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NOÇÕES BÁSICAS

DE

GESTÃO DAS
MUDANÇAS CLIMÁTICAS

PARA EMPRESAS
eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

INTRODUÇÃO 03

GESTÃO CORPORATIVA DAS


06
MUDANÇAS CLIMÁTICAS

MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO 08

QUANTIFICANDO E MONITORANDO
10
AS EMISSÕES DE GEE

PRODUÇÃO DO INVENTÁRIO DE GEE 12

ENTENDENDO IMPACTOS E 16
DEFININDO MEDIDAS DE ADAPTAÇÃO

BÔNUS - TRANSFORMANDO A GESTÃO DAS 20


MUDANÇAS CLIMÁTICAS: PROXIMOS PASSOS

BIBLIOGRAFIA 22
eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

A cada dia, a realidade das mudanças climáticas é mais presente e visível. No Brasil, o Instituto Nacional de
INTRODUÇÃO

Pesquisas Espaciais (INPE) desenvolveu simulações em escalas reduzidas (20km) buscando compreender como o país
será impactado pelas mudanças climáticas (INPE, 2015).
Em um cenário pessimista, o estudo indica um aumento da temperatura entre 1.5ºC e 4ºC até 2040, além do
aumento da frequência de dias com temperatura superior a 34ºC. Por sua vez, as chuvas apresentarão acentuada
redução em grande parte do país, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Nos verões de 2014 e 2015, anomalias de


precipitação de 5mm/dia foram observadas em todo o
Centro-Oeste e Sudeste do Brasil contribuindo para os
baixos níveis dos reservatórios nestas regiões. As
projeções climáticas apontam para anomalias de
4mm/dia até 2040 e alteração das distribuições de
frequência das chuvas, com maior probabilidade de
ocorrência de chuvas intensas (>100mm/dia).
Portanto, o país precisa se preparar para um
futuro no qual a situação de escassez hídrica observada
em 2014 e 2015 tenderá a se tornar mais comum.

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eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

Para manter as alterações climáticas dentro de um entendem a gestão de GEE e a redução do consumo
limite no qual a sociedade e o meio ambiente possam energético como parte fundamental de suas práticas
coexistir com os impactos climáticos futuros, 195 países, ambientais. Entre essas, as empresas líderes possuem
incluindo o Brasil, decidiram agir conjuntamente. O Acordo metas de redução de emissão e outras empresas estão
de Paris, assinado em Dezembro de 2015, estabelece um engajando a sua cadeia de valor, fornecedores e
compromisso para conter o aquecimento global em até clientes, buscando contribuir com a redução de
2oC, com esforços adicionais para limitar o aumento médio emissões fora das fronteiras do negócio.
da temperatura do planeta em 1,5oC até o fim do século.
Como reflexo, o Brasil comprometeu-se¹ a reduzir as Por outro lado, mesmo se o Acordo de Paris tiver
emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) em 37% abaixo sucesso em limitar o aquecimento global em 2ºC, as
dos níveis de 2005, em 2014. empresas precisarão se preparar para operar em um
mundo diferente. Portanto, a mudança climática deve
Para o setor privado, as implicações das Mudanças ser entendida como um risco material aos negócios
Climáticas são relevantes por afetar o negócio por meio (Frey, B. 2015), podendo afetar operações e cadeias de
de uma miríade de fatores. valor. No Brasil, destacam-se os potenciais impactos
climáticos relacionados, entre outros, à redução da
Por um lado, será preciso reduzir drasticamente as disponibilidade hídrica, à maior frequência de eventos
emissões de GEE para limitar o aquecimento em 2ºC. extremos, à volatilidade do preço da energia e de
Consequentemente, as empresas precisarão conhecer suas algumas commodities agrícolas, à maior frequência de
responsabilidades e transformar seu modo de produção ondas de calor em centros urbanos e à maior aptidão
de bens e serviços. Atualmente, algumas empresas para a propagação de vetores de doença.

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¹ A Contribuição Nacionalmente Determinada (Intended Nationally Determined Contribuiton – iNDC) brasileira pode ser acessada clicando aqui
eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

O ano de 2015 marcou a agenda


climática pela ambição estabelecida em
Paris. As implicações para o setor privado
são claras, demandando atuação efetiva
das empresas.

Este eBook apresenta as noções básicas


para que empresas de qualquer porte
iniciem um processo de gestão das
mudanças climáticas em suas operações.

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GESTÃO CORPORATIVA eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A gestão, num contexto empresarial, é a função que coordena os esforços de uma empresa para atingir
determinadas metas e objetivos.

Não existe uma definição formal para Gestão Corporativa das Mudanças Climáticas. Porém, em geral, ela inclui
atividades para (i) monitorar e reduzir emissões de GEE, (ii) avaliar e gerenciar riscos climáticos; (iii) desenhar
estratégias para explorar oportunidades de negócio e (iv) comunicar resultados de maneira transparente.

De maneira abrangente, a implantação de uma gestão climática nas empresas poderá incluir:

O reconhecimento que a mudança climática é um fator A avaliação da dependência do negócio aos recursos
relevante para o negócio e que implica em riscos ou naturais e insumos que poderão ser afetados pelas
oportunidades dependendo das ações e estratégias mudanças climáticas, como água e energia;
adotadas pela empresa;
O entendimento das oportunidades que podem surgir
A coleta e o controle sistemático de dados, em especial a partir de uma gestão climática eficaz e dos
o consumo de insumos que afetam a mudança diferencias competitivos do negócio em uma
climática, como os combustíveis fósseis; economia de baixo carbono;

Um mapeamento da exposição a riscos, tanto do O engajamento e a comunicação transparente para


negócio quanto da cadeia de valor; colaboradores, clientes e investidores.

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eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

Apesar do crescente reconhecimento da relevância das questões climáticas para os negócios, a gestão das
mudanças climáticas continua sendo vista como uma questão de eficiência operacional e não de criação de valor a
longo-prazo. Esse posicionamento não é surpreendente, principalmente pela incerteza na arena política, tanto no
âmbito doméstico quanto internacional. Mas também pelos altos investimentos estimados por alguns setores para que
uma verdadeira guinada em direção a uma economia de baixo carbono ocorra.

Entretanto, apesar da lógica por trás destes argumentos, a


mudança climática parece ser um elemento que deve ser
incorporado à estratégia dos negócios por representar uma
mudança estrutural de longo-prazo, assim como as tendências
econômicas, de alteração de comportamento dos consumidores ou
de risco de novas regulamentações.

Portanto, se a mudança climática for abordada sob a


perspectiva estratégica para os negócios, a conclusão
verdadeiramente lógica é que as empresas, independentemente de
seu porte, deveriam avaliar riscos e oportunidades climáticas de
maneira similar a outros elementos de risco e oportunidade do
negócio.

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eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

Para garantir um entendimento introdutório e objetivo, este eBook detalha os dois elementos básicos para a
implementação de uma gestão corporativa das mudanças climáticas (Figura 1).

GESTÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS


Atuar proativamente para abordar a mudança climática sob a perspectiva estratégica do negócio,
minimizando riscos e maximizando as oportunidades emergentes na economia de baixo carbono

MITIGAÇÃO ADAPTAÇÃO

Entender a responsabilidade do negócio para o Mapear a exposição do negócio aos impactos


agravamento das alterações climáticas e atuar para climáticos, identificando vulnerabilidade, avaliando
reduzir emissões riscos e atuando para aumentar resiliência

Figura 1. Elementos básicos para a gestão corporativa das mudanças climáticas

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eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

A próxima seção trata da ferramenta fundamental para o gerenciamento de emissões: o Inventário de Emissões
de Gases de Efeito Estufa.

Quantificar e monitorar emissões permite que as empresas entendam a sua responsabilidade para o
agravamento das alterações climáticas, mensurando suas emissões. O Inventário também é uma ferramenta de
diagnóstico detalhada que permite que as empresas identifiquem oportunidades para redução das emissões. O
desenvolvimento do Inventário de GEE e a sistematização do monitoramento de emissões de GEE é a primeira
etapa a ser implementada por qualquer empresa que deseja iniciar sua gestão climática.

Em seguida, este eBook apresenta uma visão geral sobre identificação de impactos climáticos e desenvolvimento
de ações de adaptação. De maneira introdutória, discute-se os elementos fundamentais para o desenvolvimento de uma
análise de vulnerabilidade e da estratégia (ou plano) de adaptação.

A avaliação dos riscos climáticos ainda é uma atividade relativamente recente que vem ganhando importância à
medida em que os impactos climáticos se tornam mais reais na operação das empresas.

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eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

O papel do setor privado para a mitigação das Entretanto, para que se possa avaliar as
QUANTIFICANDO E MONITORANDO
AS EMISSÕES DE GEE

mudanças climáticas é relevante. Estimativas apontam oportunidades de redução de emissão e definir


que as empresas podem contribuir com 60% da meta estratégias corporativas para explorar os elementos
global de redução de emissões de GEE acordada em de competitividade em uma economia de baixo
Paris. Tal redução de emissão pode ser atingida por carbono é necessário quantificar e monitorar
práticas como o desmatamento zero, a ampla emissões de GEE. Para fazê-lo, o instrumento de
utilização de energias renováveis, a definição de metas gestão mais adequado é o Inventário de Emissões e
de gestão baseadas na ciência² , a eficiência energética Remoções de Gases de Efeito Estufa.
e a adoção de tecnologias e processos de baixo
O inventário é uma ferramenta poderosa por
carbono. Se adotadas, essas praticas podem reduzir a
detalhar e mensurar a contribuição de cada fonte de
emissão de 3,7 bilhões de toneladas métricas de CO2
emissão e sumidouro de remoção para o impacto
equivalente por ano até 2030 (WMB, 2016).
climático de uma empresa. Além disso, empresas que
já desenvolvem seus inventários de GEE listam outros
benefícios como apresentado no Box 1.

“ AS EMPRESAS PODEM CONTRIBUIR COM 60% DA


META GLOBAL DE REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GEE

10
² Metas baseadas na ciência (do inglês science-based targets) referem-se a esforços para estabelecer limites de emissão de GEE dentro de patamares de concentração de
gases que limitem o aquecimento global em até 2ºC.
eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

BOX 1. POR QUE FAZER SEU INVENTÁRIO DE GEE?

Você conhece os benefícios de quantificar e monitorar as emissões de GEE da sua empresa? Os benefícios mais comumente
mencionados por empresas líderes incluem:

Aumento do entendimento sobre riscos e oportunidades;


Melhoria do planejamento estratégico e da gestão do negócio no longo-prazo devido à coleta e uso dos dados
relacionados às mudanças climáticas;
Racionalização dos processos, reduções de custo e ganhos de eficiência;
Informação útil para o desenvolvimento de benchmarking e avaliação da performance climática do negócio;
Redução de riscos ambientais ou de fragilidades de governança;
Mitigação ou neutralização de impactos climáticos negativos;
Aumento de reputação e lealdade à marca;
Construção de relacionamentos com fornecedores, clientes e investidores;

A elaboração de um inventário é, de maneira geral, composta por cinco atividades: (i) a definição das fronteiras e
do alcance, (ii) a identificação das fontes de emissão, (iii) a seleção dos métodos de quantificação, (iv) a coleta e
processamento dos dados, (v) a quantificação das emissões.

Para profissionais que estão iniciando nesta temática e estão interessados em saber mais sobre o que é e como
elaborar um Inventário de GEE, recomendamos a leitura do conteúdo que pode ser acessado aqui.

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eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

PRODUÇÃO DE INVENTÁRIO DE GEE:


PRIMEIROS PASSOS

Para o desenvolvimento dos inventários existem duas


referências básicas: a norma ISO 14.064 – Parte 1 e o Guia do
Programa Brasileiro do GHG Protocol.

Para o desenvolvimento dos cálculos a principal referência


é o Manual do IPCC sobre quantificação de emissões.

O Amigo do Clima é um Programa


Em termos operacionais, para execução dos cálculos, voluntário de responsabilidade climática
existem alternativas gratuitas na internet como a Calculadora de voltado para pessoas, empresas, eventos e
Emissões do Programa Amigo do Clima ou as planilhas de projetos que queiram fazer a diferença no
planeta. O objetivo do Programa é facilitar
cálculos do Programa Brasileiro do GHG Protocol.
o conhecimento do impacto climático de
Existem também sistemas especialmente desenvolvidos seus associados, simplificando o processo
para execução dos cálculos, como o CLIMAS, que busca de compensação de emissões de GEE.

aumentar a agilidade e a segurança da quantificação das Por meio da calculadora online você
emissões, além de solucionar as principais dificuldades na conhece as suas emissões, compensa a sua
elaboração de Inventários de GEE. pegada climática e torna-se um Amigo do
Clima. Conheça!

www.amigodoclima.com.br

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eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

AUDITORIAS E VERIFICAÇÃO DE INVENTÁRIOS

É uma boa prática realizar a verificação e asseguração dos resultados após


a elaboração do Inventários de gases de efeito estufa.

Na maior parte das vezes, a verificação é realizada voluntariamente pelas


empresas. No Brasil, apenas o estado do Rio de Janeiro possui legislação
específica que obriga empresas emissoras a desenvolverem seus Inventários de
GEE e realizarem a verificação. A CETESB, em São Paulo, obriga que as emissões
sejam quantificadas mas não existe exigência para auditorias de verificação. Para
os processos de verificação e asseguração, o INMETRO possui norma de
acreditação de Organismos Validadores e Verificadores (OVVs). Já o processo de
asseguração normalmente segue os requisitos do Programa Brasileiro do GHG
Protocol ou da ISO 14.065.

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TRANSPARÊNCIA E COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS


Por fim, os resultados são comunicados, garantindo a transparência do relatório e das ações de redução de
emissão das empresas.

As iniciativas de comunicação ocorrem por meio de publicações da própria empresa, como relatórios de
sustentabilidade ou relatórios anuais, mediante a solicitação de clientes e investidores, iniciativas corporativas
voluntárias, como o CDP, ou por meio de plataformas de reporte. Empresas líderes têm buscado aumentar a
transparência de seus impactos climáticos fornecendo dados de emissão em embalagens ou manuais dos produtos. A
Tabela 1 apresenta um resumo do fluxo para o reporte corporativo de emissões de GEE.

ALCANCE E INFORMAÇÃO E
FRONTEIRAS DO VERIFICAÇÃO E
MÉTODOS DE CÁLCULO TRANSPARÊNCIA DO
INVENTÁRIO DE ASSEGURAÇÃO
EMISSÕES DE GEE RELATÓRIO

Conteúdo do relatório Padrões (standards) e Publicação dos resultados


Obrigatório ou voluntário
segundo padrões métodos de quantificação do inventário
relevantes (GHG Protocol,
ISO, entre outros)

Fontes dos fatores Nível de asseguração Submissão para


Fronteiras do Inventário plataformas de reporte
de emissão

Alcance das emissões que Padrão empregado


na verificação
serão quantificadas

14 Tabela 1. Fluxo para o Reporte Corporativo de Emissões de GEE Fonte: Adaptado de Kauffmann et al.(2012)
eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

PROCESSOS DE MONITORAMENTO

Para que os esforços de identificação de fontes e sumidouros e a coleta de


dados não se percam é importante estabelecer um Sistema de Monitoramento,
Reporte e Verificação (MRV). O Sistema de MRV deve gerenciar individualmente
cada fonte, registrando a origem dos dados, a frequência de coleta da informação
e o responsável. O Sistema de MRV também deve prever procedimentos para
revisão de fontes de emissão e de avaliação da consistência da série histórica de
dados. Um bom Sistema MRV também prevê mecanismos que facilitem o cálculo
de emissões, permitindo o monitoramento frequente das emissões de GEE, além
de permitir revisões estruturais mais profundas como a remoção de fontes de
emissão.

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ENTENDENDO IMPACTOS E eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

DEFININDO MEDIDAS DE ADAPTAÇÃO

O segundo elemento da Gestão Corporativa das Mudanças


Climáticas trata da adaptação aos impactos climáticos. Segundo o IPCC, a adaptação às
mudanças climáticas trata “dos
As mudanças climáticas vêm ganhando relevância como um
processos de ajuste ao clima atual e
fator crítico para a continuidade e competitividade dos negócios. Para
futuro, que permitam reduzir ou evitar
as empresas grandes, com cadeias de valor complexas e
danos ou explorar oportunidades”. Por
geograficamente esparsas, o risco climático pode afetar o negócio
sua vez, a resiliência climática é definida
direta e indiretamente, seja por meio de impactos físicos em unidades
como “a capacidade de um sistema
produtivas ou por rupturas de cadeias logísticas, por exemplo. Para
social, econômico ou ambiental, em
empresas pequenas, o risco climático pode ser ainda mais relevante,
lidar com eventos perigosos ou
uma vez que a cesta de opções estratégicas e medidas de adaptação
tendências ou distúrbios, respondendo
pode ser muito restrita ou de custo muito elevado.
ou se reorganizando de maneiras que
permitam a manutenção de suas
A adaptação corporativa às mudanças climáticas cobre um
funções essenciais”.
conjunto de ações que as empresas podem desenvolver para
determinar sua exposição a riscos, identificar oportunidades e construir
resiliência climática (Frey, B. 2015).

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Lavell et al. (2012) exemplifica a avaliação do risco


climático decompondo a avaliação em três elementos. O
primeiro é o clima e os eventos climáticos, que engloba
tanto aspectos de variabilidade natural quanto das
“ A OCORRÊNCIA DE EVENTOS
CLIMÁTICOS EXTREMOS NÃO É
alteração climáticas antropogênicas. Destaca-se que a SUFICIENTE PARA QUE O
RISCO CLIMÁTICO EXISTA.

ocorrência de eventos climáticos extremos não é
suficiente para que o risco climático exista. Para tanto, é
necessário que a ocorrência do evento climático esteja
associado a determinadas condições físicas, geográficas A vulnerabilidade é definida como a propensão ou
e sociais. No caso das mudanças climáticas é importante predisposição de pessoas, ativos ou infraestruturas
também levar em conta aspectos tendenciais e de longo serem negativamente afetados. Tais predisposições
prazo, não relacionados a eventos extremos. Esse é o constituem características intrínsecas ao elemento
caso da redução da disponibilidade hídrica e dos afetado. Portanto o risco se materializa pela combinação
processos de desertificação. destes elementos. Buscando melhor exemplificar a
questão, teríamos o caso no qual a redução das chuvas
O segundo elemento é a exposição às mudanças
(evento climático), ocorrida na bacia onde a empresa esta
climáticas (Lavell et al. 2012). A exposição trata da
presença de pessoas, ativos ou infraestruturas que localizada (exposição) e associada à incapacidade da
podem ser negativamente afetado pela mudança empresa em reduzir seu consumo de água ou buscar
climática e que, portanto, estão sujeitas a impactos, uma fonte alternativa de abastecimento
perdas e danos. O último elemento é a vulnerabilidade (vulnerabilidade), constituem os elementos do risco
(Lavell et al. 2012).

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Melhorar a
operação e Proteger a
aumentar a cadeia de valor
competitividade

Garantir a Ampliar as
perenidade do oportunidades
negócio do negócio

Figura 2. Benefícios Corporativos da Adaptação às Mudanças Climáticas


(Fonte: adaptado de Frey, B. 2015)

Portanto, os benefícios corporativos da adaptação às mudanças climáticas podem ser facilmente identificados
(Figura 2). O primeiro deles é a oportunidade para direcionar investimentos que, concomitantemente, melhorem a
operação, aumentam a competitividade e a resiliência climática. Segundo Frey, B. (2015), projetos de adaptação podem
melhorar a operação e aumentar a competitividade de duas formas: eles podem aumentar a eficiência e,
consequentemente, reduzir custos; e podem apoiar a gestão de risco reduzindo a exposição do negócio a potenciais
paradas ou limitações operacionais devido a eventos climáticos.

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eBook - Noções Básicas de Gestão das Mudanças Climáticas Para Empresas

Um segundo benefício trata da proteção da cadeia de


valor. As empresas são dependentes de seus fornecedores,
portanto, o aumento da resiliência da cadeia de valor significa
em aumento da resiliência do próprio negócio. Por sua vez,
entender, planejar e responder aos impactos climáticos requer
esforços de inovação e aproximação com a cadeia.

Este processo, pode criar ou ampliar oportunidades de


negócio que se relacionam com as intervenções de adaptação.
Por exemplo, as empresas podem atuar como agentes de
mudança, fomentando o desenvolvimento tecnológico e
oferecendo novos produtos e serviços ao mercado. Por fim, e
certamente a mais óbvia das oportunidades, é a garantia da
perenidade dos negócios. Na medida que as alterações
climáticas têm implicações mais tangíveis e mais frequentes, o
risco climático passa a ser um elemento estratégico central no
planejamento e gestão das empresas.

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BÔNUS!
TRANSFORMANDO A GESTÃO DAS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS: PRÓXIMOS PASSOS

Este Guia Básico de Gestão das Mudanças Climáticas foi desenvolvido para te ajudar a entender as questões
relevantes aos negócios e se preparar para dar os próximos passos nesta área.

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CDP (2015) CDP Policy Briefing: Corporate Ambition & Action on Climate Change. London – 11p.

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