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Guia EM da NBR 5410

PROTEÇÃO CONTRA SOBRETENSÕES

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8 Proteção Contra Sobretensões
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junto aos equipamentos e, eventualmente, também ao lon-


go da linha.”
A leitura dos itens da NBR 5410 até aqui apresentados
Proteção contra deixa claro que a norma não obriga – ou ainda não obriga
— a utilização de dispositivos de proteção contra sobreten-

sobretensões sões. Mas fica também evidente que o profissional respon-


sável por uma instalação, sabendo-a sujeita à ação dessas
sobretensões, não pode se omitir, ignorando o assunto.
Voltando ao parágrafo 5.7.5.2, verifica-se que a idéia
a NBR 5410, a primeira menção ao tema das so- central nele contida é que a proteção contra sobretensões de-

N bretensões aparece no item 1.3.4 – Proteção con-


tra sobretensões:
“As pessoas, os animais domésticos e os bens devem
ve ser feita em “cascata”, ou seja, deve-se atenuar uma par-
te considerável do sinal na entrada da instalação, reduzi-lo
mais um pouco ao longo da linha e “matá-lo” definitiva-
ser protegidos contra as conseqüências prejudiciais devidas mente junto ao equipamento. [Para poupar o trabalho de
a uma falta elétrica entre partes vivas de circuitos com ten- consultar a norma: “os condutores referidos em 5.4.3.1-e)”
sões nominais diferentes e a outras causas que possam re- são “condutores metálicos que entram ou saem da edifica-
sultar em sobretensões (fenômenos atmosféricos, sobreten- ção, em especial de torres de sinalização e/ou antenas”]
sões de manobra, etc.).” Já na parte 6 da norma, que é aquela dedicada à seleção
Mais adiante, na seção 5.4.3, mais exatamente no e instalação dos componentes (da instalação), o tema é re-
parágrafo 5.4.3.2, a norma faz a primeira alusão à even- tomado sob o enfoque aí dominante, ou seja, com conside-
tual necessidade de utilizar dispositivos de proteção rações pertinentes à seleção dos dispositivos de proteção
contra sobretensões: contra sobretensões. É do que se ocupa, efetivamente, a se-
“Em instalações alimentadas por rede de distribuição ção 6.3.5 da norma:
em baixa tensão situadas em zonas expostas a raios (AQ2 e G em 6.3.5.1, basicamente são indicados os tipos de dis-
AQ3 conforme 4.3.1.11), se necessário, devem ser instala- positivos aceitos pela norma;
dos, na origem da instalação, dispositivos adequados de G em 6.3.5.2, descreve-se como devem ser ligados os
proteção contra sobretensões, do tipo não curto-circuitante,
tais como pára-raios de resistência não-linear de baixa ten-
são (pára-raios secundários).”
Em 5.7.5, são descritas genericamente as medidas de
proteção contra sobretensões, destacando-se o parágrafo
5.7.5.2:
“Os dispositivos de proteção contra sobretensões po-
dem ser necessários na origem da instalação, nos pontos de
entrada ou saída dos condutores referidos em 5.4.3.1–e),

Fig. 2 – Instalação dos dispositivos de proteção contra


Fig. 1 – Instalação dos dispositivos de proteção contra sobretensões (DPS) em esquemas TT, a jusante do
224 sobretensões (DPS) em esquemas TN dispositivo diferencial-residual

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Fig. 3 – Instalação dos dispositivos de proteção contra Fig. 4 – Instalação dos dispositivos de proteção contra
sobretensões (DPS) em esquemas TT, a montante sobretensões (DPS) em esquemas IT, a jusante do
do dispositivo diferencial-residual dispositivo diferencial-residual

dispositivos, em cada um dos esquemas de aterramento nal que entram na edificação devem convergir, sempre que
(TN, TT e IT). Destaque-se a recomendação feita na nota possível, para um mesmo ponto” e, a partir desse ponto,
2, que informa não ser aconselhável, em princípio, conce- também devem seguir caminhos próximos, paralelos, po-
ber a instalação ou circuitos destinados a equipamentos rém, em condutos separados (figura 5).
de tecnologia da informação como TT ou IT. Lembrete: A recomendação de que os condutores trilhem cami-
equipamentos de tecnologia da informação é a denomina- nhos próximos visa à diminuição da indutância mútua en-
ção genérica aplicada a equipamentos eletrônicos sensí- tre os circuitos, reduzindo-se, dessa forma, as eventuais
veis, como computadores, centrais telefônicas, aparelhos tensões e correntes induzidas nos condutores (interferên-
de fax, etc. As figuras 1 a 4 ilustram as formas de ligação cias nos circuitos de sinal). Já as razões para o emprego de
dos protetores, nos diferentes esquemas de aterramento condutos separados são a facilidade de manuseio, a identi-
— válidas, em particular, para a instalação do dispositivo ficação de condutores, a segurança das pessoas que lidam
na origem ou entrada da instalação; com os circuitos, etc.
G em 6.3.5.3 é reforçada a recomendação de que sejam Ainda dentro do parágrafo 6.3.5.5, a norma prescreve que
usados dispositivos de proteção ao longo das linhas e junto caso os circuitos destinados a alimentar equipamentos de tec-
aos equipamentos sensíveis;
G em 6.3.5.4, admite-se o emprego de um único protetor,
instalado na origem da instalação, cabendo então às notas
1 a 3 do parágrafo definir as características nominais míni-
mas do dispositivo. Uma característica particularmente re-
levante é a capacidade mínima de corrente do dispositivo.
A NBR 5410 fixa essa capacidade mínima em 10 kA, co-
mo regra geral, e em 20 kA para áreas críticas. Alguns pro-
tetores existentes no mercado apresentam valores inferiores
(5 kA, 8 kA, etc.) e não devem, em princípio, ser utilizados Fig. 5 – Em 6.3.5.5, a NBR 5410 recomenda que condutores
como protetores gerais (únicos) da instalação; de potência e de sinal trilhem caminhos próximos,
em condutos separados 225
G em 6.3.5.5 é dito que os “condutores de energia e de si-

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Fig. 6 – Quando a origem e o quadro geral estão distantes,


ambos devem ser objeto de proteção contra sobretensões
(6.3.5.6 da NBR 5410)

nologia de informação façam uso de condutos fechados (ele-


trodutos, eletrocalhas e perfilados com tampa, dutos de piso,
etc.), estes devem ser de material ferromagnético (aço, por Fig. 8 - Ligação de dispositivo contra sobretensões na
proteção de equipamento de tecnologia da informação
exemplo) e ter sua continuidade elétrica assegurada; alimentado entre fase e neutro (6.3.5.10 da NBR 5410)
G em 6.3.5.6, aborda-se o caso em que o quadro de entra-
da, ou quadro geral da edificação (em termos mais práticos, ção entre os eletrodos de aterramento presumivelmente
a própria edificação), está distante da origem “formal” da existentes num e noutro ponto. A figura 6 ilustra essa situa-
instalação elétrica. Recorde-se que a origem da instalação, ção abordada em 6.3.5.6;
como definida na parte inicial da norma, corresponde ao G em 6.3.5.9 e 6.3.5.10 explica-se como devem ser liga-
ponto logo após o medidor, quando a instalação é atendida dos os dispositivos contra sobretensões destinados a prote-
pela concessionária em BT, ou aos terminais secundários ger diretamente equipamentos de tecnologia da informa-
do transformador MT/BT, quando atendida em MT. Assim, ção. Caso os equipamentos sejam alimentados entre fases
quando o quadro geral distar mais de 10 m dessa origem, e (o que é recomendado pela norma), sem o uso do neutro, os
a planta do local indicar a impossibilidade de eqüipotencia- dispositivos de proteção devem ser ligados entre cada uma
lização entre quadro e origem, os dois pontos devem ser das fases e o condutor PE do circuito (figura 7). Caso os
objeto de proteção contra sobretensões, como se fossem equipamentos sejam alimentados entre fase e neutro, os
entradas ou instalações distintas. Isso sem esquecer as re- dispositivos devem ser ligados entre fase e neutro e entre o
gras gerais relativas ao aterramento, que prevêem interliga- neutro e o PE (figura 8).

Fig. 7 – Ligação de dispositivo contra sobretensões na


proteção de equipamento de tecnologia da informação
alimentado entre fases (6.3.5.9 da NBR 5410) 227

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