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17-01-2018

Resumos Economia Politica


Capítulo III

Custo Económico

Custo Economico: o custo de aquisição de um bem é o reverso da sua utilidade.

Elementos do Custo Economico

Elemento Positivo Elemento Negativo

Energia que gastamos para Renuncia ao prazer ou ao descanso


obter um determinado bem que esse esforço exige (prazer ou
(esforço/trabalho) repouso)

Exemplo: quando vou comprar algo, se preciso de 50 euros para a comprar, ou trabalho e
esforço-me uma hora para ganhar os 50 euros e compro o que quero, ou então não trabalho
(repouso) mas também não compro o que queria.

O custo económico é subjetivo, varia de individuo para individuo, isto porque depende do
individuo em 2 dimensões: da sua aptidão física e da sua conformação psicológica.

Exemplo: se eu gosto de dar aulas, e preciso de dar 1 hora de aulas para comprar uma camisa,
então, o meu custo será menor do que se tivesse de fazer um trabalho que não gostasse (aí a
camisa teria um custo maior).

A desutilidade, a desutilidade marginal e a utilidade ponderada

A sensação de pena que geralmente acompanha o desenvolvimento de uma atividade orientada


para a produção de bens económicos designa-se por desutilidade. A desutilidade varia com o
prolongamento do esforço desenvolvido. (Enquanto que a utilidade decresce com o emprego
de doses sucessivas do bem, a desutilidade aumenta com a continuidade do esforço).

NOTA: Utilidade Marginal é a suscetibilidade de um bem satisfazer uma necessidade. O bem é


útil quando ela satisfaz uma necessidade. Dose/Utilidade marginal é a ultima dose positiva
empregue para a satisfação de uma necessidade.

Maria Gomes
17-01-2018

Representação gráfica de utilidade e desutilidade:

Y
c
b d
a e Utilidade Marginal
f

Desutilidade X
Inicial
a`
b`
c`
d` e`
f`

Desutilidade Marginal

Desutilidade Total: somatório


de todas as colunas

Para produzir a dose “a” de um certo bem, adequado á satisfação de determinada necessidade,
um sujeito económico teve de suportar a pena “a`”. Para produzir a dose “b”, a pena
experimentada “b`” já foi maior. A partir da dose “d”, a utilidade das doses sucessivas passou a
diminuir, enquanto as penas respetivas vão sempre aumentando. Haverá um momento em que
a pena a suportar para produzir uma nova dose do bem será igual á utilidade dessa mesma dose
(f = f`). A partir desse momento, a produção deixa de ter interesse. Porque a utilidade do bem
não cobre o seu custo (esforço/desutilidade).

Desta relação estabelecida entre a utilidade e a desutilidade, resulta o conceito de utilidade


ponderada. Trata-se da razão cujo numerador é a utilidade e cujo denominador é a desutilidade.
𝑈𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑈
Ou seja, 𝐷𝑒𝑠𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
= 𝐷. Quando esta fração for igual ou inferior á unidade, deixa de haver

motivos económicos para que o esforço produtivo prossiga.

NOTA: acontece, por vezes, os primeiros esforços desenvolvidos na produção de um bem


provocam sensações de prazer e não de pena. Procurando definir-se apenas uma tendência
geral, importará reconhecer que, nos casos mais comuns, a sensação de pena é imediatamente
experimentada-

Desutilidade Inicial: custo da primeira dose de determinado bem, ou seja, primeiro esforço
desenvolvido. (Exemplo: 1ª hora de trabalho).

Maria Gomes
17-01-2018

Desutilidade Total: soma de todas as colunas de desutilidade, ou seja, o somatório dos vários
esforços. (Exemplo: soma das sucessivas horas de trabalho).

Desutilidade Marginal: penosidade provocada pela ultima dose positiva empregue para
satisfação de uma necessidade. (Exemplo: ultima hora de trabalho realizada para a produção de
um bem).

Valor Economico

O valor económico (que é subjetivo) depende de 2 fatores: da utilidade e do custo.

As economias monetárias projetam o valor dos bens no plano dos preços que se estabelecem
nos mercados. Esses preços resultam de um encontro entre vendedores e compradores, entre
a oferta e a procura.

Preço: expressão monetária do valor.

1- Base demográfica e processo económico

Há uma variável muito importante na economia, que é a demografia (estudo da população). Este
estudo é fundamental para a economia porque a população é consumidora; consegue-se prever
o processo económico através da população e o Principio da Escassez (para percebermos como
podemos produzir mais eficientemente para satisfazer as necessidades).

A população tem crescido devido:


Evolução da População:
1650: 515 M • Melhoramento da medicina e das condições de vida
1900: 1575 M • Aumento da esperança média de vida
1950: 2520 M • Diminuição da taxa de mortalidade e aumento da taxa de
2000: 6071 M natalidade
2016: 7400 M

Desenvolvimento Económico

• Aumenta as desigualdades sociais


• Pode agravar a diferença entre aqueles que têm e não têm poder económico
• Dignidade da pessoa e igualdade (grande problema das diferenças do desenvolvimento
económico)

Maria Gomes
17-01-2018

Capitulo IV

Escolas de Pensamento Economico

1- Grécia Antiga

A Grécia antiga não teve um contributo relevante para a economia. Nesta altura, o fenómeno
económico não tinha grande importância. Isto porque, a economia estava subordinada á politica
e á filosofia, logo não havia um estudo autónoma sobre as questões económicas. As questões
da produção económica não eram importantes porque existiam escravos, eram estes que
produziam os bens sem se preocuparem com a escassez.

Ainda assim, há dois autores que se destacam e que lançaram sementes para algumas das
correntes mais importantes:

• Aristóteles: Este influenciou o Direito, Filosofia, etc. Era contra o individualismo e a


propriedade privada e por isso foi um grande defensor da intervenção do Estado na
economia.
• Platão: foi o primeiro a pensar e escrever sobre como a divisão do trabalho faz com que
haja uma maior eficiência. Foi também o primeiro a refletir sobre a utilização da moeda
simbólica, a que usamos hoje (inicialmente as trocas eram diretas – batatas por arroz –
estas trocas não precisam de moeda, mas quando as trocas comerciais começaram a
complexificar é necessário a existência de moeda – como meio de troca. Inicialmente
as moedas tinham valor intrínseco – valiam tanto quanto a quantidade de ouro ou
metal que possuíam. Mais tarde vem o caracter simbólico da moeda, como acontece
atualmente). Foi também o primeiro a falar sobre a coletivização dos bens/propriedade,
defendendo que se coletivizasse a propriedade, ou seja, não existia propriedade
privada.

Lançam-se as bases para 2 grandes teorias:

• Socialismo (do trabalho de Platão)


• Intervencionismo Estatal (do trabalho de Aristóteles)

Economicamente a Grécia Antiga teve uma evolução, devido também ao facto da expansão do
comercio com grandes dinâmicas evolucionárias, com a utilização da moeda e de outras
dinâmicas como os títulos de crédito. O pensamento económico não teve evolução.

Maria Gomes
17-01-2018

2- Roma Antiga/Clássica

Em Roma, as questões económicas terão merecido ainda menor relevo doutrinal que na Grécia.

Os Romanos preocuparam-se com a expansão do Império, sendo um povo pragmático,


desenvolveram o pensamento jurídico para o avanço do Direito e não tanto para a Economia.
Os Romanos abandonaram a filosofia que vinha dos gregos e arranjaram estratégias económicas
e praticas para a manutenção do Império. O pensamento económico gira em torno da
preocupação sobre a manutenção das províncias conquistadas.

O trabalho ficava a cargo das províncias conquistadas (dos estrageiros), enquanto que os
Romanos eram essencialmente consumidores e não trabalhadores (visto que o trabalho era
considerado indigno).

O Império Romano desenvolve muito o Direito, no entanto, os romanos não pensavam muito
sobre a economia.

Em 495, uma crise economia no Império (o império fica sem rendimento para se sustentar) leva
a que o Imperio decida começar a intervir na economia, através da regulamentação da atividade
agrícola e industrial.

Esta intervenção gerou grandes manifestações contra o intervencionismo, porque tornou as


liberdades (económicas) das pessoas limitadas.

A consequência destas manifestações, a favor da liberdade económica, foi a


criação/desenvolvimento de liberdades individuais ou propriedade privada.

3- Idade Média

Século V a XI
Idade Média
Século XI a XIV

A idade média divide-se em 2 fases: a primeira do século V a XI; a segunda de XI a XIV. Esta
divisão acontece porque na 1ª fase da Idade Média assistimos a uma grande fragmentação
política que leva a uma grande fragmentação económica.

A primeira fase caracteriza-se por:

• Os senhores feudais detinham o poder politico e económico


• Pouco desenvolvimento económico
• Atividade económica maioritariamente ligada á atividade agrícola

Maria Gomes
17-01-2018

• As trocas eram simples e localizadas, ou seja, locais – entre vizinhos e famílias


• Fragmentação politica que leva á fragmentação económica

Esta dinâmica muda na 2ª fase da Idade Média, onde é instaurada uma nova dinâmica
económica principalmente por causa das trocas comerciais, porque as trocas já não são locais,
mas sim regionais (várias localidades/conjunto de localidades).

A segunda fase caracteriza-se então por:

• Maior dinamismo económico e também mais complexo


• Há uma especialização do trabalho (cada individuo passa a ter uma profissão – o que
não existia antes, visto que todos faziam um pouco de tudo) ≠ divisão do trabalho
• No final da 2ª parte surgem as trocas inter-regionais (entre várias regiões) e que são
possíveis graças á criação de feiras (locais onde os comerciantes das várias regiões
compram e vendem novos produtos)
• Com a expansão do comércio surgem meios de troca mais estáveis: onde há uma
expansão da moeda e do próprio crédito – passa-se então a uma fase onde todos usam
a mesma moeda (criando uma harmonia nas trocas).

No século XI dá-se o movimento das Cruzadas e neste contexto, os cristãos europeus são
influenciados pelo Papa a reconquistar Jerusalém (que estava controlada pelos muçulmanos).
Os cavaleiros abriram as rotas e mais tarde os comerciantes seguem essa rota (os comerciantes
já não estavam contentes com as vendas inter-regionais, então 2/3 seculos depois vão para o
médio oriente estabelecer trocas). Desenvolvendo-se assim a comercialização do Médio
Oriente, há uma internacionalização do comércio.

Há, na 2ª parte da Idade Média um grande e surpreendente desenvolvimento económico.


Surpreendente porque houve 2 entraves/obstáculos:

• A guerra dos 100 anos (1337-1453) – foi uma guerra religiosa


• Peste Negra (no século 14)

4- Época Medieval

O pensamento económico é influenciado pela igreja e pelos teólogos (influência por causa da
conceção moral). Há então:

• Uma grande influência da moral no pensamento económico

Maria Gomes
17-01-2018

• Quanto á propriedade: a propriedade privada é legítima, mas de forma moderada – a


igreja diz que podemos ter propriedade privada desde que de forma moderada pois
desincentiva o enriquecimento.
• Condenação do enriquecimento: devemos ter propriedade (dinheiro) mas só o
suficiente para a sobrevivência.
• NOTA: a igreja ao permitir a propriedade privada está a permitir desigualdades entre os
cidadãos.
• Outra ideia é a dignidade do trabalho: que é um rompimento ao pensamento anterior,
visto que em Roma e na Grécia o trabalho era indigno. – O trabalho passa a ser digno
• A igreja condena a preguiça
• A igreja não gostava de todos os setores: a agricultura e a industria são valorizados,
deixando de fora os serviços (comércio) porque o comércio enriquece mais rapidamente
que os outros setores e á luz da igreja, sem fazer grande coisa. – O mesmo é válido para
a banca.
• Ultimo principio do pensamento: o principio do equilíbrio – o preço tem de ser
equilibrado, ou seja, justo (do ponde de vista moral e não económico) – o preço deve
ser suficientemente baixo para que os consumidores consigam comprar e sem
extorquirem, no entanto, deve ser suficientemente elevado para que o vendedor tenha
interesse económico em vende-lo e consiga também viver decentemente.
• Este mesmo principio do equilíbrio aplica-se ao salário – o salário deve ser alto para as
pessoas conseguirem viver com dignidade, mas não demasiado alto para não criar
riqueza que os afaste de uma vida moderada e próxima de uma vida cristã.

5- Mercantilismo

Conjunto de ideias e de práticas económicas que se desenvolveram na Europa entre 1450 a


1750. Tem muitas mudanças e muitas diferenças porque foi uma escola que durou muito tempo
(3 séculos).

O mercantilismo dá inicio á época moderna onde ocorre uma tripla transformação:

• Política
• Intelectual
• Geográfica

Maria Gomes
17-01-2018

Na Idade Moderna ao contrario do Estado Absoluto, a moralidade perde influência, ou seja,


perde-se a influencia do pensamento da igreja, pois vai haver uma modernização do
pensamento económico.

Os descobrimentos vão dar um novo sentido á moeda e á troca, porque os reis que governavam
atribuíram um monopólio aos comerciantes. Atribui-se, então, importância ás questões
comerciais (trocas e comercio). Surge então uma ligação próxima entre o mercantilismo e o
absolutismo politico.

Tripla Transformação da Idade Moderna:

• Intelectualmente: é marcado pelo Renascimento (a população renasce – em que a época


anterior era “sombria” em vários setores, não havia desenvolvimento – e com a época
moderna recupera a preocupação com a estética. Este momento é inspirado nos gregos
quer na arte quer na politica – os artistas começam a produzir mais sem estar
preocupados com a igreja, exemplo: Da Vinci e Rafaelo – e devido também há maior
liberdade. Para além disso há uma laicização do pensamento, isto é, perda da influencia
da igreja no pensamento) e a introdução de novas inovações tecnológicas:
➢ Os castelos são substituídos por palácios
➢ Aumento do gosto pelas viagens
➢ Melhorias nas estradas
➢ Melhor divulgação das ideias pela imprensa – impressão da primeira bíblia em
1450
➢ Mudanças na alimentação (especiarias), arte, ciência, habitação, etc

Dentro desta destaca-se a transformação religiosa, a Reforma de Calvino que incentivou


o enriquecimento (luxo – riqueza), isto é, incentivo económico e do individualismo.

• Politicamente: as transformações politicas surgem no seculo XVI, onde surge o Estado


Moderno. O Estado Moderno em que há uma centralização monárquica e dá origem á
Unidade Politica (O estado passa a conhecer todas as discussões, mesmo as dimensões
económicas). Surge o conceito de Balança Comercial (surge quando há uma estratégia
de exportações e importações. O objeto dos Estados é que haja mais importações e por
isso há conflitos entre os Estados).
• Geograficamente: atendendo aos movimentos dos Descobrimentos, há alterações dos
limites e passa-se a conhecer o que era desconhecido para alem do Atlântico.

Ideias Mercantilistas: também chamada de pré-fase do capitalismo. É a fase de transição da


época medieval para o dinamismo do capitalismo.

Maria Gomes
17-01-2018

No século 16, na Europa, há um grande afluxo de metais precisos resultante dos


Descobrimentos, e há também uma grande subida de preços que origina instabilidade social.

Então o Rei Carlos IX, pede a DeMalestroit um estudo sobre esta subida de preços. Este em 1576
escreve um texto onde explica o que estava a acontecer em todos os reinos europeus. Então diz
“a subida dos preços foi aparente”, na verdade não houve subida dos preços, porque houve uma
maior disponibilidade de metal na economia – só houve uma subida nominal dos preços.

Surge então a Ideia Metalista (Ideia central e também mais importante): os mercantilistas
defendem que a riqueza de um Estado depende da quantidade de metal que um Estado
possui/dispõe. Então baseia-se em 3 pressupostos:

1- Riqueza = Quantidade de Metal (ouro e prata)


2- Caracter de durabilidade do Metal – porque o metal? Porque o metal não se desgasta
com o tempo.
3- Necessidade de metal para o esforço de Guerra

Cada reino tem estratégias diferentes de acumular metal. Há então 3 tipos de mercantilismo e
todos eles partem da deia metalista. São eles:

• O Mercantilismo Ibérico
• O Mercantilismo Francês
• O Mercantilismo Inglês

5.1- Mercantilismo Ibérico

1- Se a riqueza = metal, então vamos impedir que saía metal precioso do reino. (As
fronteiras são vigiadas e impede-se as pessoas de sair do reino com metais preciosos).
2- Controlam os contratos individuais de exportações e importações. Ou seja, um
comerciante que quisesse sair do reino e vender produtos, era lhe exigido que teria de
exportar mais do que importar, garantindo assim uma balança comercial favorável ou
equilibrada.
“Incentivam as exportações e controlam as importações”
3- Promoção da entrada de metais preciosos através da oferta de juros elevados. Não só
retêm o metal que têm no reino como também tentam convencer os outros países a
investirem o dinheiro cá, através da diminuição de impostos e o aumento das taxas de
juro.

O Mercantilismo Ibérico era creso-hedonismo, ou seja, tinham prazer de acumulação de


dinheiro.
dinheiro prazer

Maria Gomes
17-01-2018

5.2- Mercantilismo Francês

Também chamada de Colbertismo.

Tinham uma postura muito diferente da anterior.

1- Em vez de estarem preocupados em fechar fronteiras para não sair o metal, vão
desenvolver relações económicas que atraíssem para o seu território os metais
preciosos a que não tinham direto acesso. Para isto, os políticos franceses procuram
desenvolver as industrias de produtos facilmente exportáveis, a fim de obter ouro e
prata em troca desses produtos. Interessava exportar bens ricos, que concentrassem
elevados valores em volumes e pesos relativamente reduzidos. Assim, desenvolveram-
se as industrias francesas de luxo – sedas, tapeçarias, loiças, perfumes. Deram então
origem a bens com qualidade e competitivos internacionalmente (por exemplo na
questão dos preços). Isto levará a mais exportações que nos trará mais metal para o
reino francês.
2- O mercantilismo francês também é populacionista, ou seja, incentiva a natalidade
porque mais pessoas significa mais mão de obra, mais mão de obra significa mais bens,
tendo mais bens há mais exportações, e se há mais exportações haverá mais riqueza.
Mais pessoas – mais mão de obra – mais bens – mais exportações – mais riqueza
Pessoas = Riqueza
3- Por último, é também industrialista (investem no setor industrial)

5.3- Mercantilismo Inglês

Ao contrario dos outros dois, Inglaterra é caracterizada pela sua insularidade.

Como é uma ilha, tem de desenvolver a armada comercial (a marinha). Os ingleses desenvolvem
então os barcos comerciais, mas também a armada militar (por causa da pirataria – visto que os
barcos comerciais eram alvos dos piratas, pois estes queriam roubar os bens).

Teve efeitos positivos:

• O Reino Unido tornou-se uma economia muito dinâmica (desenvolveram-se


economicamente)
• Tornam-se os transportadores do mundo (porque tinham as armadas mais
desenvolvidas do mundo)
• Tornam-se os banqueiros do mundo (porque a libra esterlina era muito estável)

Maria Gomes
17-01-2018

O que têm em comum com o Mercantilismo Ibérico?

Muito pouco. Para o Reino Unido o que cria realmente riqueza é a circulação monetária, ou seja,
uma maior abertura da economia trás melhores resultados.

O Mercantilismo Inglês constitui uma critica ao próprio mercantilismo, na medida em que, o que
é mais vantajoso não é fixar o metal, mas sim a abertura da economia. Propõem então o
liberalismo económico.

Uma desvantagem das correntes é que se crie outra corrente. O Mercantilismo vai acabar e vai
dar lugar a outra corrente por causa das suas desvantagens, que serão corrigidas na próxima
corrente.

Balanços do Mercantilismo

Aspetos positivos: Aspetos negativos (estes aspetos negativos


foram nomeados essencialmente por Dudle
• Criação de uma economia
North e Richard Cantillon):
dirigida/orientada.
• Surge uma conceção de economia • Consideração da população em
nacional, que é baseada na função do Estado e não em função
conceção da unidade territorial e o do bem-estar da população.
principio da solidariedade nacional • A questão dos monopólios de
(que não existia até aqui). exploração do mercado (maus para
• Há uma valorização da exploração a economia porque criam
dos recursos da nação. desigualdades).
• Contributo que esta teoria deu para • Criam uma distribuição arbitrária
o absolutismo politico. de privilégios, que são injustas e
• Há uma ampliação do comercio e que justificarão o liberalismo
uma superação das limitações da económico.
economia medieval. • Há uma necessidade de uma maior
racionalidade no sistema
económico, porque havia um
protecionismo exagerado (exceto
no inglês).
• Há uma fixação artificial dos
preços, com uma certa intervenção
do Estado.
Maria Gomes
17-01-2018

Temos ainda 2 aspetos negativos, que são uma grande justificação para a criação da escola do
pensamento fisiocrata:

• Exigiam uma cobrança exagerada de impostos ao setor agrícola (maioritariamente o


mercantilismo francês, para conseguirem investir na industria).
• Penalização e desconsideração do setor primário (Setor agrícola).

6- Fisiocracia

A fisiocracia é uma escola do pensamento que tem origem no seculo 17, ainda na fase do
mercantilismo. O grau advento da fisiocracia vem no seculo 18.

Fisio/cracia

Natureza Governo

Fisiocracia significa o governo através da natureza.

Os fisiocratas orientam-se pelo naturalismo. São naturalistas (reconhecem a importância das


leis da natureza e organizam o homem conforme com a natureza).

Inspirados no naturalismo começam a achar que devem dar importância á agricultura, devem
valorizar o setor primário. Os fisiocratas criticam o mercantilismo, dizendo que este é arbitrário,
é uma criação do homem e não da natureza e por isso devemos pensar na economia de outra
forma.

Os fisiocratas defendem o retorno á valorização da terra – o que não aconteceu no


mercantilismo. E porque? Porque querem valorizar a agricultura? Porque os mercantilistas
destruíram o setor primário, e porque, para os fisiocratas, a única atividade que produz uma
mais valia/ que cria excedente/que acrescenta valor é a agricultura.

A ideia central dos fisiocratas é a agricultura. Não nos podemos central na atividade industrial
porque isso só transforma e não cria excedente.

Os fisiocratas cansados das arbitrariedades que davam valor ao comercio e ao setor secundário
e á consequente desvalorização do setor primário, vão apelar á pratica de racionalidade da
politica económica, ou seja, os fisiocratas dizem que temos de olhar para as leis da natureza e
aplica-las na organização económica.

Os fisiocratas defendem também que o Estado devia conceder liberdade económica incluindo a
da alienação da propriedade, ou seja, não deveria haver intervenção estatal. Quanto á questão

Maria Gomes
17-01-2018

da alienação, antigamente não se podia vender a propriedade, só se podia alugar par alguém
nela produzir. Mas como isso dava muito trabalho (por causa das rendas, etc), os donos dos
terrenos deixavam os terrenos ao abandono, causando assim ineficiência. Os fisiocratas vêm
defender, então, que se pode vender propriedade, para que assim, que tivesse interesse em
cultiva-la, poderia fazê-lo e assim haveria uma evolução do setor primário.

Atendendo a estas características, podemos caracterizar a fisiocracia em 2 palavras:

• Corrente conservadora (porque tem uma logica de regressar aos valores originais – que
estão na agricultura)
• Corrente agrarista

Os fisiocratas defendem o fluxo circular da economia (são organicistas).

Os fisiocratas dividem a sociedade em 3 classes sociais:

• A classe produtiva (Agricultores)


• A classe estéril (as pessoas que não trabalham no setor agrícola: quem trabalha no setor
industrial ou comercial)
• A classe proprietária (os que detém propriedade)

Há uma critica á organização da sociedade: a única classe que produz riqueza é subcarregada
para sustentar as outras 2 classes que não produzem.

Os fisiocratas defendem também que há uma ordem natural que nos rege e o principal objetivo
da ordem natural é a multiplicação dos Homens (porque mais pessoas = mais natureza) e a sua
felicidade. – Este é um aspeto igual ao mercantilismo francês: a multiplicação dos seres
humanos. Tem também um aspeto diferente do mercantilismo que é a felicidade humano, o
bem-estar. O mercantilismo não se preocupava com isto. Esta ideia fisiocrata surge também
como uma critica ao mercantilismo: “não se preocupam com as pessoas, mas sim com o
enriquecimento do Estado”.

Os fisiocratas defendem que uma das preocupações da economia é a felicidade humana.

A questão da propriedade:

Os fisiocratas defendem que a propriedade privada é legítima, ou seja, são defensores da


propriedade privada.

Mas qual o objetivo/finalidade da propriedade privada para os fisiocratas? É garantir a felicidade


dos seres humanos. E como se conseguia ter propriedade? Através da atividade agrícola, da

Maria Gomes
17-01-2018

melhoria das condições da produção agrícola, aumento/expansão dos mercados e o incentivo á


industria que utilize bens agrícolas.

Dois autores fisiocratas:

• François Quesnay: defendia a tese organicistas; era contra a intervenção estatal.


• David Hume: criticava a desigualdade da distribuição do rendimento; foi o primeiro
autor a definir utilidade económica dos bens económicos.

7- Liberalismo Económico

Surge no seculo 16/17 e consolida-se mais tarde com o capitalismo económico no seculo
18/19. Surge como forma de contestação aos mercantilistas e aos fisiocratas, ou seja, ás 2
correntes anteriores. Por isso apresentam ideias novas.

Foi inspirado pelo racionalismo (paradigma filosófico que inspirou o liberalismo económico) aos
quais se juntam o individualismo e o utilitarismo.

Liberalismo = Racionalismo + Individualismo + Utilitarismo

Principais linhas do pensamento do liberalismo

Racionalismo Individualismo Utilitarismo

O principal argumento do liberalismo é o reconhecimento do individualismo do ser humano e o


reconhecimento dos seus direitos que lhe são naturais e inalienáveis/intrínsecos.

O segundo aspeto tem a ver com a razão pela qual o liberalismo económico surgiu, onde surgiu.

O liberalismo surge e Reino Unido, devido a várias razões:

• O liberalismo politico ficou mais maduro e consolidado desde a Magna Carta


em 1215. A magna carta deu origem ao constitucionalismo, onde há uma
limitação do poder do soberano, o soberano tem de exercer os seus poderes
tendo em conta a soberania popular – nem o rei está a cima do Direito.
• O mercantilismo inglês, que foi um mercantilismo muito aberto para as trocas,
promoveu a circulação e uma menor intervenção do Estado.
• Foi no Reino Unido que as revoluções industriais surgiram, criando um maior
dinamismo e uma maior exigência por liberdade na atividade económica. Para
alem disso, originou situações sociais ainda não vistas até então,

Maria Gomes
17-01-2018

nomeadamente, na entrada para o mercado de trabalho de mulheres e


crianças.

Quais são as principais características do liberalismo económico?

• Principio da segmentação do trabalho (Porque era importante? Porque a segmentação


significa uma maior especialização dos operários e consequentemente um aumento da
capacidade produtiva e da produção efetiva – aumentar a quantidade produzida
significa poderem os produtores baixar o preço. Aumenta a quantidade – diminui o
preço. E porque se consegue aumentar a produção? Porque se especializa o operário,
que se torna assim mais rápido. A segunda razão tem a ver com a diminuição do
desperdício do tempo perdido com a mudança de tarefa. Tem ainda uma terceira
característica que foi a introdução da maquinaria na produção.
• Exigência da sociedade por mais liberdade: a sociedade exigia no seculo 18 e 19 uma
maior liberdade (económica, de produção, de circulação, de pensamento).
• Principio do livre-cambismo ou livre-troca: principio de acordo com o qual não deverão
existir entraves á circulação dos bens, capitais, pessoas, etc. Mais especificamente para
não haver estes entraves tem de haver uma maior liberdade no comercio internacional,
nas trocas entre as economias nacionais. Como é que os Estados sabem o que produzir
e comprar? Através desta logica do livre cambismo – cada economia deve preferir
produzir os bens para o qual tem mais competência e a importar/comprar os bens que
para os quais terá menos competência.
• O mercantilismo e a fisiocracia não se entendiam, porque os primeiros queriam
desenvolver a industria, e os fisiocratas queriam desenvolver a agricultura. Então os
liberalistas dizem que este problema só se resolve quando a agricultura for
industrializada.

Que consequências teve o liberalismo económico?

• Uma revolução demográfica por vários motivos nomeadamente por causa do êxodo
rural (que resultou da industrialização) (definição de êxodo: saída do campo para a
cidade) e a urbanização desmesurada (ou seja, o crescimento das cidades)
• Uma deslocação da atividade económica do setor primário para o setor secundário
(antes da industrialização, maior parte das pessoas trabalhava no setor primário. Com a
introdução de novas máquinas é preciso pessoas para trabalhar com elas, então vai se
buscar essas pessoas ao setor primário)

Maria Gomes
17-01-2018

• Condições de vida das pessoas nas cidades: condições muito difíceis porque havia
muita exigência/pedido/procura por mão de obra. Estas competências eram básicas e
pouco qualificado, então como consequência têm salário muito baixo.
• Entrada para o mercado de trabalho de mulheres e de crianças: antes estavam foram
do processo industrial, mas qua vão começar a integrar o processo produtivo (em
primeiro lugar porque havia muita procura de mão de obra, e os homens não
chegavam, então recorriam ás mulheres e ás crianças. A outra razão é o facto de as
tarefas serem pouco qualificadas, ou seja, o trabalho é tao fácil que até uma criança
pode fazer). Os salários eram tão baixos, que mesmo todo o agregado familiar (pais,
filhos, etc.) a trabalhar e a receber, mesmo assim tinham dificuldades.

3 autores: Adam Smith, Thomas Malthus, David Ricardo.

Adam Smith:

Era um professor de filosofia natural, viveu no seculo 18 e em 1759 publica uma obra chamada
“teoria dos sentimentos morais”. O que dizia Adam Smith nesta obra? Dizia que a condição para
que exista harmonia na sociedade é a simpatia (sentimentos morais, e que hoje chamamos de
empatia). Cada pessoa deve ser a mais empática possível (capacidade que temos de nos colocar
no lugar do outro).

Só que, passado uns anos, ele escreve uma outra obra em 1776, “o inquérito á riqueza das
nações” onde apesar de não terem passados assim tantos anos, adam Smith vai substituir este
conceito da simpatia. O que é preciso para que a sociedade funcione de forma harmoniosa é o
interesse. Ele diz que a sociedade funciona bem, não por causa da simpatia/empatia que
nutrimos pelos outros, mas por causa de perseguirmos os nossos próprios objetivos e interesses
individuais.

Esta obra debruçasse muito sobre a riqueza das nações. A riqueza para Adam Smith são todos
os bens (materiais) necessários e cómodos á vida. Não considerava os serviços. Propõem uma
definição de riqueza que nos aproxima da conceção da ciência da riqueza (de ciência politica). A
riqueza de uma nação é a produção destes bens necessário e cómodos á vida num período de
um ano. Isto faz-nos lembrar o conceito de PIB.

Se a riqueza de uma nação depende da produção destes bens, então como é que os
estados/nações/economias deverão ou poderão aumentar a sua riqueza? Produzindo mais.

E como se produz mais? Através do trabalho. Melhorando o trabalho e tornando o mais


produtivo.

Maria Gomes
17-01-2018

Adam Smith traz para o centro da economia o estudo do trabalho, porque a riqueza só há, se
existir trabalho.

Devemos repensar a forma de organização do trabalho para aumentar a produtividade. E é deste


raciocínio que surge as ideias que falamos a cima, como a fragmentação do trabalho.

Se as pessoas passam a dedicar-se a uma tarefa a que sejam melhores, então segundo o Adam
Smith, nós fazemos o que sabemos fazer melhor e compramos tudo o resto.

NOTA: os liberais são burgueses, logo não há ninguém que aceite e queira mais a propriedade
privada. Isto é aceitar desigualdades entre as pessoas. Estas desigualdades são justificadas com
o esforço de cada um. Quem trabalha muito tem muito, quem trabalha pouco tem pouco.

Adam Smith também criou um novo conceito, os mercados, são um espaço abstrato com
dimensão mundial onde se conjugam as trocas. E, portanto, o preço dos bens determina-se nos
mercados (ponto de equilíbrio). E que existe a chamada “mão invisível”, há uma logica de
autorregulação dos mercados, os mercados regulam-se sozinhos, não é necessária uma
intervenção externa (o Estado) a dizer o preço, ou quando devemos produzir ou assim.

São contra o intervencionismo estatal. Porque o Estado só ia estragar, visto que tudo corre bem
não é necessário a intervenção de ninguém.

Para que os mercados funcionem normalmente tem de haver uma logica de livre concorrência
(onde nenhum agente pode ou consegue condicionar o mercado). Um dos agentes que
consegue fazer isso é o Estado.

O mercado funciona muito bem se ninguém interferir, mas se por acaso alguém interferir
(tentando controlar os preços, por exemplo um grupo de produtores), o Estado tem de garantir
a livre concorrência e o ambiente propicio para o desenvolvimento económico. E como? Através
da justiça (o estado precisa de ter tribunais e juízes), da manutenção da paz (para isto o estado
precisa de ter um exercito).E tem de assegurar também os bens públicos – os mínimos possíveis,
os que não conseguiríamos manter sem o estado – (bens que respondem a necessidade publicas
mais facilmente alçados em sociedade). Como o Estado paga isto? Com os impostos.

Os liberais dizem que o estado tem de se abster da atividade económica, mas têm de cobrar
impostos módicos/moderados, ou seja, só o necessário para pagar estas funções (assegurar a
paz, justiça e os bens públicos).

Maria Gomes
17-01-2018

David Ricardo:

Viveu no final do seculo 18 inicio do seculo 19. E em 1817 escreveu um livro chamado “princípios
da economia politica e do imposto”.

David Ricardo como viveu algumas décadas depois de Adam Smith, então estes, apesar de
liberais, não têm as mesmas visões, porque também a época em que viveram era diferente.

Davi Ricardo começou por observar um acontecimento no reino unido que era a agricultura.

Havia uma lei que protegia os proprietários agrícolas, porque havia um imposto que e aplicava
aos cereais importados no reino unido. Este imposto era muito elevado e originava uma
diminuição da importação e as pessoas eram obrigadas a consumir os bens nacionais. Mas isto
tem uma consequência: a falta de competitividade, alterações ao mercado e consequentemente
preços artificias ou artificialmente elevados.

Ele diz que este imposto tinha de acabar porque o Estado mais uma vez esta a mexer nos
mercados, criando preços superficiais, não permitindo a livre concorrência e está a usar o
rendimento da industria para compensar a dos cerais.

Maria Gomes

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