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EDILEUZA DE SOUZA GAMA DA SILVA E OUTRO(S) -
SP265114
ADRIANA PARENTE COELHO - SP188053
AGRAVADO : BANCO DO BRASIL S/A
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EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL.
RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. ALEGAÇÃO DE
OFENSA AO ART. 535 DO CPC/73. INEXISTÊNCIA. FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO BANCÁRIO NÃO CONFIGURADA.
DANOS MATERIAIS E MORAIS NÃO COMPROVADOS.
CONSUMIDOR QUE FORNECEU SEU CARTÃO BANCÁRIO A
TERCEIROS. ACÓRDÃO ESTADUAL QUE DECIDIU COM BASE
NAS PROVAS DOS AUTOS ALINHADO À JURISPRUDÊNCIA
DESTA CORTE. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS NºS 7 E 83 DO STJ.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO. AGRAVO
INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Aplicabilidade do NCPC a este recurso ante os termos no
Enunciado Administrativo nº 3 aprovado pelo Plenário do STJ na
sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no
CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março
de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na
forma do novo CPC.
2. Não se constata eiva de nulidade no acórdão recorrido quando,
apesar de não se reportar a determinado preceito legal indicado
pela parte, decide os pontos controvertidos postos na lide,
declinando os fundamentos de suas conclusões.
3. A responsabilidade objetiva do banco foi afastada pelo Tribunal
de origem com base nas provas apresentadas nos autos no sentido
de que o evento danoso alegado pelo recorrente decorreu de sua
exclusiva e única culpa ao fornecer seu cartão bancário e senha a
terceiros, e não da falha na prestação de serviço da instituição
bancária. A revisão desse entendimento, no âmbito do recurso
especial, é obstada pela Súmula nº 7 do STJ.
4. Esta Corte possui entendimento de que, no uso do serviço de
conta corrente fornecido pelas instituições bancárias, é dever do
correntista cuidar pessoalmente da guarda de seu cartão magnético
e sigilo de sua senha pessoal no momento em que deles faz uso,
sob pena de assumir os riscos de sua conduta negligente. No caso,
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o Tribunal estadual decidiu alinhado à jurisprudência do STJ. Incide
a Súmula nº 83 do STJ.
5. O dissídio jurisprudencial não obedeceu aos ditames legais e
regimentais necessários à sua demonstração.
6. Agravo interno não provido.

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AGRAVADO : BANCO DO BRASIL S/A
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VOTO

O EXMO. SENHOR MINISTRO MOURA RIBEIRO(Relator):


A irresignação não comporta provimento.
De plano, vale pontuar que o presente agravo interno foi interposto
contra decisão publicada na vigência do novo Código de Processo Civil, razão pela
qual devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma nele
prevista, nos termos do Enunciado Administrativo nº 3 aprovado pelo Plenário do STJ
na sessão de 9/3/2016:

Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a


decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos
os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC.

Como relatado, SEVERIANO ajuizou ação de cancelamento de débito


cumulada com indenização por danos materiais e morais com pedido liminar contra o
BB, sob a alegação de que teriam sido realizadas operações indevidas em sua conta
corrente com cartão de débito e crédito.
A sentença de improcedência do pedido foi confirmada em grau de
apelação. O recurso especial interposto foi admitido, subindo os autos a esta Corte.
Em decisão da lavra do Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO -
Responsável pelo NURER da Segunda Seção, integrada por embargos de declaração,
foi negado provimento ao recurso especial (e-STJ, fls. 432/436). É contra essa
decisão o presente inconformismo que, reitere-se, não pode ser provido.

(1) Da alegada ofensa ao art. 535 do CPC/73


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SEVERIANO reclamou que o aresto estadual não apreciou o seu pleito
de inversão do ônus probatório e, assim, teria violado o art. 535 do CPC/73.
O inconformismo não procede.
O acórdão estadual não se pronunciou explicitamente sobre o preceito
legal inserto no art. 6º, VIII, do CDC. Não obstante, verifica-se claramente que, no
caso, a Corte local não reconheceu a necessidade de determinar a inversão do ônus
da prova, pois aquelas constantes dos autos foram robustas o suficiente no sentido de
apontar que o evento danoso pelo qual SEVERIANO alegou seu direito de indenização
decorreu de sua exclusiva e única culpa, e não da falha na prestação de serviço pelo
BB.
A inversão do ônus da prova é determinada nos casos em que
verificada a impossibilidade de sua produção pelo autor em razão de sua
hipossuficiência. O art. 6º, VIII, do CDC, trata da inversão judicial, ou seja, aquela que
não decorre automaticamente da previsão legal. É dizer, o art. 6º, VIII, do CDC,
permite a inversão do ônus da prova em benefício do consumidor a critério do juiz,
quando for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente.
Portanto, não é a parte, sob a chancela da relação de consumo e de
sua hipossuficiência quem decide a necessidade da inversão do ônus da prova.
Nesse passo, não se constata eiva de nulidade no acórdão recorrido.
Confira-se o seguinte excerto do acórdão recorrido, que adotou os fundamentos da
sentença para decidir:

O autor moveu ação de cancelamento de débito e indenização por


danos materiais e morais como o Banco do Brasil S.A. , alegando
que é cliente do banco réu há 50 anos e que em novembro de 2011
ao receber o extrato de sua conta bancária, constatou que desde o
dia 08 de novembro houve diversos saques e compras efetuados
com o seu cartão de débito e crédito que não reconhece, totalizando
a quantia de R$ 25.388,31. Afirma que imediatamente solicitou o
cancelamento do cartão e também registrou reclamação no
"Procon".
No caso, embora o autor queira responsabilizar a instituição
financeira por falha na prestação do serviço, conclui-se que não foi
por negligência do banco que o fato danoso ocorreu.
Em sua petição inicial, o autor relata que certo dia foi abordado na
rua por um desconhecido que o levou a um carro com o pretexto de
benzê-lo e que naquela ocasião o indivíduo poderia ter pegado o seu
cartão (Boletim de Ocorrência - fls. 17/18).
Documento: 1606434 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/06/2017 Página 8 de 11
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Ainda que alegue que o terceiro teria trocado o cartão bancário sem
o seu consentimento, o apelante deveria cercar-se de maior cautela
em relação à sua guarda.
Ressalte-se que de responsabilidade do correntista agir com
zelo e cuidado na guarda do cartão e a instituição financeira não
pode responder por qualquer operação bancária realizada por
terceiro que teve acesso ao cartão por imprudência do autor.
Ficou evidenciado que a conduta descrita pelo autor contribuiu para
que fosse vítima de estelionatários (e-STJ, fls. 325/326).

Ora, nos termos da jurisprudência desta Corte, relativamente ao uso


do serviço de conta corrente fornecido pelas instituições bancárias, é dever do
correntista cuidar pessoalmente da guarda de seu cartão magnético e do sigilo de sua
senha pessoal no momento em que deles faz uso. Não pode ceder o cartão a quem
quer que seja, tampouco fornecer sua senha a terceiros, sob pena de assumir os
riscos de sua conduta, que contribui, a toda evidência, para que seja vítima de
estelionatários.
Nesse sentido: REsp n. 602.680/BA, Relator o Ministro FERNANDO
GONÇALVES, DJ de 16/11/2004; REsp n. 417.835/AL, Relator o Ministro ALDIR
PASSARINHO JÚNIOR, DJ de 19/8/2002.
No ponto, observa-se que o acórdão local decidiu alinhado à
jurisprudência desta Corte, atraindo a incidência da Súmula nº 83 do STJ.

(2) Da alegada inaplicabilidade da Súmula nº 7 do STJ -


Responsabilidade objetiva da instituição financeira por não provar a ausência de falha
no seu sistema de segurança
A responsabilidade objetiva do agravado BB foi afastada pelo Tribunal
de origem com base nas provas apresentadas nos autos no sentido de que
SEVERIANO agiu imprudentemente ao fornecer seu cartão bancário e senha a
terceiros, de forma que, conforme salientou a decisão agravada, ultrapassar o
entendimento expressamente adotado pelo v. acórdão recorrido, que concluiu pela
caracterização de culpa da vítima para o suposto evento danoso e pela ausência de
configuração dos requisitos ensejadores do dever de reparar o dano, seria necessário
o revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado pela Súmula 7
desta eg. Corte, que dispõe: A pretensão de simples reexame de prova não enseja
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recurso especial (e-STJ, fl. 433).

(3) Da alegada divergência jurisprudencial


SEVERIANO afirmou que a decisão agravada não apreciou a
divergência jurisprudencial suscitada no seu recurso especial, no que tem razão.
Assim, passo a sanar eventual omissão.
Quanto ao dissídio pretoriano invocado, é de se salientar que este não
se encontra configurado, pois além de os precedentes colacionados não tratarem de
hipóteses idênticas à dos autos, não foram observadas as regras procedimentais
pertinentes à sua demonstração mediante o confronto entre o aresto impugnado e os
paradigmas colacionados de forma a evidenciar a similitude fática entre os casos
apontados e a divergência de interpretações.
Além disso, a incidência da Súmula nº 7 do STJ impede o exame de
dissídio jurisprudencial, na medida em que falta identidade entre os paradigmas
apresentados e os fundamentos do acórdão, tendo em vista a situação fática do caso
concreto, com base na qual a Corte de origem deu solução à causa.
Nesse sentido, já decidiu esta Corte:

É inviável o reconhecimento da divergência quando a verificação do


fato alegado, sobre o qual haveria de existir similitude com o fato
considerado nos paradigmas, depende da simples interpretação de
cláusulas contratuais e do reexame de prova. Aplicação das
Súmulas STJ/5 e 7.
(AgRg no REsp 1.046.395/SP, Relator Ministro SIDNEI BENETI,
Terceira Turma, j. 16/6/2011, DJe 27/6/2011).

Nessas condições, pelo meu voto, NEGO PROVIMENTO ao agravo


interno.
Advirta-se que eventual recurso interposto contra esta decisão estará
sujeito às normas do NCPC, inclusive no que tange ao cabimento de multa (arts.
1.021, § 4º, e 1.026, § 2º).

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

AgInt nos EDcl no


Número Registro: 2016/0178287-1 REsp 1.612.178 / SP

Números Origem: 00068027920128260006 0006802792012826000690004 6802792012826000690004


PAUTA: 23/05/2017 JULGADO: 23/05/2017

Relator
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ ADONIS CALLOU DE ARAÚJO
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : SEVERIANO JUSTO DA SILVA
ADVOGADOS : ARNALDO PARENTE - SP082103
EDILEUZA DE SOUZA GAMA DA SILVA E OUTRO(S) - SP265114
ADRIANA PARENTE COELHO - SP188053
RECORRIDO : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : EDUARDO JANZON AVALLONE NOGUEIRA E OUTRO(S) - SP123199
SÉRGIO MURILO DE SOUZA E OUTRO(S) - DF024535
ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Contratos Bancários

AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE : SEVERIANO JUSTO DA SILVA
ADVOGADOS : ARNALDO PARENTE - SP082103
EDILEUZA DE SOUZA GAMA DA SILVA E OUTRO(S) - SP265114
ADRIANA PARENTE COELHO - SP188053
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ADVOGADOS : EDUARDO JANZON AVALLONE NOGUEIRA E OUTRO(S) - SP123199
SÉRGIO MURILO DE SOUZA E OUTRO(S) - DF024535

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo, nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas
Cueva e Marco Aurélio Bellizze (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator.

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