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Administrativo

Direito Administrativo (Universidade Catolica Portuguesa)

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Direito Administrativo

I. Noção de Direito Administrativo

1. Direito Administrativo, Administração Pública e Função Administrativa

1.1. Direito Administrativo: ramo de Direito Público que regula dois tipos de normas:
- organização da Administração Pública
- relações jurídicas que se estabelecem no âmbito do exercício da função administrativa:
relações jurídicas administrativas

1.2. A prossecução das necessidades públicas deve ser realizada pela comunidade, que
se vai organizar para que seja desenvolvida de modo regular, contínuo e adequado
- Assim, a atividade da administração pública vai ser desenvolvida por pessoas coletivas
públicas, integradas por um conjunto de serviços públicos (Administração Pública)

1.3. Administração Pública


- Sentido material ou funcional: atividade que, numa comunidade politicamente
organizada, satisfaz as necessidades públicas de forma regular e contínua - função
administrativa (administração pública)
- Sentido orgânico ou organizatório: sistema complexo de pessoas coletivas públicas,
integradas por serviços públicos, que desempenham tarefas de administração pública,
necessárias à satisfação das necessidades públicas (Administração Pública)
- estes conceitos relacionam-se entre si: a AP só existe, enquanto existir o exercício
da função administrativa (tarefas que são desempenhas pela AP)

1.4. Direito Administrativo orgânico ou organizatório


- Conjunto de normas que disciplinam a organização da AP, instituindo as pessoas
coletivas, os órgãos e serviços que a integram
- Compete ao legislador identificar quais as necessidades públicas que a comunidade
pretende ver satisfeitas pelos serviços da AP, no exercício da função administrativa
- Para o efeito, o legislador vai instituir e regular as entidades que integram a AP,
quanto à sua estrutura orgânica e modo de funcionamento dos órgãos e serviços
que as integram
- Nesta perspetiva, o Direito Administrativo é o Direito estatutário da AP: compreende um
conjunto de normas que têm por objeto definir o estatuto da AP

1.5. Direito da função administrativa


- Conjuto de normas que disciplinam as relações jurídicas administrativas (maior parte das
normas de Direito Administrativo são deste tipo)
- ex: normas que impõem deveres à AP ou aos particulares para com a AP
- Nem todas as relações jurídicas que envolvem a AP são reguladas pelo Direito
Administrativo; e nem todas as relações jurídicas reguladas pelo Direito Administrativo
envolvem a AP
- Assim, o Direito Administrativo, no seu conjunto, não pode ser qualificado como um
ramo de Direito estatutário da AP

1.6. O Direito Administrativo só disciplina a atividade que a AP desenvolve no exercício da


função administrativa
- As entidades que integram a AP têm capacidade de gozo de direito privado, dentro dos
limites do princípio da especialidade:

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- as entidades podem utilizar os instrumentos jurídicos que o Direito privado coloca


à sua disposição, desde que isso não seja incompatível com a sua natureza ou
prossecução das necessidades públicas
- Artigo 2º/3 CPA: os princípios de Direito Administrativo são aplicáveis à atividade de
gestão privada da Administração Pública
- Apesar disso, a atividade de gestão privada da AP rege-se, em primeiro lugar, pelo
Direito Privado
- os princípios de Direito Administrativo só intervêem para temperar as soluções que
resultariam da aplicação do Direito privado, que não sejam compatíveis com as
exigências que são impostas à AP

1.7. Cada vez mais, o Estado concede a prossecução de atribuições públicas a uma
entidade privada:
- A partir do momento em que o particular é investido no exercício de funções públicas,
através da concessão de poderes públicos, passa a exercer a função administrativa,
passando a ser destinatário de normas de Direito Administrativo
- Artigo 2º/1,2 CPA: as entidades privadas que desempenham a função administrativa não
estão sujeitas ao regime orgânico ou organizatório da Parte II do CPA, mas sim a todo o
restante regime do CPA que diz respeito aos princípios gerais, procedimento e atividade
administrativa
- Assim, a Parte II do CPA apenas disciplina o regime específico de funcionamento
dos órgãos da AP, identificados no artigo 2º/4 do CPA

1.8. Órgãos públicos, do Estado ou Regiões Autónomas, que não integram a AP por não
exercerem a função administrativa, podem praticar atos administrativos (148º CPA)
- ex: PR, AR e seu Presidente, Tribunais Superiores e seus Presidentes
- Estes órgãos, além de observarem o regime normativo dos atos em causa, devem
observar o disposto no artigo 2º/1 do CPA
- Uma entidade é privada, mesmo quando criada por uma entidade pública, desde que a
sua estrutura obedeça a um modelo configurado por normas de direito privado
- ex: sociedades comerciais de capital público

2. Organização da Administração Pública portuguesa

Administração Estadual
- O Estado é a principal pessoa coletiva pública da ordem jurídica portuguesa,
desempenhando a função administrativa através de um conjunto de serviços, constituídos
por funcionários e agentes dependentes do Governo
- O Governo é o principal órgão responsável pelo exercício da função administrativa (182º
e 199º CRP)
- exerce um poder de direção sobre a Administração Direta do Estado, e um poder
de superintendência sobre a Administração Indireta do Estado (199º c) CRP)

Administração estadual direta


- Conjunto dos serviços do Estado, que se estruturam em Ministérios, sendo cada um
constituído por um conjunto de serviços centrais e Direções-Gerais, que por sua vez se
desdobram em Direções de Serviços
- Ministérios estão hierarquicamente subordinados ao Governo - orgão máximo da
Administração Pública Estadual
- Os serviços administrativos estão estruturados em forma de pirâmide hierarquizada,
cabendo a cada superior hierárquico o exercício dos seguintes poderes:

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- poder de supervisão: anular, revogar, suspender ou modificar os atos do subalterno


- poder de direção: emanar ordens, instruções
- poder de inspeção: fiscalizar
- poder disciplinar: sancionar no caso de se encontrar alguma irregularidade
- A relação hierárquica resulta do princípio da desconcentração: verifica-se uma
distribuição de competências pelos diferentes graus de hierarquia
- O superior hierárquico não tem de tomar sempre as decisões, estando o poder de
decisão distribuido ao longo da cadeira hierárquica
- Administração Estadual Direta central: orgãos que têm competência em todo o
território nacional
- Administração Estadual Direta periférica: competência administrativa territorialmente
limitada (ex: Governos Civis, Repartição de Finanças, Direções Escolares etc)

Administração estadual indireta


- Resulta da devolução de poderes: criados pelo Estado para prosseguirem interesses
públicos estaduais, devido a uma maior eficácia desses interesses
- Institutos públicos: serviços personalizados do Estado que foram transformados em
pessoas coletivas distintas do Estado por razões de eficiência de gestão
- Entidades públicas empresariais: também são pessoas coletivas públicas, distintas do
Estado, mas têm estrutura empresarial, desenvolvendo atividades económicas com fim
lucrativo - são empresas públicas
- Empresas públicas: compreende as EPE, as sociedades de capitais públicos e as
sociedades constituídas segundo as regras do Direito Comercial, e nas quais o
Estado é o principal acionista
- As restantes empresas públicas para além das EPE, não integram a AP, mas
são objeto de normas de Direito Administrativo, exceto as que correspondem ao
plano orgânico ou organizatório: isto acontece porque, apesar de serem
entidades privadas, exercem a função administrativa
- O Governo tem certos poderes sobre a Administração Estadual Indireta (199º d) CRP):
- poder de superintendência: orientação sobre a forma como os interesses devem
ser prosseguidos
- poder de tutela: controlo da entidade tutelada
- tutela de mérito: verificar se as orientações estão a ser cumpridas e a
conveniência de atuação
- tutela de legalidade: verificar se a atuação é legal
- inspetiva: fiscalizar a atividade da entidade tutelada, se forem detetadas
irregularidades
- sancionatória: aplicar sanções
- revogatória: revogar ou anular atos praticos pela entidade tutelada
- substitutiva: Estado pode agir em vez da entidade tutelada, se esta não o
fizer
- integrativa: autorizar (condição de validade) ou aprovar atos da entidade
tutelada (condição de eficácia)

Administração Autónoma
- Descentralização administrativa: existência de pessoas coletivas de substrato
populacional, diferentes do Estado, que exercem a função administrativa de acordo com
os seus próprios interesses
- essas pessoas coletivas são dotadas de órgãos eleitos, representativos das
respetivas populações
- Poderes do Estado relativamente à Administração Autónoma: tutela de legalidade
inspetiva e integrativa

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- Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira


- Pessoas coletivas públicas de população e território
- Regiões político-administrativas com Estatutos próprios (226º CRP)
- Dispõem de uma Assembleia Legislativa e de um Governo (231º CRP), possuindo
poderes legislativos e administrativos próprios (227º CRP)
- Estado não exerce qualquer tipo de tutela sobre a sua atividade administrativa
- Autarquias Locais
- Pessoas coletivas públicas de população e território, que prosseguem interesses
próprios da respetiva comunidade através de órgãos representativos (235º CRP)
- Municípios: visam a prossecução de interesses da comunidade do respetivo
conselho
- Câmara Municipal, Assembleia Municipal, Presidente da Câmara
- Freguesias: visam a prossecução de interesses das comunidades de uma
determinada área, menor que os conselhos
- Assembleia de Freguesia, Junta de Freguesia
- Regiões Administrativas (255º-262º CRP)
- Tutela de legalidade (242º CRP) e tutela inspetiva (Lei 27/96)
- Associações Públicas
- Pessoas coletivas públicas de tipo associativo que podem resultar da associação de
outras pessoas coletivas públicas ou ser criadas para assegurar a prossecução de
interesses públicos de determinadas comunidades de pessoas
- Ex: Ordem dos Advogados, Ordem dos Médicos
- Tutela de legalidade (242º CRP) e tutela inspetiva e integrativa (45º Lei 2/2003)

II. Enquadramento espácio-temporal do Direito Administrativo


- A AP é um fenómeno espácio-temporalmente condicionado e encontra-se subordinada
às normas do Direito Administrativo
- Absolutismo (século XVIII): centralização do poder nas mãos do Rei, sendo criado um
grupo de funcionários especializados em satisfazer as necessidades do Estado, em nome
do Rei
- nascimento e consolidação da AP, que nesta época ainda não estava subordinada
ao direito
- Estado de Direito Liberal (século XIX): existência da Administração de Estado é um
dado de facto
- AP do Absolutismo continua a existir, sendo reforçada: passa a ter uma estrutura
hierarquizada
- Princípio da separação de poderes: fonte do Direito e da legitimidade do poder
assenta na vontade geral da comunidade
- Subordinação da AP à Lei: os órgãos da AP respeitam a Lei
- AP deixa de ser controlada pelos tribunais: litígios que envolvem a AP passam a ser
julgados por órgãos especializados da AP
- Tal foi decisivo para a formação do Direito Administrativo como ramo de
Direito Autónomo: à medida que esses órgãos se iam pronunciando sobre os
diferentes litígios, foram introduzindo regras e princípios que, com o tempo, se
transformaram num complexo sistemático de normas e princípios, capaz de
regular com autonomia o exercício da função administrativa
- O Direito Administrativo, tal como ele se apresenta em Portugal, é um fenómeno
característico da generalidade dos países da Europa continental, não existindo nos
países anglo-saxónicos

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- sistema de administração judiciária (sistema britânico) : AP não é um Poder,


não tendo poderes e privilégios, sendo disciplinada pelo Direito Comum e seus
conflitos resolvidos pelos tribunais comuns
- sistema de administração executiva (sistema europeu): AP é um Poder, dotado
de poderes de autoridade sobre os particulares, sendo disciplinada pelo Direito
Administrativo e seus conflitos resolvidos por tribunais administrativos
- Hoje em dia, tem havido uma maior aproximação dos dois sistemas de
administração: no sistema britânico, passa a haver cada vez mais uma atribuição
de poderes à AP para a prossecução de interesses públicos, e surge o Direito
Administrativo britânico e os tribunais de plena jurisdição com poderes de
condenação da AP

III. Princípios estruturantes do Direito Administrativo

1ª Secção: Princípio da legalidade e discricionariedade administrativa

1. A Administração Pública como um poder do Estado


- A AP é assumida como um Poder: detém prerrogativas de poder público, definindo
unilateralmente a esfera jurídica dos cidadãos, através da tomada de decisões munidas
de um estatuto de autoridade
- Poder normativo: poder de emanar normas gerais e abstratas que estabelecem,
unilateralmente, regras de conduta a observar pelos cidadãos
- Poder de decisão concreta: poder de tomar decisões concretas, podendo conter a
definição jurídica unilateral da situação jurídica de pessoas, coisas ou situações
- AP comparada aos tribunais: prescinde do recurso aos tribunais para obter as
sentenças correspondentes
- Poder de execução: poder de realizar operações materiais capazes de transformar pela
força a realidade de facto, mesmo contra a vontade de quem a isso se oponha
- AP comparada aos tribunais: nas suas relações com os partiulares, a AP pode
recorrer pelos seus próprios meios ao uso da força, sem ter de recorrer aos
tribunais

2. A Administração Pública como um poder subordinado: o princípio da legalidade


da Administração

2.1. Subordinação da função administrativa às outras funções do Estado


- O exercício da função administrativa está subordinado à função legislativa:
- Função administrativa: atividade desenvolvida por serviços públicos que envolve o
exercício de poderes públicos na prossecução de necessidades públicas
- o contributo inovador dos comandos da AP consistem apenas no
desenvolvimento ou adaptação das normas legais
- Função legislativa: o legislador decide sobre a criação dos serviços públicos e os
fins que estes devem prosseguir
- natureza criadora e inovadora, enquanto fonte de direito inicial, exprimindo a
vontade política primária
- O exercício da função administrativa está , também, subordinado à função jurisdicional:
controla o respeito da AP pela lei e sanciona as condutas ilegais da AP
- O exercício da função legislativa não é de competência exclusiva da AR, competindo
também ao Governo e às Assembleias Legislativas Regionais (164º, 165º, 198º, 227º
CRP):

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- o poder de decidir sobre a criação dos serviços públicos e de determinar os fins


que estes devem prosseguir também pode ser exercido, consoante as matérias
pelo Governo e ALR’s
- Governo possui competências legislativas (198º CRP) e competências
administrativas (199º CRP)
- Artigo 268º/4 CRP: possibilidade de impugnação dos decretos-leis que contenham
decisões materialmente administrativas, perante os tribunais administrativos (atos só
formalmente legislativos)
- ≠ leis-medida: atos legislativos de comando indivual e/ou concreto; o TC considera
que estes atos são formal e materialmente legislativos (não há uma decisão
administrativa regulada em lei anterior)

2.2. Sentido e alcance do princício da legalidade da Administração


- Princípio da legalidade administrativa: função administrativa é subordinada à
realização prática do interesse geral, definido pelo legislador
- Num primeiro momento, vigorava o princípio da primazia ou preferência da lei:
- AP não pode violar a lei na sua atividade: nos domínios em que há lei, a AP encontra-
se limitada
- administração pura ou originária: nos domínios em que não há lei, a AP é livre,
podendo emitir normas e tomar decisões sem base na lei
- relações especiais de poder: o particular assume um estatuto especial de sujeição
em relação à AP, estando conformado à prossecução dos fins da instituição pública
- Num segundo momento, vigorava o princípio da reserva de lei:
- As matérias consideradas reserva de lei eram essenciais para a comunidade:
propriedade e liberdade individuais
- As normas e decisões concretas da AP eram consideradas jurídicas, necessitando
de ter base na lei (AP só intervém se o legislador autorizar)
- As matérias não fundamentais não necessitavam que a definição da atuação
administrativa fosse revervada à lei: administração pura (não há relevância jurídica)
- Num terceiro momento, toda a atividade administrativa tem relevância jurídica: normas e
decisões administrativas são conformadas por critérios de natureza jurídica
- Reserva total de lei: alargamento da reserva de lei aos domínios da atividade
administrativa de prestação (educação, saúde, segurança social, etc)
- Relações administrativas especiais: existem momentos de decisiva relevância
externa, em que o particular é uma pessoa jurídica, titular de direitos, não se
dissolvendo no quadro interno da organização administrativa
- Nos Estados de Direito democráticos vigora o princípio da precedência da lei:
- Não há exercício do poder administrativo sem lei e sem forma legal que o
fundamente: a lei é o limite, pressuposto e fundamento de toda a atividade
administrativa
- Os regulamentos que introduzem disciplina nova devem ser precedidos de um ato
legislativo que pelo menos fundamente “a competência objetiva e subjetiva” para a
sua emissão (112º/7 CRP e 136º CPA)
- Nos atos administrativos, vigora o princípio de precedência direta ou indireta de
ato legislativo: há uma reserva absoluta da norma jurídica, só podendo ser tomadas
decisões de autoridade correspondentes aos tipos previstos em normas de Direito
Administrativo (atos legislativos, regulamentos, normas da AP)

3. A Administração Pública como um poder autónomo: a discricionariedade


administrativa

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- Artigo 266º CRP: A AP, apesar de ser um poder subordinado à lei, é um instrumento
dirigido à prossecução do interesse público, respeitando um conjunto de princípios
fundamentais
- AP como poder autónomo em relação à lei: autonomia juridicamente conformada

3.1. Autonomia da função administrativa em relação às outras funções do Estado


- Função jurisdicional:
- Fim: realização da paz jurídica através da pacificação de conflitos
- Objeto homogéneo: resolução de questões de direito
- Exercício: processo judicial conduz à emissão de uma sentença
- Natureza passiva: órgãos agem sob notificação do interessado
- Imparcial: órgãos judiciais não são parte interessada nos litígios
- Normas de direito como “padrão de decisão”

- Função administrativa:
- Fim: prossecução do interesse público
- Objeto heterogéneo: prossegue vários fins de interese público
- Exercício: parte em relações jurídicas administrativas na prossecução de certos
interesses
- Natureza ativa: têm poderes de iniciativa
- Parcial: órgãos administrativos são partes interessadas nos litígios
- Normas de direito como “padrão de conduta”

- Como a AP tem como objetivo promover vários fins de interesse público, não pode estar
integralmente subordinada à lei: a lei teria de definir de forma precisa e exaustiva cada
um dos seus aspetos
- Discricionariedade administrativa: na adoção de medidas cuja necessidade e
adequação não podem ser determinadas previamente, as normas não especificam o
modo da atuação concreta da AP, tendo esta um papel próprio na formulação de
determinados juízos

3.2. Natureza jurídica da discricionariedade administrativa


- Os juízos que a AP formula no exercício dos poderes discricionários são materialmente
administrativos e exprimem a autonomia da AP em relação ao:
- poder legislativo: legislador atribui à AP um papel complementar em relação ao seu
na realização do Estado de Direito material
- poder judicial: tribunais não podem realizar o controlo da legalidade desses juízos,
havendo uma repartição horizontal de competências entre a AP e o poder judicial
- Segundo o princípio da precedência de lei, tem de haver uma identificação normativa
mínima dos interesses públicos a prosseguir e das situações em que a AP exerce poderes
de decisão
- Maior densificação das normas legislativas em matérias relativas a valores fundamentais:
abertura das normas deve ser reduzida ao mínimo possível, promovendo a vinculação da
AP

- Formas que o legislador pode utilizar para conceder poder discricionário à AP:
- conceitos imprecisos-tipo: conceitos indeterminados, cujo preenchimento exige
uma valoração (ex: no caso de uma inundação grave…)
- prerrogativas de avaliação: avaliação de pessoas ou coisas
- ex: norma que, para a formação de um órgão, exige um juíz de reconhecido
mérito

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- ou decisões de prognose: AP decide em função da avaliação futura da


realidade de facto
- faculdades de ação: legislador estabelece os pressupostos da ação administrativa
mas não diz qual é a ação
- conceito de possibilidade: legislador deixa a AP a possiblidade de agir ou não
- alternativas de ação: perante determinada situação, a AP pode fazer a, b ou c
(mas tem obrigatoriamente de agir)

2ª Secção: Princípios jurídicos conformadores do exercício da função


administrativa

- Sempre que a AP exerce poderes discricionários, apesar de não estar vinculada à lei,
deve respeitar os princípios jurídicos fundamentais (266º CRP) que conformam esses
poderes

2.1. Princípio da igualdade (6º CPA)


- Tratar de forma igual o que é igual e tratar de forma diferente o que é diferente
- A AP não deve resolver uma situação de forma isolada, tendo de ter em consideração a
forma como situações semelhantes foram tratadas, atribuindo a mesma solução em
casos juridicamente análogos
- Auto-vinculação administrativa: cada decisão formulada para um caso concreto fica a
fazer parte da ordem jurídica positiva
- MAS, o princípio apenas proíbe mudanças de critério sem motivo válido, podendo
haver um tratamento diferente de situações iguais, desde que haja uma
fundamentação material das decisões (152º/1 d) CPA)

2.2 Princípio da proporcionalidade (7º CPA)


- Solução da AP, no exercício dos seus poderes discricionários, tem de ser adequada,
necessária, proporcional e de acordo com o fim pretendido
- juízo de adequação: a AP tem de identificar todas as alternativas concretas da ação
que sejam adequadas à realização do fim em questão
- juízo de exigibilidade ou necessidade: a opção da AP deve incidir sobre a solução
menos gravosa, impondo menos sacrifícios aos valores e bens envolvidos
- juízo de proporcionalidade em sentido estrito ou proibição de excesso: a AP
deve verificar se a solução menos gravosa é, ainda assim, excessivamente gravosa
relativamente ao fim que se pretende atingir

2.3. Princípio da imparcialidade (9º CPA)


- Independência da AP perante o poder político: fundamento essencial da
imparcialidade da atividade administrativa
- Artigo 266º/2 CRP: princípio da imparcialidade como parâmetro conformador da atuação
administrativa
- Artigo 69º-76º CPA: garantias de imparcialidade - prevenir a parcialidade das decisões
administrativas através do estabelecimento de presunções que fundamentam a
suspeição ou impedimento do agente e da previsão dos mecanismos adequados a fazer
tais presunções (sentido negativo)
- Princípio da proporcionalidade exige:
- justificação das decisões administrativas com base numa ponderação equilibrada e
correta dos interesses em causa

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- consideração de todos os interesses jurídicos relevantes do caso concreto na


decisão, de forma a que a escolha entre as várias soluções tenha sido orientada,
sem discriminação, pelos fins estabelecidos nas normas jurídicas da atividade
administrativa em questão (sentido positivo)
- Relacionado com a objetividade administrativa (266º/1 CRP): necessidade da
existência e observância de um quadro normativo da ação administrativa por simples
razões de interesse público, e não de interesse pessoal
- Princípio da imparcialidade relevante no plano da validade de decisões administrativas
quando através da verificação de certas circunstâncias (não proibidas por norma legal),
se provar que não houve uma correta ponderação dos interesses envolvidos na decisão
(73º CPA)

2.4. Princípio da justiça (8º CPA)


- Todos os outros princípios são reconduzidos a este princípio e a sua crescente
autonomização faz com que este tenha uma aplicação diminuta
- Aplica-se a todas as decisões que sejam injustas, só intervindo em situações em que não
há violação de qualquer outro princípio/norma

2.5. Princípio da boa fé (10º CPA)


- Relacionado com os valores de segurança jurídica e proteção de confiança
- A intervenção do princípio da boa fé pressupõe:
- conduta administrativa suscetível de gerar confiança, criando expetativas que vão
ser defraudadas
- investimento de confiança por parte do particular que se encontra de boa fé
- resultado de danos para o particular

2.6. Princípio do respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos


cidadãos - em especial, os direitos fundamentais perante a Administração (4º CPA)
- A AP, na sua atividade, deve respeitar os direitos e interesses dos particulares
- Nem todos os direitos fundamentais dos particulares se opõem à AP da mesma forma
- Há certos direitos que dizem respeito a uma determinada categoria de pessoas na sua
relação com a AP - relação administrativa especial
- deve-se adequar os DF’s à situação especial desses cidadãos, pois estes podem
mais facilmente ser desrespeitados
- apenas está em causa direitos de certas categorias determinadas de particulares
numa relação especial com a AP
- Direitos fundamentais dos cidadãos perante a AP: conjunto de DF’s de que todas as
pessoas são titulares e que dizem respeito à atuação da AP
- direito à participação procedimental (267º/4): direito conferido por lei (não é um
DF) - CRP dá uma indicação ao legislador, não havendo atribuição direta do direito
de participação aos interessados
- direitos à informação procedimentais (268º/1,3): direito à informação de um
procedimento administrativo em curso e ao conhecimento das decisões
administrativas
- direito à transparência documental: direito à informação dos cidadãos dos
documentos integrados no processo de formação de decisões que lhes digam
respeito
- titulares desse direito são todas as pessoas envolvidas em procedimentos de
formação de decisões administrativas e todos os interessados
- direito à informação extra-procedimental (268º/2): direito de acesso aos arquivos
e registos administrativos
- titulares desse direito são todos os cidadãos

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- princípio do arquivo aberto: há limitações desde que estas sejam justificadas


por salvaguardar direitos protegidos
- direito à tutela contenciosa (268º/4,5): direito à impugnação de quaisquer atos
administrativos ilegais que lesem direitos ou interesses legalmente protegidos
- adoção de medidas cautelares adequadas

2.7. Princípio da boa administração (5º CPA)


- A AP deve observar critérios ou princípios de eficiência, economicidade e celeridade
(desburocratização) - orienta a atividade administrativa
- Possui relevância jurídica: é uma exigência jurídica a qual a AP tem de se sujeitar,
podendo haver decisões inválidas pela violação deste princípio
- extensão do controlo jurisdicional dos poderes discricionários quando estão em
causa soluções não eficientes da AP relativas a direitos fundamentais
- Princípio da eficiência: prosseguir da melhor forma o interesse público, tendo em conta
a solução com menor custo possível

Parte II - Teoria da atividade administrativa

A) Teoria dos regulamentos

1. Conceito de regulamento - regulamento e ato administrativo


- Regulamentos: norma jurídica praticada pela AP no exercício do poder administrativo -
ato jurídico geral e abstrato (135º CPA)
- ≠ ato administrativo: ato jurídico individual e concreto (148º CPA)
- Fonte de direito: a partir do momento em que um regulamento entra em vigor, a AP fica-
lhe vinculada segundo o princípio da legalidade - princípio da inderrogabilidade
singular dos regulamentos (142º/2 CPA)
- Há figuras híbridas que podem ser gerais e concretas, ou individuais e abstratas:
- Segundo a doutrina tradicional, um ato jurídico geral e concreto é um ato
administrativo geral, devido a razões de proteção do particular: é mais fácil
impugnar um ato administrativo do que um regulamento
- Segundo a doutrina mais recente, os atos individuais e abstratos são atos
administrativos e os atos gerais e concretos são regulamentos: generalidade é o
critério distintivo entre ato administrativo e regulamento
- Há uma divisão da doutrina relativamente aos atos concretos que têm por
destinatário um grupo de pessoas determinadas:
- Parte da doutrina defende que atos que definem os seus destinatários através
de conceitos ou categorias universais são considerados gerais, sendo
regulamentos
- Crítica: para um ato jurídico ser considerado um regulamento é necessário
ser geral, mas também abstrato
- Outra parte defende que estes atos, embora não individualizem os seus
destinatários, permitem a sua determinação, sendo considerados atos
administrativos
- MAS, um ato jurídico é geral quando os seus destinatários não são
concretamente identificáveis, independentemente de serem determináveis
ou não
- Conclusão: o atos em questão são gerais e concretos, e são considerados atos
administrativos porque a abstração é o critério verdadeiramente distintivo entre
ato admnistrativo e regulamento

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- Assim, os atos individuais e abstratos são considerados regulamentos


- Todos os regulamentos são jurídicos, sendo classificados quanto aos efeitos como:
- regulamentos internos: efeitos esgotam-se no ordenamento jurídico interno à
própria AP, não havendo intervenção judicial (auto-organização interna)
- regulamentos externos: efeitos projetam-se no ordenamento jurídico geral,
intervindo na esfera jurídica de sujeitos distintos da entidade que os emanou
- regime dos regulamentos (135º e ss. CPA) apenas se aplica aos regulamentos
externos
- têm de ter fundamento na lei (136º/1 CPA)
- regulamentos mistos: contém normas de caráter interno e externo (ex: regulamento
de uma escola)

2. Fundamento do poder regulamentar: lei e regulamento


- Com a afirmação do princípio da separação de poderes, o poder normativo foi atribuido
ao Parlamento
- MAS, verificou-se que este não era o órgão adequado para regular de forma
extensiva e técnica
- Razões para a atribuição de poder normativo à AP através da emissão de regulamentos
(199º c) CRP):
- matérias sem relevo constitucional
- especificidade técnica
- especificidade especial local
- emissão de normas com maior rapidez e em maior quantidade
- O Governo emite dois tipos diferentes de atos normativos:
- decretos-leis: atos legislativos emanados no exercício da função legislativa
- regulamentos: atos normativos de administração pública, emanados no exercício da
função legislativa
- A CRP não consagra um critério material que distinga estes dois atos normativos:
- Não há uma reserva regulamentar do Governo: atos legislativos podem conter
normas materialmente regulamentares
- MAS, há uma reserva regulamentar das Regiões Autónomas dos Açores e da
Madeira (227º CRP), das autarquias locais (241º CRP), das ordens profissionais
e universidades públicas
- Existência de regulamentos independentes (112º/6 CRP): regulamentos que
contêm normas materialmente legislativas (normas inovadoras)
- A distinção entre lei e regulamento é feita através de critérios orgânicos e formais:
- leis: atos emanados por órgãos com competência legislativa que revistam a forma
de lei
- regulamentos: atos emanados por órgãos com competência regulamentar que
revistam a forma de regulamento
- Princípio da precedência de lei (136º/1 CPA): todo o regulamento externo carece de lei
habilitante, incluindo os regulamentos independentes
- 112º/7 CRP: o regulamento que não indique de forma expressa a norma de
habilitação é formalmente inconstitucional
- Nas matérias de reserva absoluta ou relativa da AR, a intervenção administrativia
deve ser reduzida ao mínimo
- Nenhum regulamento pode modificar, suspende ou revogar normas contidas em atos
legislativos (112º/5 CRP)

3. Titularidade do poder regulamentar


- Governo (199º c) CRP) e órgãos aos quais a lei conferiu competência regulamentar
- Assembleias Legislativas Regionais (227º d) CRP) e Governos Regionais

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- Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesia


- Associações Públicas
- Institutos Públicos

4. Forma e publicidade dos regulamentos


- Formas dos regulamentos do Governo:
- decreto regulamentar: forma mais solene utilizada nos casos em que a lei o exige
como nos casos dos regulamentos independentes(112º/6 CRP)
- aprovado em Conselho de Ministros e assinado pelo PM e Ministros
competentes em razão da matéria a que diz respeito
- está sujeito a promulgação ou veto do PR (134º b) e 136º CRP) e a referenda
ministerial (140º CRP)
- resoluções do Conselho de Ministros: aprovadas em Conselho de Ministros, mas
só são assinadas pelo PM
- regulamentos ministeriais: emanados e assinados pelo Ministro competente na
matéria ou pelo Secretário de Estado, sob a forma de portaria ou despacho
- Forma dos regulamentos das Assembleias Regionais: decretos legislativos regionais
- Forma dos regulamentos dos Governos Regionais: decretos regulamentares regionais
- Os restantes regulamentos não tem exigências de forma legal (exceto a forma escrita)
- Artigo 139º CPA: todos os regulamentos têm de ser publicados
- norma cumulativa: os regulamentos têm de ser publicados no Diário da República,
podendo ser também publicados em publicação oficial da entidade pública, Internet
ou sítio institucional da entidade em causa

5. Classificação dos regulamentos: regulamentos de execução e regulamentos


independentes
- Critério do grau de dependência em relação à lei
- regulamentos de execução: estabelecem pormenores necessários à boa execução
da lei e dão resposta a questões técnicas que a lei deixou em aberto
- estabelecem uma ligação mais estreita com a lei
- 112º/7 CRP: devem indicar as leis que visam regulamentar
- regulamentos de execução em sentido estrito: indispensáveis à aplicação
prática da lei
- podem existir em máteria de reserva da AR: essencialidade das matérias
exige um tratamento normativo com maiores garantias
- regulamentos complementares: completam aspetos que a lei não
pormenorizou mas que são necessários para a sua exequibilidade
- não existem em matéria de reserva da AR (112º/5 CRP)
- regulamentos independentes: introduzem uma disciplina inovadora, não tendo
referência imediata ao contéudo de uma lei anterior (112º/6 CRP e 136º/3 CPA)
- 112º/7, 2ª parte CRP e 136º CPA: os regulamentos independentes têm de ser
precedidos de uma norma habilitativa que define os órgãos que os emanam e
a competência para introduzirem normas de conteúdo inovador relativamente a
determinada matéria
- um regulamento nunca pode derrogar disposição legal anterior
- não existem em matéria de reserva da AR
- regulamentos autónomos: provêm da Administração Autónoma, sendo a sua
maioria regulamentos independentes
- a lei habilitativa são os próprios Estatutos de cada Região Autónoma
- por regra, são regulamentos especiais, sobrepôndo-se aos regulamentos
gerais, desde que sejam válidos

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- artigo 241º CRP: órgãos autárquicos possuem poderes normativos para


emanação de regulamentos autárquicos
- os regulamentos de estrita execução da legislação sobre as autarquias locais
(242º e 237º/1 CRP) prevalecem sobre os regulamentos das autarquias locais
- regulamentos independentes emanados pelo Governo: têm de ter, em cada
caso, o seu fundamento num ato legislativo específico - a lei habilitativa (136º/1,2
CPA)
- ao revestirem a forma de decreto regulamentar (112º/6 CRP), impedem que o
Governo recorra a regulamentos independentes em vez de recorrer aos decretos-
leis, com o objetivo de evitar os requisitos da produção legislativa

6. Relação entre regulamentos


- Artigo 143º/2 CPA: em caso de conflito entre regulamentos, há uma superioridade dos
regulamentos com valor superior
- aplicação do regime da invalidade em caso de desconformidade destas relações
- Artigo 138º CPA: em caso de conflito entre regulamentos governamentais, prevalece o
mais solene
- prevalência dos regulamentos governamentais sobre os regulamentos autárquicos e
outras entidades com autonomia regulamentar, no domínio de atribuições
concorrentes (a não ser que os regulamentos autárquicos sejam considerados
normas especiais) - 241º CRP
- por princípio prevalece a norma autárquica a não ser que esta seja insuficiente
ou haja uma necessidade imperiosa de uma solução uniforme nacional
- prevalência dos regulamentos municipais sobre os regulamentos das freguesias

7. Procedimento dos regulamentos (97º e ss. CPA)


- Fase de iniciativa oficiosa (97º CPA): interessados podem apresentar petições junto
dos órgãos administrativos, solicitando a elaboração, modificação ou revogação de
regulamentos
- AP tem liberdade decisória, poderando dar início ao procedimento administrativo ou
não (mas tem de informar o interessado da sua decisão e seus fundamentos)
- Fase preparatória (99º CPA): regulamentos são aprovados com base num projeto,
incluindo uma ponderação das suas consequências
- o projeto do regulamento, após ser elaborado, é aprovado pelo órgão responsável
pela direção do procedimento (55º CPA)
- Fase de audiência dos interessados (100º CPA): os interessados são ouvidos quando
são afetados de modo direto e imediato direitos e interesses legalmente protegidos, por
regulamentos imediatamente operativos
- necessária a publicitação do início do procedimento (98º CPA)
- artigo 68º/1,2,3 CPA: interessados possíveis
- artigo 100º/3 CPA: casos em que a audiência dos interessados pode ser afastada,
devendo, contudo, ser fundamentados (100º/4 CPA)
- Fase de consulta pública (101º CPA): o projeto do regulamento deve ser submetido a
consulta pública para recolha de informações, quando a natureza da matéria o justifique
ou no caso do número dos interessados na audiência seja muito elevado (100º/3 c) CPA)
- publicação do projeto no Diário da República
- Fase constitutiva: aprovação do regulamento
- artigo 137º/1 CPA: prazo de 90 dias para emissão dos regulamentos necessários
para dar aplicabilidade a leis, caso estas não estipulem um prazo
- omissão ilegítima de regulamento: prazo expira sem que o regulamento tenha sido
adotado

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- 137º/2 CPA: os interessados podem requerer a emanação do regulamento em


falta por via administrativa (podem recorrer também à via jurisdicional)

8. Eficácia dos regulamentos


- Artigo 139º/1 CPA: eficácia dos regulamentos depende da sua publicação
- Artigo 140º CPA: entram em vigor na data neles estabelecida ou no 5º dia após a
publicação
- Artigo 141º CPA: proibição de eficácia retroativa desfavorável de regulamentos, a não
ser que tal resulte da própria lei regulamentada
- é possível a eficácia reatroativa favorável, desde que os efeitos do regulamento não
se reportem a data anterior à do início de vigência da lei habilitante

9. Invalidade dos regulamentos


- Artigo 143º CPA: um regulamento é inválido se violar fontes de direito superiores ou se
violar regulamentos com valor superior
- Artigo 144º CPA: a invalidade dos regulamentos pode ser invocada a todo o tempo por
qualquer interessado ou declarada pelos órgãos administrativos competentes
- a ilegalidade formal ou procedimental dos regulamentos deve ser invocada pela AP
no prazo de 6 meses desde a sua publicação, a não ser que essa ilegalidade seja
também inconstitucional
- a declaração da invalidade produz efeitos desde a data de emissão do regulamento,
havendo uma represtinação das normas que o regulamento revogou
- a retroatividade da declaração de invalidade não afeta os casos julgados nem os atos
administrativos inimpugnáveis (a não ser que estes sejam desfavoráveis)

10. Caducidade e revogação dos regulamentos


- Caducidade (145º CPA): regulamentos sujeitos a termo ou condição caducam com a
verificação destes
- regulamento caduca com a revogação das leis de execução, a não ser que este seja
compatível com a lei nova ou esta ainda não tiver nova regulamentação
- Revogação (146º CPA): regulamentos podem ser revogados pelos órgãos competentes
para emiti-los
- se o regulamento for necessário à execução da lei ou de Direito da UE, não pode ser
revogado sem que seja acompanhado de uma nova regulamentação
- se tal for desrespeitado, o regulamento continua em vigor, até ao início de
vigência de novo regulamento
- os regulamentos que revoguem normas regulamentares devem mencionar
expressamente as normas revogadas

B) Teoria dos atos administrativos

1. Âmbito do conceito de ato administrativo


- O conceito de ato administrativo não é pacífico, havendo posições diferentes na doutrina
em relação a este conceito
- Prof. Marcelo Caetano: conceito amplo de ato administrativo
- conduta voluntária de um órgão da AP no exercício da função administrativa que
produza efeitos jurídicos num caso concreto
- atos definitivos e executórios: conceito mais restrito de ato administrativo
- atos que definem, com força obrigatória e coerciva, situações jurídicas num caso
concreto, podendo ser objeto de impugnação contenciosa

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- Prof. Rogério Soares: conceito restrito de ato administrativo (está de acordo com o
CPA)
- apenas são atos administrativos aqueles que definem situações jurídicas externas
- Artigo 148º CPA: ato administrativo são as decisões, praticadas no exercício de poderes
jurídico-administrativos,que visam produzir efeitos jurídicos externos numa situação
individual e concreta
- decisões: tem de haver conteúdo decisório que determine o resumo de
acontecimentos ou o sentido de condutas a adotar
- são decisões os atos finais dos procedimentos administrativos, mas também os
atos que, ao longo do procedimento administrativo, contêm pré-decisões
- pareces não vinculativos, informações e propostas não são decisões
- produção de efeitos jurídicos externos: visam afetar direitos ou interesses de
entidades exteriores àquela que os pratica
- exclui os atos internos: atos decisórios praticados no âmbito das relações intra-
administrativas ou interorgânicas
- ex: ordem do superior hierárquico aos subalternos; ato de iniciativa oficiosa
de um procedimento administrativo

2. Atos administrativos e atos instrumentais


- Atos instrumentais: todos os outros atos jurídicos concretos da AP que não são
considerados atos administrativos
- Crítica: não é adequado contrapor à categoria do ato administrativo uma única
categoria, que englobe todos os atos-jurídicos administrativos concretos cujo único
traço em comum é o facto de não possuirem conteúdo decisório e eficácia externa

3. Forma dos atos administrativos


- Por regra, os atos administrativos são emitidos de forma expressa
- Artigo 130º CPA: só existem atos tácitos nas situações em que a lei expressamente
preveja a formação de deferimentos tácitos
- Para que o silêncio da AP seja jurídicamente relevante, é necessário:
- a apresentação de um requerimento junto do órgão competente para decidir,
constituído no dever de decidir (13º CPA)
- só há dever de decisão se não tiver sido apresentado o mesmo requerimento
pelo mesmo particular, com os mesmos fundamentos, à menos de 2 anos (a
contrario sensu do artigo 13º CPA)
- decorrido o prazo legal sem que tenha havido uma decisão: 90 dias úteis (128º e
87º CPA)
- Verificados estes pressupostos e se a lei o prever, há um deferimento tácito: passividade
do órgão ao qual a lei corresponde o valor de deferimento
- tem os mesmos efeitos jurídicos de um deferimento expresso
- Artigo 129º CPA: nos casos em que a lei não prevê a formação de deferimentos tácitos,
o incumprimento do dever de decidir no prazo legal é considerado uma omissão
- o interessado passa a ter interesse processual em agir, recorrendo aos seguintes
meios:
- tutela jurisdicional: ação administrativa de condenação à prática do ato devido
- tutela administrativa: reclamação para o superior hierárquico do órgão omisso
ou para outro órgão titular de poderes de tutela ou superintendência na matéria
(184º e ss. CPA)
- ≠ Comunicação prévia (134º CPA): implica a inexistência de um ato administrativo, não
havendo necessidade da AP praticar um ato autorizativo da atividade
- em vez disso, há uma comunicação prévia do particular para a AP, relativamente ao
início da atividade

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- a AP limita-se a fiscalizar essa atividade


- Comunicação prévia com prazo (134º/2 CPA): interessado comunica à AP que vai
dar início à atividade, mas tem de esperar um determinado prazo para dar o início
efetivo, no qual a AP se pode opôr à atividade
- ≠ deferimento tácito porque a AP não tem poderes autorizativos, podendo apenas
se opõr a determinada atividade

4. Classificação do conteúdo dos atos administrativos


- atos de conteúdo positivo: introduz uma alteração na esfera jurídica do seu destinatário
(ex: ordem de demolição ou autorização)
- atos de conteúdo negativo: decisão da AP em não praticar o ato, recusando a sua
emissão (ato de indeferimento) ou recusando a apreciação do requerimento apresentado
- artigo 13º/2 CPA: o efeito conformador do ato negativo só vincula o particular
durante o período de 2 anos; passado este prazo, o particular pode recorrer à
impugnação administrativa

4. Efeitos dos atos

4.1. Atos que incidem sobre o estatuto jurídico do destinatário


- atos constitutivos, modificativos ou extintivos: atos que constituem, modificam ou
extinguem um estatuto jurídico de uma pessoa, coisa ou situação
- ato que contituem um estatuto jurídico:
- ato de admissão (pessoa) - ex: aquisição de nacionalidade, estatuto de
funcionário público
- ato de qualificação (coisa e situação) - ex: qualificação de um imóvel como
interesse público
- atos de modificação de estatuto jurídico - ex: promoção de um funcionário,
aplicação de certas sanções disciplinares
- atos de extinção de estatuto jurídico - ex: passagem à reforma, demissão de um
funcionário, expulsão de um estudante
- ≠ atos declarativos: atos em que ocorre uma verificação de circunstâncias pré-
existentes, não havendo efeitos constitutivos
- ex: ato administrativo declarativo da nulidade ou caducidade de um ato anterior;
ato administrativo em que a AP se declara incompetente para tomar decisão numa
determinada matéria

4.2.. Atos que incidem sobre direitos ou poderes específicos


- Implicam uma privação de bens da AP ou assunção de obrigações por parte da AP
- assunção de obrigações: subvenções (ex: subsídios, bolsas)
- renúncia: ato pelo qual a AP liberta o particular de uma obrigação que este tem perante
ela (ex: perdão fiscal)
- concessões: atribuição de um direito a um particular a exercer sobre bens ou
atividades pertencentes à AP
- constitutiva: atribuição de direitos de uso sobre bem de domínio público (só a AP
pode dispôr)
- ex: instação em espaços públicos de quiosques e esplanadas;
estabelecimentos de banhos na praia
- translativa: transferência de uma atividade/faculdade da AP para a esfera jurídica
de um particular
- normalmente a AP faz contratos de concessão, em vez de atos administrativos
de concessão
- direitos transferidos são precários: têm um prazo associado

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- ex: concessão da exploração de exploração de auto-estradas


- ≠ Atos sem privação de bens da AP
- autorizações: AP concede ou permite o exercício de um determinado direito, poder ou
faculdade
- esses direitos, poderes e faculdades pertenceriam, à partida, à esfera jurídica dos
particulares, mas, para a proteção de interesses relevantes, o seu exercício é
restringido, sendo necessáro um controlo da AP para verificar a sua
compatiblidade com o interesse público
- constitutiva: ato administrativo confere o direito - maior poder discricionário (ex:
licenças)
- permissiva: particular possui o direito mas não o pode exercer, antes de uma
verificação da compatibilidade desse exercício com o interesse público - AP está
mais vinculada na concessão da autorização
- habilitações: atribuição depende da verificação técnica da existência de
requisitos de idoneidade legalmente exigidos, mediante a prestação de provas
de perícia (ex: habilitação titulada pela carta de condução)
- dispensa: removem um dever especial relativo a uma atividade estritamente
proibida ou imposta por lei (a esse direito não corresponde um direito da AP)

4.3. Atos desfavoráveis


- Constituem situações de desvantagem para os destinatários e contrapõem-se a direitos
e interesses opositivos
- atos ablatórios: comprimem ou suprimem direitos
- ex: expropriação, revogação de licenças ou patentes, resgate da concessão de
um bem
- atos impositivos: estabelecem uma obrigação de conteúdo positivo ou negativo
- ex: incorporação militar, ordem de demolição de prédio em ruínas, ordem de
embargo

4.4. Atos de 2º grau


- revogação (165º/1 CPA): ato que determina a cessação dos efeitos de outro ato, por
razões de mérito, conveniência ou oportunidade
- eficácia ex nunc (desde a revogação)
- anulação (165º/2 CPA): ato que determina a destruição dos efeitos de outro ato por
razões de invalidade
- eficácia ex tunc
- ratificação, reforma ou conversão (164º CPA)
- suspensão: coloca a eficácia de um ato anterior em estado latente
- reforma: substitui parcialmente o conteúdo de um ato anterior por outro
- conversão: atribui a um ato anterior uma qualificação diferente daquela que
inicialmente lhe tinha sido dada, reconduzindo-o a outro tipo legal de ato
administrativo
- convalidação/ratificação: elimina a eventual invalidade de que um ato anterior
padeça

4.5. Autorizações interadministrativas


- ≠ Delegação (44º e ss. CPA): este ato dá a permissão a um órgão para o exercício de
uma competência que não lhe pertence
- Certas autorizações não se reportam à esfera jurídica de particulares, mas à esfera
jurídica dos órgãos da AP, tendo uma função de controlo inter-orgânico, dentro de uma
mesma entidade pública ou no âmbito de relações de tutela

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- Autorização constitutiva de legitimação da capacidade de agir: confere a um órgão


competente para a prática de certo tipo de atos jurídicos, a possibilidade de exercer essa
competência num caso concreto
- a lei condiciona o exercício da competência do órgão em causa à obtenção de
autorização por parte de outro órgão
- controlo prévio e condição de validade
- Aprovação: desencadeia a capacidade de produzir efeitos (operatividade) de um ato
administrativo que já se encontra perfeito
- a lei sujeita o ato administrativo ao controlo preventivo de outro órgão, antes dos seus
efeitos se começarem a produzir
- controlo sucessivo e condição de eficácia

5. Classificação de atos instrumentais


- Preparam atos administrativos (decisões) ou conferem eficácia a uma decisão já tomada
- Verificações: declarações de ciência relativas a factos, cujo conhecimento resulta da
realização de operações de apreensão da realidade
- instrumentalidade direta: praticados a propósito de atos administrativos
- instrumentalidade difusa: atos que se limitam a verificar a existência de factos (ex:
atestados e certidões)
- ex: relatório de uma vistoria, exame pericial, certidão
- Avaliações: reportam-se a factos passíveis da formulação de valorações, exprimindo
juízos de valor que visam contribuir para a preparação de decisões
- inseridas numa determinada fase do procedimento administrativo
- Parecer (91º e 92º CPA): avaliação mais importante, sendo emitido num prazo de
30 dias
- obrigatório: exigido por lei
- vinculativo: conclusões têm de ser seguidas
- totalmente vinculativo
- conforme: vincula apenas no sentido contrário ao que a lei exige
- não vinculativo: conclusões não têm de ser seguidas mas têm o valor de
uma opinião
- facultativo: não é exigido por lei
- Comunicações
- Publicação (158º CPA): dá conhecimento em geral
- Notificação (160, 110º e ss CPA): dá conhecimento a uma pessoa em concreto

6. Procedimento administrativo
- Artigo 1º CPA: o procedimento administrativo é uma sucessão ordenada de atos e
formalidades conducentes à manifestação da vontade da AP ou à sua execução
- existem situações de estado de necessidade em que a urgência na tomada de
decisão não permita a realização regular do procedimento
- Funções do procedimento administrativo:
- análise da realidade sobre a qual tem de decidir, verificando os interesses que estão
envolvidos na situação concreta, para alcançar a solução que melhor prossegue o
interesse público (dimensão objetiva)
- importante sobretudo no âmbito de discricionariedade da AP, quando a lei não
fixa a melhor solução que esta deve tomar (dimensão subjetiva)
- defesa dos direitos dos cidadãos envolvidos no procedimento e que podem vir a
ser afetados por este, através da audência dos interessados
- coordenação da atuação e intervenção das várias entidades públicas envolvidas
- É adotado no exercício da função da AP, no qual se concretiza a relação jurídica
administrativa material

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- ≠ processo administrativo: processo judicial dos tribunais administrativos,


referindo-se ao exercício da função judicial e não administrativa
- Devido à sua heterogeneidade (multiplicidade de interesses e sujeitos), o procedimento
administrativo é muito mais flexível do que o processo administrativo: não há uma
regulação exaustiva da tramitação do procedimento determinada pela lei
- procedimentos especiais (exceção à flexibilidade): previstos pela lei e regulados
mais exaustivamente
- Responsável pela direção do procedimento (55º CPA): por regra, o órgão competente
para a decisão final, delega o poder de direção do procedimento ao seu inferior
hierárquico
- Apesar da flexibilidade do procedimento, o CPA estabelece um conjunto de regras que
regulam alguns aspetos gerais dos procedimentos (2º/5 CPA)

6.1. Fase da iniciativa (53º CPA)


- Iniciativa particular: apresentação de um requerimento por parte do particular, perante
o órgão competente para decidir (102º e ss. CPA)
- princípio da decisão (13º CPA): requerimento vai constituir a AP no dever de
decidir
- ≠ queixa ou denúncia: há apenas um dever de ponderar, sendo o processo de
iniciativa oficiosa
- Iniciativa oficiosa: é a própria AP que decide dar início ao processo
- geralmente, o primeiro ato visível é o ato através do qual o órgão competente para
decidir designa o órgão responsável pela direção do procedimento (55º CPA)

6.2. Fase de instrução/ preparatória


- Artigo 110º CPA: dever de comunicação do início do procedimento aos eventuais
interessados
- São realizadas todas as diligências e praticados atos jurídicos que permitam à AP
apreciar a situação de facto e os interesses envolvidos (ex: inspeções, pareceres)
- diligências realizadas oralmente (64º/1 CPA)
- produção de prova ( 115º e ss. CPA)
- pareces (91º e 92º CPA): têm de ser emitidos no prazo de 30 dias, salvo disposição
em contrário ou fixação de prazo diferente
- A AP tem obrigação de procurar a realidade material:
- Princípio da adequação procedimental (56º CPA): poder discricionário que o
responsável do procedimento goza na estruturação do procedimento
- Princípio do inquisitório (58º CPA): responsável do procedimento tem de realizar
todos as diligências necessárias ao conhecimento da realidade material da situação de
facto para a tomada da decisão legal justa
- 115º CPA: responsável pela direção do procedimento pode recorrer a todos os
meios de prova admitidos em direito
- 116º CPA: interessados devem provar os factos que tenham alegado
- Dever de cooperação e boa fé procedimental (60º CPA): AP e interessados devem
cooperar entre si e não formularem pretensões ilegais ou factos contrários à verdade
- dever de celeridade (59º CPA): agilização da atividade administrativa

6.3. Fase da audiência dos interessados (121º e ss. CPA)


- Fase obrigatória em todos os procedimentos administrativos, tendo lugar antes de ser
tomada a decisão final (tendo ou não havido instrução)
- Função subjetiva: defesa e garantia dos direitos dos interessados na medida em que
podem defender as suas posições e expôr os seus interesses
- Função objetiva: contribuir para o melhor esclarecimento da situação de facto

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- Interessados (68º CPA): quem tenha desencadeado o procedimento, quem tenha sido
notificado do procedimento, ou quem venha mais tarde a ser considerado interessado
- Projeto de decisão (122º CPA): o responsável deve comunicar aos interessados os
factos já apurados e os aspetos relevantes para a decisão
- Manifestação do princípio da participação dos interessados na formação das decisões
administrativas que lhes digam respeito (267º/5 CRP e 12º CPA)
- Possibilidade de os interessados se pronunciarem acerca de qualquer questão, ao
longo da instrução (117º/1 CPA)
- Possibilidade dos interessados apresentarem exposições que devem ser tidas em
conta pelo órgão competente para decidir (107º e 116º CPA)
- Direito à informação (268º/1,2 CRP e 82º, 83º e 84º CPA)
- Artigo 124º CPA: dispensa de audiência
- deve ser fundamentada na decisão final, sob risco de invalidade formal (124º/2 CPA)
- Audiência pode ser escrita ou oral (121º e 122º CPA): em ambos os casos, a audiência
é notificada aos interessados

6.4. “Fase intermédia”


- Relatório do procedimento (126º CPA) com uma proposta de decisão

6.5. Fase constitutiva


- Momento em que é praticado o ato administrativo, sendo tomada uma decisão final
- 127º CPA: decisão pode resultar num ato administrativo, regulamento ou contrato
- A decisão pode consolidar-se numa homologação: órgão competente para decidir
assume a posição de um “concordo”, assumindo o conteúdo e fundamentos de um ato
anterior
- 109º CPA: situações em que o procedimento de iniciativa oficiosa termina sem uma
pronúncia de mérito sobre o objeto do procedimento
- Os procedimentos de iniciativa oficiosa podem terminar com o arquivamento, sem
prática do ato administrativo, nos casos em que não tenham havido expetativas
frustadas quanto à ausência de uma decisão
- 128º CPA: prazo geral de 90 dias para a conclusão dos procedimentos administrativos
- a inobservância do prazo deve ser justificada pelo órgão responsável, dentro dos 10
dias seguintes ao seu termo (128º/5)
- 129º CPA: nos procedimentos desencadeados pela apresentação de um requerimento,
na ausência de decisão dentro do prazo legal, o interessado pode reagir através dos
meios de tutela administrativa (184º e ss. CPA) e tutela jurisdicional (46º/2 b) e 66º e ss.
CPA)
- Exceções:
- 13º/2 CPA: requerimento não constituiu a AP no dever de decisão
- 130º CPA: lei especial estabelece que ausência de decisão dentro do prazo legal
tem valor de deferimento tácito
- 128º/6 CPA: regime de caducidade, na ausência de decisão, no prazo de 180 dias, para
os procedimentos de iniciativa oficiosa com efeitos desfavoráveis aos interessados (ex:
processo disciplinar)
- A validade fica definida nesta fase, mas não a eficácia do procedimento

6.6. Fase integrativa de eficácia


- Casos em que a decisão tomada encontra-se perfeita, mas não produz imediatamente os
seus efeitos jurídicos: lei define que a eficácia do ato não é imediata, sendo
condicionada pela produção de outros atos ou verificação de circunstâncias (157º c) CPA)
- comunicações: dão publicidade à decisão tomada ou notificam os destinatários

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- publicação (158º CPA): só é obrigatória quando exigida por lei e é condição de


eficácia
- notificação (114º e 160º CPA): obrigatória e condição de oponibilidade dos
efeitos negativos
- aprovação de atas (34º CPA)
- aprovação (157º c) CPA) e vistos
- emissão de alvarás e outros títulos
- nomeações

Conferência procedimental (77º e ss. CPA)


- Reunião ou conjunto de reuniões realizadas entre várias entidades administrativas
envolvidas num determinado projeto ou atividade, tornando os procedimentos mais
simples
- Âmbito de procedimento simples (tomada de uma decisão final): conferência integrada
pelo órgão competente para a tomada da decisão final e pelos órgãos competentes para
a prática de atos pré-decisórios - órgãos consultivos competentes para a emissão de
pareceres vinculativos (77º/5 e 79º/7 CPA)
- Âmbito de procedimento complexo (tomada de mais que uma decisão): conferência
integrada por vários órgãos administrativos com competência decisória
- subprocedimentos dirigidos à adoção de pré-decisões ou decisões parcelares
- procedimentos conexos entre si (decisões que reportam ao mesmo projeto)
- conferência deliberativa (77º/3 a) CPA): atos administrativos que deveriam ser
emitidos de forma autónoma são substituídos por um único ato complexo
- se as posições dos diferentes órgãos intervenientes forem diferentes, é
adotado um ato complexo de indeferimento, salvo determinadas exceções
(81º/5 CPA)
- apenas todos os órgãos em conjunto podem anular ou revogar o ato complexo
e a invalidade da manifestação de vontade de um dos órgãos implica a
invalidade do ato complexo
- conferência de coordenação (77º/3 b) CPA): órgãos intervenientes emitem
atos da sua competência, mantendo-se autónomos, mas de forma simultânea
com os restantes, tomando decisões conjugadas (77º/2 CPA)
- prática de um ato plural, constituído por vários atos contextuais, que apesar
de serem documentados na mesma ata (81º/3 CPA) não perdem a sua
autonomia
- cada órgão é responsável pelo ato que emite, sendo que a sua eventual
invalidade não implica a invalidade dos restantes atos
- As conferências no âmbito do procedimento simples e as conferências de coordenação
podem ser promovidas pelo órgão competente para decidir, sem prévio estabelecimento
de regras em relação ao seu funcionamento
- Artigo 78º/1 CPA: instituição de conferências procedimentais (conferência deliberativa
exige uma pré-instituição)
- Artigo 79º/1,2 CPA: as conferências podem ser de iniciativa oficiosa ou resultar de
requerimento de um ou mais interessados, constituindo o órgão competente no dever
de convocar a conferência no prazo de 15 dias
- tomam parte na conferência os titulares dos órgãos singulares envolvidos e os
delegados dos órgãos colegiais (79º/5 CPA)
- na ausência de órgãos convocados numa conferência deliberativa, presume-se que
estes não se opõem ao deferimento de pretensão do interessado, a não ser que
invoquem justo impedimento(79º/6 CPA)
- o interessado pode estar presente na conferência, se tal for necessário para uma boa
decisão (79º/8 CPA)

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- Artigo 80º/1 CPA: audiência dos interessados deve ser feita na própria conferência
- Artigo 81º CPA: a conferência fica concluída com a prática dos atos que a conferência
visa emitir ou com o decurso do prazo para a resolução da conferência (60 dias que
podem ser prerrogáveis por mais 30)
- nas conferências deliberativas, se os órgãos não chegarem a acordo, têm de
especificar as razões da discordância na ata e as alterações que consideram
necessárias para a viabilização da pretensão (81º/4 CPA)
- As conferências viam uma maior eficiência, racionalidade e celeridade dos procedimentos
administrativos, permitindo que, de uma forma coordenada, as entidades administrativas
exerçam as suas competências no projeto

7. Força jurídica e execução do ato administrativo


- Força jurídica: capacidade que o ato tem de se impôr aos seus destinatários, produzindo
efeitos na sua esfera jurídica
- Obrigatoriedade, vinculatividade ou imperatividade: o ato jurídico goza de uma
auto-tutela declarativa, definindo situações com força vinculativa para o próprio
autor do ato e seus destinatários
- ≠ auto-tutela executiva: saber se um ato administrativo impositivo, em caso de
incumprimento dos destinatários, pode ser executado coercivamente pela AP
- Execução do ato administrativo: quando e em que meios a AP pode proceder à
execução forçada dos seus atos administrativos impositivios de ordens ou proibições (que
não foram cumpridos pelo destinatário)
- Artigo 176º/1 CPA: a AP só possui auto-tutela executiva nos casos previstos pela lei
(conformidade com o princípio da precedência de lei)
- Artigo 8º/2 DL 4/2015: o artigo 176º CPA só pode ser aplicado quando entrar em
vigor uma lei que determine os casos em que possam existir execução coerciva da
AP
- MAS, a execução coerciva de obrigações pecuniárias é sempre possível (176º/2
CPA)
- O ato administrativo é um título executivo, servindo de base à execução que pode ser
feita de duas formas:
- execução administrativa: realizada pela AP, através dos seus próprios meios
- execução jurisdicional: realizada pelo tribunal, a pedido da AP, nos casos em
que não haja previsão normativa específica (183º CPA)
- Artigo 177º CPA: qualquer execução coerciva tem de ter por base um ato
administrativo e a decisão de proceder uma execução tem de ser notificada ao seu
destinatário
- se tal não se verificar e o ato for considerado ilegal, o interessado pode realizar um
pedido de suspensão da eficácia do ato executório ao tribunal administrativo
(182º CPA)
- Artigo 178º CPA: qualquer ação de execução da AP tem de respeitar os princípios
fundamentais da atividade administrativa, incluindo o pr. da proporcionalidade
- Medidas de execução possíveis para cada tipo de obrigação:
- 179º CPA: processo de execução fiscal no caso de obrigações pecuniárias
- 180º CPA: execução para entrega da coisa - posse administrativa da coisa
- 181º CPA: execução para prestação de facto fungível - AP pode realizar a
execução ou pedir a terceiro que o faça

8. Invalidade dos atos administrativos


- Um ato administrativo só é imperativo se cumprir os requisitos de existência, validade e
eficácia

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- Existência dos atos administrativos: para um ato administrativo existir, tem de


preencher os seus elementos constitutivos, caso contrário há a inexistência de
qualquer ato administrativo
- 155º/2 CPA: para existir, um ato tem de possuir um sujeito e conteúdo (decisão) e,
se for o caso, um objeto e destinatário
- 151º CPA: os elementos constitutivos têm de contar de forma escrita no ato
administrativo
- a inexistência não é uma modalidade mais grave de invalidade: o que não existe não
pode ser válido ou inválido
- Validade dos atos administrativos: há duas formas de invalidade dos atos
administrativos - nulidade e anulabilidade (regime regra)
- Nulidade (161º/1,2 CPA): só existe nos termos previstos pela lei
- 162º CPA: o ato nulo não produz efeitos jurídicos e pode ser invocado a todo o tempo
por qualquer interessado (salvo determinadas exceções)
- a nulidade pode ser declarada pelo órgão competente para a anulação ou pelos
tribunais administrativos
- Anulabilidade (163º): em regra, os atos administrativos inválidos são anuláveis
- produz efeitos jurídicos a título precário (podem ser destruídos retroativamente)
- pode ser invocada por qualquer interessado, dentro do prazo legal de 1 ano
- 163º/5: situações em que os atos administrativos inválidos não produzem efeitos
anulatórios
- princípio do aproveitamento do ato administrativo: para uma maior eficiência
e racionalidade dos atos administrativos, não se produzem os efeitos da
anulabilidade nos casos em que a anulação dos atos seria seguida de outro ato
com o mesmo conteúdo
- a) aproveitamento do ato administrativo anulável: situações de vinculação em
que o conteúdo do ato não poderia ser outro
- refere-se a atos vinculados pela lei e atos discricionários
(discricionariedade reduzida a zero no caso concreto)
- b) degradação das formalidades essenciais em não essenciais: situações em
que, apesar da inobservância das regras formais e procedimentais, os seus
valores tenham sido respeitados por poutra via (decisão não é comprometida)
- c) aproveitamento de atos administrativos discricionários: situações em que
o ato poderia ser praticado com outro conteúdo mas, mesmo sem o vício, o ato
teria sido praticado com o mesmo conteúdo
- o ato teria sido praticado nos mesmos termos, se só se tivesse considerado
os pressupostos ou motivos válidos
- Eficácia dos atos administrativos (155º e ss. CPA): capacidade do ato administrativo
produzir efeitos jurídicos
- não há uma relação direta entre validade e eficácia: um ato pode ser inválido (anulável)
e eficaz
- 155º CPA: um ato administrativo é eficaz a partir do momento em que é praticado
- exceção: casos em que a lei ou o ato estabelecem eficácia retroativa (156º CPA)
- 157º CPA: a eficácia pode ser diferida para um momento posterior ao da perfeição do
ato, dependendo da verificação de determinado acontecimento
- 158º CPA: falta de publicação exigida por lei implica a ineficácia do ato
- 160º CPA: qualquer efeito só é oponível ao seu destinatário, depois da notificação do
ato

Vícios quanto ao sujeito


- A lei confere a cada entidade pública um conjunto de atribuições (satisfação de
interesses públicos), e a cada órgão público um conjunto de competências (poderes)

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- Vícios por inobservância do quadro legal de fixação de competências e atribuições:


- vício por usurpação de poderes: ato resulta do exercício de uma competência que
não pertence à função administrativa, mas sim a uma outra função do Estado
- vício mais grave de todos por violar o princípio da separação de poderes
- 161º/2 a) CPA: nulidade do ato administrativo
- vício por falta de atribuições ou de incompetência absoluta: um órgão pratica um
ato no exercício de uma competência que pertence a um órgão de uma outra pessoa
coletiva pública (ou de um outro Ministério no caso do Estado)
- não tem competência nem as mesmas atribuições
- 161/2 b) CPA: nulidade do ato administrativo
- vício por falta de competência ou de incompetência relativa: um órgão pratica um
ato no exercício de competência de um órgão da mesma pessoa coletiva pública (ou
do mesmo Ministério no caso do Estado
- não tem competência mas possui as mesmas atribuições
- 163º/1 CPA: anulabilidade do ato administrativo
- Vício por inobservância das regras de legitimação
- vício por falta de legitimação do sujeito: órgão tem competência para exercer
determinado ato mas, em cada caso concreto, tem de observar determinados requisitos
para o exercício das suas atribuições e competências
- situações de impedimento (69º e ss. CPA): anulabilidade do ato (76º CPA)
- falta de autorização exigida por lei: anulabilidade do ato (163º/1 CPA)
- falta de quórum ou maioria exigida dos órgãos colegiais: nulidade do ato (161º/2 h
CPA)
- passagem do prazo legal de que depende o exercício da competência,
nomeadamente a anulação dos atos administrativos pela AP (168º CPA):
anulabilidade do ato (163º/1)

Vícios quanto ao procedimento


- Inobservância de qualquer fase (trâmite) do procedimento resulta na invalidade do ato
administrativo final
- 163º/5 CPA: casos em que a inobservância dos trâmites legalmente exigidos não
resulta na invalidade do ato final
- ≠ vício de forma porque diz respeito a aspetos externos do ato, e não ao seu conteúdo
e sentido da decisão
- 163º/1: regra geral de anulabilidade do ato
- exceção: o ato é nulo se for praticado com preterição total do procedimento
legalmente exigido (161º/2 l) CPA) ou se houver desrespeito da fase da audiência,
nos casos em que esta assum a natureza jurídica de um direito fundamental (161º/2
d) CPA)
- 92º CPA: quando a lei o prevê, o desrespeito da tramitação do procedimento não tem
como consequência a invalidade

Vícios de forma
- 150º/1 CPA: em princípio, os atos administrativos devem revestir a forma escrita, desde
que outra forma não seja prevista por lei ou imposta pela natureza das circunstâncias
- se um ato for expresso de forma oral, é considerado nulo por carência absoluta da
forma legal (161º/2 g) CPA)
- 150º/2 CPA: as deliberações dos órgãos colegiais são praticadas de forma oral, mas
a sua documentação é escrita, sendo realizada em ata para efeitos probatórios da
deliberação (34º/6 CPA)

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- quando a lei prevê forma escrita solene e o ato observa a forma escrita mas não a
forma solene excecionalmente exigida, o ato não carece em absoluto da forma
legalmente exigida, sendo apenas anulável
- 151º CPA: menções obrigatórias do ato
- 152º CPA: dever de fundamentação de alguns atos administrativos, sendo um requisito
de forma
- 154º CPA: nos atos praticados oralmente, se não houver ata, os interessados podem
requerer a redução a escrito da respetiva fundamentação
- 153º CPA: a fundamentação é uma sucinta explicação dos elementos de facto e de direito
da decisão e pode ser feita por remissão para os anteriores pareceres ou propostas de
decisão (homologação)
- justificação: é obrigatória em todos os atos administrativos que careçam de
fundamentação, sendo uma declaração através da qual o autor do ato dá a conhecer
os factos que preenchem os pressupostos legais do ato administrativo
- motivação: no caso de exercício de poder discricionário, o autor do ato tem também
de motivar o ato, dando conta das razões que o levaram a escolher determinado
conteúdo do ato em vez de outro
- 153º/2 CPA: a fundamentação tem de ser clara, suficiente e congruente
- A falta, ininteligiblidade, incongruência ou insuficiência da fundamentação (152º-154º
CPA) gera vício de forma e o ato administrativo é anulável
- ex: se a fundamentação não se referir a nenhum dos argumentos da audiência dos
interessados é insuficiente
- Se se concluir que a declaração formal é falsa, devido a erros ou intervenção de motivos
desviados, já não está em causa a fundamentação e forma do ato administrativo mas sim
o seu conteúdo ou pressupostos

Vícios quanto ao objeto


- Conceito restrito: termo passivo sobre o qual incidem os efeitos do ato, podendo ser
uma pessoa, situação, coisa ou um outro ato administrativo (atos de 2º grau)
- Conceito amplo: compreende o próprio conteúdo do ato administrativo (161º/2 c) CPA)
- O objeto do ato administrativo deve ser possível, certo, inteligível e determinado ou
determinável
- A não verificação destes requisitos gera um vício quanto ao objeto:
- objeto impossível: ato é nulo (161º/2 c) CPA)
- ex: pessoa que já faleceu ou não é licenciada em Direito não é objeto possível de
um ato de admissão na Ordem dos Médicos
- objeto indeterminável: ato é nulo (161º/2 c) CPA)
- ex: sanção disciplinar sem se determinar o sujeito
- objeto com falta de legitimação: ato é anulável (163º CPA)
- ex: funcionário que em abstrato é objeto possível de um ato de promoção mas, no
caso concreto, não preenche os requisitos estabelecidos pela lei

Vícios quanto aos pressupostos


- O fim de cada ato administrativo é a prossecução de interesses públicos (não vem
indicado na lei)
- A vinculação do ato à prossecução do interesse público concretiza-se através da
definição normativa dos pressupostos do ato administrativo

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- Pressupostos: circunstâncias objetivas, previstas normativamente, que necessitam de


se verificar na realidade para haver a constituição do órgão administrativo no dever de
agir através da prática de um ato administrativo
- Os pressupostos têm de ser legalmente previstos e efetivamente existentes
- se tal não se verificar, há um vício por falta de pressupostos e o ato é anulável
- Falta de pressuposto hipotético ou de direito: circunstâncias não estão previstas
na lei
- Falta de pressuposto real ou de facto: circunstâncias previstas na lei não se
verificam na realidade
- A falta de pressupostos pode resultar:
- da verificação do seu não preenchimento devido à análise objetiva da materialidade
dos factos
- de um juízo negativo sobre a valoração realizada pelo agente administrativo, no caso
de se recorrer a conceitos imprecisos que exigem a formulação de valorações
próprias do exercício da atividade administrativa
- Ex: lei - podem-se reformar se tiverem 65 anos de idade e 15 anos de serviço
(pressupostos de direito)
- A com 65 anos de idade pede a reforma; AP indefere por considerar que A não tem
15 anos de serviço; A vem a provar que tem 15 anos de serviço
- o ato de indeferimento é inválido com vício quanto aos pressupostos de facto
- no caso de A não ter 65 anos mas tiver 15 anos de serviço: o conteúdo do ato está
certo mas os fundamentos estão errados - princípio do aproveitamento do ato
(163º/5) apesar da anulabilidade o efeito anulatório não se produz
- Ex 2: concedida uma isenção de impostos em relação a importação de máquinas desde
que não existam máquinas idênticas em Portugal
- empresa x realiza um requerimento mas este é indeferido com o fundamento de que
há máquinas idênticas em Portugal; o fundamento é errado - vício quanto aos
pressupostos de facto
- MAS, se se exigir o parecer favorável da DGAE, a empresa requerer o procedimento
e este for desfavorável - vício quanto aos pressupostos de direito
- Ex 3: lei diz que o Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres deve ser concedido a
cidadãos brasileiros se estes forem capazes civilmente à luz da lei brasileira e tiverem
residência habitual em Portugal - ato totalmente vinculado: verificados os pressupostos,
a AP está obrigada a x
- requerimento de um cidadão indeferido por se considerar que não tem residência
habitual em Portugal; este vem provar que tem - vício quanto aos pressupostos de
facto, ato anulável
- requerimento de um cidadão indeferido com fundamento de não ter residência
habitual em Portugal - vem provar que tem, mas este não é capaz civilmente à luz
da lei brasileita - vício quanto aos pressupostos de facto MAS o conteúdo do ato está
em conformidade com a lei (163º/5 a) CPA) - princípio do aproveitamento do ato
administrativo
- requerimento de um cidadão deferido mas este não tem residência habitual em
Portugal - vícios quanto ao objeto por falta de legitimação (anulável); os
pressupostos estão relacionados com o objeto do ato
- Ex. 4: + tem de ser manifesto o interesse nacional na concessão desse Estatuto -
introdução de um poder discricionário através de um conceito indeterminado

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- requerimento do cidadão deferido mas este, no Brasil, já tinha sido condenado por
vários crimes públicos
- só pode haver um vício associado a este pressuposto se se conseguir provar um
erro manifesto de apreciação (a situação, de todo em tod, não caiba no
preenchimento do conceito); se se provar há um vício quanto ao objeto por falta de
legitimação, sendo o ato anulável

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