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LAUDO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO

CONTRA DESCARGAS ATMOSFERICAS (SPDA).

Documento no 693-2023

Revisão Data Alteração Observação


00 25/03/2023 Laudo Emissão Inicial

Dados do Cliente:

CLIENTE: CONVENÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO DO BLOCO J DA SQS 214

LOCAL: BLOCO J DA SQS 214


CNPJ:  00.156.017/0001-32

RAMO DE ATIVIDADE: HABITACIONAL

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INDÍCE

1 – OBJETIVO

2 - NORMAS APLICÁVEIS

3 - INTRODUÇÃO

4 – GENERALIDADES

5 - FUNCIONAMENTO DE UM SPDA

6 - NECESSIDADE DO SPDA

7 - ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE SPDA

8 - METODOLOGIA

9 - LOCAIS AUDITADOS E SITUAÇÃO ENCONTRADA

10- RECOMENDAÇÕES

11- CONSIDERAÇÕES

12 - CONCLUSÃO

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1. OBJETIVO

Elaboração de Laudo Técnico de Avaliação e necessidade de implantação do


sistema de proteção contra descargas atmosféricas (spda) e medidas de
proteção contra surtos elétricos (dps), em conformidade com a ABNT NBR
5419/2015.

2. NORMAS APLICÁVEIS

• ABNT NBR-5410/2004 (Instalações elétricas em baixa tensão);


• ABNT NBR 5419/2015 (Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas);
• ABNT NBR 5419/2005 (Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas);
• NR – 10 (Segurança em instalações e segurança em eletricidade).

3. INTRODUÇÃO

De acordo com o INPE (instituto nacional de pesquisas espaciais), que estuda os raios
através do grupo de eletricidade atmosférica – ELAT, o fenômeno causa prejuízos de
milhões ao Brasil. A descarga atmosférica (raio) é um fenômeno de natureza imprevisível
tanto em relação aos seus efeitos destruidores quanto em relação às suas características
elétricas (tempo de duração, corrente, etc.), e quando esse incide em edificações, linhas
de transmissão, torres, entre outros, pode apresentar danos irreversíveis aos locais
atingidos.

O presente laudo se trata de um estudo técnico da proteção contra surtos causados por
descargas atmosféricas, visando à proteção externa e interna da edificação em questão,
avaliando-se as condições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA)
e aterramento existente e sua conformidade com a ABNT NBR 5419/2015.

Para tanto, foi realizada uma análise dos documentos necessários a existência de um
(SPDA) a fim de se verificar se o mesmo atendia às exigências da norma vigente.
Também foi realizada uma inspeção minuciosa do sistema existente no local, verificando
a instalação, o estado e a funcionalidade do mesmo, para se assegurar a funcionalidade do
sistema instalado conforme com a ABNT NBR 5419/2015.

4. GENERALIDADES

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4.1. Edifício residencial com múltiplas unidades.

Pontos inspecionados:

• Cobertura;
• Fachada da edificação;
• Perímetro em volta da edificação;
• Cabine primaria de entrada de energia da concessionária;
• Shaft local onde fica instalado os relógios medidores de energia.

5. FUNCIONAMENTO DE UM SPDA

O sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) é composto de três subsistemas


que funcionam em conjunto para “captar” e “desviar” a descarga atmosférica, de modo que ela
não atinja o interior da edificação. Esses subsistemas são:

1. Subsistema de captação: é composto basicamente por elementos condutores


localizados na parte mais elevada da edificação ou local a ser implantado o
sistema, responsável pelo o contato direto das descargas atmosféricas.
2. Subsistema de aterramento: é constituído de elementos condutores
enterrados no solo ou embutidos nas fundações das edificações, possuindo o
papel principal de escoar a corrente elétrica no solo.
3. Subsistema de aterramento: é constituído de elementos condutores
enterrados no solo ou embutidos nas fundações das edificações, possuindo o
papel principal de escoar a corrente elétrica no solo.

O aterramento protege pessoas, animais e a própria edificação, não apenas de raios,


mas também de fugas de corrente que causam choques elétricos. O SPDA, esse triplo
sistema de proteção, é a única forma de evitar os prejuízos das descargas
atmosféricas, já que estas não podem ser evitadas.

“O raio é um fenômeno natural da atmosfera que você não pode prever ou controlar. A
única coisa que você pode fazer é mitigar ao máximo os efeitos que ele causa para os
equipamentos eletrônicos, para a edificação e para as pessoas que estejam na
edificação”. A figura 01 abaixo ilustra como é disposto o (SPDA) executado de forma
“não natural” em uma edificação.

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Imagem 01: Composição de um SPDA. Fonte: Hélio Sueta (2005).

6. NECESSIDADE DO SPDA

Alguns locais possuem uma probabilidade baixa da queda de raios por km², porém, não se pode
basear apenas neste fato, inúmeros fatores são considerados para que este estudo seja concluído
de forma correta. O número das descargas atmosféricas que influenciam a estrutura depende
das dimensões e das características das estruturas e das linhas conectadas, das características do
ambiente da estrutura e das linhas, assim como da densidade de descargas atmosféricas para a
terra na região onde estão localizadas a estrutura e as linhas (ABNT NBR 5419-2).
A partir da premissa de que o local necessita de SPDA é necessário se atentar ao nível de
proteção adotado para o local. Este nível variará de I ao IV, o qual resultará na eficiência
adequada para proteção para determinada edificação. A classe do SPDA requerido deve ser
selecionada com base em uma avaliação de risco (ABNT NBR 5419-2).
Segue abaixo a caracterização de cada classe de SPDA da NBR 5419:

a) dados dependentes da classe de SPDA:


- parâmetros da descarga atmosférica (ver ABNT NBR 5419-1:2015, Tabelas 3 e 4);
- raio da esfera rolante, tamanho da malha e ângulo de proteção (ver 5.2.2);
- distâncias típicas entre condutores de descida e dos condutores em anel (ver 5.3.3);

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- distância de segurança contra centelhamento perigoso (ver 6.3);
- comprimento mínimo dos eletrodos de terra (ver 5.4.2).

b) fatores não dependentes da classe do SPDA:


- equipotencialização para descargas atmosféricas (ver 6.2);
- espessura mínima de placas ou tubulações metálicas nos sistemas de captação (ver 5.2.5);
- materiais do SPDA e condições de uso (ver 5.5);
- materiais, configuração e dimensões mínimas para captores, descidas e eletrodos de aterramento
(ver 5.6);
- dimensões mínimas dos condutores de conexão (ver 6.2.2).
Segundo KINDERMANN, vale ressaltar que nenhum (SPDA) garante 100% de eficácia na
proteção, muito embora esse índice possa chegar próximo a 98% no nível de proteção.
A negligência do (SPDA) expõe a edificação ao risco constante de ser atingido por uma
descarga atmosférica. Os prejuízos dessa decisão variam desde a perda de equipamentos e
parada no processo produtivo até perda de vidas que poderiam ser poupadas.
A obrigatoriedade de instalação de um (SPDA) normalmente é dada por meio de leis locais e
pelo copo de bombeiros. Além de a mesma ser citada de forma indireta no Código de Defesa do
Consumidor (Cap. III, Art. 6) e na NR-10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
(item 10.2.4 b) para instalações com potência superior a 75 kW.

7. ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE SPDA

 Gerenciamento de risco;

 Definição do método de proteção;

 Calcular as proteções de forma adequada;

 Definir a quantidade e posição das descidas;

 Definir o eletrodo de aterramento;

 Definir equalizações de Potenciais;

 Definir MPS-Medidas de Proteção contra Surtos;

 Cálculo das distancias de segurança.

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8. METODOLOGIA.

O procedimento utilizado na elaboração deste laudo técnico foi o de registrar através de


imagens todos os componentes do sistema existente e analisando as componentes de riscos e
perdas tanto materiais quanto de perdas humanas, bem como efetuar recomendações para que
seja elaborado um novo sistema de SPDA conforme a norma vigente ABNT NBR 5419/2015,
NBR 5410/2004 e NR 10.

9. LOCAIS AUDITADOS E SITUAÇÃO ENCONTRADA.

Devido à ausência de documentos específicos foi realizado uma vistoria minuciosa na


cobertura, fachada, térreo e na cabine de entrada de energia da concessionária.
Na cobertura da edificação foi identificado dois captores Franklin instalado no topo da
torre -1 e torre-4 e verificado sua conformidade junto à norma ABNT NBR 5419/2015 e
vistoriado toda cobertura da edificação.
No térreo foi vistoriada toda fachada da edificação para identificar se a mesma possui
algum subsistema de capitação instalados conforme a ABNT NBR 5419/2015, no
térreo foi vistoriado todo o perímetro em volta da edificação para identificar/localizar o
subsistema de aterramento conforme a ABNT NBR 5419/2015.

Local: Cobertura
Comentários:

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Imagem aérea da cobertura da edificação e identificação do sistema de (SPDA)
instalado no topo da edificação durante a vistoria.

Imagem – 2. Imagem aérea da cobertura da edificação

Durante a vistoria foi identificado dois captores Franklin no topo da caixa d’água da
torre-1 e outro no topo da torre-4 conforme a imagem – 3, durante a vistoria foi
constatado que a malha desses respectivos captores estão conectados a um cabo
provisório de 10mm² incoerente com a norma vigente ABNT NBR 5419/2015 e com a
ABNT NBR 5419/2005 norma anterior a vigente essa norma deve ser levado em conta
devido a idade da edificação que é anterior a NBR 5419/2005 ou seja a edificação é
da década de 70.

Na vistoria foi constatado que a edificação não possui a malha do subsistema de


captação em todo o perímetro da cobertura da edificação e devido a essa inexistência
da malha do subsistema do (SPDA) a instalação está em incoerente com a norma
ABNT NBR 5419/2015, na falta desse sistema a edificação se encontra vulnerável a
danos materiais e perdas humano devido aos efeitos causados por descargas
atmosféricas que são imprevisíveis.

Local: Cobertura

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Comentários Sistema spda instalado no topo da torre-1 não atende a necessidade da edificação e
: não atende a norma ABNT NBR 5419/2015.

Imagem – 3. Captor Franklin Torre-1

Local: Cobertura
Sistema spda instalado no topo da torre-4 não atende a necessidade
Comentários:
da edificação e não atende a norma ABNT NBR 5419/2015.

Imagem – 4. Captor Franklin Torre-4

Local: Cobertura

Comentários: Durante a vistoria foi identificado várias estruturas metálicas no topo das torres -1,2,3,4 sem

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as devidas proteções contra descargas atmosféricas conforme a norma ABNT NBR
5419/2015, dessa forma essas estruturas encontram-se vulneráveis aos efeitos
causados por descargas atmosféricas que são imprevisíveis.

Imagem – 5. Estruturas metálicas sobre a torre-2

Local: Cobertura
A cobertura da edificação como mencionado na imagem – 2, a edificação encontra-
se desprovida de proteção contra descargas atmosféricas (spda). Edifícios que não
Comentários: possuem proteção adequada contra descargas atmosféricas têm toda a sua
estrutura sujeita a danos elétricos e estruturais, devido à incidência de raios. A
edificação encontra-se divergente com ABNT NBR 5419/2015.

Imagem – 6. Cobertura da edificação

Local: Área externa - térreo.

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Durante a vistoria das instalações da edificação do edifício não foi identificado
nenhum subsistema de descidas e subsistema de aterramento conforme pede a
Comentários
norma ABNT NBR 5419/2015 para esse tipo de edificação, nessas condições a
: edificação encontra-se desprovida de proteção contra descargas atmosféricas
(spda).

Imagem – 7. Fachada da edificação área externa

Local: Térreo
Durante a vistoria realizada no cubículo de entrada de energia da concessionária e na
cabine de medição foi constatado a ausência de Dispositivo de Proteção Contra Surtos
(DPS) as normas ABNT NBR 5419 e NBR 5410 preconizam este dispositivo como o mais
eficaz para a proteção dos equipamentos da edificação com o objetivo de proteger contra
Comentários: raios sobre a edificação ou em suas proximidades. Este dispositivo descarrega as
sobretensões geradas pela descarga atmosférica, diretamente no aterramento do local,
protegendo os equipamentos.

Imagem – 8. Entrada de energia da concessionária/cabine de medição.

10. RECOMENDAÇÕES.

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10.1. Como recomendação primordial, sugere-se elaboração de um projeto de SPDA
seguindo todas as premissas da ABNT NBR 5419/2015, para implantação de um sistema de
proteção contra descarga atmosférica (SPDA) conforme a norma ABNT NBR 5419/2015 e
ABNT NBR 5410:2004.

11. CONCLUSÃO.

Diante do exposto, podemos considerar que o SPDA (Sistema de Proteção Contra Descargas
Atmosféricas) do Edifício SQS 212 encontra-se em contradição com as premissas estabelecidas
pela a norma NBR 5419:2015.

Recomendo que o item 10 é de primordial importância para segurança da edificação.


Conforme descrito no decorrer deste relatório, podemos concluir que as áreas inspecionadas já
relacionadas acima, não estão em condições técnicas adequadas e satisfatórias no que se refere
ao Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas da norma NBR 5419-2015, quanto aos
aspectos de instalação e segurança. Por fim, concluo que devido à ausência das malhas de
aterramento e as malhas superiores do sistema de proteção contra descargas atmosféricas em
análise não atendem aos requisitos e normas vigentes citadas no item 02 deste relatório. Este é
meu parecer sob a ART de número 0720230026367

Brasília-DF, 03 de abril de 2023.

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______________________________________
CARLYSON FEITOSA DA SILVA
Engenheiro Eletricista

12. REFERÊNCIAS

NORMAS APLICÁVEIS.

Norma Técnica Brasileira NBR-5410 (Instalações elétricas em baixa tensão), Norma


Técnica Brasileira NBR-5419 (Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas) e
NR – 10 (Segurança em instalações e segurança em eletricidade).

ABNT, NBR IEC. 61643-1. Dispositivos de proteção contra surtos em baixa tensão, 2007.

ABNT, NBR. 5419. Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa


tensão. Rio de Janeiro: ABNT 2004. 217.p.

COUTINHO, Fernando Nominato; ALTOÉ, Cássio Alexandre. Levantamento de Estruturas que Necessitam de
SPDA na UnB e Análise de seus Efetivos Sistemas de Proteção. Projeto Final de Graduação em
Engenharia Elétrica, Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília, 2003.
CRISTINA, Flávia Martins Almeida Pereira1 Renata; DO NASCIMENTO, Edílson Alexandre Camargo;
CERAGIOLI, Paulo Cesar. UM MÉTODO DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
APLICADAS AO AMBIENTE INDUSTRIAL
IEC – INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION – IEC 62305-2 - Protection against
lightning - Part 2: Risk management. Genebra, 2006.171.p.

JOÃO FILHO, MAMEDE. Instalações Elétricas Industriais. Oitava Edição, 2010.

KINDERMANN, Geraldo. Curto circuito. Sagra-DC Luzzatto, 1992.

SALOMÃO, Rossini Coelho; DE MELO, Thiago Luiz Alves; PIRES, Igor Amariz. USO DO DISPOSITIVO DE
PROTEÇÃO CONTRA SURTOS EM IMÓVEIS DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA EM MINAS
GERAIS. e-xacta, v. 5, n. 2, 2012.

SANTOS, Diego Guimarães dos. Planejamento de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas para
unidades habitacionais de baixa renda. 2014.

SOUZA, André Nunes de et al. SPDA Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas Teoria, Prática e
Legislação. São Paulo: Érica, 2014.

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SUETA, Hélio Eiji. Uso de componentes naturais de edificações como parte integrante do
sistema de proteção contra descargas atmosféricas - uma visão relativa aos danos físicos.
2005. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

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