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Aula 10 – A busca por uma moderna historiografia e a profissionalização da pós-graduação

Discutir e resolver a questão do calendário; NÃO haverá aula nos dias 26/06 e 01/07 – duas opções:
1) avaliação ser feita em casa; 2) “espremer” o conteúdo de duas aulas em alguma altura do
semestre; em qualquer dos casos, posso disponibilizar um plantão para tirar dúvidas para a prova
para compensar a aula que ficará faltando

Conferir se todo mundo se inscreveu para a apresentação dos textos; uma boa parte dos seminários
ainda está sem grupos, inclusive os dois primeiros, Varnhagen e Capistrano de Abreu

Inscrições para discussão do texto: Mateus Pereira Werneck Silva; Júlia Teresa Vieira Leite

A “busca por uma moderna tradição”: revisões historiográficas e consolidação de cânones ao longo
das décadas de 1940, 1950 e 1960

• Texto de leitura obrigatória nos permite revisitar e sistematizar várias das questões que
trabalhamos ao longo das aulas anteriores, ao mesmo tempo em que nos permite vislumbrar
alguns desdobramentos ligados à consolidação da universidade
• Refletir sobre o gênero balanço historiográfico e suas funções
• Usos retóricos das ideias de “novo” e “moderno” e legitimação do saber produzido nas
universidades – curiosamente, toma como “objetos de culto” três obras que não foram
produzidas no âmbito do sistema universitário
• Preocupação com a recepção contemporânea de obras tidas como “clássicas”, em especial a
tríade Casa Grande & Senzala, Raízes do Brasil e Formação do Brasil Contemporâneo
• Gontijo e Franzini também enfrentam uma discussão à qual voltaremos de forma mais
sistemática na próxima semana, qual seja, a da formação dos cânones, em especial no que diz
respeito à importância de atentar para sua historicidade e para o estatuto peculiar dos
“clássicos” – interessante a reflexão sobre sua temporalidade, o fato de tal condição ser
sempre atribuída posteriormente
• Isso é particularmente claro no uso que fazem do famoso prefácio de Antônio Cândido à quinta
edição de Raízes do Brasil, publicada em 1969 (leitura complementar da nossa primeira aula
da Unidade II)
• Talvez usar a citação de Evaldo Cabral de Mello na p. 160

Construindo as bases para a profissionalização e a pesquisa: as moções e conclusões do I Simpósio


de Professores de História do Ensino Superior (Marília, 1961)

• Como já discutimos em vários momentos deste curso, o congresso realizado em Marília em


1961, que teria a criação da ANPUH como uma de suas consequências, pode ser lido como um
sintoma da consolidação dos cursos universitários de história, bem como da preocupação em
debater e impactar seus rumos
• Talvez um excelente termômetro dos impasses que a disciplina enfrentava no início dos anos
1960 possa ser encontrado no conjunto de moções e conclusões do congresso – herdeiro do
formato dos grandes congressos que discutimos há algumas aulas e que eu exemplifiquei com
o Congresso de História da América de 1922
• Comentar brevemente o conteúdo das moções e das conclusões, a partir das minhas notas
marginais; preocupação com a consolidação das universidades, com o estabelecimento de
redes de intercâmbio e de diálogo, mas também com as condições básicas da pesquisa
histórica, em especial a conservação de documentos em território nacional e a obtenção de
fontes relevantes em outras terras; há reivindicações profissionais e talvez se possa dizer que
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até mesmo corporativas, e também preocupações com o ensino de teoria, metodologia e


história da historiografia
• Destacar debate sobre a pós-graduação – a partir do início da década de 1960, torna-se claro
que uma “moderna” historiografia depende de uma sólida formação de pesquisadores

A profissionalização da pós-graduação e os dilemas da avaliação da CAPES

• CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento; principal órgão responsável pela coordenação e


pelo fomento à pós-graduação no Brasil; segundo seu site, suas principais linhas de atuação
são: avaliação da pós-graduação stricto sensu; acesso e divulgação da produção científica;
investimentos na formação de recursos de alto nível no país e exterior; promoção da
cooperação científica internacional; indução e fomento da formação inicial e continuada de
professores para a educação básica nos formatos presencial e a distância. Em 1951, foi criada
a Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, posteriormente
transformada na CAPES; o objetivo central era assegurar a existência de pessoal especializado
para os “empreendimentos públicos e privados que visam ao desenvolvimento do país”. O
primeiro secretário-geral foi o educador Anísio Teixeira, que, como vimos, esteve envolvido na
criação da UDF; em 1953, implantou o Programa Universitário, que levou à contratação de
professores visitantes estrangeiros, ao estímulo ao intercâmbio e à cooperação entre
instituições, à concessão de bolsas de estudo e ao apoio a eventos de natureza científica; sofre
uma descontinuidade com o golpe militar, mas seguem os debates sobre o ensino superior; na
segunda metade da década de 1960, em meio às reformas universitárias promovidas pelos
militares, a CAPES adquire centralidade na formulação de uma nova política de pós-graduação,
que se expande rapidamente no período; no início dos anos 1970, estrutura-se
• CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; outra agência federal
de fomento; criado em 1951, após debates que remontavam às primeiras décadas do século
XX e envolviam instituições como Academia Brasileira de Ciências (criada em 1916) e a
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1948), ambas ainda hoje existentes; conexão
com a conjuntura do pós-Segunda Guerra e a reflexão sobre o papel estratégico da ciência;
segundo texto disponível em seu site institucional, “A lei de criação do Conselho estabelecia
como suas finalidades promover e estimular o desenvolvimento da investigação científica e
tecnológica, mediante a concessão de recursos para pesquisa, formação de pesquisadores e
técnicos, cooperação com as universidades brasileiras e intercâmbio com instituições
estrangeiras.”
• Uma de nossas leituras complementares é o relatório de Carlos Fico, Claudia Wasserman e
Marcelo de Souza Magalhães sobre ; embora um pouco quantitativo e “burocrático” em alguns
momentos, considero uma introdução e um panorama interessante do estado atual da nossa
disciplina, sobretudo para quem tiver interesse em ingressar no mestrado; recuperar os
“dados básicos” das p. 268-269
• Caso da UFMG: o Programa de Pós-Graduação em História é criado em 1990, com o curso de
mestrado; o doutorado foi estabelecido em 2000; na última avaliação, publicada em 2017 e
relativa ao período 2013-2016, é um dos dois programas da área que tem a nota 7, critério
máximo atribuído pela CAPES (o outro é o da UFF); há três programas nota 6, categoria
considerada também de excelência pela CAPES (USP-Social, UFRGS, UNICAMP)
• O artigo de Valdei Araújo faz uma profunda crítica ao sistema de avaliação da CAPES,
colocando em xeque qual seria, afinal, o modelo de historiador que ele privilegia e chamando
atenção para alguns dos limites, tanto pragmáticos quanto teóricos de tal modelo; talvez
comentar as ações que propõe nas p. 104-105 e as contrastar com as moções e conclusões do
encontro da ANPUH.

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