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Administrativo
Direito Administrativo
1.1. Direito Administrativo: ramo de Direito Público que regula dois tipos de normas:
- organização da Administração Pública
- relações jurídicas que se estabelecem no âmbito do exercício da função administrativa:
relações jurídicas administrativas
1.2. A prossecução das necessidades públicas deve ser realizada pela comunidade, que
se vai organizar para que seja desenvolvida de modo regular, contínuo e adequado
- Assim, a atividade da administração pública vai ser desenvolvida por pessoas coletivas
públicas, integradas por um conjunto de serviços públicos (Administração Pública)
1.7. Cada vez mais, o Estado concede a prossecução de atribuições públicas a uma
entidade privada:
- A partir do momento em que o particular é investido no exercício de funções públicas,
através da concessão de poderes públicos, passa a exercer a função administrativa,
passando a ser destinatário de normas de Direito Administrativo
- Artigo 2º/1,2 CPA: as entidades privadas que desempenham a função administrativa não
estão sujeitas ao regime orgânico ou organizatório da Parte II do CPA, mas sim a todo o
restante regime do CPA que diz respeito aos princípios gerais, procedimento e atividade
administrativa
- Assim, a Parte II do CPA apenas disciplina o regime específico de funcionamento
dos órgãos da AP, identificados no artigo 2º/4 do CPA
1.8. Órgãos públicos, do Estado ou Regiões Autónomas, que não integram a AP por não
exercerem a função administrativa, podem praticar atos administrativos (148º CPA)
- ex: PR, AR e seu Presidente, Tribunais Superiores e seus Presidentes
- Estes órgãos, além de observarem o regime normativo dos atos em causa, devem
observar o disposto no artigo 2º/1 do CPA
- Uma entidade é privada, mesmo quando criada por uma entidade pública, desde que a
sua estrutura obedeça a um modelo configurado por normas de direito privado
- ex: sociedades comerciais de capital público
Administração Estadual
- O Estado é a principal pessoa coletiva pública da ordem jurídica portuguesa,
desempenhando a função administrativa através de um conjunto de serviços, constituídos
por funcionários e agentes dependentes do Governo
- O Governo é o principal órgão responsável pelo exercício da função administrativa (182º
e 199º CRP)
- exerce um poder de direção sobre a Administração Direta do Estado, e um poder
de superintendência sobre a Administração Indireta do Estado (199º c) CRP)
Administração Autónoma
- Descentralização administrativa: existência de pessoas coletivas de substrato
populacional, diferentes do Estado, que exercem a função administrativa de acordo com
os seus próprios interesses
- essas pessoas coletivas são dotadas de órgãos eleitos, representativos das
respetivas populações
- Poderes do Estado relativamente à Administração Autónoma: tutela de legalidade
inspetiva e integrativa
- Artigo 266º CRP: A AP, apesar de ser um poder subordinado à lei, é um instrumento
dirigido à prossecução do interesse público, respeitando um conjunto de princípios
fundamentais
- AP como poder autónomo em relação à lei: autonomia juridicamente conformada
- Função administrativa:
- Fim: prossecução do interesse público
- Objeto heterogéneo: prossegue vários fins de interese público
- Exercício: parte em relações jurídicas administrativas na prossecução de certos
interesses
- Natureza ativa: têm poderes de iniciativa
- Parcial: órgãos administrativos são partes interessadas nos litígios
- Normas de direito como “padrão de conduta”
- Como a AP tem como objetivo promover vários fins de interesse público, não pode estar
integralmente subordinada à lei: a lei teria de definir de forma precisa e exaustiva cada
um dos seus aspetos
- Discricionariedade administrativa: na adoção de medidas cuja necessidade e
adequação não podem ser determinadas previamente, as normas não especificam o
modo da atuação concreta da AP, tendo esta um papel próprio na formulação de
determinados juízos
- Formas que o legislador pode utilizar para conceder poder discricionário à AP:
- conceitos imprecisos-tipo: conceitos indeterminados, cujo preenchimento exige
uma valoração (ex: no caso de uma inundação grave…)
- prerrogativas de avaliação: avaliação de pessoas ou coisas
- ex: norma que, para a formação de um órgão, exige um juíz de reconhecido
mérito
- Sempre que a AP exerce poderes discricionários, apesar de não estar vinculada à lei,
deve respeitar os princípios jurídicos fundamentais (266º CRP) que conformam esses
poderes
- Prof. Rogério Soares: conceito restrito de ato administrativo (está de acordo com o
CPA)
- apenas são atos administrativos aqueles que definem situações jurídicas externas
- Artigo 148º CPA: ato administrativo são as decisões, praticadas no exercício de poderes
jurídico-administrativos,que visam produzir efeitos jurídicos externos numa situação
individual e concreta
- decisões: tem de haver conteúdo decisório que determine o resumo de
acontecimentos ou o sentido de condutas a adotar
- são decisões os atos finais dos procedimentos administrativos, mas também os
atos que, ao longo do procedimento administrativo, contêm pré-decisões
- pareces não vinculativos, informações e propostas não são decisões
- produção de efeitos jurídicos externos: visam afetar direitos ou interesses de
entidades exteriores àquela que os pratica
- exclui os atos internos: atos decisórios praticados no âmbito das relações intra-
administrativas ou interorgânicas
- ex: ordem do superior hierárquico aos subalternos; ato de iniciativa oficiosa
de um procedimento administrativo
6. Procedimento administrativo
- Artigo 1º CPA: o procedimento administrativo é uma sucessão ordenada de atos e
formalidades conducentes à manifestação da vontade da AP ou à sua execução
- existem situações de estado de necessidade em que a urgência na tomada de
decisão não permita a realização regular do procedimento
- Funções do procedimento administrativo:
- análise da realidade sobre a qual tem de decidir, verificando os interesses que estão
envolvidos na situação concreta, para alcançar a solução que melhor prossegue o
interesse público (dimensão objetiva)
- importante sobretudo no âmbito de discricionariedade da AP, quando a lei não
fixa a melhor solução que esta deve tomar (dimensão subjetiva)
- defesa dos direitos dos cidadãos envolvidos no procedimento e que podem vir a
ser afetados por este, através da audência dos interessados
- coordenação da atuação e intervenção das várias entidades públicas envolvidas
- É adotado no exercício da função da AP, no qual se concretiza a relação jurídica
administrativa material
- Interessados (68º CPA): quem tenha desencadeado o procedimento, quem tenha sido
notificado do procedimento, ou quem venha mais tarde a ser considerado interessado
- Projeto de decisão (122º CPA): o responsável deve comunicar aos interessados os
factos já apurados e os aspetos relevantes para a decisão
- Manifestação do princípio da participação dos interessados na formação das decisões
administrativas que lhes digam respeito (267º/5 CRP e 12º CPA)
- Possibilidade de os interessados se pronunciarem acerca de qualquer questão, ao
longo da instrução (117º/1 CPA)
- Possibilidade dos interessados apresentarem exposições que devem ser tidas em
conta pelo órgão competente para decidir (107º e 116º CPA)
- Direito à informação (268º/1,2 CRP e 82º, 83º e 84º CPA)
- Artigo 124º CPA: dispensa de audiência
- deve ser fundamentada na decisão final, sob risco de invalidade formal (124º/2 CPA)
- Audiência pode ser escrita ou oral (121º e 122º CPA): em ambos os casos, a audiência
é notificada aos interessados
- Artigo 80º/1 CPA: audiência dos interessados deve ser feita na própria conferência
- Artigo 81º CPA: a conferência fica concluída com a prática dos atos que a conferência
visa emitir ou com o decurso do prazo para a resolução da conferência (60 dias que
podem ser prerrogáveis por mais 30)
- nas conferências deliberativas, se os órgãos não chegarem a acordo, têm de
especificar as razões da discordância na ata e as alterações que consideram
necessárias para a viabilização da pretensão (81º/4 CPA)
- As conferências viam uma maior eficiência, racionalidade e celeridade dos procedimentos
administrativos, permitindo que, de uma forma coordenada, as entidades administrativas
exerçam as suas competências no projeto
Vícios de forma
- 150º/1 CPA: em princípio, os atos administrativos devem revestir a forma escrita, desde
que outra forma não seja prevista por lei ou imposta pela natureza das circunstâncias
- se um ato for expresso de forma oral, é considerado nulo por carência absoluta da
forma legal (161º/2 g) CPA)
- 150º/2 CPA: as deliberações dos órgãos colegiais são praticadas de forma oral, mas
a sua documentação é escrita, sendo realizada em ata para efeitos probatórios da
deliberação (34º/6 CPA)
- quando a lei prevê forma escrita solene e o ato observa a forma escrita mas não a
forma solene excecionalmente exigida, o ato não carece em absoluto da forma
legalmente exigida, sendo apenas anulável
- 151º CPA: menções obrigatórias do ato
- 152º CPA: dever de fundamentação de alguns atos administrativos, sendo um requisito
de forma
- 154º CPA: nos atos praticados oralmente, se não houver ata, os interessados podem
requerer a redução a escrito da respetiva fundamentação
- 153º CPA: a fundamentação é uma sucinta explicação dos elementos de facto e de direito
da decisão e pode ser feita por remissão para os anteriores pareceres ou propostas de
decisão (homologação)
- justificação: é obrigatória em todos os atos administrativos que careçam de
fundamentação, sendo uma declaração através da qual o autor do ato dá a conhecer
os factos que preenchem os pressupostos legais do ato administrativo
- motivação: no caso de exercício de poder discricionário, o autor do ato tem também
de motivar o ato, dando conta das razões que o levaram a escolher determinado
conteúdo do ato em vez de outro
- 153º/2 CPA: a fundamentação tem de ser clara, suficiente e congruente
- A falta, ininteligiblidade, incongruência ou insuficiência da fundamentação (152º-154º
CPA) gera vício de forma e o ato administrativo é anulável
- ex: se a fundamentação não se referir a nenhum dos argumentos da audiência dos
interessados é insuficiente
- Se se concluir que a declaração formal é falsa, devido a erros ou intervenção de motivos
desviados, já não está em causa a fundamentação e forma do ato administrativo mas sim
o seu conteúdo ou pressupostos
- requerimento do cidadão deferido mas este, no Brasil, já tinha sido condenado por
vários crimes públicos
- só pode haver um vício associado a este pressuposto se se conseguir provar um
erro manifesto de apreciação (a situação, de todo em tod, não caiba no
preenchimento do conceito); se se provar há um vício quanto ao objeto por falta de
legitimação, sendo o ato anulável