Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Química
Análise Instrumental

Relatório 4:
ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR NA
REGIÃO DO ULTRA-VIOLETA E DO VISÍVEL

Letícia Miranda Nogueira


Patrícia Carvalho Ribeiro
Pedro Henrique Silva
Pedro Ivo de Oliveira Filho
Raquel Sousa Ramos

Belo Horizonte – MG
16 de abril de 2014
1. RESUMO

A espectrofotometria de absorção molecular na região do ultravioleta e visível (UV-


Vis) é uma técnica de identificação e quantificação, cujo princípio físico-químico baseia-se na
interação entre as moléculas da amostra com a radiação emitida pelo equipamento, que
contém comprimento de onda na faixa de 160 a 780 nm. O intervalo de frequência em questão
é a faixa do espectro eletromagnético correspondente ao ultravioleta-visível e seu conteúdo
energético é capaz de promover transições eletrônicas entre orbitais moleculares. Com o
auxílio dessa técnica, verificou-se a quantidade de dipirona presente em um comprimido de
Dipirona®.

2. INTRODUÇÃO

A espectrometria por absorção molecular na região do ultravioleta-visível baseia-se na


interação entre a radiação na faixa de 160 a 780 nm e a matéria em estudo. Nessa faixa do
espectro eletromagnético há energia suficiente para promover a transição eletrônica entre
orbitais moleculares. Uma fonte emite radiação de intensidade I0, mas, ao passar pela amostra,
parte dessa energia é consumida na excitação dos elétrons e, portanto, o feixe emergente tem
intensidade menor I. A razão entre I e I0 é a transmitância (T):
𝐼
𝑇=
𝐼0
A absorbância da amostra é dada pela lei de Beer-Lambert
1
𝐴 = 𝑙𝑜𝑔 ( ) = 𝜀𝐿𝑐
𝑇
Na qual ε é a absortividade molar, característica de cada material, L é o caminho
óptico percorrido pelo feixe incidente na amostra e c é a concentração da solução em estudo.
Essa lei é válida para concentrações até 10-2 mol por litro de analito, uma vez que em
concentrações elevadas a amostra pode interagir entre si, de modo que a absorção de energia
pode não ser resultado apenas da excitação eletrônica. Além disso, há variações do índice de
refração da solução em altas concentrações, alterando os resultados.
Baseado nessas condições, um espectrofotômetro de absorção molecular no
ultravioleta-visível constitui-se, essencialmente, de uma fonte de radiação, geralmente
lâmpadas de deutério e hidrogênio ou arco de xenônio, de um recipiente para a amostra cujo

2
caminho óptico é conhecido e de um detector da radiação que atravessou a amostra. Em
alguns espectrofotômetros, os de feixe duplo, há também uma cubeta de referência.

Figura 1 – Diagrama esquemático de um espectrofotômetro de feixe duplo

A análise pode ser feita a fim de identificar um composto, fazendo-se uma varredura
de toda a faixa espectral, ou pode também ter fins quantitativos. Neste caso, utiliza-se filtros e
monocromadores com o objetivo de selecionar um comprimento de onda específico,
usualmente aquele no qual a absorbância da amostra é maior. De posse de uma curva de
calibração, é fácil identificar a concentração do analito. Para a dipirona sódica (ácido 1-fenil-
2,3-dimetil-5-pirazolona-4-metilamino metanossulfônico), o comprimento de onda que se
deve utilizar para análises quantitativas é 258 nm, segundo a quarta edição da Farmacopéia
Brasileira.

3. OBJETIVO
 Determinação do teor de dipirona em um comprimido de analgésico.

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

 Espectrofotômetro Varian Cary 50 UV-Vis;


 Computador conectado à interface do espectrofotômetro;
 Soluções padrão de dipirona de concentrações 1,00 mg/L, 3,00 mg/L, 5,00 mg/L,
7,00 mg/L e 9,00 mg/L;
 Soluções de dipirona preparadas a partir da dissolução de comprimido de analgésico;
 Água destilada para lavagem do equipamento.
3
Métodos

Primeiramente, foram preparadas as soluções padrão, por meio da dissolução de


dipirona em água, e as soluções amostra, através da dissolução do comprimido de analgésico
em água.

Para começar a análise, utilizou-se um software de varredura para determinação do


comprimento de onda ótimo de absorbância da dipirona. O programa foi configurado para
realizar uma varredura de 500,0 nm a 200,0 nm e procurar por picos de absorbância. Então,
realizou-se uma varredura em água destilada para que o programa ajustasse o “branco”. Logo
em seguida, foi feita uma varredura em uma solução padrão de dipirona, e o programa exibiu
uma tabela com os picos de absorbância. Dentre os valores exibidos na tabela, determinou-se
o comprimento de onda ótimo como sendo 210 nm.

Um outro software foi utilizado para análise das concentrações. O programa foi
ajustado para realizar a leitura de absorbância no comprimento de onda de 210 nm. Uma nova
leitura em água destilada foi feita, para que o novo programa ajustasse o “branco”. Após isso,
foram feitas as leituras de absorbância das soluções padrão, e os resultados obtidos foram
utilizados na confecção da curva de calibração. Foram feitas, em seguida, as leituras de
absorbância das duas soluções amostra, e suas concentrações foram determinadas com auxílio
da curva de calibração construída.

Deve-se destacar que, depois de cada leitura realizada neste experimento, a haste de
análise do espectrofotômetro era devidamente lavada com água destilada, para evitar erros nas
leituras seguintes.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 2 mostra o gráfico da absorbância pelo comprimento de onda obtido na


análise de uma solução padrão de dipirona, a fim de se determinar o comprimento de onda
ótimo para se fazer o experimento. Os resultados podem ser vistos de forma mais direta na
Tabela 1, que mostra a absorbância para diferentes comprimentos de onda.

4
Figura 2 – Curva de absorbância de uma solução padrão de dipirona

Tabela 1: Dados obtidos da análise feita em uma solução padrão de dipirona


Comprimento de onda (nm) Absorbância

366,0 0,011

357,0 0,012

354,0 0,016

347,9 0,005

335,9 0,007

324,1 0,012

269,0 0,123

239,0 0,130

231,9 0,122

210,0 0,194

5
Com os resultados obtidos na Tabela 1, pode-se determinar o comprimento de onda
ótimo para realizar a análise. Este comprimento de onda é definido como aquele em que se
obteve a maior absorbância, ou seja, onde a solução padrão absorveu o máximo da radição
incidida. A absorbância máxima foi registrada em 210 nm.
Após fixar-se o comprimento de onda em 210 nm, obteve-se a absorbância de
diferentes amostras com concentrações previamente determinadas, permitindo a construção de
uma curva padrão. Os dados obtidos estão descritos na Tabela 2.

Tabela 2: Absorbâncias obtidas para os 5 padrões de dipirona


Padrão Concentração (mg/L) Leitura
Padrão 1 1,00 0,0472
Padrão 2 3,00 0,1119
Padrão 3 5,00 0,1779
Padrão 4 7,00 0,2398
Padrão 5 9,00 0,3032

A partir dos resultados da Tabela 2, fez-se a regressão linear dos dados, como
mostrado na Figura 3.

Figura 3 – Curva de calibração cunstruída a partir dos resultados da Tabela 2

Observa-se que o coeficiente de correlação é muito próximo de 1, confirmando que a


regressão linear foi bem sucedida (os pontos estão de fato alinhados). A equação obtida foi:

Concentração = 0,032 x (Absorbância) + 0,016 (Equação 1)

6
Transladando-se a reta, uma vez que a absorbância em concentração nula deve ser
zero, obtém-se a Figura 4.

Figura 4 – Curva de calibração após o translado para correção

A mesma análise foi feita para duas amostras de concentrações desconhecidas e os


resultados estão dispostos na Tabela 3.

Tabela 3 – Leituras de absorbância das amostras


Amostra Concentração (mg/L) Leitura
Amostra 1 ? 0,2912
Amostra 2 ? 0,2638

A partir da regressão linear obtida e dos dados da Tabela 3, pode-se calcular a


concentração de cada amostra, em que se obtém:

Tabela 4 – Concentrações obtidas para as amostras


Amostra Concentração ( mg/L) Leitura
Amostra 1 8,6 0,2912
Amostra 2 7,7 0,2638

6. CONCLUSÃO

A partir do experimento realizado no espectrofotômetro UV-Vis, pôde-se determinar a


concentração de duas amostras desconhecidas contendo dipirona. As concentrações
7
encontradas foram Amostra1 = 8,6 mg/L e Amostra2 = 7,7 mg/L. Portanto, as curvas de
calibração se mostraram uma ferramenta eficaz e segura para se tratar os dados fornecidos na
análise.
A partir do experimento foi possível observar como a espectrofotometria de absorção
molecular na região do UV-Vis é uma técnica usada para se determinar não só
qualitativamente uma amostra, mas também quantitativamente, sendo, assim, um método de
grande aplicabilidade.
Além disso, podemos compreender a técnica de forma mais clara, bem como o
funcionamento do espectrofotômetro, permitindo aprofundar os conhecimentos sobre a
espectrofotometria e os fundamentos físico-químicos envolvidos.

7. REFERÊNCIAS

SKOOG, D. G.; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A. Princípios de Análise Instrumental. 5 ed.


Porto Alegre: Bookman, 2002.

CASTELLANI, A.M. et al. “Determinação Espectrofotométrica de Dipirona em Produtos


Farmacêuticos Comerciais”. Disponível em: <http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/
epcc2005/anais/ana_mauriceia_castellani2.pdf> Acesso em 19 de Abril de 2014, às 14:50.

Você também pode gostar