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·Domínio público do Estado = domínio patrimonial(direito de propriedade que o Estado
exerce sobre os bens que compõem o seu patrimônio) + “domínio eminente” (de natureza
política, que o Estado tem sobre todos os bens existentes no seu território, com o poder de
regulamentar ou restringir o seu uso ou até de transferi-los compulsoriamente para o patrimônio
estatal) – os bens públicos relacionam-se com o domínio patrimonial do Estado.
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·Conceito de “bens públicos” – conceito de José dos Santos Carvalho Filho: bens públicos
são somente aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito público - conceito de
Hely Lopes Meirelles: bens públicos são todos aqueles pertencentes às pessoas jurídicas
de Direito Público Interno e às pessoas jurídicas de Direito Privado da Administração
Indireta - conceito de Celso Antônio Bandeira de Mello : bens públicos são todos aqueles
pertencentes às pessoas jurídicas de Direito Público (União, Estados, Distrito Federal,
Municípios, respectivas autarquias e fundações de direito público), bem como aqueles
que, embora não pertençam a tais pessoas, estejam afetados à prestação de um serviço
público - o art. 98 do Código Civil estabeleceu que “são públicos os bens do domínio
nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros
são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”(adota a posição de Carvalho
Filho) – o STF tem entendimento correspondente à posição de Bandeira de Mello) -
conclusão: os bens das pessoas jurídicas de direito publico sujeitam-se ao regime
próprio dos bens públicos, enquanto os bens das pessoas juridicas de direito privado,
se utilizadas na prestação de um serviço publico, podem ficar sujeitos a uma ou mais
caracteristicas do regime dos bens públicos, segundo o princípio da continuidade dos
serviços públicos.
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·Classificação: quanto à titularidade: bens federais (art. 20, CF/1988); bens estaduais (art.
26, CF/1988); bens distritais e bens municipais - Assim, pertencem à União os seguintes
bens, na forma do artigo 20 da CF/88: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações
e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas
em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que
banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV as ilhas
fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art.
26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o
mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia
hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais
subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI - as terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar,
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são “patrimônio nacional”(art. 225, § 4.º,
da Constituição Federal), e não bens públicos – o dispositivo constitucional hoje é
regulamentado pela Lei n. 13.123/2015 – Por sua vez, pertencem aos Estados os seguintes
bens, na forma do artigo 26 da CF/88: I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras
da União; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; III - as ilhas fluviais e
lacustres não pertencentes à União; IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da
União.
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·Classificação: quanto à destinação: bens de uso comum do povo, ou do domínio
público em sentido estrito - aqueles que, por determinação legal ou em razão de sua própria
natureza, podem ser utilizados por qualquer indivíduo, sem necessidade de consentimento
individualizado por parte do Poder Público, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças. Não
obstante, a Administração, no exercício do seu poder de polícia, pode restringir ou até mesmo
impedir o uso dessa espécie de bem, desde que seja em razão do interesse público. A
utilização dos bens de uso comum do povo é gratuita como regra, mas é possível a exigência
de uma contraprestação (remuneração), como ocorre com a cobrança de pedágio pelo uso de
uma estrada ; bens de uso especial ou do patrimônio administrativo - aqueles destinados à
execução dos serviços públicos. São exemplos: os edifícios públicos em que estão instalados
hospitais e universidades públicas, bem como os utensílios móveis (birôs, cadeiras,
computadores, impressoras etc.) que guarnecem tais unidades – as terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios, constitucionalmente enquadradas como bens públicos federais
(CF, art. 20, XI) são bens de uso especial; bens dominicais, dominiais ou do patrimônio
disponível: aqueles que constituem o patrimônio de uma pessoa jurídica de direito público,
como objeto de direito pessoal ou real. São todos aqueles bens que não têm uma destinação
pública específica, ou seja, não estão destinados à utilização comum da coletividade, nem se
encontram afetados a um serviço administrativo. Os bens dominicais podem ser utilizados pela
Administração para obtenção de receitas. Por exemplo: um imóvel desocupado pertencente a
qualquer ente público (considerado um bem dominical) pode ser alugado a terceiros. De acordo
com o parágrafo único do art. 99 do Novo Código Civil, também são considerados dominicais
os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de
direito privado, desde que a lei não disponha em contrário.
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·Classificação: quanto à natureza patrimonial: bens indisponíveis por natureza - aqueles
de natureza não patrimonial, por serem insuscetíveis de avaliação econômica. Em razão de sua
natureza, tais bens são inalienáveis. Nessa categoria enquadram-se os bens de uso comum do
povo de natureza não patrimonial como mares, rios, praias etc; bens patrimoniais
indisponíveis: aqueles de natureza patrimonial (possibilidade de avaliação econômica), mas
que não podem ser alienados em virtude de estarem afetados a alguma destinação pública
específica. Nessa categoria estão os bens de uso comum do povo de natureza patrimonial, por
exemplo, uma praça, e os bens de uso especial, a exemplo do imóvel público onde funcione
uma repartição governamental. Se, por acaso, algum bem patrimonial indisponível perder a sua
destinação pública específica, passará a ser considerado bem patrimonial disponível ; bens
patrimoniais disponíveis: aqueles que possuem natureza patrimonial e podem ser alienados
pela Administração, observadas as condições estabelecidas em lei, visto que não estão
afetados a uma finalidade pública específica. Nessa categoria estão os bens dominicais, como
um imóvel público desocupado.
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·Regime jurídico dos bens públicos: conjunto de normas que rege as relações de
propriedade do patrimônio do Poder Público – características: alienabilidade
condicionada(inalienabilidade); impenhorabilidade; imprescritibilidade; e não
onerabilidade – alienabilidade condicionada – como regra geral, os bens públicos não
podem ser alienados(vendidos, doados, trocados) – assim, são inalienáveis os bens de uso
comum do povo e os bens de uso especial enquanto conservarem essa condição; se
passarem esses bens à categoria de bens dominicais(desafetados), poderão ser
alienados na forma da Lei n. 8.666/1993; porém, são absolutamente inalienáveis:os bens
indisponíveis por natureza; ss terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais(art. 225, § 5.º, da
CF/1988); as terras ocupadas tradicionalmente pelos índios(art. 231, § 4.º, da CF/1988)
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- impenhorabilidade - o procedimento judicial de penhora não se aplica aos bens públicos de
qualquer espécie, pois na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública o pagamento
dos credores deve ser feito por meio do regime de precatórios, conforme previsto no art. 100 da
Constituição Federal - exceção à regra de pagamento por precatório: débitos de pequeno valor,
que devem ser liquidados por meio da “Requisição de Pequeno Valor – RPV (art. 100, § 3.º, da
CF). Não obstante, há casos em que, apesar de os pagamentos serem submetidos à regra
geral dos precatórios, os credores terão preferência sobre os demais - Assim, o pagamento
será feito mediante precatório, com três ordens (filas) distintas. Em primeiro lugar, serão pagos
os créditos de natureza alimentícia cujos titulares sejam pessoas com idade igual ou superior a
60 anos ou portadoras de doenças graves; posteriormente, será a vez dos demais créditos de
natureza alimentícia; por fim, serão pagos os créditos que não possuem essa natureza. Nas
três ordens os precatórios devem ser pagos na ordem cronológica da apresentação;
imprescritibilidade - os bens públicos não podem ser adquiridos por meio de usucapião
(prescrição aquisitiva) - a regra constitucional da imprescritibilidade dos bens públicos não
possui exceção, e a qualquer tempo o ente público pode reivindicar algum bem de sua
propriedade que esteja na posse de terceiros - Súmula 340/STF: “desde a vigência do Código
Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por
usucapião”; não onerabilidade - os bens públicos não podem ser dados em garantia para o
caso de inadimplemento de obrigação. Assim, os bens públicos não podem ser objeto de
penhor , hipoteca ou anticrese, que são espécies de direito real de garantia.