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Anais do III CoBICET – Trabalho completo

Congresso Brasileiro Interdisciplinar em Ciência e Tecnologiaa


“15 anos dos BIs e LIs: retrospectiva, resistência e futuro”

SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS


- SPDA – ESTUDO DA ABNT NBR 5419 E EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Henrique Pires de Sene Caetano1, Fabiana da Silva Santos Franco2, Ayonara Cristina da
Silva3, Daniela Freitas Borges2, Aurea Messias de Jesus2, Emerson Carlos Guimarães2
1
Discente de Engenharia Elétrica da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG,
Ituiutaba, Brasil
(henriquepsene@gmail.com)
2
Docente Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG, Ituiutaba, Brasil
3
Discente de Engenharia Elétrica da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG,
Ituiutaba, Brasil

Resumo: Neste trabalho, apresenta-se um estudo de um sistema de proteção contra


descargas atmosféricas, propondo-se uma aplicação prática no bloco C do Campus
Universitário da UEMG, com base na Norma Brasileira ABNT NBR 5419, de onde foram
obtidos os dados necessários para estudo e desenvolvimento do projeto em questão.
Foram realizados levantamentos para reprodução da planta arquitetônica do prédio, com o
intuito de representar de forma real, em escala reduzida, as dimensões da edificação.

Palavras-chave: Descargas atmosféricas; Malha de aterramento; Proteção de sistemas


elétricos; SPDA.

INTRODUÇÃO instalações elétricas, equipamentos eletroeletrônicos


e resguardar a vida humana da incidência direta ou
A incidência direta ou indireta de descargas
indireta de raios. Seu princípio de funcionamento é
atmosféricas pode ser extremamente danosa a
basicamente atrair e conduzir a corrente elétrica
sistemas elétricos e de telecomunicações. Um raio ao
proveniente de uma descarga atmosférica para a
atingir uma rede de distribuição poderá causar um
terra. Um SPDA é composto por sistemas
curto-circuito desequilibrado e deixar um quarteirão
interligados entre si, chamados subsistemas, que
inteiro sem energia, além de danificar equipamentos
garantem individualmente a eficiência no
elétricos, queimando seus componentes devido à alta
desempenho da função de proteção geral (Creder,
corrente ou ao intenso campo eletromagnético
2007).
gerado. As consequências são maiores quando um
raio atinge uma linha de transmissão ou em uma A elaboração, instalação e manutenção de um projeto
subestação, por exemplo, pois podem acarretar em de SPDA devem ser executadas seguindo a norma
perdas inestimadas e grandes prejuízos às brasileira ABNT NBR 5419 “Proteção de estruturas
concessionários de energia elétrica (Simomura, contra descargas atmosféricas”, 2ª edição, 2005.
2022).
O Art. 14 da Lei 4645, de 20 de maio de 2008
Mesmo que as incidências não sejam diretamente em estabelece a obrigatoriedade da instalação de SPDA:
sistemas elétricos ou de telecomunicações, pode “É obrigatória a instalação de Sistema de Proteção
haver, ainda, danos em ambos, devido ao campo Contra Descargas Atmosféricas – SPDA, nos termos
eletromagnético, causando interferência da NR 10, do Ministério do Trabalho, e NBR 5419,
eletromagnética, ou às correntes residuais que ficam da Associação Brasileira de Normas Técnicas.”
no solo nos arredores da queda do raio, podendo
Este trabalho tem por objetivo realizar um estudo
estas ainda penetrar em subsistemas de aterramento
sobre os sistemas de proteção contra descargas
mal dimensionados e/ou mal executados, queimando
atmosféricas, embasados na norma brasileira ABNT
equipamentos elétricos conectados ao barramento de
NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas
equipotencialiação (Kinderman, 1992).
atmosféricas, abordando seus principais tópicos, e
Os sistemas de proteção contra descargas aprofundando nos itens descritivos dos métodos de
atmosféricas ou, simplesmente SPDA, são conjuntos proteção.
de instalações e equipamentos utilizados com a
Outro propósito deste trabalho é apresentar um
finalidade de reduzir as possibilidades de danos
projeto prático, no qual foi utilizado o bloco C do
ocasionados por descargas atmosféricas às
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Campus Universitário da UEMG como exemplo de Os terminais aéreos deverão ser instalados na
aplicação, justificando tecnicamente a necessidade de cobertura da edificação ou nas platibandas, no caso
instalação de um SPDA, dimensionando os de estruturas com telhado escondido por paredes,
subsistemas de acordo com a ABNT NBR 5419 e inclusive em níveis diferentes. As perfurações feitas
apresentando uma lista de materiais, caso seja para fixação dos captores deverão ser
decidida a implantação do projeto. impermeabilizadas com silicone ou produto similar.
(Creder, 2007).
MATERIAL E MÉTODOS
A distância de separação entre dois terminais
A ABNT NBR 5419 (2001) é aplicável às
retilíneos deverá ser a mesma para todos e a
edificações agrícolas, administrativas, comerciais,
quantidade de captores deverá ser satisfatória no que
industriais, institucionais e residenciais, estruturas
diz respeito à extensão em que os mesmos serão
com quatro ou mais pavimentos ou área maior ou
instalados (Creder, 2007).
igual a 750,00 m² e chaminés cuja altura seja superior
a 20 m e/ou sua seção transversal seja maior que 0,30 Todos os terminais aéreos deverão estar interligados,
m². A aplicação da NBR 5419 não implica na formando um anel fechado, que é a malha de
dispensa das observações referentes à captação, abrangendo alturas diferentes, se for o caso
regulamentação de órgãos e entidades pertinentes, (Creder, 2007).
cujas exigências devem ser atendidas pela instalação
Equalização de potenciais
do sistema.
A equalização de potencial é obtida mediante
Um sistema de proteção contra descargas
condutores de ligação equipotencial, eventualmente
atmosféricas pode aplicar três métodos de proteção,
incluindo DPS (dispositivo de proteção contra
que são: Captores de Franklin; Gaiola de Faraday e
surtos), interligando o SPDA, a armadura metálica da
Eletrogeométrico. No presente trabalho o método
estrutura, as instalações metálicas, as massas e os
escolhido foi o da Gaiola de Faraday.
condutores dos sistemas elétricos de potência e de
Método da gaiola de Faraday sinal, dentro do volume a proteger (Abnt NBR 5419,
2005, p. 17).
O método da proteção gaiola de Faraday é baseado
no experimento realizado pelo físico-químico inglês Necessidade de proteção
Michael Faraday, em que provou que um condutor
O projeto de um SPDA deverá levar em consideração
eletrizado possui campo elétrico zero em seu interior,
fatores que determinam o tipo de proteção a ser
pois os elétrons circulam pela superfície externa
empregada que protegerá adequadamente a estrutura.
(Creder, 2007).
São eles:
Nesse método, os terminais aéreos de captação são
•Tipo de ocupação;
dispostos uniformemente pelas superfícies superiores
do edifício e seguem para o subsistema de descidas e, • Tipo de construção;
em seguida, para o subsistema de aterramento,
formando uma malha, análoga ao teorema de • Conteúdo a edificação e os efeitos indiretos das
Faraday. A Figura 1 ilustra uma casa que utiliza o descargas atmosféricas;
método de proteção da gaiola de Faraday (Sit • Localização do prédio;
Engenharia, 2021).
• Topografia local;
• Índice isocerâunico.
Determinação da necessidade de instalação de um
SPDA
A necessidade de instalação de um sistema de
proteção contra descargas atmosféricas, segundo
Leite e Leite (1994), é dada pela equação:

Figura 1. Ilustração de uma residência protegida pelo 𝑁 = 𝐴AE ∙ 𝑁g ∙ 10−6 [raios/ano] (1)
método da gaiola de Faraday. N é o índice de necessidade de instalação de um
O método de proteção por gaiola de Faraday protege SPDA;
apenas o que está no interior da estrutura, pois esta se 𝐴AE é a área de atração de descargas da edificação,
torna um condutor conduzindo corrente elétrica, em metros quadrados;
quando atingida por uma descarga atmosférica
(Creder, 2007). 𝑁g é a densidade de descargas atmosféricas, em
raios-ano por quilômetro quadrado.

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A densidade de descargas atmosféricas é definida • Nível II: Edifícios comerciais, bancários, sítios
pela equação 2: arqueológicos, museus, teatros, presídios, hospitais,
escolas, templos religiosos, locais de práticas
𝑁g = 4 ∙ 10−2 ∙ 𝐼𝑐1,25 (2)
esportivas, etc.;
Após o cálculo do índice de necessidade, calcula-se • Nível III: Edifícios residenciais, industriais com
a avaliação de risco pela equação 3, de acordo com a baixo risco de incêndio, estabelecimentos
ABNT NBR 5419 (2005), em função dos fatores A, agropecuários, áreas rurais de médio porte com
B, C, D e E. estruturas em madeira, etc.;
𝑁𝑑 = 𝑁 * 𝐴 * 𝐵 * 𝐶 * 𝐷 * 𝐸 (3) • Nível IV: Depósitos de sucatas, áreas rurais de
pequeno porte com estruturas em madeira, etc.
Onde:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
𝑁𝑑 é a avaliação de risco para determinada estrutura;
A instalação de sistemas de proteção contra
N é o índice de necessidade de instalação de um descargas atmosféricas é obrigatória em edifícios
SPDA; comerciais e residenciais acima de quatro pavimentos
A é o fator correspondente ao tipo de ocupação da ou com área construída igual ou superior a 750 m².
estrutura; O bloco C do Campus Universitário da FEIT/UEMG
B é o fator correspondente ao tipo de construção; não possui nenhum tipo de proteção contra descargas
atmosféricas. A edificação possui uma área
C é o coeficiente correspondente ao conteúdo da construída em planta de 1.193,05 m² e é destinada a
edificação e os efeitos indiretos das descargas fins educacionais, fato que exige a instalação de um
atmosféricas que ela comporta; SPDA, pois nela há concentração de público, o que
D é fator referente à localização do prédio; torna elevada a possibilidade de um aluno ou
funcionário da instituição estar sujeito direta ou
E é o fator referente à topografia do terreno onde o indiretamente às consequências de uma descarga
prédio se encontra. elétrica atmosférica.
Quantidade de descidas A densidade de descargas atmosféricas para a região
A quantidade de condutores de descida é uma de Ituiutaba – MG, no Triângulo Mineiro, dado o
grandeza física dependente do perímetro da respectivo índice cerâunico, que é de
edificação e, claro, do respectivo nível de proteção. A aproximadamente 30 dias de trovoada por ano, pode
equação 4 nos fornece a quantidade de condutores de ser calculada pela equação 2, demonstrado abaixo.
descida: 𝑁g = 4 * 10−2 * 𝐼𝑐1,25

𝑁g = 4 * 10−2 * 301,25

Onde: 𝑁g =2,8084 [(raios*ano)/𝑘𝑚2]

Qd é a quantidade de descidas; Desta forma, e arredondando o resultado para


facilitar nos cálculos, a densidade de descargas
Pe é o perímetro da edificação, em metros; atmosféricas é de três raios por quilômetro quadrado
Em é o espaçamento médio entre os condutores de por ano, isto significa que, em um ano, podem
descida, em metros, de acordo com o nível de ocorrer até três descargas atmosféricas entre nuvem e
proteção. solo em uma área de 1 km².

Níveis de proteção Depois de realizado o levantamento do bloco C,


juntamente com a cantina de funcionários, o software
Na elaboração de um projeto de SPDA, o nível de AutoCAD® foi utilizado para representar a planta
proteção a ser adotado é função do tipo de edificação baixa e elaborar o projeto de SPDA. A estrutura tem
e é mostrado abaixo: (Fergütz, 2019) a altura máxima de 12 metros, entre o plano do solo e
• Nível I: Depósitos de materiais nucleares, a caixa d’água. A cantina, no nível do piso da
explosivos, inflamáveis, químicos, bioquímicos, passarela do pavimento imediatamente superior, tem
fábricas de materiais bélicos, pirotécnicos, estações uma altura de 3 metros. A partir dessas alturas
de telecomunicações, usinas elétricas, refinarias de medidas, o valor da área de atração de descargas
petróleo e demais prédios com risco de incêndio atmosféricas calculado foi de 3.816,20 m².
iminente; Com a área de atração e a densidade de descargas,
calculamos o índice de necessidade de instalação de

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um SPDA, através da equação 1, desenvolvida cima na barra de cobre, com parafusos inoxidáveis e
abaixo. apertados com porcas também em aço inox. A barra
de cobre, por sua vez, será fixada à laje da torre por
𝑁 = 𝐴AE * 𝑁g * 10−6
meio de parafusos inoxidáveis e buchas de nylon
𝑁 = 3816,2 * 3 * 10−6 cravadas na laje.
No telhado principal, serão instalados 37 terminais
𝑁 = 11,4486 * 10−3 [raios/ano] aéreos em cada lado de 73,05 m, com uma distância
Realizado o cálculo para determinar a necessidade de média de 2 metros entre eles. Nos lados de 15,15 m,
instalação de um sistema de proteção contra serão colocados sete terminais de captação, já
descargas atmosféricas, determinamos a avaliação de descontando um em cada extremidade, contabilizado
risco para a edificação, considerando os fatores A, B, anteriormente na face perpendicular, com 2,17
C, D e E, através da equação 3. metros de espaçamento médio. Na cumeeira do
telhado, foram projetados 16 terminais, subtraindo
Tipo de ocupação da estrutura: Escola/universidade. um em cada extremidade, contabilizado
Fator A = 1,7; anteriormente no lado de 15,15 metros, também com
Tipo de construção: Alvenaria ou concreto simples, 2 metros de espaçamento. A fixação dos terminais
dotada de cobertura em telhas de fibrocimento. Fator aéreos na barra de cobre deverá ser realizada da
B = 1,0; forma citada anteriormente, e a barra deverá ser
parafusada na telha de fibrocimento utilizando
Conteúdo da edificação: Escola/universidade. Fator parafusos e porcas de aço inox. A Figura 2 ilustra
C = 1,7; como os terminais deverão ser fixados no telhado do
bloco C.
Localização: Área extensa com edificações e árvores
de mesma altura ou superior. Fator D = 0,4;
Topografia local: Planície. Fator E = 0,3.
𝑁𝑑 = 𝑁 * 𝐴 * 𝐵 * 𝐶 * 𝐷 * 𝐸

𝑁𝑑 = 11,4486 * 10−3 * 1,7 * 1 * 1,7 * 0,4 * 0,3

𝑁𝑑 = 3,9704 * 10−3 Figura 2. Detalhe de fixação do terminal aéreo e da


barra de cobre nas telhas de fibrocimento.
A condição para que seja irrefutavelmente necessário
instalar um SPDA é que a avaliação de risco Nd seja O total de terminais captores a instalar no telhado
igual ou maior que 10-3 (Santos, 2021). No caso do será 120, somando com os oito a instalar na torre da
bloco C, o valor calculado foi de quase o quádruplo caixa d’água, teremos o subsistema de captação
da condição obrigatória, portanto, deve-se instalar composto por 128 terminais aéreos, mostrado abaixo,
um sistema de proteção contra descargas na planta baixa da malha de captação, como pode ser
atmosféricas. observado na Figura 3.

O subsistema de captação
A determinação do subsistema de captores foi
realizada considerando a extensa área de cobertura do
bloco, que tem 73,05 por 15,15 metros. O telhado é
em telhas de fibrocimento do modelo Canaleta 90. O
compartimento onde está localizada a caixa d’água
encontra-se exatamente no centro da estrutura, tem
dimensões de 4,25 por 5,60 por 2,00 metros de altura
e não possui telhado, apenas uma laje plana
impermeabilizada.
Os condutores da malha de captação escolhidos
foram em forma de barra chata de cobre de 3/4” x
3/16” e os terminais aéreos deverão ser de base
plana, galvanizados a quente, de 35 cm de
comprimento. Figura 3. Planta baixa da malha de captação (sem
Na torre da caixa d’água, serão instalados oito escala).
terminais aéreos, sendo localizados nos centros e nos O subsistema de descidas
vértices do referido plano, parafusados de baixo para
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O bloco C está enquadrado no nível de proteção II de 3 metros acima do nível do solo, a partir de onde a
(escola/universidade), segundo a ABNT NBR 5419 descida é continuada com um cabo de cobre de 16
de 2005. Para esse nível de proteção, o espaçamento mm², como ilustra a Figura 5.
médio entre os condutores de descida é de 15 metros.
A quantidade de descidas é calculada pela equação 4,
utilizando o perímetro da estrutura, que é de 167,40
m, e o espaçamento médio entre as descidas.

Esse número de descidas refere-se ao prédio


principal. Na torre da caixa d’água, serão instalados
quatro condutores de descida nas faces de 4,25
metros. No hall inferior à passarela, para aterramento
do guardacorpo, deverão ser utilizadas as duas Figura 5. Detalhe de condutor de descida com
descidas fixadas nos pilares de sustentação. Nesta proteção mecânica.
etapa do projeto, foi optado por utilizar o bom senso
para determinar a quantidade de descidas a serem Onde:
instaladas na torre da caixa d’água, pois o resultado 1. Cabo de cobre nu 16 mm², vem do subsistema de
obtido com a equação 4, neste caso, não foi captação e conecta-se à malha de aterramento;
satisfatório.
2. Barra chata condutora de cobre 3/4” x 3/16”;
O guardacorpo da passarela é conectado à malha de
aterramento através da descida em cabo de cobre, de 3.Tubo de PVC Ø 1” x 3,00 m;
acordo com o detalhe mostrado na Figura 4. 4. Abraçadeira tipo “D”;
5. Parafuso de aço inoxidável Philips de 4,2 x 32
mm;
6. Bucha de nylon nº 8;
7. Terminal a compressão estanhado 16 mm²;
8. Parafuso de aço inoxidável de 1/4” x 7/8”;
9. Porca de aço inoxidável de 1/4”.
O subsistema de aterramento
Figura 4. Detalhe da interligação do guardacorpo ao
subsistema de descida. O subsistema de aterramento projetado é constituído
de 62 hastes de alta camada, de 3/4” por 3 metros de
Onde: comprimento. O tipo de arranjo a ser emprego na
1.Condutor de cobre nu 16 mm², vem do subsistema malha é o “B”, pois a edificação possui mais de 25
de captação e conecta-se à malha de aterramento; metros de perímetro.
2.Condutor de cobre nu 16 mm² para aterramento do Os condutores de malha deverão ser de cobre nu de
guardacorpo; 50 mm², enterrados a 50 cm de profundidade com a
terra compactada.
3.Parte metálica fixa do guardacorpo;
As conexões entre os condutores de descida,
4.Terminal a compressão estanhado 16 mm²; condutores de malha e hastes de aterramento deverão
5.Conector de pressão 16 mm². ser realizadas exclusivamente através de solda
exotérmica, a uma profundidade de
Os condutores do subsistema de descida escolhidos aproximadamente 30 cm. As soldas exotérmicas
foram em cabos de cobre nu de 16 mm² e em barras aplicadas na confecção da malha são do tipo
chatas condutoras, também de cobre, de 3/4” x 3/16”. cabo/haste, cabo/cabo “T” e cabo/cabo na horizontal,
As barras chatas condutoras interligam a captação ao onde a emenda de condutores se fizer necessária.
subsistema de aterramento, terminando a uma altura
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A resistência de aterramento medida foi de 9,8 Ω, 4. Caixa de inspeção Ø 30 cm em PVC;


através do método da queda de potencial, fato que
5. Tampa de ferro fundido.
não exige nenhum tratamento de correção de
resistividade do solo local. Equalização de potenciais
A malha de aterramento, com uma área de 1.350,00 A necessidade de ter um barramento de equalização
m², envolve o prédio principal, e possui uma de potenciais instalado no bloco C é determinada
distância entre hastes de exatamente 3 metros, para pela vulnerabilidade dos equipamentos localizados
que não haja gradientes de tensão que possam vir a em seu interior em serem afetados por diferenças de
provocar tensões de passo perigosas para quem se potenciais originárias das descargas atmosféricas. Os
encontra no interior da malha. A Figura 6 ilustra a equipamentos eletroeletrônicos contemplados pela
planta baixa da malha de aterramento, onde a região proteção através da equalização de potencial são
não hachurada representa a área compreendida entre centrais de voz e dados, data-shows, DVD players,
o final do guardacorpo da passarela e o início do impressoras, microcomputadores, servidores,
passeio, a região em vermelho representa toda a televisores, videocassetes, entre outros.
construção e a região em verde representa a
Uma caixa de equalização de potencial deverá ser
abrangência da malha, e todas as medidas estão em
metros. instalada em cada ala, dos três andares, totalizando
seis caixas na edificação. O barramento de cobre das
caixas do segundo pavimento conectar-se-á ao
barramento do primeiro pavimento, que, por sua vez,
conectar-se- á ao barramento do pavimento térreo e
este, ao subsistema de aterramento, e a esses
barramentos deverão ser conectados:
• Carcaça de quadros de distribuição e derivação;
• Eletrodutos e encanamentos metálicos;
Figura 6. Planta baixa da malha de aterramento (sem • Ferragens sobressalentes, acima do nível da laje;
escala).
• Terra de todos os equipamentos elétricos.
Para manutenções na malha e vistoria nas hastes,
deverão ser instaladas 14 caixas de inspeção de PVC O uso de dispositivo de proteção contra surtos no
com tampa de ferro fundido Ø 30 cm onde há bloco C é dispensável, pois na rede de distribuição da
conexão entre descida e condutor de malha e nos Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG há
vértices. para-raios de baixa tensão, que tornam o sistema
elétrico em edificações seguro contra surtos de tensão
Na Figura 7 é mostrada a caixa de inspeção descrita provocados por incidência de descargas atmosféricas.
acima, que deverá ser aplicada na malha de
aterramento do bloco C. Todas as interligações entre as caixas de equalização
e a malha de aterramento deverão ser efetuadas por
condutores de cobre nu de 50 mm² e deverão
obedecer à seguinte hierarquia, mostrada pela Figura
8.

Figura 7. Haste de aterramento e caixa de inspeção


aplicadas na malha do bloco C.
Onde:
1. Haste de aterramento alta camada (254 microns)
de 3/4” por 3 metros de comprimento; Figura 8. Hierarquia das caixas de equalização de
potencial.
2. Cabo de cobre nu 16 mm². Vem do subsistema de
descida; Na planta baixa da Figura 9 é mostrada a ala direita
do pavimento térreo, onde uma caixa deverá ser
3. Cabo de cobre nu 50 mm². Vem do subsistema de instalada. Na ala esquerda, assim como nos dois
aterramento;
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pavimentos superiores, outras caixas deverão ser gaiola de Faraday por si só já é suficiente para
instaladas, também entre duas salas. proteger a estrutura contra os efeitos danosos da
incidência de raios.
O projeto utilizado como exemplo de aplicação nesse
trabalho teve um índice de necessidade de instalação
que já obriga a instalação de um sistema de proteção
contra descargas atmosféricas, e a edificação é
destinada a fins educacionais, fato que agrava o
previsto na ABNT NBR 5419 de 2005.
Por se tratar de uma edificação existente, não foi
utilizado o SPDA estrutural, e todo o projeto foi
Figura 9. Planta baixa da localização da caixa de elaborado em conformidade com a norma brasileira
equalização de potenciais – ala direita, pavimento ABNT NBR 5419.
térreo(sem escala). O subsistema de captores foi dimensionado,
Na cantina de funcionários, no pavimento térreo, não posicionando-se os captores de forma mais simétrica
haverá caixa de equipotencialização instalada, pois possível, e os condutores da malha de captação foram
há poucos equipamentos elétricos nela inseridos, com escolhidos em forma de barras chatas condutoras de
geladeira, liquidificadores e cafeteiras, que são cobre.
cargas relativamente insignificantes, se comparadas REFERÊNCIAS
às protegidas na secretaria, auditório e sala de
multimídia, e não representam risco de prejuízo Abnt – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
significativo. NBR 5419 - Proteção de estruturas contra
descargas atmosféricas. 2001.
Para a edificação ser dispensada da instalação de um
SPDA, a avaliação de risco deverá ter um índice Creder, H. Instalações Elétricas; 15ª edição; Rio de
menor que 10-5. Se a avaliação de risco fornecer um Janeiro; LTC Editora; 2007.
número entre 10-5 e 10-3, a instalação de um sistema Fergütz, M. Sistemas de Proteção Contra Descargas
de proteção é facultativa. Se o índice da avaliação de
Atmosféricas SPDA. NBR 5419-3:2015 Danos
risco resultar em um valor acima de 10-3, a edificação
Físicos a Estrutura e Perigos à Vida. 2019.
deverá ter um SPDA instalado.
Kinderman, G. Descargas Atmosféricas; 1ª edição;
CONCLUSÃO
Rio Grande do Sul; Sagra-DC Luzzatto Editores;
No desenvolvimento deste trabalho, verifica-se que a 1992.
necessidade de instalação de um SPDA em qualquer
Leite, D. M.; Leite, C. M. Proteção Contra Descargas
edificação está diretamente relacionada com o índice
Atmosféricas. Volume I – Edificações, Baixa
cerâunico, com a densidade de descargas
Tensão e Linhas de Dados; 2ª edição; São Paulo;
atmosféricas, com a altura da edificação, com sua
Officina de Mydia Editora Ltda.; 1994.
área em planta e, calculando a área de atração de
descargas atmosféricas, é possível determinar esse Santos, K. C. B. M. Como determinar o Nível de
índice, assim como a avaliação de risco, que é função proteção em um projeto para a NBR5419/2015?
do tipo de ocupação e construção da estrutura, do AltoQi SPDA. 2021. Disponível em:
conteúdo armazenado por ela e sua localização e <https://suporte.altoqi.com.br/hc/pt-
topografia local. br/articles/115002339494-Como-determinar-o-
N%C3%ADvel-de-prote%C3%A7%C3%A3o-
Após a determinação de todos os dados necessários
em-um-projeto-para-a-NBR5419-2015->. Acesso
para a elaboração do projeto, o método de proteção
em: 1 jul. 2022.
escolhido para ser implantado foi a gaiola de
Faraday, que é o mais confiável dentre os três aqui Simomura, C. ELAT - Grupo de Eletricidade
mensionados. Atmosférica. Disponível em:
<http://www.inpe.br/webelat/homepage/menu/inf
Embora o método da gaiola de Faraday seja o mais
or/relampagos.e.efeitos/sistema.eletrico.php>.
eficiente entre os três utilizados para proteção contra
Acesso em: 1 jul. 2021.
descargas atmosféricas, há também a opção de
projetar um SPDA utilizando a combinação com o Sit Engenharia. Sistemas de Proteção Contra
método dos captores Franklin. Essa combinação Descargas Atmosféricas. Disponível em:
aumenta o custo da implantação do sistema e não <www.sitengenharia.com.br>. Acesso em: 1 jul.
aumenta sua eficiência, pois o captor Franklin atrairá 2021.
descargas atmosféricas para a estrutura, que poderá
ser captada por ele ou pelos terminais aéreos e a

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