Você está na página 1de 13

"GENTILEZA GERA GENTILEZA"

"Gentileza gera gentileza" e, conseqüentemente, paz e harmonia... Seja você,


mas aceite também a maneira de ser do outro!

Não podemos transformar o mundo e deixá-lo do nosso jeito, se assim fosse a


vida seria muito triste, não seríamos humanos e sim máquinas com manuais de
instrução. As diferenças existem para que possam ser superadas e para que
possamos aprender a amar ao próximo, aceitando-o como ele é.

Isto não significa que devemos aprovar maus comportamentos, falta de caráter
ou seguir pela mesma linha, para isto temos nosso julgamento interior e o livre
arbítrio, ambos nos guiam nas escolhas entre o certo e o errado... O que
precisamos é de muita habilidade para lidarmos com estes dois elementos, a
escolha entre o certo e o errado é muito relativa... O que é certo ou errado para
nós não tem, necessariamente, o mesmo significado para os outros.

Portanto, sejamos gentis para com tudo e todos. Sejamos gentis para com os
animais, o planeta e, principalmente, as pessoas, pois elas não são e nunca serão
iguais ao que qualificamos como justo e correto.

Precisamos ler o mundo nas entrelinhas, esquecendo o nosso próprio ego. Um


dos nossos maiores inimigos é o nosso "eu interior". Se não nos conhecemos e
não nos aceitamos como verdadeiramente somos, nunca conseguiremos alcançar
ao outro, portanto deixemos de hipocrisia e vamos encarar de frente que não
existe uma pessoa, uma única pessoa neste mundo que possa dizer sou perfeito,
sou puro, sou verdadeiro, não erro, não minto, não julgo, não atiro pedras no
telhado dos outros. Hipócrita é aquele não conhece a si mesmo e em nome da
verdade e da liberdade de pensamento se torna grosseiro e rude ao expressar
seus sentimentos. É aquele que não conhece o significado da palavra gentileza!

Somos hipócritas quando pretendemos que o mundo e as pessoas girem ao nosso


derredor, quando cremos que somente nós somos corretos, puros e verdadeiros.
O que transforma nossa vida é nos conhecermos a nós mesmos, sabermos a
dimensão das nossas virtudes, fraquezas e limitações e não julgar ou criticar aos
outros. É reconhecendo-nos humanos, passíveis de erros que conseguimos nos
harmonizar com o mundo e não julgando as pessoas com os nossos espelhos
interiores. Sempre que julgamos e condenamos alguém estamos emitindo nossos
reflexos interiores.

O que transforma a nossa vida é sermos sempre gentis com todos, inclusive
conosco mesmos. É reconhecermos nossos defeitos e nossas qualidades e,
principalmente, aceitarmos nossas inconstâncias... Somos, por essência, seres
duais, jamais podemos esquecer este atributo de nossa personalidade. Vemos o
mundo e as pessoas sempre com lente dupla, de acordo com nossas experiências
de vida e ninguém tem culpa por nossas amarguras e decepções... Gritemos
nossas verdades sim, defendamos nossos valores sim, mas sempre com doçura,
gentilmente e nunca grosseiramente.

Gentileza é, portanto, fundamental... Suporte o jeito de ser do outro, seja


tolerante... Já disse Saint-Exuperi: é preciso que suportemos algumas larvas, se
quisermos contemplar as borboletas.
Ceiça Lima
Gentileza gera gentileza ou Mateus 7, verso 12

Em 2005 dei aula numa escola que ficava num distrito no interior da Paraíba.
E todos os dias ao chegar encontrava Zefa no portão, ela era a funcionária
responsável por recolher as carteiras de presença dos alunos, que a
julgavam grossa e a detestavam. Eu optei por não criar nenhum pré-
conceitosobre ela, mas não foi nada fácil.

Dia após dia eu a saudava com o meu melhor sorriso e lhe desejava “bom
dia”, mas ela jamais me respondeu. Foi assim durante todo um semestre.
Somente no segundo semestre ela me resmungou algo que interpretei como
sendo um “bom dia” e gradativamente as coisas foram mudando.

Aprendi com essa experiência a não desistir fácil das pessoas, nem deixar
que suas atitudes bloqueiem minha escolha de ver no outro alguém tão
ambíguo quanto eu. Nem sempre consigo, mas nem por isso desisto de fazer
este exercício sempre que posso.
O profeta José Datrino andava certo pelas ruas cariocas:gentileza gera
gentileza; mesmo que demore, não tenhamos pressa, se não for possível o
contato direto, siga este princípio em oração para com aqueles com quem é
difícil conviver, com os que não perdoam (ou não conseguimos perdoar) ou
com quem você já não tem mais contato.
Gentileza gera gentileza

Cíntia Parcias e Clarisse Meireles

Retomar a delicadeza relegada ao


esquecimento melhora a qualidade de
vida e as relações cotidianas

Faça um rápido teste de memória. Você


cumprimentou seu vizinho hoje de
manhã no elevador? Desejou bom dia ao
porteiro quando cruzou com ele na
portaria como faz todas as manhãs? Deu
passagem para o carro que precisava
mudar de pista para entrar numa rua
transversal? Esperou pacientemente o
carro da frente andar sem buzinar
quando o sinal ficou verde? Se respondeu
negativamente a alguma das perguntas
acima, saiba que, além de agir de forma tremendamente mal-educada, você está fazendo mal
à sua própria saúde - e à das pessoas que o cercam.

Segundo o livro A arte da gentileza, de Piero Ferruci (ed. Alegro), pesquisas científicas
confirmam que pessoas gentis são mais saudáveis e vivem mais, são mais amadas e
produtivas, têm mais sucesso nos negócios e são mais felizes. ''Ser gentil nos faz tão bem
quanto ser alvo de uma gentileza'', garante o autor. Por outro lado, a não-gentileza gera
sentimentos negativos, atrapalha as relações e pode até deixar a pessoa doente, já que quando
alguém é alvo de grosseria, falta de educação, o sistema nervoso reage liberando hormônios
como a adrenalina, que desequilibram o organismo. Até a musculatura é afetada e reage à
falta de gentileza se contraindo, deixando o corpo cada vez mais tenso.

''A falta de gentileza, caracterizada por um ambiente de grosseria e violência, se constitui em


um fator estressor que leva o indivíduo ao desenvolvimento do estresse crônico. Por
conseqüência, a qualidade de vida acaba sendo afetada, incluindo a saúde'', confirma a
psicóloga Lucia Novaes, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
diretora do Centro Psicológico de Controle do Stress.
O que a ciência agora comprova vai ao encontro do que o profeta Gentileza passou grande
parte da vida pregando e escrevendo nos 55 murais que criou sob o viaduto do Gasômetro,
próximo à Rodoviária Novo Rio. Sua mensagem podia ser resumida na frase-síntese
''gentileza gera gentileza''.

Os murais, restaurados há cinco anos pelo projeto Rio com Gentileza, coordenado pelo
filósofo Leonardo Guelman, hoje se encontram de novo danificados por pichações logo
abaixo das inscrições do profeta. Mais ou menos como a própria gentileza, tão fora de moda
nos dias que correm.

''O Gentileza denunciava uma crise ética, de valores. Segundo ele, tudo passa pelo favor. O
simples fato de pedirmos 'por favor' e agradecer com um 'obrigado' denotava que adotamos a
troca na base do toma-lá-dá-cá, típico do mundo individualista, produto do capitalismo que
ele batizou de 'capeta capital''', afirma Guelman, autor do livro Brasil, tempo de gentileza
(Eduff), sobre o profeta que morreu aos 79 anos, em 1996.

Para o profeta, ficamos cegos e surdos e perdemos a capacidade de ver e ouvir o outro.
Segundo a psicoterapeuta e educadora Sandra Celano, o pronome nós, nesse mundo tão
individualista, agrega no máximo o núcleo familiar. ''Então, como esperar que um seja gentil
com o outro em pequenas ações cotidianas, se as pessoas não conseguem nem perceber o
outro?'', questiona. Até em uma discussão é possível manter a gentileza. ''Basta prestar
atenção ao que a outra pessoa diz e se expressar considerando suas razões e seu ponto de
vista'', completa Sandra, que observa em seu consultório o crescimento da falta de gentileza
como uma das queixas comuns de seus pacientes.

Um dos ambientes onde a falta de delicadeza e gentileza mais se manifesta é no local de


trabalho. Muitas vezes, as pessoas confundem relações profissionais com frieza e rispidez. E
deixam de agradecer um serviço só porque este está sendo pago.

''Hoje já existem empresas que têm como meta o bem-estar dos seus funcionários. Não
porque sejam boazinhas, pois toda empresa precisa gerar lucros, mas, sim, porque
descobriram que onde há bem-estar, há produtividade, pois as pessoas trabalham felizes'',
observa Alkíndar de Oliveira, consultor de empresas e autor de Viver é simples, nós é que
complicamos (ed. Didier). ''Neste novo mundo corporativo que está surgindo, há uma
ferramenta que tende a ser a mais importante na convivência profissional. Trata-se da
afetividade. E a gentileza é um dos frutos da árvore do afeto.''

Como todo profeta, Gentileza denunciava a crise e anunciava uma boa nova. Para ele, assim
como a natureza nos dá tudo de graça, temos que retomar um tempo a troca desinteressada.
O primeiro passo seria bem simples: dizer sempre 'agradecido' e 'por gentileza', em vez das
fórmulas consagradas - que já foram esquecidas por muita gente, porém sem nenhuma
substituição.

Uma das pessoas que foram tocadas pela obra de Gentileza foi a compositora Marisa Monte,
que transformou alguns de seus versos em uma canção com o nome do profeta. Marisa fez a
música no dia em que foi apresentar os murais ao parceiro Carlinhos Brown, antes do projeto
de recuperação, e viu que não havia mais nada. Chocada, escreveu a música.

A cantora acha que a mensagem de Gentileza está cada vez mais atual. ''Com o ritmo
acelerado das cidades, as pessoas estão perdendo a noção de gentileza, que é uma espécie de
pureza refrescante para a vida, para o dia-a-dia.'' Ainda hoje, ela se comove em ver que
alguém dedicou sua vida para falar da importância de ser gentil, e em vez de pedir dinheiro,
ia de carro em carro oferecer uma flor. ''Ele foi uma pessoa linda que plantou a semente da
gentileza.''

Buda também identificou alguns benefícios de se cultivar a gentileza, como dormir bem, ser
amado, ter proteção dos seres divinos, e uma mente serena. De nada adianta, no entanto,
começar a ser gentil para obter tais resultados e melhora da qualidade de vida, pois falsidade
é algo diametralmente oposto à proposta. E, por princípio, a gentileza é necessariamente
desinteressada. Como o escritor britânico Aldous Huxley afirmou, no fim da vida. ''É
desconcertante que, após anos e anos de pesquisas e experimentações, eu tenha que dizer que
a melhor técnica para transformar nossas vidas seja ser mais gentil''.

Algo bastante urgente de ser lembrado nos dias de hoje. Pois se gentileza gera gentileza, a sua
falta só pode produzir uma carência ainda maior, daí o cenário aterrador de um mundo de
rispidez e impaciência, e seus assustadores índices de violência - não como causa única,
evidentemente.

''A falta de gentileza e a hostilidade nas relações podem contribuir para um mundo
estressante, na medida em que essas atitudes são contagiosas. Violência gera violência,
hostilidade gera hostilidade, raiva gera raiva'', acredita a psicóloga Lúcia Novaes. Por outro
lado, diz ela, o mundo estressado, com tantas demandas, com a necessidade de se fazer cada
vez mais coisas em menos tempo e mais perfeitas abre espaço para atitudes agressivas,
raivosas e hostis. ''É um círculo vicioso.''

No ano que vem, para marcar os dez anos da morte de Gentileza, um grupo de artistas e
intelectuais afinados com a causa do profeta deve retomar o projeto Rio com Gentileza, com
manifestações festivas pela cidade para lembrar a atualidade do pensamento do profeta.

''Se ele estivesse entre nós, continuaria pregando a gentileza, já que seu avesso, a rudeza e a
violência, infelizmente não saíram de moda'', acredita Guelman, que também reivindica junto
à prefeitura um maior cuidado com os murais, que ele quer ver cercados e iluminados. ''São
um patrimônio afetivo da cidade.''

A importância de se adotar a atitude no cotidiano é bem expressada pelo teólogo Leonardo


Boff, em artigo intitulado ''Espírito de Gentileza'' (disponível na íntegra no site
leonardoboff.com). ''Este espírito nunca ganhou centralidade, por isso somos tão vazios e
violentos. Hoje ele é urgente. Ou seremos gentis e cuidantes ou nos entredevoraremos.''
Gentileza gera Gentileza

Já pensou se existisse um Big Brother na vida real e todas as tuas atitudes


fossem filmadas? Como você se veria? Constataria que é uma pessoa
normal com qualidades e defeitos ou um brucutu: mal educado, grosseiro e
mal humorado que vive dando patada, principalmente nas pessoas mais
próximas e amadas? Somos resultado de uma sociedade cada dia mais
individualista e acabamos não vendo mais a humanidade que existe nas
outras pessoas. Pior ainda quando as tratamos como objetos e não pessoas.
Falta muitas vezes o espírito de humanidade, de compaixão e a atitude de
empatia – colocar-se no lugar do outro. Como mudar essa situação? É muitas
vezes, uma questão de atitude. Por isso convido a todos a aderirem a idéia
que já circula por ai de – Gentileza gera gentileza! Fazer aquilo que
deveríamos ensinar para as crianças e fazer também pedir ou dizer:
desculpas, por favor, obrigado, por gentileza, etc. Essas palavras geram uma
energia muito positiva em quem fala e ouve essas palavras. Lembrem-se
palavras tem poder e a força do pensamento é muito poderosa. Realmente
queira tomar essas atitudes. Respeitar o outro é respeitar a si mesmo. Tudo o
que fazemos retorna para a gente. Como uma corrente do bem. Nem sempre
a pessoa para quem eu estou fazendo um bem vai retornar para mim essa
atitude. Mas ela pode ser gentil ou fazer o bem a outra e outra pessoa fazer o
bem para mim. Que as nossas atitudes reverberem para o mundo algo
melhor. Uma energia mais comunitária, mais humana. Somos seres tão
especiais com tantas potencialidades. Vamos usá-las para fazer o bem!!!

Já pensou se existisse um Big Brother na vida real e todas as tuas atitudes


fossem filmadas? Como você se veria? Constataria que é uma pessoa normal
com qualidades e defeitos ou um brucutu: mal educado, grosseiro e mal
humorado que vive dando patada, principalmente nas pessoas mais próximas e
amadas?

Somos resultado de uma sociedade cada dia mais individualista e acabamos não
vendo mais a humanidade que existe nas outras pessoas. Pior ainda quando as
tratamos como objetos e não pessoas. Falta muitas vezes o espírito de
humanidade, de compaixão e a atitude de empatia – colocar-se no lugar do
outro.

Como mudar essa situação? É muitas vezes, uma questão de atitude. Por isso
convido a todos a aderirem a idéia que já circula por ai de – Gentileza gera
gentileza! Fazer aquilo que deveríamos ensinar para as crianças e fazer também
pedir ou dizer: desculpas, por favor, obrigado, por gentileza, etc. Essas palavras
geram uma energia muito positiva em quem fala e ouve essas palavras.
Lembrem-se palavras tem poder e a força do pensamento é muito poderosa.
Realmente queira tomar essas atitudes. Respeitar o outro é respeitar a si
mesmo.

Tudo o que fazemos retorna para a gente. Como uma corrente do bem. Nem
sempre a pessoa para quem eu estou fazendo um bem vai retornar para mim
essa atitude. Mas ela pode ser gentil ou fazer o bem a outra e outra pessoa fazer
o bem para mim.

Que as nossas atitudes reverberem para o mundo algo melhor. Uma energia
mais comunitária, mais humana. Somos seres tão especiais com tantas
potencialidades. Vamos usá-las para fazer o bem!!!
Gentileza gera… bem-estar!
Por: anacelia

“…Apagaram tudo. Pintaram tudo de cinza. A palavra no muro ficou coberta de tinta…”

A estrofe da música “Gentileza”, de Marisa Monte, revela sua tristeza ao se deparar com os
murais com as palavras do profeta Gentileza apagadas. Ele escrevia em pilastras do Rio de
Janeiro mensagens que enalteciam o amor, a bondade e, acima de tudo, a gentileza. É
dele a tão repetida frase “Gentileza gera gentileza”. A famosa frase vem sendo utilizada
em campanhas de trânsito, em camisetas e até mesmo em cangas de praia. Ao que
parece, está em voga ser gentil e cortês. Porém, o que significa de fato ser gentil?
Resumidamente, é fazer uma boa ação ao próximo, ou até mesmo ao meio ambiente. É
como dizer em ações que nos importamos com algo. A origem sânscrita para denotar
gentileza, segundo o professor de Yoga Pedro Kupfer, é prasada. Para Kupfer, a palavra
tem um sentido maior, divino até: “Prasada, por um lado, designa qualidades como
gentileza, serenidade e bom humor, enquanto que, por outro, significa calma, pureza e
clareza. Se este termo está ligado sempre às manifestações mais harmoniosas da
divindade, é porque a gentileza, a graça e as demais qualidades são de fato divinas”.

A gentileza pode aparecer sob diversas formas. Ser gentil significa não somente sorrir e
cumprimentar o próximo, ou dizer palavras simples como por favor, obrigado e desculpe.
Significa também ser solidário, dar apoio e suporte a alguém que esteja em dificuldade,
fazer trabalhos de voluntariado. E, ainda, segundo a ONG Australian Kindness Movement
(Movimento Australiano de Gentileza), ser gentil é não fazer algumas coisas, como, por
exemplo, evitar fofocas, não apontar o dedo de culpa para os outros e não fazer juízos
negativos a respeito ao próximo. Além de fazer bem aos outros, ser gentil faz bem a quem
pratica o ato de gentileza, promovendo a saúde e o bem-estar. Allan Luks, ex-diretor do
Instituto para Promoção à Saúde, em Nova York, EUA, fez um estudo sobre o tema e
publicou os resultados em seu livro The Healing Power of Doing Good: The Health and
Spiritual Benefits of Helping Others (O poder de cura de fazer o bem: a saúde e os
benefícios espirituais de ajudar os outros). Luks estudou mais de 3 mil voluntários, de
todas as idades, em mais de 20 organizações de todo o país. Ele verificou uma clara
relação de causa e efeito entre um ato de gentileza e o bem-estar. Luks concluiu em sua
pesquisa que ajudar ao próximo contribui para a manutenção da boa saúde e pode
diminuir os efeitos das doenças e distúrbios graves e menores, sejam físicos ou
psicológicos. Atos de gentileza diminuem a depressão, promovendo o contato social e
diminuindo o sentimento de isolamento que pode levar ao estresse, sobrepeso e úlceras. A
redução do estresse pode, inclusive, diminuir ataques de asma. Dores físicas também
podem diminuir em decorrência de fazer o bem. Até o nosso sistema imunológico se
beneficia do bem ao próximo, pois os sentimentos gerados por essa conexão – amizade,
amor, sentimentos positivos – aumentam a nossa imunidade. O estudo de Luks também
aponta que fazer o bem aumenta a nossa sensação de valia, trazendo felicidade e
otimismo, afastando o sentimento de desamparo. E ser gentil promove ainda: maior
disposição, tranquilidade, ajuda no controle do peso, melhora na insônia, aumento da
temperatura corporal, melhora no sistema cardiovascular, redução do ácido estomacal,
aceleração na recuperação de cirurgias e redução das atividades cancerígenas, entre
outros. Não à toa, Luks decidiu estudar “este fenô-meno intrigante que parecia ter efeitos
quase mágicos”. Paul Pearsall, Ph.D. em Psicologia no Havaí, relatou em seu livro Receita
do Prazer (ed. Cultrix) que pesquisas recentes mostram que atitudes abnegadas são uma
das coisas mais saudáveis que podemos fazer pelo próximo e por nós mesmos. Ele não
exagera quando diz que a gentileza tem “imensos benefícios sobre a imunidade e a cura”.
O médico texano Larry Dossey, famoso por estudar o papel da mente na saúde, defende
que a gentileza e o altruísmo agem como uma droga milagrosa, trazendo efeitos benéficos
tanto para aquele que pratica o ato de bondade como para aquele que o recebe. Segundo
ele, o bem estimula respostas saudáveis nos indivíduos, o que corrobora os resultados dos
estudos realizados por Luks.
FAZER O BEM NÃO IMPORTA A QUEM
Leda Lasserre, orientadora educacional, tinha febre reumática e cresceu com reumatismo
infeccioso. Começou a cuidar de crianças doentes, fazendo roupinhas para elas e
separando alimentos. Ela diz: “Envolver-me com o sofrimento dos outros ajudan- do
crianças que não tinham dores nas pernas, mas tinham fome e outras privações, me fez
suportar as minhas dores e me deu uma alegria contagiante”. Segundo o Australian
Kindness Movement, a gentileza está sendo utilizada para manter a pressão arterial sob
controle, banir dores de cabeça, aliviar dores nas costas e reduzir a dor da artrite e lúpus.
Elisabeth Campos, tradutora, percebeu o benefício da gentileza quando começou a visitar
pacientes em hospitais. Ela sofria de uma alergia sem cura, que fazia seus dedos se
abrirem em grandes feridas. Passou também a realizar trabalhos voluntários em uma
entidade filantrópica. Em breve tudo desapareceu e ela relata que nunca mais voltou a
ficar doente. Mas, afinal, qual a razão de tantos efeitos positivos em decorrência da
gentileza? Por que ajudar ao próximo acaba nos ajudando mais que tudo? Segundo os
especialistas, em parte porque, ao ajudar ao próximo, deixamos de focar nossa atenção
sobre os nossos problemas, o que por tabela reduz o nosso estresse. O dr. Herbert
Benson, cardiologista da Universidade de Harvard (EUA), diz que quando realizamos um
ato de gentileza, nosso corpo nos recompensa criando uma “sensação agradável”, o que
aumenta a autoestima e o bem-estar. Esse efeito é conhecido como o “barato” de fazer o
bem, liberando endorfinas no corpo – substâncias naturais semelhantes à morfina que
criam uma sensação de felicidade dentro de nós. Elas também ajudam a reduzir qualquer
mensagem de dor enviada ao cérebro. Apesar de tantos benefícios sobre o ato de ser gen-
til e fazer o bem, parece que atos delicados ainda não são comuns em nossa sociedade.
Em seu livro, Pearsall diz que isso se reflete nas doenças e na constante sensação de
infelicidade do ser humano. Segundo ele, essa infelicidade é oriunda da nossa
incapacidade de controlar o destino, assim como de nossa incapacidade de nos dar conta
de que existe uma relação entre nossas doenças físicas e sociais. Para Pearsall, a solução
seria nossa reconexão com nós mesmos, com a terra e com aqueles ao nosso redor.
Se podemos até mesmo combater as doenças e a eterna sensação de infelicidade ao
promover a gentileza, é de se supor que atos gentis possam nos conduzir a um caminho
mais rápido em direção à evolução espiritual, ao alcance da iluminação. E, segundo o
Yoga, isso realmente é possível. Kupfer explica que a segunda maneira de dizer gentileza é
anugraha. “O Bhagavata Purana usa repetidas vezes o termo anugraha como expressão da
compaixão de Ishvara (Deus) por todas as criaturas. Adi Shankaracharya (filósofo indiano
que estabeleceu a doutrina do Vedanta Advaita), ao longo de toda a sua obra, igualmente
menciona anugraha como a graça que possibilita a libertação, a saída do samsara, o ciclo
de nascimentos e mortes. Seja qual for a palavra que usarmos em sânscrito para dizer
gentileza, essa gentileza tem duas dimensões: a divina em relação ao humano, e a da
convivência entre os humanos.” Com a intenção de encorajar ações em prol de uma
sociedade mais gentil e justa foi criado o World Kindness Movement, que surgiu a partir de
uma pequena conferência realizada em Tóquio, em 1996. A organização, espalhada por
diversos países do mundo, tem como representante oficial no Brasil a Associação Brasileira
de Qualidade de Vida (ABVQ). A representante do WKM no Brasil, Sâmia Simurro, pontua
que o bem-estar não é obtido somente por meio de atitudes saudáveis, como uma boa
alimentação, boas horas de sono etc. Para ela, o bem-estar também advém de uma boa
relação entre os seres humanos, permeada por gestos amáveis e gentis.
Como todo ato de bondade, precisamos estar alertas para não fazer o bem esperando
colher a recompensa. Quando não esperamos por resultado algum, tudo o que advém de
bom de nossos atos soa como bônus. Assim não geramos expectativas e frustrações. É
bom ter em mente que a gentileza brota naturalmente de estados emocional e espiritual
mais avançados. Kupfer diz: “Gentileza é aquilo que naturalmente surge quando a pessoa
amadurece emocionalmente ou se aproxima desse estado de consciência que é moksha, a
liberdade. Como todas as demais virtudes, a gentileza é um efeito colateral da maturidade
emocional”. Por fim, vale lembrar que a gentileza tem efeito cascata (gentileza gera
gentileza!), pois faz bem a quem a pratica e também a quem a observa. Luks diz: “Ajudar
ao próximo tem o poder de afetar não só a saúde do indivíduo, mas a saúde de toda a
nossa sociedade, tão permeada de tensão”. Kupfer acrescenta sobre o valor de fazer o
bem: “Creio que a nossa sociedade poderia ser mais feliz se descobrisse o valor da
gentileza. Para isso, todos nós devemos fazer a nossa parte no sentido de tornar o mundo
um lugar mais agradável. Assim, podemos pensar em nos co-locar na pele dos demais e
trabalhar pequenas atitudes, como ceder a passagem no trânsito, não querer sempre
chegar em primeiro lugar, deixar os outros vencerem de vez em quando e não sermos tão
duros conosco”.
Quem foi o profeta Gentileza?
José Datrino, nascido em 1917, ficou famoso a partir da década de 1980 por andar pelas
ruas do Rio de Janeiro com uma barba longa, trajando uma túnica branca e escrevendo
em pilastras, na zona portuária, frases que estimulavam o amor entre as pessoas. Passou
a se apresentar como “profeta Gentileza”, e sua frase mais famosa, “Gentileza gera
gentileza” está até hoje no imaginário popular. Recentemente Glória Perez o homenageou
em sua última novela, fazendo-o personagem, interpretado por Paulo José. Após uma
infância difícil, Gentileza passou a trabalhar com transporte de cargas, até que um dia
largou tudo motivado pelas “vozes que escutava” e foi se dedicar à sua missão: pregar o
amor ao próximo. Tal fato gerou várias internações psiquiátricas, até chegarem à
conclusão de que Gentileza não sofria de mal algum. Morreu em 1996, deixando mais de
50 pilastras pintadas com suas mensagens – hoje, patrimônio artístico-cultural do Rio.
Algum tempo atrás essas pilastras foram recobertas por tinta e cal, encobrindo o trabalho
de Gentileza. Porém, o projeto “Rio com Gentileza” trabalha em prol de recuperar essas
obras. A segunda restauração está sendo comandada por uma equipe da Universidade
Federal Fluminense (UFF) e o projeto foi lançado no último dia 6 de maio no Rio de
Janeiro. Para os que chamavam o profeta Gentileza de louco, ele sorria e retrucava: “Sou
maluco para te amar e louco para te salvar”.

Texto: Cacau Peres

Você também pode gostar