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Atividade – A literatura como possibilidade de conexão

Referência bibliográfica para a atividade: JABLONKA, Ivan. O tesouro dos Ephrussi: Literatura
e história conectada. In: BOUCHERON, Patrick; DELALANDE, Nicolas. Por uma história-mundo.
Belo Horizonte: Autêntica, 2015, p. 63-71. (disponível na pasta de leituras complementares do
tema “Histórias conectadas, cruzadas, emaranhadas...”; é o segundo texto na digitalização
parcial da obra Por uma história-mundo).

Observação preliminar: Esta atividade será desenvolvida mais satisfatoriamente se vocês


lerem (o curto e instigante) ensaio de Ivan Jablonka, mas essa leitura não é um pré-requisito
necessário para o debate que estou propondo. A leitura do texto obrigatório do encontro de
14/08, de autoria de Michael Werner e Bénédicte Zimmermann, também contribuirá para o
aprofundamento do debate aqui proposto.

Caminhos de um texto, suportes de debates, possibilidades do digital

A versão original da coletânea Por uma história-mundo, organizada pelos historiadores


franceses Patrick Boucheron e Nicolas Delalande faz parte de uma coleção intitulada La Vie des
Idées [A vida das ideias]. Ligada à revista online de mesmo nome, essa coleção se propõe a
publicar, sempre com um ensaio introdutório inédito, textos originalmente veiculados no site e
que se relacionem a uma mesma temática. A série de livros busca, assim, realizar
experimentações que permitam estabelecer novos intercâmbios entre o formato digital e as
edições impressas, bem como contribuir para a democratização do conhecimento.

Destaquei para esta atividade o ensaio do historiador francês Ivan Jablonka intitulado “O
tesouro dos Ephrussi: Literatura e história conectada”. Trata-se de uma resenha de uma obra
do artista plástico e escritor britânico Edmund de Waal, editada no Brasil com o título A lebre
com olhos de âmbar. Nesse livro, publicado originalmente em 2010, De Waal narra a trajetória
de uma coleção de netsuquês – miniaturas decoradas fabricadas no Japão, que eram utilizadas
para prender bolsas a quimonos e se tornaram objeto de desejo de colecionadores ocidentais
a partir da segunda metade do século XIX (ver, por exemplo, as que integram a coleção da
Fundação Ema Klabin) – que foi passada de geração e se deslocou entre Paris, Viena, Tóquio e
Londres. “É a biografia de uma coleção e a biografia da minha família”, afirma De Waal na
página dedicada à obra em seu site pessoal. Reunida por membros do uma vez poderoso clã
de comerciantes judaicos dos Ephrussi, que viu suas vidas e suas propriedades se dilacerarem
no turbilhão das violências do século XX, a coleção de netsuquês persiste, apesar de sua
fragilidade material.

Assim como De Waal, Jablonka é descendente de judeus e teve sua experiência familiar
marcada pelo holocausto. Histoire des grands-parents que je n’ai pas eus. Une enquête
[História dos avós que eu não tive. Uma investigação], obra que ele publicou originalmente em
2012 e que recebeu diversos prêmios, procura propor certa simbiose entre literatura e
raciocínio historiográfico, que Jablonka identifica igualmente em A lebre com olhos de âmbar.
Professor na Universidade Paris 13 (Sorbonne Paris Cité), Jablonka também publica obras
estritamente literárias, e vem refletindo teoricamente sobre as possibilidades de diálogo, de
intercâmbio e de fecundação mútua entre história e literatura.
Revisitando os laços entre história e literatura a partir das conexões

O ensaio de Jablonka se encerra com um chamado para que repensemos, em diálogo com a
obra de De Waal, as relações entre literatura e história: “Assim como um ceramista pode ser
historiador, um historiador pode se fazer escritor combinando uma sensibilidade aos seres, ao
mundo, às coisas, um ‘eu’ reflexivo, uma construção narrativa e procedimentos científicos, a
emoção decorrendo precisamente da tensão irresolvida entre todos esses elementos. Os
historiadores podem, portanto, fazer literatura sem cessar por um só instante de serem
historiadores, isto é, fiéis a um método e preocupados em produzir um discurso de verdade.”
(p. 71)

Queria partir dessa reflexão para propor três eixos de debates:

1. Que obras vocês já leram e pensam que poderiam contribuir para repensar as relações
entre literatura e história, na linha da proposta de Jablonka? Como e por quê?
2. Como perseguir conexões pode levar a transformações narrativas na história? Ou,
inversamente, que tipos de desafios narrativos as histórias conectadas (ou as
abordagens não nacionais de forma mais geral) trazem para nossa disciplina?
3. Que possibilidades o formato digital traz para as narrativas e as conexões no âmbito da
história? Como a digitalização e a internet contribuem para ou prejudicam o
desenvolvimento de um “eu” reflexivo entre historiadoras e historiadores?

Fiquem à vontade para reagir a esses questionamentos fora de ordem, ou para responder
apenas parcialmente a eles. O importante é que vocês se engajem no debate, para que o
possamos retomar brevemente e alinhavar algumas ideias na atividade síncrona do dia 17/08.

Atividade – A literatura como possibilidade de conexão

Referência bibliográfica para a atividade: JABLONKA, Ivan. O tesouro dos


Ephrussi: Literatura e história conectada. In: BOUCHERON, Patrick; DELALANDE,
Nicolas. Por uma história-mundo.  Belo Horizonte: Autêntica, 2015, p. 63-71.
(disponível na pasta de leituras complementares do tema “Histórias conectadas,
cruzadas, emaranhadas...”; é o segundo texto na digitalização parcial da obra Por
uma história-mundo).

Observação preliminar: Esta atividade será desenvolvida mais satisfatoriamente se


vocês lerem (o curto e instigante) ensaio de Ivan Jablonka, mas essa leitura não é
um pré-requisito necessário para o debate que estou propondo. A leitura do texto
obrigatório do encontro de 14/08, de autoria de Michael Werner e Bénédicte
Zimmermann, também contribuirá para o aprofundamento do debate aqui
proposto.

 
Caminhos de um texto, suportes de debates, possibilidades do digital

A versão original da coletânea Por uma história-mundo, organizada pelos


historiadores franceses Patrick Boucheron e Nicolas Delalande faz parte de uma
coleção intitulada La Vie des Idées [A vida das ideias]. Ligada à revista online de
mesmo nome, essa coleção se propõe a publicar, sempre com um ensaio
introdutório inédito, textos originalmente veiculados no site e que se relacionem a
uma mesma temática. A série de livros busca, assim, realizar experimentações que
permitam estabelecer novos intercâmbios entre o formato digital e as edições
impressas, bem como contribuir para a democratização do conhecimento.

Destaquei para esta atividade o ensaio do historiador francês Ivan Jablonka


intitulado “O tesouro dos Ephrussi: Literatura e história conectada”. Trata-se de uma
resenha de uma obra do artista plástico e escritor britânico Edmund de Waal,
editada no Brasil com o título A lebre com olhos de âmbar. Nesse livro, publicado
originalmente em 2010, De Waal narra a trajetória de uma coleção de netsuquês –
miniaturas decoradas fabricadas no Japão, que eram utilizadas para prender bolsas
a quimonos e se tornaram objeto de desejo de colecionadores ocidentais a partir
da segunda metade do século XIX (ver, por exemplo, as que integram a coleção da
Fundação Ema Klabin) – que foi passada de geração e se deslocou entre Paris,
Viena, Tóquio e Londres. “É a biografia de uma coleção e a biografia da minha
família”, afirma De Waal na página dedicada à obra em seu site pessoal. Reunida
por membros do uma vez poderoso clã de comerciantes judaicos dos Ephrussi, que
viu suas vidas e suas propriedades se dilacerarem no turbilhão das violências do
século XX, a coleção de netsuquês persiste, apesar de sua fragilidade material.

Assim como De Waal, Jablonka é descendente de judeus e teve sua experiência


familiar marcada pelo holocausto. Histoire des grands-parents que je n’ai pas eus.
Une enquête  [História dos avós que eu não tive. Uma investigação], obra que ele
publicou originalmente em 2012 e que recebeu diversos prêmios, procura propor
certa simbiose entre literatura e raciocínio historiográfico a partir de memórias de
família, movimento que Jablonka identifica igualmente em A lebre com olhos de
âmbar. Professor na Universidade Paris 13 (Sorbonne Paris Cité), Jablonka também
publica obras estritamente literárias, colabora regularmente com o portal La Vie des
Idées e vem refletindo teoricamente sobre as possibilidades de diálogo, de
intercâmbio e de fecundação mútua entre história e literatura.

Revisitando os laços entre história e literatura a partir das conexões

O ensaio de Jablonka se encerra com um chamado para que repensemos, em


diálogo com a obra de De Waal, as relações entre literatura e história: “Assim como
um ceramista pode ser historiador, um historiador pode se fazer escritor
combinando uma sensibilidade aos seres, ao mundo, às coisas, um ‘eu’ reflexivo,
uma construção narrativa e procedimentos científicos, a emoção decorrendo
precisamente da tensão irresolvida entre todos esses elementos. Os historiadores
podem, portanto, fazer literatura sem cessar por um só instante de serem
historiadores, isto é, fiéis a um método e preocupados em produzir um discurso de
verdade.” (p. 71)

Queria partir dessa reflexão para propor três eixos de debates:

1.       Que obras vocês já leram e consideram que poderiam contribuir para


repensar as relações entre literatura e história, na linha da proposta de Jablonka?
Como e por quê?

2.       Como perseguir conexões pode levar a transformações narrativas na história?


Ou, inversamente, que tipos de desafios narrativos as histórias conectadas (ou as
abordagens não nacionais de forma mais geral) trazem para nossa disciplina?

3.       Que possibilidades o formato digital traz para as narrativas e as conexões no


âmbito da história? Como a digitalização e a internet contribuem para ou
prejudicam o desenvolvimento de um “eu” reflexivo entre historiadoras e
historiadores?

Fiquem à vontade para reagir a esses questionamentos fora de ordem, ou para


responder apenas parcialmente a eles. O importante é que vocês se engajem no
debate, para que o possamos retomar brevemente e alinhavar algumas ideias na
atividade síncrona do dia 17/08.

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