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DESIGN THINKING

Como a confiança criativa pode mudar (e impulsionar)


a sua forma de resolver problemas

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INTRODUÇÃO
“EXECUTIVOS NÃO DEVEM APENAS ENTENDER MELHOR
OS DESIGNERS; ELES PRECISAM SE TORNAR DESIGNERS.”
Roger Martin, Dean, Rotman School of Management

P
or muito tempo, ao longo do estudiosos do assunto, como Victor pensar como um designer, pois
século XX, o design andou Papanek, dentre outros, que o este, ao se utilizar do pensamento
lado a lado com a indústria colocaram como peça fundamental criativo, sistêmico e abdutivo como
no lançamento de produtos e no para a inovação e impacto social. norteador da geração de ideias em
zelo pelo apelo estético ao que detrimento do pensamento analíti-
era projetado. Ainda hoje há ecos Após quatro décadas, Tim Brown, co e dedutivo, irá gerar um impacto
desse modelo reducionista, pois presidente e CEO da IDEO, uma das positivo na experiência de quem
ele ainda é considerado por muitos consultorias mais bem sucedidas receberá aquele serviço, produto
apenas como uma ferramenta de design do mundo, apresentou ou processo.
estética. Mas a origem do campo em um TED Talk em 2009, o poten-
do design e de seus feitos sempre cial disruptivo do pensamento do A confiança criativa surge neste
foi muito mais ampla e transfor- design na resolução de problemas. contexto como elemento funda-
madora. O foco no ser humano e mental para empoderar aqueles
a inovação estão, desde o início, O Design Thinking é, portanto, uma que, de certa forma, se veem
presentes em seu DNA. forma de pensar e resolver pro- distantes ou se acham perdidos na
blemas complexos, utilizando-se hora de pensarem como designers.
Na década de 60, houve uma da empatia, da colaboração e da Todos somos criativos, e temos sim
retomada deste diálogo sobre a prototipação de ideias através da a capacidade de mudar para esse
vocação original do design por experimentação. É literalmente novo mindset. Vamos lá?

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As pessoas que têm confiança criativa
fazem melhores escolhas, partem mais
facilmente para novas direções e são
mais capazes de encontrar soluções
para problemas aparentemente
intratáveis. Eles veem novas possibili-


dades e colaboram com os outros para
melhorar as situações ao seu redor.
E abordam desafios com coragem.
David Kelley, fundador da IDEO
e criador da Stanford d.school

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OS TRÊS PILARES DO DT
EMPATIA
A empatia diz respeito a desafiar
suas ideias pré-concebidas de
algo colocando-se no lugar de
outra pessoa, deixando de lado o No Design Thinking,
que você acha que é verdadeiro o ser humano está no
para aprender o que realmente é centro de todo o processo.
verdade para o outro. Não se esqueça desse
pequeno grande detalhe!

COLABORAÇÃO EXPERIMENTAÇÃO
Significa pensar de forma coletiva O ato de colocar a “mão na massa” é
e integrada junto a grupos levado a sério. É importante sair do
multidisciplinares, somando inteligências, campo das ideias, da palavra escrita,
diferentes backgrounds e multiplicar construir e testar soluções de forma
exponencialmente a capacidade de visual e rápida para evitar problemas
entendimento e resolução de problemas. na fase final de implementação.

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AS 05 ETAPAS DO DT

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EMPATIA (RE)DEFINIÇÃO IDEAÇÃO PROTOTIPAÇÃO TESTE

INSPIRAÇÃO SÍNTESE EXPERIMENTAÇÃO ENTREGA

PENSAMENTO PENSAMENTO
DIVERGENTE CONVERGENTE

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EMPATIA
“OLHAR COM OS OLHOS DO OUTRO, OUVIR COM OS
OUVIDOS DO OUTRO, SENTIR COM O CORAÇÃO DO OUTRO”.
Alfred Adler, médico e psicólogo austríaco (1870-1937)
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A
fase da empatia é o momen- comportamentos de diversos tipos FERRAMENTAS
to de buscar o maior núme- de usuários (incluindo os usuários UTILIZADAS PARA
ro de informações sobre os extremos) e mapear seus padrões e ESTA FASE:*
atores e tentar entendê-lo, sob necessidades latentes.
uma perspectiva etnográfica. Ao
colocarmos no lugar do ator e A pesquisa (seja a pesquisa desk • Mapa de atores
analisarmos de perto seu ambi- ou a pesquisa de campo) é a fer- • Mapa de empatia
ente e o assunto a ser trabalhado, ramenta fundamental dessa fase, • Pesquisa desk
conseguimos captar e entender pois ela permitirá levantar um • Jornada do usuário
melhor suas dores e necessidades. grande número de informações • Cartões de insight
que servirão de insumo para as • 5 whys
O foco dessa fase (e de todo o próximas fases. Os insights por • Matriz HCD
processo do Design Thinking) é o exemplo, poderão surgir com
ser humano e suas necessidades, base em todo o material coletado
com o objetivo de identificar nas pesquisas de usuários.

6 *O objetivo deste ebook é apresentar e enumerar, de forma resumida, algumas das


possíveis ferramentas para cada etapa do Design Thinking.
(RE)DEFINIÇÃO
“SE VOCÊ DEFINIR CORRETAMENTE O PROBLEMA,
VOCÊ PRATICAMENTE TERÁ A SOLUÇÃO”.
Steve Jobs, CEO da Apple e designer (1955-2011).
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N
esta fase, há uma avaliação vislumbrar as oportunidades de FERRAMENTAS
profunda sobre o desafio atuação. É a hora de se debruçar no UTILIZADAS PARA
proposto, através da bus- problema de forma profunda e aten- ESTA FASE:
ca dos problemas reais e de suas ta, com os “olhos de explorador”.
causas, com base em todas as
informações coletadas nas fases an- É também o momento de formular • Diagrama de
teriores. É o momento inclusive de muitas perguntas, fazendo com que afinidades
questionar o problema e ver se ele é as pessoas deem um passo atrás e • Matriz de definição
de fato o que se busca solucionar ou reconsiderem práticas enraizadas do problema
é apenas uma mera sequência de e comportamentos pré-definidos, • Entrevista em
fatos que são ainda desconhecidos. com o objetivo de trazer à tona profundidade
informações ocultas, que poderão • Personas
O entendimento do que se busca conduzir a valiosos insights e • How might we
solucionar é essencial neste momen- ajudar a resolver o problema
to, pois a partir disso, conseguiremos de formas inesperadas.

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IDEAÇÃO
“QUÃO BOA É UMA IDEIA SE ELA PERMANECER COMO UMA
IDEIA? TENTE. EXPERIMENTE. REPITA. FALHE. TENTE
NOVAMENTE. MUDE O MUNDO”.
Simon Sinek, antropólogo.

E
ste é o momento de gerar
o maior número de ideias
possíveis para a solução dos
processo de geração de ideias seja
mais assertivo e tenha um resulta-
do dotado de diferentes soluções
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FERRAMENTAS
UTILIZADAS PARA
problemas em foco, utilizando a cri- e pontos de vista. ESTA FASE:
atividade para estimular a criação
de soluções que possam resolvê-los Nesta fase, também são rea-
e estejam de acordo com o contexto lizados diversos writestormings • Brainstorming
do assunto trabalhado. e brainstormings com todos os • Brainwriting
envolvidos, do cliente ao usuário • Workshops de
É importante que, nesta fase, haja final, e geradas inúmeras ideias, cocriação
uma grande diversidade de perfis e todas catalogadas em cardápios • SWAP
vivências entre os integrantes dos de ideias que posteriormente • Cenários futuros
grupos multidisciplinares. Em es- poderão ser validadas com os cli- • E se...
pecial dentre eles os usuários que entes e usuários e, após este gate • Analogias de ideias
serão diretamente impactados pe- de aprovação, consultadas para a
las soluções. Isso possibilita que o próxima etapa.

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PROTOTIPAÇÃO
“SE VOCÊ ESTÁ REALMENTE INOVANDO, VOCÊ NÃO POSSUI
UM PROTÓTIPO AO QUAL VOCÊ POSSA SE REFERIR.”
Jonathan Ive, executivo de design da Apple
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A
fase da prototipação é o rápida. Criar protótipos diferentes, FERRAMENTAS
momento esperado de validar que evidenciem aspectos varia- UTILIZADAS PARA
as ideias geradas de forma dos do produto ou serviço, são a ESTA FASE:
simples, rápida e barata, através da entrega-chave desta fase, pois será
construção de protótipos materiais a partir deles que os feedbacks de
que servirão de modelos reais das melhoria serão gerados. • Storyboard
soluções propostas pelos grupos. É • Encenação
também a fase de avaliar a interação O protótipo deve ser capaz de • Maquetes
dos usuários e de suas experiências responder dúvidas, como o con- • Protótipos
com as propostas projetadas. ceito de ser desejável, útil, fácil de tridimensionais
usar, viável ou possível, e ainda
A construção de modelos ajuda elucidar para quem estamos pro-
na visualização de ideias como jetando, quais as informações ain-
reais e tangíveis, além de auxiliar da faltam e o que ainda queremos
na iteração de soluções de forma saber sobre o público em destaque.

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TESTE
“O PROCESSO DO DESIGN É MELHOR ENTENDIDO META-
FORICAMENTE COMO UM SISTEMA DE ESPAÇOS AO INVÉS DE
UMA SÉRIE PRÉ-DEFINIDA DE ETAPAS ORDENADAS (...) QUE
JUNTOS FORMAM O CAMINHO CONTÍNUO DA INOVAÇÃO.”
Tim Brown, criador da IDEO.
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A
fase de Teste é a última da abordagens alternativas para as FERRAMENTAS
abordagem de Design Thinking soluções. Nesse sentido, o teste faz UTILIZADAS PARA
e, por essa razão, crucial para o parte do processo de prototipação, ESTA FASE:
sucesso de um determinado projeto. que inclui rápidos ciclos de criação
Agora as ideias serão colocadas à pro- de soluções e de verificação se tais
va para sua validação pelos usuários soluções cumprem e entregam de • Feedback
dos serviços/produtos e perante o forma positiva seu potencial. • Mural de projeto
mundo real e seus stakeholders. • Teste conceitual
Na fase de teste, as soluções devem
O protótipo não só tangibiliza a ideia, ser aperfeiçoadas e refinadas até que
mas também é o meio para atingir o todos os aspectos problemáticos
objetivo de testar as ideias pelo ato tenham sido removidos ou aper-
de fazer e pôr a mão na massa, rece- feiçoados, até que não haja mais
ber feedbacks, descobrir eventuais valores a serem agregados dentro do
problemas e derivar (e ou pivotar) escopo e do contexto do projeto.

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OS 3 TIPOS DE DESIGN*
“DEVEMOS INVESTIR EM EDUCAÇÃO PARA DESENVOLVER UMA
PERSPECTIVA MAIS HÍBRIDA PARA A CRIATIVIDADE NO SÉCULO XXI:
TECNOLOGIA - NEGÓCIOS - DESIGN” Para ser um design thinker,
John Maeda, designer, executivo e empreendedor
não é necessário ser um
designer. #FICAADICA

DESIGN NEGÓCIOS TECNOLOGIA


“Design Thinking” “Computational design”
“classical design”
Porque a execução Projetando para bilhões
Há uma forma correta de
superou a inovação, e de pessoas em tempo
fazer que é perfeita, bem
a experiência importa. real e em escala.
construída e completa.

Velocidade
A Revolução industrial e a A necessidade de inovar em relação O impacto da Lei de Moore, da
efervescência social e cultural à necessidade do consumidor computação móvel e dos novos
exige empatia paradigmas digitais

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*Embora esta análise do autor seja mais focada aos profissionais de design, é evidente a importância que o autor ressalta para o Design Thinking como um mindset fundamental
para a resolução de problemas de nossa era.
CONFIANÇA CRIATIVA

O
Design Thinking começa com Por mais estranho (e incômodo) A confiança criativa é hoje um dos
o pensamento divergente, que possa parecer este processo, mindsets que devem ser persegui-
com o objetivo de expandir é importante confiar nele e ser oti- dos a todo custo, pois ela propor-
o panorama de opções para depois mista até o fim, mesmo não tendo ciona uma nova visão (a do explo-
convergir em soluções devida- a menor ideia do caminho a ser rador) de encarar o mundo que
mente pensadas e estruturadas traçado no lançamento do desafio. gera novas abordagens e soluções.
com o foco no ser humano. E este Todos nós temos a capacidade Ter confiança criativa é acreditar
processo é dinâmico e iterativo, de criar, independente de nossas em sua potencialidade de gerar
podendo se repetir por inúmeras áreas de atuação, e temos nossos mudança no mundo ao seu redor.
vezes, independente da fase em que sentidos que, se forem amplifica- E esta capacidade de acreditar em
se encontra o projeto. Há inclusive dos e devidamente auscultados, seu potencial criativo é a base de
momentos em que é necessário dar podem captar frequências ao nos- qualquer processo que tenha como
um passo atrás e começar todo o so redor que nos trarão insumos objetivo a busca incessante pela in-
processo, levando-se em conta os para a geração de ideias capazes de ovação. Basta acreditar e exercitar
aprendizados dos seus erros. mudar a nossa realidade. esta nova forma de agir e pensar.

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REFERÊNCIAS

KELLEY, Tom. Creative Confidence: Unleashing the Creative Potential Within Us All. 1 ed. Massachussets:
Crown Business, 2013.

VIANNA, Maurício; et al. Design Thinking: Inovação em Negócios. 1 ed. Rio de Janeiro: MJV Press, 2012.

IDEO. The Field Guide to Human-Centered Design. 1 ed. Canada: IDEO, 2015.

Design Thinking Toolkit para Governo. Disponível em: <http://portal.tcu.gov.br/inovaTCU/toolkitTellus/index.


html>. Acesso em 20 de agosto de 2017.
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