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SURDEZ E INCLUSÃO
autoras
GABRIELA MAFFEI MOREIRA
TATIANA PALAZZO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2017
Conselho editorial roberto paes e paola gil de almeida
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2017.
isbn 978-85-60923-52-6
Idade Média 12
Comunicação Oral 48
Língua de sinais 49
Oralismo 53
Comunicação Total 55
Bilinguismo: L1 e L2 58
4. Atendimentos Educacionais Especializados (AEE)
para Surdos e Deficientes Auditivos 65
Os atendimentos educacionais especializados (AEE) para surdos ontem
e hoje. 66
A escola de surdos 71
Prezados(as) alunos(as),
Vamos caminhar?
Bons estudos!
5
1
Caminhos
Históricos da
Educação de Surdos
Caminhos Históricos da Educação de Surdos
Prezado aluno, no módulo sobre Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), você
terá conhecimento da área da surdez. O objetivo é mostrar como ocorreu a edu-
cação das pessoas com surdez até chegarmos ao século XXI, trabalhando em busca
de um espaço bilíngue.
A Educação neste início de milênio tem como prioridade o processo ensino-
-aprendizagem dentro de um sistema que vê no respeito à diversidade o caminho
para um futuro mais democrático, a fim de refletir uma educação de qualidade
para todos. As pessoas são diferentes em vários níveis: intelectual, econômico,
cultural, entre outros. A inclusão de todas as pessoas, em todos os seus graus e
a conscientização dos alunos e professores no respeito às diferenças é a meta da
educação do século XXI. Imbernón (2001,p.79) diz que:
[...] a diversidade não pode ser entendida como uma simples ação que facilita a apren-
dizagem dos alunos com ritmos diferentes de maturidade, não é unicamente a apre-
sentação de estratégias didáticas alternativas para estimular os alunos desmotivados,
não é apenas a incorporação das ferramentas educativas adequadas para cada reali-
dade acadêmica individual, a atenção à diversidade deve ser entendida como a acei-
tação de realidades plurais, como uma ideologia, como uma fórmula de ver a realidade
social defendendo ideais democráticos e justiça social.
[...] é preciso desenvolver novas formas de linguagem crítica que nos permitam, por um
lado, desvelar o currículo oculto e, por outro, descobrir outras maneiras de ver o mundo
e a Educação. Nesse sentido precisamos analisar o progresso de uma maneira não li-
near nem monolítica, mas integrando outras identidades sociais, outras manifestações
culturais da vida cotidiana e outras vozes secularmente marginalizadas.
capítulo 1 •8
Durante muito tempo, as pessoas com surdez tiveram sua formação baseada
nas línguas orais, mas, com o passar do tempo, percebeu-se que a língua de si-
nais que este grupo utilizava era uma língua/idioma, com características próprias
(gramática, semântica, sintaxe e morfologia), sendo esta a língua materna para os
surdos e a língua oficial do país, a segunda.
Atualmente, uma das principais discussões é como alfabetizar no segundo
idioma, o português; este assunto será abordado, porém seu aprofundamento fi-
cará para um próximo estudo, pois antes precisamos conhecer, respeitar e acei-
tar a LIBRAS como língua/idioma oficial utilizado por alunos, cidadãos, pessoas
surdas. Nesta disciplina, buscaremos trazer conhecimentos específicos quanto a
educação, língua e inclusão das pessoas com surdez.
Para melhor entender as mudanças na formação oferecida às pessoas com
surdez, é necessário saber a trajetória percorrida, para que hoje, no século XXI,
tenhamos um ensino baseado na língua de sinais e a opção de a educação ser em
escolas comuns.
Vamos voltar no tempo e conhecer as principais concepções que existiam
quanto a “ser surdo” e suas possibilidades sociais, educacionais e legais, sempre
contextualizando as questões mundiais, as influências religiosas e as tendências
políticas.
Podemos citar o que Darwin dizia quanto à evolução do homem e de todos
os animais que vivem hoje: eles passaram por um processo de seleção natural
constante e severo e depois desta seleção sobreviveram os mais aptos, para viver
segundo as condições de vida do meio e da época em que existiam. Era uma guerra
pela existência, em que somente os “melhores” sobreviviam.
Com a evolução surgiram dúvidas, questionamentos e incertezas quanto a
tudo que rodeava as pessoas: questões sobre a vida, a morte, enfim, como se dava
a formação da sociedade.
No próximo capítulo, iniciaremos o nosso estudo de como foi a educação dos
surdos desde a Antiguidade até os dias atuais. Vamos fazer uma viagem no tempo!
Além disso, estudaremos as principais legislações da área, nacional e internacional.
OBJETIVOS
• Conhecer os percursos, as barreiras e as dificuldades impostas às pessoas com surdez
da Antiguidade até o século XXI, para que hoje possamos pensar no paradigma de inclusão.
capítulo 1 •9
Antiguidade
No livro da lei dos hebreus (século XIII a.C) a Torá, podia-se ler: “[...]quem
dá a boca ao homem? Quem o torna mudo ou surdo, capaz de ver ou cego? Não
sou Eu, Javé?” (Êxodo, IV:11).
“— Ser surdo e ser mudo é a vontade do Senhor e, por isso, que pode o homem fazer?”
A deficiência era justificada pela religião, por castigo. Consequentemente, não
se prestava atendimento educacional e social. O deficiente nem mesmo participa-
va da família como um de seus membros.
Entretanto, no século V a.C, Sócrates (470-399 a.C) já afirmava que os surdos
tinham que usar o gesto e a pantomima para se comunicarem.
Sócrates, em 360 a.C, fez a seguinte reflexão: “Se não tivéssemos voz nem
língua, mas apesar disso desejássemos manifestar coisas uns para os outros, não
deveríamos, como as pessoas que hoje são mudas, empenhar-nos em indicar o
significado pelas mãos, pela cabeça e por outras partes do corpo?”
©© WIKIMIDIA
Sócrates e Platão
capítulo 1 • 10
Naquela época, nascer surdo era visto como uma punição dos deuses. Para
Aristóteles (384-322 a.C), a falta da audição fazia com que o aprendizado fos-
se comprometido ou mesmo nem ocorresse. Também, segundo ele, era inútil
o Estado investir na educação da pessoa surda, pois “o pensamento é impossí-
vel sem a palavra”. Sêneca faz uma das citações mais drásticas quanto a nascer
com deficiência:
Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as
cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos
os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos
afogamo-os, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das
saudáveis. (SÊNECA apud SILVA, 1986, p. 129)
©© WIKIMEDIA
Aristóteles
Em Roma, aqueles que nasciam surdos eram privados de seus direitos legais,
além de não poderem participar de testamentos. Eles nem mesmo tinham au-
tonomia para desenvolver seus negócios, necessitando ter um curador, segundo
Guarinello (2007). Influenciados pelo povo grego, viam os surdos como seres
imperfeitos. Era comum lançarem as crianças surdas (especialmente as pobres) ao
rio Tibre, para que fossem cuidadas pelas ninfas.
capítulo 1 • 11
Naquela mesma época, em função de suas limitações, os deficientes eram vis-
tos pela Igreja Católica como seres com “almas imortais”, pois não conseguiam
verbalizar os sacramentos. São Paulo (Epístola aos Romanos, X:17), tendo dito
que “a fé deriva da pregação e a pregação é o anúncio da palavra”, também negou
aos surdos-mudos o direito à religião, aos sacramentos e mesmo à salvação da
alma, isso já no século I.
Idade Média
©© WIKIMIDIA
No século XVI, a deficiência passou a ser concebida e a ser tratada por meio da
alquimia, da magia e da astrologia, métodos da incipiente medicina.
capítulo 1 • 12
Naquela época surgiram os asilos e os hospitais psiquiátricos, com o objetivo
não de tratar, mas de segregar as pessoas com qualquer tipo de deficiência. “Tais
instituições eram pouco mais do que prisões”, segundo Aranha (2001, p.165).
Durante os séculos XVII e XVIII, nos hospitais, houve grande desenvolvi-
mento no atendimento às pessoas com deficiência. Havia assistência especializada
em ortopedia para os mutilados das guerras e para pessoas cegas e surdas.
Percebia-se o investimento de alguns médicos e educadores para mostrar que
as pessoas com deficiência poderiam ter uma vida acadêmica e se comunicar.
De acordo com Carvalho (2007), Bartolo della Marca d’Ancona (1314-1357),
escritor italiano, foi o primeiro a expor a possibilidade de o surdo ser ensinado por
meio da língua oral ou da “língua gestual”.
©© WIKIMEDIA
Podemos citar o médico Girolano Cardano, que afirmou que os surdos po-
deriam ser ensinados – ele passou a se interessar pela surdez porque seu primo-
gênito era surdo. Nessa mesma época, Pedro Ponce de Leon, monge beneditino
espanhol, iniciou um trabalho educacional com surdos da elite, com o objetivo
de “[...] ensinar a falar, escrever, ler, fazer contas, orar e confessar pelas palavras, a
fim de ser reconhecidos como pessoas nos termos da lei e herdar seus títulos [...]”
(GUARINELLO, 2007, p.21).
capítulo 1 • 13
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Na França, Laurent Joubert escreveu sobre surdos. Para ele, a habilidade existe
em qualquer criança, surda ou com audição perfeita, ou mesmo naquelas que
possam adquirir a surdez com o tempo. Segundo ele, a criança com deficiência
auditiva aprenderia a falar mesmo sem ouvir.
Sabe-se que, na Europa, as mudanças na postura em relação aos deficientes
continuaram ocorrendo. Na Espanha, Juan Pablo Bonet publicou, em 1620, a
primeira obra impressa sobre a educação de deficientes auditivos: Reducción de las
letras y artes para enseñar a hablar a los mudos (Redução das letras e artes para en-
sinar os mudos a falar). Nessa obra levantaram-se questões sobre as causas da defi-
ciência auditiva e dos problemas da comunicação oral, foi citada a idade ideal para
as crianças surdas serem educadas (de 6 a 8 anos) e também a fala era ensinada por
meio de alfabeto digital, leitura e gramática. Mesmo usando sinais, percebe-se que
o objetivo educacional da época era a oralidade.
Em seu método, Bonet apresentava o alfabeto manual (datilologia) no ensino
da leitura e da escrita. Entretanto, apesar do uso da datilologia, ele era radicalmen-
te contra o uso da língua gestual.
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WIKIMIDIA
capítulo 1 • 15
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capítulo 1 • 16
O oralismo, ou filosofia oralista, usava a integração da criança surda à comunidade de
ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral (no caso do Brasil, o por-
tuguês). O oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada
através da estimulação auditiva. (GOLDFELD, 1997, p. 30 e 31)
Thomas Hopkins Gallaudet
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capítulo 1 • 18
Temos como uma das definições para essa filosofia de comunicação:
CONEXÃO
Instituto Nacional de Educação de Surdos, localizado no Rio de Janeiro, com mais de
150 anos de trabalho oferecido na área da surdez. É referência nacional e tem atualmente
um curso de graduação Bilíngue de Pedagogia, oPrimeiro Curso de Graduação Bilíngue
(Português/Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS). Para conhecer melhor esse trabalho,
acesse: http://www.ines.gov.br/
O estado de São Paulo tem algumas das mais antigas escolas para surdos do
Brasil, como a fundada, em 1929, pelo Bispo Dom Francisco de Campos Barreto,
o Instituto Santa Terezinha, na cidade de Campinas/SP, com atendimento para
meninas. O Instituto foi, em 1933, transferido para São Paulo e, a partir de 1970,
capítulo 1 • 19
ele passou a atender meninos e meninas surdas. No final da década de 1970, che-
gou ao Brasil a filosofia da Comunicação Total.
Outra instituição de grande importância foi fundada em 1954, o Instituto
Educacional de São Paulo (IESP), que em 1969 passou a ser chamado de
DERDIC, vinculado à Pontifícia Universidade Católica (PUC)/SP. Atualmente, é
referência nacional nos estudos desenvolvidos na área de surdez.
Para que se organizassem melhor tanto as questões legais como as questões
educacionais brasileiras em relação às pessoas com surdez, em 1987 foi criada a
FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos).
Todos os atuais documentos mundiais falam da importância e da aceita-
ção da língua de sinais como meio de comunicação dos surdos. Podemos citar a
Declaração de Salamanca, de 1994, que traz no seu conteúdo:
[...] importância da língua gestual como meio de comunicação entre os surdos [...] deve-
rá ser reconhecida e garantir-se-á que os surdos tenham acesso à educação na língua
gestual do seu país.
CONEXÃO
Agora vamos assistir ao vídeo Orquestra de sinais, que mostrará o processo de inclusão
de uma criança no Brasil em uma escola infantil e pública.
Disponível em www.dominiopublico.gov.br
capítulo 1 • 20
Na Declaração Universal dos direitos do Homem (ONU, 1948), podemos
ler: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito
de fraternidade”. Toda essa discussão foi iniciada com o advento do cristianismo,
que clamava pela igualdade entre os homens.
© WIKIMEDIA
mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 milhões são meninas, não
têm acesso ao ensino primário;
mais de 960 milhões de adultos – dois terços dos quais são mulheres – são analfa-
betos, e o analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países
industrializados ou em desenvolvimento;
capítulo 1 • 21
mais de um terço dos adultos do mundo não tem acesso ao conhecimento impresso,
às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e aju-
dá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais; e
mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não conseguem concluir o ciclo
básico, e outros milhões, apesar de concluí-lo, não conseguem adquirir conhecimentos
e habilidades essenciais.
toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a ela a oportunidade
de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
– toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de apren-
dizagem que são únicas,
– sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam
ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais carac-
terísticas e necessidades;
– aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regu-
lar, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de
satisfazer a tais necessidades;
– escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais
eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras,
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso,
tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a
eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.
(BRASIL,2010)
CONEXÃO
Para se ter acesso a Declaração de Salamanca, basta visitar o site http://portal.mec.gov.
br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
Os objetivos da Educação para Todos vieram para trazer mais igualdade e dig-
nidade para todos (crianças, jovens e adultos) no acesso à escola e consequentemen-
te ao ensino-aprendizagem. Podemos citar também: respeito e desenvolvimento
capítulo 1 • 22
da herança cultural, linguística e espiritual, defender a causa da justiça social, de
proteger o meio ambiente e trabalhar a diversidade de sistemas sociais, políticos e
religiosos e o enriquecimento dos valores culturais e morais comuns.
Na Declaração de Salamanca temos itens que reforçam as necessidades de
algumas deficiências, como as sensórias.
CONEXÃO
Para se ter conhecimento na integra da Convenção da Guatemala acesse:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/guatemala.pdf
capítulo 1 • 23
consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passa-
da, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou
exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e
suas liberdades fundamentais.
b) Não constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada pelo Estado
Parte para promover a integração social ou o desenvolvimento pessoal dos portado-
res de deficiência, desde que a diferenciação ou preferência não limite em si mesma
o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal
diferenciação ou preferência. Nos casos em que a legislação interna preveja a declara-
ção de interdição, quando for necessária e apropriada para o seu bem-estar, esta não
constituirá discriminação.
Nesses dois artigos vemos que a matrícula do aluno com necessidades especiais
deve ocorrer na escola regular e esta tem que garantir os recursos e os profissionais
necessários para que o aluno consiga se desenvolver, como solicita a educação para
capítulo 1 • 24
todos. Não se pode vincular ao direito da matrícula a existência dos profissionais,
uma vez que não se pode negar vaga em função de uma deficiência. Outra infor-
mação importante é que agora se entende a educação especial como modalidade
de atendimento; ela é vista como suporte para que o aluno avance na educação
básica, em salas regulares, como é dito na educação inclusiva.
A Resolução nº2 também define quem é a clientela de alunos com necessida-
des educacionais especiais, como cita o artigo 5º:
capítulo 1 • 25
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais
e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação
Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do en-
sino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros
Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modali-
dade escrita da língua portuguesa.
Capítulo II
Da inclusão da libras como disciplina curricular
Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de
formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e
nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do siste-
ma federal de ensino e dos sistemas de ensino dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso
normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de
Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissio-
nais da educação para o exercício do magistério.
§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de
educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste
Decreto.
Em 2010 foi sancionada a lei 12319, que regulamenta a profissão dos intér-
pretes de língua de sinais fazendo com que agora possam ser criados os cargos
capítulo 1 • 26
para a presença constante destes profissionais em locais públicos para auxiliarem a
comunicação dos surdos.
Enfim, podemos perceber que temos uma legislação muito rica, mas será que
é efetiva? É de conhecimento de todos? Na prática ela é viável? É importante que
cada município conheça e se adapte às leis para que possamos realmente ter uma
Educação para Todos na prática, e não somente no papel.
ATIVIDADES
01. Vamos testar os conhecimentos adquiridos. Julgue verdadeiras (V) ou falsas (F) as as-
sertivas a seguir.
( ) Aristóteles acreditava que os surdos poderiam ser educados.
( ) Em 1815, o americano Thomas Hopkins Gallaudet foi à Europa conhecer os diferen-
tes métodos de educação para surdos. No ano seguinte, voltou aos Estados Unidos
com Laurent Clerc, um dos primeiros professores surdos, para auxiliá-lo na criação de
uma escola.
( ) A primeira instituição para surdos criada no Brasil data de 1875, em São Paulo.
( ) Sócrates, já na Antiguidade, percebia que a comunicação dos surdos necessitava
dos gestos.
( ) Na Idade Média, surdos eram considerados inaptos à educação e ao sacerdócio. So-
mente eram respeitados juridicamente se falassem e casavam-se apenas com a permis-
são do papa.
( ) O II Congresso Mundial, em Milão (1880), declarou que a língua ideal para os surdos se
desenvolverem era a língua de sinais.
( ) O Abade Charles de L’Épée criou a primeira escola pública para surdos na França.
( ) Na Alemanha, foi criado o método alemão, por Samuel Heinike, que aceitava o uso
dos sinais.
02. Faça uma análise dos últimos 10 anos e da legislação com relação à área da surdez.
capítulo 1 • 27
REFLEXÃO
Neste capítulo iniciamos uma contextualização dos caminhos árduos percorridos pelas
pessoas com surdez, seja na família, seja na escola ou na sociedade. A questão central sem-
pre foi a aceitação da diferença.
Em cada época, em função de crenças e de objetivos políticos e econômicos, vimos a for-
ma como eram tratados aqueles que tinham alguma deficiência. Alguns entendiam a morte
como salvação, outros se deixavam viver, mas em condições subumanas, e, por fim, eles não
tinham os seus direitos garantidos nem eram tidos como membros da sociedade.
O uso da oralidade e da língua de sinais os conflitos para aceitar qual seria a melhor
forma dos surdos se comunicarem e se desenvolverem educacionalmente e na área social,
foram os grandes embates vistos na historia, porem também foi observado que na maioria
das discussões e tomadas de decisões os surdos pouco participavam ou eram indagados
das suas opiniões.
É importante que o mundo esteja discutindo as necessidades reais da educação para
todos que compõem a nossa sociedade, uma educação que dê condições para que qualquer
pessoa receba um ensino de qualidade e que forme este aluno para buscar seu espaço no
mercado de trabalho e no ensino superior.
LEITURA
CAIADO, Katia Regina Moreno; LAPLANE, Adriana Lia Friszman de. Programa Edu-
cação inclusiva: direito à diversidade - uma análise a partir da visão de gestores de um
município-polo. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1517-97022009000200006&lng=pt&nrm=iso>.
LACERDA, C.B.F. Um pouco da história das diferentes abordagens na educa-
ção dos surdos. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0101-32621998000300007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 29/05/2011.
MAZZOTTA, Marcos J. Silveira. Educação especial no Brasil: história e políticas públi-
cas. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
Essa obra mostra toda a trajetória da educação especial no Brasil, indicando as principais
instituições que foram base para o atendimento educacional das pessoas com deficiência.
Com essa trajetória, também se mostra o processo de segregação até a discussão da dife-
rença entre integração e inclusão.
capítulo 1 • 28
MRECH ,Leny Magalhães. Os desafios da educação especial, o plano nacional de
educação e a universidade brasileira. Disponível em: <http://www.educacaoonline.pro.
br/index.php?option=com_content&view=article&id=98:os-desafios-da-educacao-espe-
cial-o-plano-nacional-de-educacao-e-a-universidade-brasileira&catid=6:educacao-inclusi-
va&Itemid=17>.
SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARANHA, M.S. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. Revista
do Ministério Público do Trabalho, Ano XI, no. 21,março, 2001, pp. 160-173.
BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB n.º 9.394, de
20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, 23 de dezembro de 1996.
GUGEL, Maria aparecida Gugel. Pessoas com Deficiência e o Direito ao Trabalho. Florianópolis :
Obra Jurídica, 2007.
SOARES, M.A.L. A Educação do surdo no Brasil. Editora Autores Associados, 2002. 2. ed.
_______Decreto nº4176, de março de 2002. Regulamenta a Lei Federal nº10436, de 24 de abril de
2002, que dispõe sobre a língua brasileira de sinais – LIBRAS. Disponível em: <http://www.mec.gov.
br/seesp/leis>.
______. Lei nº 10845, de 5 de março de 2004. Institui o Programa de Complementação ao
Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência. Brasília. Disponível em:
<http://www.mec.gov.br/seesp/leis> .
______.Declaração de Salamanca (1994).Disponível em: <http: //www.mec.gov.br/seesp/leis> .
capítulo 1 • 29
capítulo 1 • 30
2
Questões Clínicas
da Surdez e as
Nomenclaturas
Questões Clínicas da Surdez e as
Nomenclaturas
OBJETIVOS
• Conhecer questões clínicas ligadas à surdez, desmistificando várias nomenclaturas
e definições.
capítulo 2 • 32
Ouvido Ouvido
Ouvido Externo
Médio Interno
Canal
Osso
semicircular
temporal Estribo
Martelo Janela
oval Nervo
auditivo
Pavilhão
Auditivo Cóclea
Canal
Auditivo Timpano
externo Bigorna
Trompa de
Lenticular Eustáquio
a propagação da
( 5 ) sai cóclea para a
trompa de Eustáquio
capítulo 2 • 33
A aquisição está dividida em pré-lingual, ou seja, ocorreu antes da aquisição da
linguagem, ou pós-lingual, que ocorreu depois da aquisição da linguagem. Saber
esses dados auxilia na organização das formas de comunicação, oral ou gestual.
Curiosidade
O ouvido é dividido em três partes: externo, médio e interno.Ouvido externo: é formado
pela orelha e pelo canal auditivo, com a membrana timpânica no fundo do canal. Ouvido
médio: nele estão os três ossículos (martelo, bigorna, estribo) e a abertura da tuba au-
ditiva. Ouvido interno: também chamado de labirinto, é formado pelo aparelho vestibular
(equilíbrio) e pela cóclea (audição).
A diminuição da audição (surdez) produz redução na percepção de sons e dificulta a
compreensão das palavras.
©© DAROLYN / DREAMSTIME.COM
Como, até os três primeiros anos de vida, a organização das funções neurológicas está
se fazendo, a competência linguística é demasiadamente frágil. As crianças que ficam
surdas nesse período, considerado pré-linguístico, fase em que não está estruturada
ainda a linguagem dos ouvintes, não deixam de poder desenvolver uma linguagem a
fim de se comunicar, porém isso ocorre com uma estruturação diferente.
capítulo 2 • 34
Com essas informações, fica evidente o quanto é fundamental sabermos a
época em que ocorreu a surdez.
A surdez pode ser dividida em dois grandes grupos (BRASIL, 2006):
capítulo 2 • 35
Quando a alteração auditiva está localizada no ouvido
externo e/ou médio e ouvido interno. Geralmente ocor-
MISTA re devido a fatores genéticos, determinantes de má
formação.
Perda leve
capítulo 2 • 36
©© OTNAYDUR / DREAMSTIME.COM
Quando a criança apresenta perda severa, ela consegue ouvir apenas os sons
próximos; só consegue perceber algumas palavras se estas forem amplificadas, e o
processo de aquisição da linguagem oral não é feito de forma espontânea. Elas não
podem dispensar do uso das próteses e, na maioria das vezes, utilizam a língua de
sinais para se expressar, bem como para compreender os outros.
©© MICU MIRCEA / DREAMSTIME.COM
A deficiência auditiva profunda faz com que a criança não consiga perceber
a fala através da audição, mas ela pode perceber sons altos e vibrações e apresenta
muitas limitações para a aquisição da linguagem oral. Deve ser ensinada à criança
a língua de sinais.
©© PHARTISAN / DREAMSTIME.COM
capítulo 2 • 37
O quadro a seguir é um resumo dos graus da surdez. É importante lembrar
que podem existir diferenças na abordagem feita por alguns autores, mas adotare-
mos em nossos estudos os dados que se seguem.
26 a 40 db
©© VLADIMIR VORONIN / DREAMSTIME.COM
41 a 70 db
Dificuldade para ouvir uma voz fra-
©© ANDRAS CSONTOS / DREAMSTIME.COM
71 a 90 db
©© WIKIMEDIA
Acima de 91 db
capítulo 2 • 38
Nomenclaturas e surdez: qual a importância em diferenciar surdos e
deficientes auditivos?
[...] o surdo é considerado uma pessoa que não ouve e, portanto, não fala. É definido
por suas características negativas; a educação se converte em terapêutica, o objetivo
do currículo escolar é dar ao sujeito o que lhe falta: a audição, e seu derivado: a fala.
A surdez não é uma doença que necessita de cura, mas é uma condição que deve ser
aceita. Os surdos não são inválidos que precisam de reabilitação. Eles são membros de
uma comunidade linguística minoritária que deve ser respeitada e possuem o direito
inalienável de receber sua educação nesta língua.
[...] posição médica que considera a surdez como um problema a ser resolvido e o surdo
como portador de uma deficiência a ser curada, há posição antropológica que conside-
ra a surdez como uma peculiaridade humana e o surdo como portador de uma cultura
e uma língua própria a serem respeitadas.
capítulo 2 • 39
fundamental importância reconhecer que é por meio da língua de sinais que essas
pessoas conseguem realmente participar do mundo, expressando seus desejos e
suas vontades e assumindo realmente seu papel na sociedade.
As questões de nomenclatura sempre são colocadas é de fundamental impor-
tância conhecer como se define tecnicamente, segundo Sassaki (2005):
[...] deficiência auditiva é a “perda parcial ou total bilateral, de 25 (vinte e cinco) decibéis
(db) ou mais, resultante da média aritmética do audiograma, aferida nas frequências
de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz” (art. 3º, Resolução nº 17, de 8/10/03, do
CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência.Po-
rém em 2/12/04, o Decreto nº 5.296, de 2/12/04, alterou de 25 decibéis para 41
decibéis, a definição de Deficiência Auditiva.
Uma das definições que poderíamos adotar é a que coloca os surdos como pes-
soas que utilizam a comunicação espaço-visual como principal meio de conhecer
o mundo, em substituição à audição e à fala. Eles são usuários da língua de sinais;
sua audição não é funcional na vida comum. Para o hipoacústico (deficiente au-
ditivo), a audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.
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Surdo
capítulo 2 • 40
Marques (1998) define que o surdo compreende o mundo pelo visual.
ATIVIDADES
Para reforçar nosso estudo vamos associar:
02. O que uma criança com perda auditiva moderada consegue perceber auditivamente?
capítulo 2 • 41
REFLEXÃO
Neste capítulo, o objetivo foi mostrar um pouco da deficiência auditiva, suas causas, ca-
racterísticas e necessidades mais elementares. É importante pensarmos que qualquer pes-
soa pode vir a ser surda se cuidados não forem tomados para a sua saúde auditiva.
Durante a vida, temos a oportunidade de perceber e ter o prazer de ouvir vários sons
distintos, como sons dos pássaros, uma música, até mesmo o barulho dos carros, das bu-
zinas, enfim, podemos perceber o mundo à nossa volta por meio dos sons. Nossa atenção
é guiada, muitas vezes, pelo sentido da audição. Para muitos, o silêncio incomoda; imagine
nunca ter escutado, nem seu nome, nem a mãe chamando, como seria entender o mundo
sem esse sentido?
Talvez valha a pena citar Helen Keller, que escreveu um texto chamado “Três dias para
ver”. Depois faça uma reflexão:
Várias vezes pensei que seria uma bênção se todo ser humano, de repente, ficasse
cego e surdo por alguns dias no princípio da vida adulta. As trevas o fariam apreciar
mais a visão e o silêncio lhe ensinaria as alegrias do som.
De vez em quando testo meus amigos que enxergam para descobrir o que eles veem.
Há pouco tempo perguntei a uma amiga que voltava de um longo passeio pelo bosque
o que ela observara. “Nada de especial”, foi a resposta.
Como é possível, pensei, caminhar durante uma hora pelos bosques e não ver nada
digno de nota? Eu, que não posso ver, apenas pelo tacto encontro centenas de objetos
que me interessam. Sinto a delicada simetria de uma folha. Passo as mãos pela casca
lisa de uma bétula ou pelo tronco áspero de um pinheiro. Na primavera, toco os galhos
das árvores na esperança de encontrar um botão, o primeiro sinal da natureza desper-
tando após o sono do inverno. Por vezes, quando tenho muita sorte, pouso suavemente
a mão numa arvorezinha e sinto o palpitar feliz de um pássaro cantando.
[...] Eu, que sou cega, posso dar uma sugestão àqueles que veem: usem seus olhos
como se amanhã fossem perder a visão. E o mesmo se aplica aos outros sentidos.
Ouça a música das vozes, o canto dos pássaros, os possantes acordes de uma or-
questra, como se amanhã fossem ficar surdos. Toquem cada objeto como se amanhã
perdessem o tacto. Sintam o perfume das flores, saboreiem cada bocado, como se
amanhã não mais sentissem aromas nem gostos. Usem ao máximo todos os sentidos;
gozem de todas as facetas do prazer e da beleza que o mundo lhes revela pelos vários
meios de contacto fornecidos pela natureza.
capítulo 2 • 42
LEITURA
SASSAKI,R.K. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. Disponível em
<http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&i-
d=69:terminologia-sobre-deficiencia-na-era-da-inclusao&catid=6:educacao-inclusiva&Ite-
mid=17>.
___________. Nomenclatura na área da surdez. Disponível em <http://www.educa-
caoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=69:terminologia-sobre-
-deficiencia-na-era-da-inclusao&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17>.
No primeiro texto, o autor discute que pensar na perspectiva da educação inclusiva nos
remete também a pensar na mudança de alguns vocabulários para que melhor se encaixem
quando se referem a determinados grupos de pessoas. No segundo material, ele pontua a
área da surdez e desmistifica vários nomes. Também devemos tomar cuidado para não rotu-
lar as pessoas, pois elas têm a deficiência, não são a deficiência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às
necessidades educacionais especiais de alunos surdos. 2. ed. SEESP/MEC. Brasília: MEC, 2006.
BUENO, J.G.S. Surdez, linguagem e cultura. Cad. CEDES, vol.19, nº46, Campinas, set/1998.
SACKS, O. Vendo vozes. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
capítulo 2 • 43
capítulo 2 • 44
3
Comunicação,
Línguas Orais
e de Sinais
Comunicação, Línguas Orais e de Sinais
Neste capítulo, discutiremos as diferenças entre as duas línguas: oral e gestual.
Também será mostrado como os sinais passaram, com o tempo, a terem carac-
terísticas de língua/idioma.
Muitas pessoas acreditam que a língua de sinais é universal, o que é um gran-
de equívoco. Cada país tem a sua língua e tem marcas fortes de sua cultura e na
maneira como percebem o mundo.
As línguas orais têm diferenças de um município para o outro; as línguas de
sinais também.
Vale lembrar a citação do psiquiatra surdo norueguês Terje Basilier:
OBJETIVOS
• Compreender a importância da comunicação tanto oral como gestual.
Comunicação
Antes de iniciarmos o estudo das línguas orais e gestuais, vamos pensar a res-
peito da comunicação, que é a base do nosso estudo.
Comunicação vem do latim communicatio, que quer dizer “atividade realiza-
da conjuntamente”, pois a palavra tem este significado religioso:
No mosteiro aparecera uma prática que recebeu o nome de communicatio, que é o ato
de “tomar a refeição da noite em comum”, cuja peculiaridade era evidentemente não
capítulo 3 • 46
recair sobre a banalidade do ato de “comer”, mas de fazê-lo “juntamente com os ou-
tros”, reunindo então aqueles que se encontravam isolados. A originalidade dessa práti-
ca fica por conta dessa ideia de “romper o isolamento”, e nisto reside a diferença entre
a communicatio eclesiástica e o simples jantar da comunidade primitiva. Não se trata,
pois, de relações sociais que naturalmente os homens desenvolvem, mas de uma certa
prática, cuja novidade é dada pelo plano de fundo do isolamento. Daí a necessidade
de se forjar uma nova palavra, para exprimir novidade dessa prática. (HOHLFELDT,
MARTINO, FRANÇA, 2007, p.13)
Ou seja, como diz Vanoye (2003, p.1), “[...] toda comunicação tem por obje-
tivo a transmissão de uma mensagem”, que traz a ideia mais simples de conversa,
do diálogo entre duas ou mais pessoas (emissor é quem produz a mensagem –
receptor é quem recebe a mensagem), e isso pode ocorrer de várias maneiras por
gestos, fala, escrita, meios de comunicação etc.
A comunicação estabelece uma relação com alguém ou com alguma coisa e
através desta relação ocorrem as modificações, pois vivemos em sociedade.
Sabe-se que a comunicação nasceu na pré-história, como forma de expressão
que ocorria por meio de desenhos nas paredes das cavernas, depois retorna na in-
venção da escrita pelos sumérios, em 3.500 a.C. e assim por diante a comunicação
vai se desenvolvendo com as sociedades, pois tem varias funções que são lhe atri-
buídas através de mensagens como informar, persuadir, convencer, prevenir e etc.
Durante este capítulo, estudaremos alguns tipos de comunicação, porque toda
comunicação envolve um comportamento social, principalmente a linguagem,
que vai nos ajudar a entender melhor como ocorrem as interações entre alunos
com e sem deficiência nesse processo de inclusão, pois a linguagem é tida como
um processo fundamental para os homens.
A comunicação humana é um processo que envolve a troca de informações;
ela tem os sistemas simbólicos como suporte para este fim. Existe uma infinidade
de maneiras de se comunicar: oralmente ou por meio de gestos e de mensagens
enviadas utilizando-se as redes sociais, bem como a escrita, que permite interagir
com as outras pessoas e efetuar algum tipo de troca informacional.
Para a semiótica, o ato de comunicar é a materialização do pensamento/sen-
timento em signos conhecidos pelas partes envolvidas. Estes símbolos são trans-
mitidos e reinterpretados pelo receptor. Hoje, é interessante pensar também em
novos processos de comunicação, que englobam as redes colaborativas e os sis-
temas híbridos, que combinam comunicação de massa, comunicação pessoal e
comunicação horizontal.
capítulo 3 • 47
Para entendermos o que é língua, devemos começar conhecendo a palavra-
-chave da linguística bakhtiniana, que é diálogo. Só existe língua onde há possibi-
lidade de interação social, dialogal. A língua é um trabalho empreendido conjun-
tamente pelos usuários, é uma atividade social, é enunciação.
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Comunicação Oral
A comunicação, como já foi visto, pode ser oral, gestual, corporal ou escrita.
Inicialmente, é importante definir que comunicação oral é:
capítulo 3 • 48
As pessoas geralmente utilizam da oralidade para se comunicar e para isso
utilizam a língua para expressar o que sentem e pensam. A fala é forma dominan-
te de comunicação e expressão social, sendo o vínculo de compreensão entre os
seres humanos.
Segundo Vanoye (2000, p. 209), existem três aspectos que compreendem a
comunicação oral: fisiológico, que é a variação de frequência (de altura), de inten-
sidade e de periodicidade das ondas sonoras; psicolinguístico, que é o estudo da
língua enquanto conjunto de segmentos conhecidos e reconhecidos; psicológico,
que é vinculado aos problemas de atenção e personalidade.
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Língua de sinais
capítulo 3 • 49
[...] a expressão de qualquer conceito – descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico,
concreto, abstrato, enfim – permite a expressão de qualquer significado decorrente da
necessidade comunicativa e expressiva do ser humano.
capítulo 3 • 50
CONEXÃO
O Ministério da Educação (MEC) não informa quantos dos 163 693 indígenas matricula-
dos na rede pública têm deficiência auditiva - entre os não-índios são 15 mil. Em 2001, com
a aprovação do Plano Nacional de Educação, as escolas indígenas conseguiram garantir a
identidade cultural e linguística de suas populações por meio de um currículo diferenciado.
Das 2 323 escolas indígenas existentes no Brasil, 1 818 já oferecem Educação bilíngue.
Assista ao vídeo Educação Inclusiva de Índios Surdos - Dourados/MS Dsponível em
http://www.youtube.com/watch?v=Gus1iTA_Eac
A B C D E F
G H I J K L
M N O P Q R
S T U V W X
Y Z 1 2 3 4
5 6 7 8 9 0
capítulo 3 • 51
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BRITO (2008) aponta que as línguas de sinais são diferentes das línguas
orais porque têm como meio ou canal de comunicação o sistema visual-espacial,
e não oral-auditivo. São expressas em determinado espaço e percebidas pela vi-
são, ou seja, a comunicação ocorre através de fontes distintas, mas com os mes-
mos significados.
Para se chegar à definição de que as línguas de sinais eram idiomas demorou
muito tempo: somente no século XX isso aconteceu.
capítulo 3 • 52
Nos capítulos anteriores, vimos como ocorreu o desenvolvimento histórico e
educacional das pessoas com surdez e já era percebida a influência da oralidade em
determinadas épocas da história.
As línguas trazem conceitos de determinada cultura, de uma comunidade que
muitas vezes não faz parte de outras realidades, como afirma Faria (2006, p.179).
CONEXÃO
Para poder observar as diferenças entre as línguas de sinais assista aos filmes: “Quatro
casamentos e um funeral”, nele vocês terão a oportunidade de assistir um surdo se comuni-
cando em língua de sinais da Inglaterra e para comparar assista “Velocidade Máxima 2” onde
é mostrada a língua de sinais Americana.
Oralismo
capítulo 3 • 53
pouca estimulação ou à falha nas técnicas utilizadas, e tais fracassos comprome-
tiam a escolarização e a profissionalização, que eram quase nulas. (SKLIAR, 1997;
PACCINI, 2007; SILVA & FAVORITO, 2009).
O oralismo tem a fala como objetivo. Para que ela se desenvolva, utiliza três
procedimentos para esse aprendizado: treinamento auditivo, leitura labial e apare-
lho de amplificação sonora individual (AASI).
Góes (1996, p.40) faz um breve resumo sobre o oralismo ao afirmar que “[...]
a visão oralista se impôs, com as teses de que só a fala permite integração do surdo
à vida social e de que os sinais prejudicam o desenvolvimento da linguagem, bem
como a precisão das ideias”.
Behares (1990) entende a educação oralista como sendo uma forma de aten-
dimento que busca minimizar a deficiência auditiva por meio da fala com a leitura
oro-facial.
Capovilla (2001, p.102) define:
capítulo 3 • 54
Segundo Poker (2008), com o objetivo de normalizar o surdo, a abordagem
oralista requer: esforço e dedicação de tempo por parte da criança e da família; a
reabilitação deve começar precocemente; os defensores do oralismo afirmam que o
uso de sinais tornará a criança “preguiçosa” para falar; a comunicação deverá ser na
modalidade oral, sem o auxílio de sinais, gesticulações ou mesmo do alfabeto da-
tilológico; a participação da mãe e de profissionais especializados (fonoaudiólogos
e pedagogos especializados em surdez) é fundamental e o uso de AASI (aparelho
de amplificação sonora individual) ou do implante coclear são importantes ou
mesmo indispensáveis.
CONEXÃO
Para melhor entender como são as técnicas para o estimulo da língua oral, assista ao
filme “Seu nome é Jonas”, nele são mostrados as terapias e a busca das famílias pela melhor
abordagem a ser escolhida para educar os surdos. Mesmo sendo um filme antigo mostra
com precisão o Oralismo.
Comunicação Total
Esta “filosofia” teve sua expansão no século XX, com o declínio do oralismo,
que teve muitas dificuldades no processo de integração dos surdos, pois havia
grandes dificuldades para essas pessoas nas esferas linguística e cognitiva, além de
elas não poderem usar sua língua natural, os sinais. Talvez, a contribuição mais
importante da Comunicação Total tenha sido a mudança na concepção do surdo,
pois, antes, o cerne da questão eram a deficiência e o deficiente; agora, estudamos
a pessoa. De acordo com Ciccone (1996 apud MUNTANER, 2003, p.58), esta
“[...] filosofia educacional entende o surdo com uma pessoa, e a surdez como uma
marca, cujos efeitos adquirem, inclusive, as características de um fenômeno com
significações sociais”.
De acordo com a Comunicação Total, é possível utilizar todos os meios dis-
poníveis para se contemplar uma comunicação com o surdo. Ao focalizar a comu-
nicação, independentemente do recurso utilizado, a aprendizagem da língua oral
é privilegiada, mas também é aceita a utilização de qualquer recurso visuoespa-
cial, inclusive o uso de sinais e gestos para favorecer o desenvolvimento cognitivo,
capítulo 3 • 55
emocional, social e comunicativo da pessoa surda. Dentro dessa perspectiva é per-
mitido, na comunicação com o surdo, o uso de desenho, escrita, pantomima,
sinais, fala oral, alfabeto manual, gestos, entre outros (SILVA & FAVORITO,
2009).
Um dos defensores da Comunicação Total, Oliveira (2004, p.12) lembra que
o maior mérito dessa filosofia foi:
[...] deslocar a língua oral como o grande objetivo na educação de sujeitos com surdez,
priorizando a comunicação dos mesmos. O sujeito com surdez deixa de ser visto como
portador de uma “patologia”, e passa a ser considerado como uma pessoa capaz.
©© VLADIMIR MUCIBABIC / DREAMSTIME.COM
Ciccone (1990) observa que essa filosofia de comunicação não pode transfor-
mar o uso de sinais em um mero suporte para aprender o português. Isso porque
a utilização simultânea da língua oral e a de sinais produziria o que chamamos de
“português sinalizado”. A fusão das duas línguas é inviável, pois possuem estru-
turas gramaticais distintas, o que dificulta o aprendizado do surdo. Porém, para
alguns defensores dessa filosofia, a fusão é positiva porque:
[...] afirmam que o bimodalismo deve ser praticado porque noventa por cento dos sur-
dos são filhos de ouvintes. Assim, o uso de uma língua oral normalmente é a escolhida
para que os membros da família comuniquem-se entre si. Por esta razão, o uso da
língua oral e de uma forma manual dessa língua pode constituir-se em uma eficiente
prática comunicativa. (CICCONE, 1996, p.71)
capítulo 3 • 56
Para Quadros (1997), esse tipo de sistema é inadequado, pois desconsidera a
estrutura linguística da língua de sinais e desestrutura o português.
Um dos recursos utilizados pela filosofia em questão é a soletração digital, que
existe há mais de 300 anos e representa as letras do alfabeto e os números. Para
Freeman, Carbin e Boese (1999,p.171):
A Comunicação Total implica em que a criança com surdez congênita seja
introduzida precocemente em um sistema de símbolos expressivos e receptivos, os
quais ela aprenderá a manipular livremente e por meio dos quais poderá abstrair
significados ao interagir irrestritamente com outras pessoas. A Comunicação Total
inclui todo o espectro dos modos linguísticos: gestos criados pelas crianças, língua
de sinais, fala, leitura oro-facial, alfabeto manual, leitura e escrita [...]incorpora o
desenvolvimento de quaisquer restos de audição para a melhoria das habilidades
de fala ou de leitura oro- facial, através [...] de aparelhos auditivos individuais e/
ou sistemas de alta fidelidade para amplificação em grupo.
©© BILLYFOTO / DREAMSTIME.COM
Pantomina
Quanto às críticas ao bimodalismo, elas devem ser feitas, desde que se consi-
derem a evolução e a história da educação dessas pessoas surdas e dos profissionais
que atuam com elas.
A comunicação total talvez não tenha atingido seus objetivos, porque a crian-
ça/pessoa com deficiência auditiva exposta a essa filosofia educacional não conse-
gue adquirir uma ampla compreensão ou da língua falada ou da língua dos sinais,
o que dificulta seu desenvolvimento acadêmico. Para Behares (1993) e Marchesi
capítulo 3 • 57
(1987), a comunicação total beneficia mais os familiares e os professores ouvintes,
e não o surdo.
No Brasil, a repercussão da Comunicação Total teve início nos anos de 1970 e
auxiliou o resgate da língua de sinais, proibida nos espaços escolares desde o final
do século XIX. Ainda que, conforme Silva & Favorito (2009), nos “bastidores” a
língua de sinais nunca tenha deixado de circular, principalmente nos recreios e nos
locais onde os surdos se encontravam.
CONEXÃO
O bimodalismo consiste no uso dos sinais na estrutura gramatical da língua oral, sem res-
peitar as especificidades linguísticas da língua de sinais. Compreendemos que uma tradução
termo a termo de uma língua para outra resulta em conflitos na compreensão da mensagem
e, por esse motivo, houve críticas à Comunicação Total referentes a uma comunicação mais
comprometida com a comunidade ouvinte do que com os surdos. No entanto, os defensores
dessa “filosofia” acreditam que essa é a melhor forma para atenuar os obstáculos presentes
na comunicação entre surdos e ouvintes (POKER, 2008).
Bilinguismo: L1 e L2
capítulo 3 • 58
Capovilla (2000, p.1096) define bilinguismo:
[...] A corrente do bilinguismo assume a língua de sinais como primeira língua da crian-
ça surda, que deve ser aprendida o mais cedo possível; como segunda língua está
aquela utilizada pelo grupo social majoritário.
A maioria dos defensores dessa corrente educacional para surdos acredita que
eles devam frequentar escolas bilíngues desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio, pois, assim, por meio da LIBRAS, poderão ter acesso às atividades curri-
culares específicas na sua língua primária e vivenciá-las.
A educação bilíngue pressupõe que o desenvolvimento cognitivo, afetivo,
sociocultural e acadêmico das crianças surdas não depende, necessariamente, da
audição, mas do desenvolvimento espontâneo da sua língua. A língua de sinais
propicia o desenvolvimento linguístico e cognitivo da criança surda, facilita o pro-
cesso de aprendizagem de língua oral, serve de apoio para leitura e compreensão
de textos e favorece a produção escrita.
Afeneis (2004) define:
O Bilinguismo, tal como entendimento, é mais do que o uso de duas línguas. É uma
filosofia educacional que implica em profundas mudanças em todo o Sistema Educa-
cional para Surdos. Enquanto estas mudanças não se efetuarem, estaremos em plena
fase de transição.
capítulo 3 • 59
O respeito à aquisição da língua natural já era citado na declaração da
UNESCO (1954):
[...] é um axioma afirmar que a língua materna – língua natural, constitui a forma ideal
para ensinar a uma criança [...] Obrigar a um grupo utilizar uma língua diferente da sua,
mas do que assegurar a unidade nacional contribui para que esse grupo, vítima de uma
proibição, segregue-se cada vez mais da vida nacional [...]
[...] a LIBRAS pode vir a se constituir como a L1 dos sujeitos se lhes for dada a opor-
tunidade de conviver com pares fluentes nesta língua, de desenvolvê-la para uso nas
diversas esferas de atividade humana e de esta língua ser valorizada e aceita como
tendo o mesmo status da língua portuguesa, pois nesta relação entre pares e ao tor-
narem-se fluentes na língua, os surdos podem redefinir as bases ideológicas deles
constitutivas pela linguagem. Melhor dizendo, pelo conhecimento da e pela LIBRAS
pode haver uma transformação do eu de cada um pelo olhar do(s) outro(s) e pelo
reconhecimento de ser “falante” da LIBRAS.
capítulo 3 • 60
CONEXÃO
Para entender o bilinguismo, assista ao vídeo Orquestra de sinais e observe como o
processo de inclusão e a construção de uma escola bilíngue são possíveis e já acontecem no
Brasil, em várias escolas públicas.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?se-
lect_action=&co_obra=124138
ATIVIDADES
01. O que difere as línguas orais das línguas de sinais?
03. Quando e por quem foi descoberto o status linguístico da língua de sinais?
capítulo 3 • 61
04. O que fez com que a Comunicação Total não conseguisse atingir o desenvolvimento dos
surdos por completo?
06. Explique quais são a L1 e a L2, de acordo com o bilinguismo, para o surdo brasileiro.
REFLEXÃO
Depois dos estudos realizados, é importante pensar que, sendo a comunicação a base
dos relacionamentos entre as pessoas, a língua de sinais ter adquirido caráter de língua
auxiliou muito no desenvolvimento das pessoas surdas, pois existe uma formalização na co-
municação. Veremos, nos próximos capítulos, como a legislação auxiliou no processo para as
línguas orais e de sinais conviverem harmonicamente no mesmo espaço.
Agora que conhecemos as três filosofias de comunicação existentes na área da surdez,
vamos refletir sobre a importância de construirmos uma escola, ou melhor, uma educação
bilíngue no Brasil.
Séculos se passaram e as atitudes tomadas comprometeram o desenvolvimento das
pessoas com surdez. Agora é necessário dar voz aos surdos para que eles possam expressar
seus desejos e opinar sobre a melhor maneira de se comunicarem.
LEITURA
BRITO,F. Por uma gramática das línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1995. Disponível em: <http://www.ines.org.br/ines_livros/FASC7_INTRO.HTM>.
CAVALCANTI, M. 1999. Estudos sobre educação bilíngue e escolarização em contextos
de minorias linguísticas no Brasil. DELTA,15 Especial: 385-417.
CICCONE, M. Comunicação total. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1990.
capítulo 3 • 62
LODI,A.C. Plurilingüismo e surdez: uma leitura bakhtiniana da história da educa-
ção dos surdos. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1517-97022005000300006&lng=pt&nrm=iso>.
SÁ, N. L. Educação de surdos: a caminho do bilinguismo. Niterói: EDUFF, 1999.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALCANTI, M. C.; SILVA, I. R. Já que ele não fala, podia ao menos escrever... O grafocentrismo
naturalizado que insiste em normalizar o surdo. In: Linguística aplicada, suas faces e interfaces,
Campinas: Mercado de Letras, 2007, p. 219-242.
FARIA, S.P. Metáfora na LSB: debaixo dos panos ou a um palmo do nosso nariz? Educação Temática
Digital, Campinas, v.7, n.2, p178-198, jun. 2006.
FELIPE, T. LIBRAS em contexto. MEC, SEESP: Brasília, 2006.
SACKS, O. Vendo vozes. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
SILVA, I.R. & FAVORITO, W. Surdos na escola: letramento e bilinguismo. Série Linguagem em Foco,
2009. MEC/Cefiel/IEL/Unicamp. ISBN 978-85-62334-03-0.
capítulo 3 • 63
capítulo 3 • 64
4
Atendimentos
Educacionais
Especializados
(AEE) para Surdos
e Deficientes
Auditivos
Atendimentos Educacionais Especializados
(AEE) para Surdos e Deficientes Auditivos
Os contextos educacionais para surdos nos dias atuais podem seguir uma
orientação monolíngue ou bilíngue, ou seja, é possível encontrar situações de en-
sino em que a língua de sinais desse grupo de pessoas seja utilizada como língua de
instrução, mas isso é bem mais raro. Apesar desse alento, o contexto predominante
ainda é aquele em que há apenas uso da linguagem na modalidade oral ou escrita,
ou seja, em sua maioria os alunos surdos estão imersos em classes regulares de ensi-
no – ou mesmo em escolas de surdos – nas quais a língua de instrução corresponde
à língua materna da maioria, ou seja, o português escrito e oral.
Agora iniciaremos os estudos dos recursos que foram e são ofertados aos sur-
dos para se desenvolverem nas escolas brasileiras.
Para que a inclusão realmente possa acontecer nas escolas brasileiras, são ne-
cessários os atendimentos educacionais especializados que vêm para dar suporte ao
aluno surdo, ao professor e à escola.
OBJETIVOS
• Saber quais são os atendimentos educacionais disponíveis na área da surdez e quais são
os profissionais envolvidos nesse processo.
capítulo 4 • 66
Quanto maior for a variedade de recursos educacionais especializados em uma comu-
nidade, maior será a possibilidade de colocar o aluno excepcional na situação escolar
que lhe é mais apropriada.
[...] modalidade de recurso considerado como auxílio especial, que se caracteriza pela
prestação de serviços, por um professor especializado, a alunos excepcionais que se
encontram matriculados, de acordo com sua idade, série e grau, em escolas públicas co-
muns de sua comunidade. Os professores itinerantes especialistas visitam diversas esco-
las onde prestam atendimento aos professores comuns e aos seus alunos excepcionais.
Trabalho educativo desenvolvido em várias escolas por docente especializado, que pe-
riodicamente trabalha com o educando portador de necessidades educativas especiais
e com o professor de classe comum, proporcionando-lhes orientações, ensinamentos
e supervisão adequados.
capítulo 4 • 67
Tanto o ensino itinerante como a sala de recursos são atendimentos educa-
cionais importantes para o aluno com deficiência auditiva ou surdez, ou qualquer
outra deficiência, inserido na classe comum, já que auxilia e respeita a diferença.
Quando esses dois serviços de apoio trabalham em parceria, todos ganham, pois
ocorre uma complementação do trabalho a ser desenvolvido para que o processo
de inclusão ocorra, com os direitos garantidos ao aluno com necessidades educa-
cionais especiais. Segundo Mazzotta (1982, p.48), sala de recurso é:
[...] uma sala de escola, provida com materiais e equipamentos especiais, na qual um
professor especializado, sediado na escola, auxilia os alunos excepcionais naqueles
aspectos específicos em que precisam de ajuda para se manter na classe comum.
capítulo 4 • 68
antes de esta criança chegar à escola, ela já tenha uma comunicação padronizada
adquirida, pois interpretará o mundo ao seu redor e realizará trocas (conversação)
com todas as pessoas, o que é primordial para o desenvolvimento intelectual, emo-
cional e social.
Outro tipo de recurso utilizado para auxiliar na inserção do surdo na classe
comum é a presença do professor intérprete, que, segundo a Res. CNE/CEB nº 2
(11/09/01), “são profissionais especializados para apoiar alunos surdos, surdos-ce-
gos e outros que apresentem sérios comprometimentos de comunicação e sinaliza-
ção”. Ainda podemos citar uma definição mais completa para professor intérprete,
encontrada nas publicações da SEESP/MEC (2005):
[...] profissional bilíngue (língua de sinais e língua portuguesa) que atua na interpre-
tação/ tradução dos conteúdos curriculares e atividades acadêmicas, envolvidas na
escola. Sua função principal é a de permitir o acesso às informações veiculadas, princi-
palmente, em sala de aula, no mesmo nível e complexidade que as recebem os demais
alunos.
capítulo 4 • 69
Não é só a língua que deve ser introduzida, mas também o pensamento. Caso contrário,
a criança permanecerá inapelavelmente presa a um mundo concreto e perceptivo [...].
Esse perigo é muito maior quando a criança é surda – porque os pais (ouvintes) talvez
não saibam como se dirigir à criança e, se chegarem a se comunicar, podem usar for-
mas rudimentares de diálogos e linguagens que não favorecem o progresso da mente
da criança e, de fato, impedem seu avanço.
[...] para que o sistema educativo se reformule, há necessidade de mudar a atitude dos
educadores frente à diferença, bem como todo um conhecimento de como facilitar
a experiência de aprendizagem a alguns alunos, como os deficientes sensoriais, por
exemplo, e que necessitam de recursos educativos especiais e específicos. [...] a pró-
pria Declaração de Salamanca em seu art. 29 determina que crianças com necessida-
des educativas devem receber apoio adicional no programa regular em vez de seguir
um programa de estudos diferente. O princípio diretor será o de dar a todas as crianças
a mesma educação [...].
capítulo 4 • 70
Esse profissional é o mediador entre o surdo e as informações sobre a cultura e o
universo ouvinte. Além disso, dado o desconhecimento da maioria da população,
torna-se necessário que existam intérpretes nos diversos setores da sociedade –
públicos e privados –, a fim de permitir que os surdos tenham seus direitos de
cidadania respeitados, da mesma forma que possam estar livres e conscientes para
exercer seus deveres.
Para que esses atendimentos possam ocorrer de forma a atingir realmente os
objetivos propostos, é necessário que os profissionais envolvidos, tantos os ou-
vintes como os surdos, tenham total domínio e fluência em LIBRAS, além de
dominarem a língua portuguesa.
Muitas são as mudanças na área da surdez, porém o estudo linguístico e as
práticas metodológicas são as ferramentas primordiais.
A escola de surdos
Segundo Silva & Favorito (2009), as salas de aula das chamadas Escolas de
Surdos podem ter uma orientação monolíngue ou bilíngue. No primeiro caso,
apesar de todos os alunos serem surdos, é privilegiado na sala de aula o uso do
português oral ou do português sinalizado e, assim, podemos observar, como
nos outros casos anteriormente analisados, a reprodução de práticas pedagógi-
cas conservadoras que deslegitimam os saberes dos alunos, ignorando, sobretudo,
seu próprio saber linguístico, a língua de sinais. Em decorrência disso, a cena
que se observa é a de um professor que não conhece ou não se compromete em
aprender a língua que circula vivamente na comunidade discente (no nosso caso,
a LIBRAS), impedindo que a interação em sala de aula ocorra de maneira na-
tural e, consequentemente, tirando do aluno toda e qualquer chance de acesso
ao conhecimento.
As escolas especiais são, em geral, instituições de ensino que recebem alunos
surdos, geralmente, para um trabalho de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental
com o intuito de, mais tarde, incluí-los na rede regular de ensino. Tais escolas são
mantidas, de forma geral, por instituições religiosas ou por grupos de voluntários.
Porque muitas delas ainda comungam a visão de surdez enquanto patologia e de-
senvolvem o currículo da escola regular multiplicando cada ano de escolarização
em dois ou mais anos, elas são contrapostas ao que se veio denominar, mais recen-
temente, de “Escolas para Surdos” ou “Escolas Bilíngues para Surdos”.
capítulo 4 • 71
Para Cavalcanti & Silva (2008), salas de aulas só para surdos existem em nú-
mero ainda reduzido no país, pertencem à rede regular (pública ou privada de
ensino) e atendem, conforme o próprio nome sugere, somente sujeitos surdos. Tal
contexto apresenta diferenças em relação à escola especial que se tem. O modelo
de educação bilíngue reivindicado pela comunidade surda atual é aquele que dê
espaço para que a LIBRAS possa ser a língua de instrução da escola e o portu-
guês (de preferência o escrito) passe a ser ensinado como L2. O conteúdo escolar,
além disso, pode ser ensinado por professores (surdos ou ouvintes) proficientes
em LIBRAS.
Escolas como essas representam, na verdade, uma tentativa de solução para o
problema discutido anteriormente. Falamos agora de contextos em que professo-
res ouvintes, não suficientemente proficientes em língua de sinais, atuam em par-
ceria com educadores surdos bilíngues. A presença desses surdos adultos permite
uma organização discursiva em sala de aula que leve os alunos a uma participação
ativa na construção do significado. É essencial que fique bem claro que o papel
do educador surdo não se confunde com o do intérprete. Ele participa do pla-
nejamento das aulas, atua em sala de aula orientado pelo professor e em diálogo
com ele. Nesse esquema de trabalho, em que o professor ouvinte e o educador
surdo atuam como parceiros, importantes pistas sobre o processo de ensino-apren-
dizagem dos surdos podem ser identificadas, tornando-se objeto de estudo. O
educador surdo – por ser proficiente na língua natural dos alunos e estar inserido
na comunidade surda compartilhando suas vivências e seus modos específicos de
significar o mundo – tem mais condições de observar aspectos da aprendizagem
que passam despercebidos aos olhos do professor ouvinte.
Pelo que acaba de ser exposto, entre a escola real e aquela que os surdos dese-
jam ainda há um desafiante caminho a percorrer e muito o que pesquisar e apren-
der nesse universo educacional.
Instala-se, assim, um verdadeiro paradoxo: os discursos favoráveis à inclusão
de surdos em salas de aula junto aos ouvintes defendem a remoção de barreiras e
ambientes o menos restritos possível, mas acabam por legitimar espaços em que o
aluno, no caso o surdo, sente-se limitado: nem pode compreender por si próprio o
que dizem seus colegas e professores nem tem a chance de desenvolver sua língua
e cultura em um ambiente que possibilite contato com seus pares.
Fernandes (1999, p.79) faz uma séria declaração sobre as necessidades dos
surdos quando diz:
capítulo 4 • 72
Há inúmeras ações a serem praticadas que envolvem um projeto de educação que
considere em sua proposta curricular o legado histórico e cultural das comunidades
surdas, novas tecnologias educacionais pautadas essencialmente em recursos visuais,
formação de professores edificadas em concepções sócio-antropológicas, maior parti-
cipação da comunidade surda na gestão dessa educação, entre outros aspectos. Não
é apenas a mudança na língua em que são transmitidos os conteúdos ou critérios de
avaliação mais justos em relação às diferenças linguísticas que apresentam, o que vai
garantir ou orientar uma nova abordagem curricular, mas a compreensão do sujeito
surdo em sua totalidade sócio-histórico-cultural.
Ao aprender o português do Brasil como uma nova língua, o aprendiz poderá fazê-lo
em duas circunstâncias distintas: português como língua estrangeira ou como segun-
da língua. Na primeira, trata-se de aprender o português num país em que ele não
seja língua nacional ou oficial. Assim, um alemão que aprenda português na Alemanha
estará diante de uma língua estrangeira. Se o aprendiz for um dos cidadãos brasileiros
que não têm o português como primeira língua, como os índios, alguns imigrantes e os
surdos (falantes de LIBRAS), ele aprenderá o português como segunda língua.
[...] o português é para eles uma segunda língua, pois a língua de sinais é a sua pri-
meira língua, só que o processo não é o de aquisição natural por meio da constru-
ção de diálogos espontâneos, mas o de aprendizagem formal na escola. O modo de
ensino/aprendizagem da língua portuguesa será, então, o português por escrito, ou
seja, a compreensão e a produção escritas, considerando-se os efeitos das modalida-
des e o acesso a elas pelos surdos. (SALLES, FAULSTICH, CARVALHO E RAMOS,
2004,p.115)
Trabalhar com textos para alunos surdos pede, sempre que possível, que estes
contenham temas relacionados à experiência dos aprendizes, levando a um maior
envolvimento pessoal e provocando reações e manifestações. Além disso, é inte-
ressante o uso de imagens, que podem ser retiradas de artigos de revistas e jornais,
bem como propagandas.
capítulo 4 • 73
Os textos a serem usados para o ensino/aprendizagem de português escrito
estão relacionados à concepção interacionista.
É garantido pela legislação brasileira que a comunidade surda utilize a LIBRAS
para se comunicar e ter acesso às informações, mas a alfabetização deve ocorrer em
língua portuguesa.
Guarinello (2007, p.53) comenta uma triste realidade dos surdos brasileiros:
No Brasil, a grande maioria dos surdos adultos não domina a língua portuguesa. Além
disso, há uma considerável parcela de surdos brasileiros que não têm acesso à língua
de sinais, ou por motivo de isolamento social ou, principalmente, pela opção da família
por uma escola que não utilize língua de sinais, o que causa, além das defasagens
escolares, dificuldades e impedimento quanto à inserção dessas pessoas no mercado
de trabalho.
Toda dificuldade na aquisição da LP, por parte dos surdos, está centrada na
forma como ela é ensinada, muitas vezes da mesma maneira como se ensina para
pessoas ouvintes, desconsiderando a ausência da audição. Muitas repetições de
palavras e falta de contexto. Porém o aprendizado da LIBRAS anteriormente é
fundamental para que o surdo já tenha um canal de comunicação adquirido.
Podemos reforçar essa ideia, citando Guarinello (2007, p.55):
[...] alfabeto manual – [...]Vale lembrar que de nada adiantará a soletração pelo profes-
sor se o significado da palavra for desconhecido para o aluno.
– mímica/dramatização –[...]poderá acompanhar ou enriquecer os conteúdos discuti-
dos em sala de aula e que, embora não exerçam a função simbólica de uma língua, dão
conta de constituir significados.
capítulo 4 • 74
– desenhos/ilustrações/fotografias – poderão ser aliados importantes, pois trazem,
concretamente, a referência ao tema que se apresenta.
– recursos tecnológicos (vídeo/TV, retroprojetor, computador, slides, entre outros) –
constituem instrumentos ricos e atuais para se trabalhar com novos códigos e lingua-
gens em sala de aula.
– língua portuguesa escrita – apresenta-se como uma possibilidade visual de estar re-
presentando as informações veiculadas em sala de aula. O professor poderá organizar
um roteiro do conteúdo a ser abordado, com palavras-chave. Mais uma vez, é bom lem-
brar que palavras desconhecidas devem ter seu conteúdo clarificado para os alunos,
sob o risco de tornarem-se um indicador sem efeito.
– língua portuguesa oral / leitura labial – a língua oral desenvolvida com os surdos até
hoje é baseada, fundamentalmente, no treino fonoarticulatório/estimulação auditiva.
Como consequência, apenas uma pequena parcela de alunos surdos (não mais que
20%, segundo as pesquisas) puderam apresentar realmente a possibilidade de co-
municação oral. [...]Entretanto, mesmo entre os surdos treinados para o domínio desta
técnica, há estudos demonstrando ser a leitura labial um meio ineficaz para a com-
preensão plena, entre os interlocutores, uma vez que, na melhor das hipóteses, 50%
da mensagem estará comprometida pela dificuldade de leitura de fonemas não visíveis
para os surdos e pela rapidez do fluxo da fala.
capítulo 4 • 75
tônica, pontuação, estudos comparativos entre as letras e os fonemas – x com som
de z, s, ks... Podemos também ressaltar que a língua de sinais, por ser uma língua
com características próprias, irá interferir no texto produzido em LP pelo surdo.
Existe boa incorporação das regras ortográficas por parte dos alunos surdos,
porque sua atenção é visual e não há associação dos sons com a escrita, porém a
acentuação é vinculada à oralidade (sílaba átona ou tônica), portanto os alunos
com surdez têm maior dificuldade. Ritmo e entonação são a base para a pontua-
ção, o que é dificultado sem a presença dos sinais.
O uso de artigos, elementos de ligação (preposição, conjunção, pronomes...),
gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural) é inadequado, pois não
existem em língua de sinais ou não há correspondência exata.
O aprendizado da LP pelos alunos surdos necessita que estes, antes da produ-
ção textual, tenham compreensão e que antes da escrita haja muitas leituras que
ampliem seus horizontes e vocabulários, como analisa Quadros (2006).
Vamos observar as frases produzidas por surdos contidas no material do AEE
(2006, p.44), todas baseadas nas imagens de situações cotidianas, porém a estru-
tura sempre é simples e usam-se nomes do dia a dia:
Perceber a necessidade e a importância da língua portuguesa pode ser o pri-
meiro passo para o surdo iniciar sua aprendizagem neste idioma. Inserir-se no
mercado de trabalho e ler revistas, jornais, receitas de bolo, cartas, e-mails e bula
de remédio, por exemplo, depende da forma escrita da língua do país, no caso do
Brasil, a LP. “A escrita deve ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para
a vida” (VYGOTSKY, 1984, p.133).
capítulo 4 • 76
língua de sinais para que possa realmente usufruir da presença dos intérpretes de
LIBRAS.
CONEXÃO
Mesmo que o intérprete escolar seja “atento, ativo e participante, não transforma o pro-
jeto educacional ouvinte em um projeto educacional que pensa também as questões dos
sujeitos surdos. O aluno surdo continua à deriva, apreendendo aquilo que lhe é possível, em
meio às adversidades”. (LACERDA, 2000, p. 82)
– Você concorda com isso? Pense, analise!
A presença de intérpretes nas salas de aula das escolas regulares tem sido apon-
tada como solução para a inclusão dos surdos. Há várias questões em relação a esse
contexto sendo debatidas e estudadas (LACERDA, 2000). Tais questões apontam
que, no caso de os alunos já serem proficientes em língua de sinais, a presença
do intérprete não garante ao aluno surdo o direito de negociar significados com
o professor, o que em tese é possível aos estudantes ouvintes. A construção do
conhecimento demanda um processo de trocas discursivas entre os participantes
(professores e alunos) e, nesse esquema interacional (professor/intérprete/aluno),
a participação do aluno surdo está impedida ou sofre muita restrição.
ATIVIDADES
01. Descreva com suas palavras os AEEs da área da surdez.
a) c)
b)
capítulo 4 • 77
04. Observe os sinais e escreva seu significado:
a)
b)
c)
REFLEXÃO
Sabemos que o processo de inclusão é necessário, e não somente para as pessoas com
deficiência, mas acima de tudo para tornarmos nossas escolas mais democráticas e huma-
nas. Porém, faz-se necessário que atitudes sejam tomadas; necessita-se de investimento
econômico e político para que realmente tenhamos uma educação que comungue dos ideais
de uma educação que atenda bem a todos.
capítulo 4 • 78
LEITURA
DAMAZIO,M.F.M.; LIMA,C.V.P. SILVA,A. Atendimento Educacional Especializado
pessoas com surdez. São Paulo: MEC/SEESP,2007.
FREIRE, A.M.F; FAVORITO, W. Relações de poder e saber na sala de aula: contextos
de interação com alunos surdos. In: CAVALCANTI, M.C; BORTONI-RICARDO, S.M. (Org.)s
Transculturalidade, linguagem e educação. Campinas: Mercado da Letras, 2007.
LACERDA, C.B.F de. O intérprete de língua de sinais no contexto de uma sala de
aula de alunos ouvintes: problematizando a questão. In.: LACERDA, C.B.F.; GÓES, M.C.R.
de (Orgs.). Surdez: processos educativos e subjetividade. São Paulo: Editora Lovise, 2000.
LACERDA, C.B.F de. A inserção da criança surda em classe de crianças ouvin-
tes: focalizando a organização do trabalho pedagógico. Disponível em: <http://www.
anped.org.br/1518t.htm>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______.Decreto nº4176, de março de 2002.Regulamenta a Lei Federal nº10436, de 24 de abril de
2002, que dispõe sobre a língua brasileira de sinais LIBRAS. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/
seesp/leis>.
______. Lei nº 10845, de 5 de março de 2004. Institui o Programa de Complementação ao
Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência. Brasília. Disponível em:
<http://www.mec.gov.br/seesp/leis>.
______.Declaração de Salamanca (1994).Disponível em: <http: //www.mec.gov.br/seesp/leis>
BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB n.º 9.394, de 20
de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, 23 de dezembro de 1996.
capítulo 4 • 79
capítulo 4 • 80
5
Iniciando o
Conhecimento e
o Aprendizado da
Língua de Sinais
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado
da Língua de Sinais
OBJETIVOS
• Entender a estrutura da língua brasileira de sinais bem como algumas das tecnologias
assistivas que podem contribuir para as pessoas que apresentam essa necessidade especial.
capítulo 5 • 82
Outros nasceram ouvintes e, portanto, a audição tinha funcionalidade e o portu-
guês era L1; outros surdos somente tiveram experiências educacionais oralistas;
há ainda os surdos que viveram isolados de toda e qualquer forma padronizada
de comunicação.
O grande desafio para o sistema educacional é lidar com as diferenças e buscar
alternativas de como atingir a todos os alunos surdos com histórias linguísticas tão
distintas. Não se nega que a pessoa surda apresente uma limitação auditiva, porém
busca-se uma concepção de sujeito com potencialidades, traduzidas por constru-
ções artísticas, linguísticas e culturais visuais, e não orais-auditivas.
Algumas definições e diferenciações são necessárias para o estudo da língua
de sinais:
capítulo 5 • 83
mudar completamente seu significado em função da expressão facial utilizada pelo
sinalizador.
Quadros e Pimenta (2006), por exemplo, explicam que existem dois tipos
diferentes de expressões faciais: as afetivas e as gramaticais (lexicais e sentenciais).
Segundo esses autores, as afetivas referem-se a sentimentos e/ou emoções – por
exemplo, raiva, medo, alegria, desconfiança, entre outras. Já as expressões faciais
gramaticais lexicais estão ligadas ao grau dos adjetivos – por exemplo, nos sinais
bonito, bonitinho e lindo.
Segundo Ferreira Brito (1993; 1995), a língua brasileira de sinais é uma língua
natural, com estrutura própria e regida pelos princípios universais. Ainda para
esta autora, as expressões faciais e corporais têm funções importantes na Língua
Brasileira de Sinais, uma vez que elas preenchem a função de entonação, com o
intuito de diferenciar as sentenças afirmativas das negativas, das que têm como
objetivo a solicitação, e mesmo das sentenças imperativas.
Quadros e Karnopp (2000) trazem um quadro (mostrado abaixo) de expres-
sões não manuais da língua brasileira de sinais e confirmam as informações de
outros autores sobre esse fenômeno. Veja:
Bochechas infladas
Bochechas contraídas
Lábios contraídos e projetados e sobrance-
lhas franzidas
ROSTO - PARTE INTERIOR Correr a língua contra a parte interna da bochecha
Apenas bochecha direita inflada
Contração do lábio superior
Franzir do nariz
capítulo 5 • 84
EXPRESSÕES NÃO-MANUAIS DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA
Cabeça projetada para frente, olhos levemente
ROSTO E CABEÇA cerrados, sobrancelhas franzidas
Cabeça projetada para trás e olhos arregalados
para frente
Para trás
TRONCO Balanceamento alternado dos ombros
Balanceamento simultâneo dos ombros
Balanceamento de um único ombro
Para essas autoras, as expressões não manuais são aquelas que marcam senten-
ças interrogativas de resposta tipo “sim” e “não”, sentenças interrogativas, orações
relativas, topicalizações, concordância e foco. Em relação às expressões não ma-
nuais que marcam diferenciação de itens lexicais.
Os estudos iniciais da Libras buscaram comprovar e descrever a composição
dessa língua:
capítulo 5 • 85
Ex: faca/ taca, foca/toca, (F e T somente invertem a posição do dedo indica-
dor quando se faz a datilologia dessas palavras.)
A B C D E F
G H I J K L
M N O P Q R
S T U V W X
Y Z 1 2 3 4
5 6 7 8 9 0
Mão em L Ontem
capítulo 5 • 86
Alemanha
Água
João
1,2,3...
Número (tem movimento)
capítulo 5 • 87
Telefone (estático)
Por que?
capítulo 5 • 88
Triste
Observe que nas figuras anteriores o sinal está associado a uma expressão facial
correspondente.
a. b. c.
d. e. f.
g. h. i.
j. k. l.
capítulo 5 • 89
CONEXÃO
Para iniciar o aprendizado de alguns vocábulos da LIBRAS, acesse o site
www.acessobrasil.org.br ou
www.ines.gov.br
Neles você poderá observar as expressões e as configurações das mãos.
Segundo Britto (1995), as sentenças da LIBRAS são mais flexíveis no que diz
respeito à ordem das palavras ou constituintes do que as sentenças do português,
de modo que a topicalização, muito mais frequente do que no português, pode ser
considerada regra geral na LIBRAS.
Para muitas pessoas, a comunicação por meio dos sinais ocorre pela soletração
das vogais e consoantes, mas o uso do alfabeto datilológico é apenas um dos recur-
sos das línguas de sinais, cuja função é a soletração de palavras tais como nomes
próprios, siglas, empréstimos, que ainda não possuem sinais próprios ou que, para
determinado grupo ou pesssoa, seja desconhecido.
Os pronomes são indicados por apontamento.
Segundo Brito (2008), os pronomes pessoais em LIBRAS:
capítulo 5 • 90
Eu
El@
Nós
Você
ME@
SE@
capítulo 5 • 91
As frases interrogativas – quem, como, quando, onde e por que são repre-
sentados por meio da expressão facial e, na maioria das vezes, no final das frases.
Onde?
Porquê?
?
2008/2009
maio
Quando?
Quantos?
!
capítulo 5 • 92
Os verbos são usados no infinitivo. Segundo Brito (2008):
[...] quando o verbo refere-se a um tempo passado, futuro ou presente, o que vai marcar
o tempo da ação ou do evento serão itens lexicais ou sinais adverbiais como ONTEM,
AMANHÃ, HOJE, SEMANA PASSADA, SEMANA QUE VEM. Com isso, não há risco
de ambiguidade porque sabe-se que, se o que está sendo narrado iniciou-se com uma
marca no passado, enquanto não aparecer outro item ou sinal para marcar outro tem-
po, tudo será interpretado como tendo ocorrido no passado.
2008/2009
maio
2008/2009
maio
?
2008/2009
maio
capítulo 5 • 93
Exemplo: ONTEM PASSEAR CASA MARIA.
PINTAR CABELO AMANHÃ.
Os adjetivos são sinais que formam uma classe específica na LIBRAS e sempre
estão na forma neutra, não havendo, portanto, marca para gênero (masculino e
feminino) nem para número (singular e plural).
Exemplo: CACHORR@ BONITO,PRET@ ENGRAÇAD@
Usa-se muito os classificadores, que são um:
[...] tipo de morfema gramatical que é afixado a um morfema lexical ou sinal para men-
cionar a classe a que pertence o referente desse sinal, para descrevê-lo quanto a
forma e tamanho, ou para descrever a maneira como esse referente é segurado ou se
comporta na ação verbal.[...] classificadores são afixos incorporados ao radical verbal
ou nominal (BRITO,2008)
CL Classificador
Andar (animal)
Andar (pessoa)
Em LIBRAS, os classificadores são configurações de mãos que, relacionadas a
coisa, pessoa e animal, funcionam como marcadores de concordância, substituin-
do o nome que as precede, podendo vir junto ao verbo para classificar o sujeito
capítulo 5 • 94
ou o objeto que está ligado à ação do verbo. Exemplo: o verbo “cair” para pessoa é
diferente do verbo “cair” para papel.
Existem diferenças entre os numerais cardinais e ordinais. Os números tam-
bém apresentam variações.
Números cardinais para: número do ônibus, da casa, do apartamento, do te-
lefone etc.
©© FONTE: LIBRAS EM CONTEXTO(2007)
©© FONTE: LIBRAS EM CONTEXTO(2007)
171
69
2 3
1
4 5
7 8
6
#
*
9
0
Quantidade
capítulo 5 • 95
Por onde começar a aprender libras
Bom dia
Boa tarde
Boa noite
Qual aluno não gostaria que seu professor chegasse e o cumprimentasse res-
peitosamente na sua língua, a LIBRAS? Com certeza ele sentiria que faz parte da
sala, do grupo.
Desculpa
capítulo 5 • 96
Obrigado
LEITURA
Por favor!
Oi!
Palavras simples mas que são de fundamental importância quando pedimos
aos nossos alunos:
“Por favor, feche a porta!” ou “Por favor, abra o livro na página 32.”
“Obrigado por me ajudar.”
“Oi, bom dia!”
Na educação, o aprendizado ocorre com maior fluidez quando ele é funcio-
nal, quando os alunos percebem sua utilidade no dia a dia. Como diria Freinet
(ano), temos que aproximar a escola e o ensino da vida dos alunos. Agora que
temos um vínculo criado através das atitudes de boas maneiras, podemos iniciar
o aprendizado deste idioma, a LIBRAS, mas nunca esquecendo que ele precisa
ser contextualizado.
Vamos elaborar algo seguindo os caminhos deste material, mas antes é impor-
tante que se reflita sobre o texto abaixo que foi escrito por dois surdos americanos.
capítulo 5 • 97
LEITURA
“Você precisa ser surdo para entender”
capítulo 5 • 98
Cada pessoa tem sua parcela de responsabilidade quando buscamos uma so-
ciedade mais humana e democrática. Respeitar as diferenças entre todas as pessoas
é o começo.
A B C D E F
FONTE: LIBRAS EM CONTEXTO (2007)
G H I J K L
M N O P Q R
S T U V W X
Y Z 1 2 3 4
5 6 7 8 9 0
capítulo 5 • 99
O aprendizado das letras auxiliará na escrita dos nomes, dos endereços ou
de qualquer informação que não tenha sinal padronizado. Os números ajudam a
identificar RG, CPF, telefone, celular ou qualquer coisa que use numeral.
Qualquer sinal deve ser criado por pessoas surdas, e nunca por ouvintes. Este
sinal será como uma identificação pessoal, será algo com características próprias
para determinada pessoa, lugar, comida, bebida etc.
Por exemplo: um homem pode ter um bigode que para a pessoa surda que está
elaborando o sinal o caracterize ou uma pessoa pode ter algo na testa, uma man-
cha ou uma pinta que chame a atenção ou que seja algo que somente esta pessoa
possui ficando estes o sinal para identificá-las.
Paulo Freire, em seu método de alfabetização, acreditava que temos que traba-
lhar a partir do mundo que cerca o aluno, de tudo o que for real, vivo, que tenha
significado, vocabulários e contexto em que a pessoa está inserida. Partindo dessas
mesmas ideias, após sabermos as letras e os números, podemos pensar:
Onde seriam usados esses conhecimentos? Em entrevista de emprego, matrí-
cula em escola, cadastro em geral etc.
b) Identificação
Este item seria o complemento do que já foi citado anteriormente, mas agora
com o sinal para as palavras. Todos os itens são úteis em vários contextos e tam-
bém para buscar informações.
Os componentes de uma ficha de identificação seriam: nome, idade, endere-
ço, telefone, bairro, cidade, estado, país, e-mail, celular, RG etc.
capítulo 5 • 100
Nome
Idade
Endereço
1, 2, 3...
Número
Apartamento
Bairro
capítulo 5 • 101
Cidade
CEP
Estado
País
Telefone
capítulo 5 • 102
Celular
RG
capítulo 5 • 103
d) Pensar em temas geradores para adquirir vocabulário em contexto é a
ideia central.
Exemplo: “Ir ao supermercado” envolve verbos (comprar, vender, pagar, pro-
curar, comer, beber, gostar), alimentos (carne, frutas, bolacha, pão, arroz), bebidas
(água, cerveja), uso de dinheiro, entre outras coisas.
Com esse tema podemos enfocar vários assuntos, os diálogos serão úteis para
o dia a dia, pensando que as pessoas podem auxiliar os surdos em vários locais não
somente em ambientes escolares, mas em bancos, hospitais, delegacias etc.
Passeio no shopping center, um dia na escola, uma viagem pelo mundo são
sugestões que fazem a diferença no ensino da LIBRAS. Sempre que possível, usar
o teatro como recurso didático indispensável.
capítulo 5 • 104
ele é um software interativo, o usuário poderá digitar a palavra ou a frase e ele
demonstrará o resultado.
capítulo 5 • 105
Telefone para surdos (TS)
capítulo 5 • 106
programa sincroniza-se com a voz do interlocutor, possibilitando ao surdo ler os
lábios da imagem transmitida por seu emissor.
É necessário estar conectado a um computador.
Pretende-se difundir e implantar o produto em vários países. O LipCcell não
impõe limitação idiomática: todos os idiomas podem ser traduzidos pelo programa.
Closed-caption é uma legenda oculta que foi criada para permitir aos surdos
e às pessoas com dificuldades auditivas o acesso a programas, comerciais e filmes
veiculados na televisão e em vídeo. Esta legenda oculta funciona como o áudio do
programa e são passadas as informações literais e não literais.
Há duas formas de legendas ocultas: a on-line, que é feita em tempo real pela
estenotipia ou software de reconhecimento de voz, e a off-line, pós-produzida em
programas gravados, utilizando computadores com softwares específicos.
©© YOUTUBE / TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
capítulo 5 • 107
A obrigatoriedade do uso de legenda oculta nas emissoras de TV está em-
basada em duas leis: a primeira – Decreto de lei 5.296, Lei da Acessibilidade no
Capítulo VI – Do Acesso à Informação e Comunicação; a segunda no Art. 52
lei 10.098, de 19 de Dezembro de 2000, publicada no D.O.U. de 20.12.2000,
no Capítulo VII – Da acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização,
Art.17,18 e 19.
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Ouvido biônico – implante coclear
CONEXÃO
Vamos assistir ao vídeo My smart hands – Bebês e a língua de sinais, que mostra o con-
tato de uma mãe e seu filho implantado.
Disponível em http://www.libras.info/2010/08/my-smart-hands-bebes-e-lingua-de-sinais.html
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©© WIKIMEDIA
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Quanto maior o número de eletrodos implantados, melhores serão as possibi-
lidades de percepção dos sons.
WIKIMEDIA
Acessibilidade na inclusão
Com base nos princípios do Desenho Universal e da Lei nª 10.098/00, toda escola
deve promover ambiente acessível, eliminando as barreiras arquitetônicas e adequando
os espaços que atendam à diversidade humana. Recentemente também foi promulgado
o Decreto no 5.296:2004 que “estabelece normas gerais e critérios básicos para a pro-
moção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e dá
outras providências”. Esse Decreto estipula um prazo de 30 meses, para que os lugares
públicos organizem seus espaços de forma a torná-los acessíveis. (BRASIL, 2008)
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Pensar em incluir é importante, mas também temos que dar condições para
que as pessoas com deficiência possam realmente ter seus direitos garantidos.
ATIVIDADES
01. Que número são estes?
a) __________________________
b) __________________________
a) __________________________
b) __________________________
c) __________________________
04. Cite alguns recursos da tecnologia que auxiliam as pessoas com surdez.
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05. Cite alguns recursos da tecnologia que auxiliam as pessoas com surdez.
06.
Pense nos locais que você frequenta. Quais têm acessibilidade para as pessoas
com surdez
REFLEXÃO
Agora vamos pensar por ser uma língua com todas as características das demais a LI-
BRAS deve ser estudada e aprofundada por muito tempo. Além da convivência com surdos
fazer com que haja maior fluência e aprendizado.
Os avanços na área das tecnologias só tem a contribuir para as pessoas com deficiência,
porém ainda temos que discutir o custo das mesmas. Pois vale salientar que nem todos tem
acesso a bons empregos que possam custear estes recursos.
Os avanços na área das tecnologias só têm a contribuir para as pessoas com deficiência,
porém ainda temos que discutir o custo dessas tecnologias, pois vale salientar que nem to-
dos têm acesso a bons empregos que possam custear estes recursos.
LEITURA
BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o aten-
dimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos. 2 ed. SEESP/MEC. Bra-
sília: MEC, 2006.
FELIPE, T.A. Introdução à Gramática de LIBRAS. In: BRASIL, Ministério da Educação
e do Desporto. Secretaria de Educação Especial. Educação especial: Deficiência Auditiva.
Brasília, 1997.
FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática de Línguas de Sinais. Rio de Janeiro: Tem-
po Brasileiro, 1995
QUADROS, R. M. de. Educação de Surdos: A Aquisição da Linguagem. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1997.
______; KARNOPP, L.B. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. Porto Ale-
gre: Artes Médicas, 2004.
RAIÇA, Darcy (org.). Tecnologias para a Educação Inclusiva. São Paulo, AVERCAMP.
Este livro retrata o despreparo dos professores e o excesso de alunos por sala, assim
como a falta de apoio no processo de inclusão, costumam ser foco de queixas e resistência
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dos professores do movimento inclusivo. O livro aborda também a resistência ao uso da
tecnologia por parte dos professores nas escolas e à velocidade da tecnologia, que torna
necessárias constantes atualizações por parte dos docentes. Ainda aponta a importância da
inclusão, afirmando ser uma necessidade humana fazer parte da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITO, F. Por uma gramática das línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.
Disponível em: <http://www.ines.org.br/ines_livros/FASC7_INTRO.HTM>
CAPOVILLA,F.C.&RAFHAEL,W.D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua brasileira
de sinais. São Paulo,SP:EDUSP,2001.
MRECH, Leny Magalhães. A informática e a construção do conhecimento na educação especial.
Disponível em: <www.educacaoonline.pro.br>.
SANCHO, Juana María; HERNÁNDEZ, Fernando. Tecnologias para transformar a educação. Porto
Alegre,Artmed, 2006.
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