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MINISTÉRIO DA DEFESA

COMANDO DA AERONÁUTICA

MANUTENÇÃO

ICA 66-30

REQUISITOS BÁSICOS PARA OS SISTEMAS DE


ATERRAMENTOS E PROTEÇÃO CONTRA SURTOS
EM INSTALAÇÕES DO SISCEAB

2014
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO

MANUTENÇÃO

ICA 66-30

REQUISITOS BÁSICOS PARA OS SISTEMAS DE


ATERRAMENTOS E PROTEÇÃO CONTRA SURTOS
EM INSTALAÇÕES DO SISCEAB

2014
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO

PORTARIA DECEA No 54/DGCEA, DE 12 DE MAIO DE 2014.

Aprova a edição da Instrução que


disciplina os Requisitos Básicos para os
Sistemas de Aterramentos e Proteção
contra Surtos em Instalações do
SISCEAB.

O DIRETOR-GERAL DO DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO


ESPAÇO AÉREO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 195, inciso IV, do
Regimento Interno do Comando da Aeronáutica, aprovado pela Portaria no 1049/GC3, de 11
de novembro de 2009, e inciso IV do art. 10 do Regulamento do DECEA, aprovado pela
Portaria no 1.668/GC3, de 16 de setembro de 2013, resolve:

Art. 1º Aprovar a edição da ICA 66-30 “Requisitos Básicos para os Sistemas


de Aterramentos e Proteção contra Surtos em Instalações do SISCEAB”, que com esta baixa.

Art. 2º Esta Instrução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º Revogar a Portaria DECEA nº 32/DGCEA, de 9 de fevereiro de 2010,


publicada no BCA nº 33, de 19 de fevereiro de 2010.

(a)Ten Brig Ar RAFAEL RODRIGUES FILHO


Diretor-Geral do DECEA

(Publicada no BCA nº 110, de 12 de junho de 2014)


ICA 66-30/2014

SUMÁRIO

1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ...................................................................................... 9


1.1 FINALIDADE ...................................................................................................................... 9
1.2 COMPETÊNCIA .................................................................................................................. 9
1.3 ÂMBITO .............................................................................................................................. 9

2 GENERALIDADES ............................................................................................................ 10
2.1 ABREVIATURAS ............................................................................................................. 10
2.2 CONCEITOS GERAIS ...................................................................................................... 10

3 ASPECTOS TÉCNICOS DOS SISTEMAS DE ATERRAMENTO .............................. 14


3.1 PROTEÇÃO DE EDIFICAÇÕES E PESSOAS ................................................................ 14
3.2 PROTEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS .................................. 17
3.3 MALHA GERAL DE TERRA ........................................................................................... 25
3.4 ATERRAMENTO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS E EQUIPAMENTOS
SENSÍVEIS .............................................................................................................................. 25
3.5 ATERRAMENTO DE LEITOS PARA CABOS E ELETROCALHAS ........................... 26
3.6 ATERRAMENTO DE ELETRODUTOS .......................................................................... 26
3.7 ATERRAMENTO DE TRANSFORMADORES E DE PAINÉIS ELÉTRICOS ............. 26
3.8 ATERRAMENTO DE GRADES E CERCAS METÁLICAS ........................................... 26
3.9 RECOMENDAÇÕES PARA O PROJETO DAS MALHAS DE TERRA E ANÉIS DE
ATERRAMENTO .................................................................................................................... 30

4 DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS ..................................................................................... 31

5 DISPOSIÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 33
ICA 66-30/2014

PREFÁCIO

Toda instalação elétrica de média e baixa tensão para funcionar com


desempenho satisfatório, e ser suficientemente segura contra risco de acidentes fatais, deve
possuir um sistema de aterramento dimensionado adequadamente para as condições de cada
projeto.

Um sistema de aterramento visa à:

• Segurança de atuação da proteção dos sistemas elétricos;


• Proteção das instalações contra descargas atmosféricas;
• Proteção do indivíduo contra contatos com partes metálicas da instalação
energizadas acidentalmente; e
• Uniformização do potencial em toda área do projeto, prevenindo contra
lesões perigosas que possam surgir durante uma falta fase-terra.

As descargas atmosféricas causam sérias perturbações nas redes aéreas de


transmissão e distribuição de energia elétrica, além de provocarem danos materiais às
construções atingidas por elas, sem contar os riscos de vida a que as pessoas e animais ficam
submetidos.

As descargas atmosféricas induzem surtos de tensão que chegam a centenas de


kV nas redes aéreas de transmissão e distribuição das concessionárias de energia elétrica,
obrigando a utilização de cabos-guarda ao longo das linhas de tensão mais elevadas e para-
raios a resistor não-linear para a proteção de equipamentos elétricos instalados nesses
sistemas.

Quando as descargas elétricas entram em contato direto com quaisquer tipos de


construção, tais como edificações, tanques metálicos de armazenamento de líquidos isolados
da terra, partes estruturais ou não de subestações, geralmente, são registrados grandes danos
materiais que poderiam ser evitados caso essas construções estivessem protegidas
adequadamente por Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA).

Esta Instrução apresenta algumas recomendações de ordem geral e como se


deve fazer o aterramento dos principais equipamentos de uma KF.

Sempre é importante ressaltar que um bom projeto de aterramento deve


garantir que os níveis de corrente de curto-circuito fase-terra sejam suficientes para
sensibilizar a proteção de retaguarda, bem como determinar potenciais de passo e de toque
suportáveis aos seres vivos.

Ao contrário de alguns mitos relacionados ao tema que persistem no tempo,


baixas resistências de aterramento não garantem um projeto seguro, da mesma forma que altas
resistências de aterramento não significam, necessariamente, um projeto inseguro.

Por fim, esta instrução busca orientar os engenheiros e técnicos do SISCEAB


na solução dos problemas ora apresentados, visando, além da segurança das pessoas, a
proteção de todos os sistemas de energia e equipamentos do SISCEAB.
ICA 66-30/2014

1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

1.1 FINALIDADE

A presente Instrução visa estabelecer as características básicas para os Sistemas


de Aterramentos e Proteção de Equipamentos e Instalações do SISCEAB contra surtos e
descargas atmosféricas, com a consequente definição de responsabilidades.

1.2 COMPETÊNCIA

1.2.1 Compete ao Subdepartamento Técnico (SDTE) deliberar sobre os requisitos a serem


atendidos pelos sistemas de aterramentos e de proteção, existentes ou a serem implantados, a
fim de que atinjam uma padronização mínima de desempenho.

1.2.2 Compete ao Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-


RJ) apoiar tecnicamente os Órgãos Regionais a respeito da manutenção dos sistemas de
aterramentos e de proteção.

1.2.3 Compete à Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo


(CISCEA) incorporar todos os conceitos do presente trabalho nos projetos executivos das
novas instalações do SISCEAB e naquelas antigas que sofram reformas estruturais.

1.2.4 Compete aos Órgãos Regionais seguir os requisitos básicos de sistemas de aterramentos
e de proteção de equipamentos emanados pela presente Instrução, fiscalizar e apoiar os seus
Destacamentos no fiel cumprimento, bem como realizar todas as manutenções periódicas
previstas nos boletins técnicos elaborados pelo PAME-RJ

1.2.5 Compete aos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) efetuar as


inspeções visuais periódicas nos SPDA e sistemas de aterramentos de acordo com as tarefas
estabelecidas nos Boletins Técnicos do PAME-RJ no nível de manutenção sob sua
responsabilidade.

1.3 ÂMBITO

A presente Instrução aplica-se a todas as Organizações subordinadas ao


DECEA.
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2 GENERALIDADES

2.1 ABREVIATURAS

CINDACTA - Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo

CISCEA - Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo

COMAER - Comando da Aeronáutica

DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo

DPS - Dispositivo de Proteção contra Surtos

DTCEA - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo

KF - Casa de Força

PAME-RJ - Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro

QDLF - Quadro de Distribuição de Luz e Força

REGIONAL - Órgão Regional do DECEA (CINDACTA e SRPV-SP)

SDAD - Subdepartamento de Administração do DECEA

SDOP - Subdepartamento de Operações do DECEA

SDTE - Subdepartamento Técnico do DECEA

SISCEAB - Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro

SPDA - Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas

TI - Tecnologia da Informação

2.2 CONCEITOS GERAIS

2.2.1 ACOPLAMENTO CONDUTIVO

É qualquer acoplamento existente entre malhas distintas, intencional ou não,


devido ao fluxo da corrente de retorno pela Terra.

2.2.2 ANEL DE ATERRAMENTO

Ligação intencional ao longo do perímetro da edificação, interligando as hastes


de aterramento com o propósito de se promover a equalização de potenciais.
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2.2.3 BARRAMENTO DE EQUIPOTENCIALIZAÇÃO PRINCIPAL (BEP)

Barramento destinado a servir de via de interligação de todos os elementos


incluídos na equipotencialização principal.

2.2.4 BARRAMENTO DE EQUIPOTENCIALIZAÇÃO SUPLEMENTAR OU


BARRAMENTO DE EQUIPOTENCIALIZAÇÃO LOCAL (BEL)

Barramento destinado a servir de via de interligação de todos os elementos


incluídos numa equipotencialização suplementar ou equipotencialização local.

2.2.5 CAMPO ELÉTRICO

Campo de forças criado por cargas elétricas.

2.2.6 CARGA ELÉTRICA

Propriedade física fundamental que determina algumas das interações


eletromagnéticas, sendo de dois tipos: positiva e negativa.

2.2.7 CHOQUE ELÉTRICO

Passagem de corrente elétrica pelo corpo humano, seja por contatos diretos
com partes energizadas, seja por falhas que possam colocar uma massa acidentalmente sob
tensão.

2.2.8 CIRCUITO ABERTO

Circuito que não tem continuidade de corrente elétrica.

2.2.9 CONDUTOR N

Corresponde ao condutor neutro das instalações elétricas.

2.2.10 CONDUTOR PE

Condutor de proteção que se destina a conduzir as correntes de curto-circuito


em uma instalação elétrica.

2.2.11 CONDUTOR PEN

Condutor que incorpora as funções de proteção e de neutro em uma instalação


elétrica.

2.2.12 CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Corrente de alta intensidade que ocorre devido ao contato acidental de um


condutor alimentado com a terra ou com as massas aterradas de equipamentos
eletroeletrônicos.
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2.2.13 CORRENTE DE FALTA

Corrente que se caracteriza pelo funcionamento anormal em uma instalação


elétrica, englobando, inclusive, o conceito de correntes de curto-circuito.

2.2.14 DIODO ZENER

Dispositivo eletrônico semicondutor que baseia o seu funcionamento no efeito


de avalanche no seu ponto de tensão de disrupção.

2.2.15 DISPOSITIVO A ESTADO SÓLIDO

Dispositivos em que se utilizam o silício, mais comumente, ou o germânio na


sua constituição.

2.2.16 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS

Dispositivos que protegem equipamentos eletrônicos e que atuam por


sobretensão.

2.2.17 IMPEDÂNCIA

Associação de resistência elétrica com as reatâncias capacitiva e indutiva.

2.2.18 MASSA

É qualquer corpo condutor de eletricidade que não tenha necessariamente


função elétrica/eletrônica no circuito, sendo normalmente conectado ao terra por motivos de
segurança.

2.2.19 RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Propriedade de um corpo de se opor à passagem de corrente elétrica.

2.2.20 SOBRETENSÃO

Elevação no nível de tensão elétrica (voltagem) presente em um circuito.

2.2.21 SUPRESSOR DE SURTO

Dispositivo utilizado para a proteção de equipamentos eletrônicos contra surtos


atmosféricos ou sobretensões de valores elevados, tais como varistores e diodos Zener.

2.2.22 SURTO (DE TENSÃO OU DE CORRENTE)

É um transitório que ocorre em uma rede elétrica.

2.2.23 TENSÃO DISRUPTIVA

É a máxima tensão entre os terminais de um dispositivo de proteção atingido


por um impulso de tensão.
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2.2.24 TENSÃO DE PASSO

Quando uma corrente elétrica é descarregada para o solo, ocorre uma elevação
do potencial em torno do eletrodo de aterramento, formando-se uma distribuição de queda de
tensão cujo ponto máximo está junto do eletrodo de aterramento. Se uma pessoa está em pé
dentro da região onde há a distribuição de potencial, entre os seus pés haverá uma diferença
de potencial, chamada de tensão de passo, a qual é geralmente definida para a distância entre
pés de 1 (um) metro.

2.2.25 TELECOMUNICAÇÕES

Toda transmissão, emissão ou recepção de sinais, textos, imagens, sons, vídeo


ou informações de qualquer natureza por meios metálicos, ópticos, terrestres, satelitais ou
outros sistemas eletromagnéticos.

2.2.26 TENSÃO DE TOQUE

É a tensão provocada pelo toque do ser vivo no condutor durante uma descarga
eletromagnética e geralmente é provocada pela alta impedância do condutor, provocando
passagem de corrente pelo ser vivo que possui uma impedância menor que a do condutor.

2.2.27 VARISTOR

É um resistor cuja resistência varia com a tensão aplicada.


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3 ASPECTOS TÉCNICOS DOS SISTEMAS DE ATERRAMENTO

3.1 PROTEÇÃO DE EDIFICAÇÕES E PESSOAS

3.1.1 INTRODUÇÃO

Um SPDA para as instalações das Organizações subordinadas ao DECEA


DEVERÁ ser composto, basicamente, de subsistema de captação, subsistema de descida e do
subsistema de aterramento.

A figura 1 mostra o esquema de proteção externa com ênfase para a NBR


5419:2005 e os principais componentes detalhados em seu corpo. Enfatiza-se que a proteção
externa é aderente ao conceito de proteção de pessoas e edificações, não sendo suficiente para
proteção de equipamentos eletroeletrônicos.

NBR 5419
SUBSISTEMAS

CAPTORES DESCIDAS ATERRAMENTO

Figura 1 – Componentes Principais da Proteção Externa

3.1.2 CAPTORES

3.1.2.1 O subsistema de captação tem a função de receber a descarga atmosférica. O captor


mais utilizado atualmente é do tipo Franklin, cuja altura deve ser calculada conforme as
dimensões da edificação e do nível de proteção exigido. Além dos captores, os subsistemas de
captação são compostos de hastes, cabos esticados, condutores em malha e elementos
naturais. Os subsistemas de captação DEVERÃO ser utilizados no topo das edificações, mais
especificamente em caixas d’água, postes e torres metálicas. De acordo com o comprimento,
largura, altura e forma da edificação, mais de um captor DEVERÁ ser usado. O melhor
subsistema DEVERÁ ser escolhido de acordo com o item 5.1.1.2 da NBR-5419:2005.

3.1.2.2 Em todas as edificações do DECEA, o subsistema de captação DEVERÁ ser


escolhido de acordo com o(s) método(s) adotado(s) no projeto: Eletrogeométrico, Franklin ou
Gaiola de Faraday. Cada método é definido na NBR 5419:2005, podendo ser único ou misto.
Especial atenção DEVERÁ ser dada também às características de utilização da instalação, à
sua ocupação e aos materiais componentes da sua construção. A NBR 5419:2005 detalha,
para cada nível de proteção, a quantidade de cabos exigida e os espaçamentos mínimos dos
condutores dispostos no teto da edificação.

3.1.2.3 O anel de captação deverá ser constituído por condutores horizontais de seção mínima
de 35 mm2, instalados a cada 10 m de altura, percorrendo a periferia externa da edificação e
interligando as descidas até o anel de aterramento. O objetivo deste anel de captação será
prover uma via de escoamento da descarga atmosférica para terra, quando esta incidir na
lateral da edificação.
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3.1.3 DESCIDAS

3.1.3.1 O subsistema de descida tem como função conduzir a energia da descarga atmosférica
absorvida pelos captores para o subsistema de aterramento. Poderão ser utilizados como
descidas as estruturas metálicas de torres, postes e mastros, assim como as amarraduras de aço
interligadas de postes de concreto como descidas naturais até a base, o que dispensa o uso de
condutores de descidas paralelos ao longo da estrutura. Quando o volume a proteger não
possuir características naturais de descidas, as mesmas serão compostas de um ou mais cabos
de cobre nu interligando o sistema de captação ao aterramento. O condutor de descida é o
responsável pela condução da descarga até o solo, de modo a não causar dano na estrutura
protegida, manter os potenciais abaixo do nível máximo de segurança e não produzir
faiscamentos laterais com estruturas metálicas vizinhas. A quantidade de descidas requer
estudos apropriados que DEVEM seguir os requisitos da NBR 5419:2005 para os graus de
proteção exigidos, somada a mais uma descida a fim de se ter o aumento de eficiência pela
redução da impedância do circuito. O espaçamento entre os condutores de descida e as
edificações de maneira geral (volume a proteger) não deve ser menor que 10 cm. Como
proteção adicional, recomenda-se a utilização de pequenos captores verticais dispostos em
todo o perímetro da edificação, em anel, com alturas entre 30 e 50 cm, a partir do referido
anel de captação, distanciados de 1 a 2 m .

3.1.3.2 A NBR 5419:2005 também estabelece o conceito de superfícies equipotenciais das


estruturas. Devido às diferenças de potenciais que aparecem ao longo dos cabos de descida e
também dada à indução em condutores contíguos, podem ocorrer diferenças de potencial em
cabos diferentes numa mesma altura. Desse modo, os cabos de descida DEVERÃO ser
interligados por um condutor horizontal, a intervalos regulares de 20 m, sendo o primeiro o
anel de aterramento. Quando não houver anel de aterramento, inserir um anel distante até 4 m
do piso e, a partir desse ponto, a intervalos de 20 m.

3.1.3.3 Os condutores de descida DEVEM estar ligados a, pelo menos, uma haste de aço com
revestimento de cobre, que constitui o sistema de aterramento dependente do solo onde será
instalado e, também, da resistência necessária para a proteção. Devem-se evitar descidas com
curvas acentuadas. O caminho deve ser o mais curto e retilíneo possível. Dar preferência à
instalação das descidas nos cantos da edificação.

3.1.3.4 O número de conexões nos condutores do SPDA, incluindo conexões às malhas de


aterramentos, DEVE ser reduzido ao mínimo, visando evitar pontos de resistência. As
conexões DEVEM ser asseguradas por meio de soldagem exotérmica, admitindo-se conexões
mecânicas somente para as descidas no ponto de ligação às hastes de aterramento, com o uso
de caixas de inspeção, tendo em vista as medições de resistência de terra que DEVEM ser
feitas periodicamente. As conexões devem suportar os efeitos térmicos e mecânicos das
correntes dos raios.

3.1.3.5 Os condutores de descida externos devem ser protegidos contra danos mecânicos até,
no mínimo, 2,5 m acima do nível do solo. A proteção deve ser feita por eletroduto rígido de
PVC ou eletroduto rígido metálico. Quando a proteção for metálica, o condutor de descida
deve ser conectado em ambas as extremidades do eletroduto.

3.1.4 ATERRAMENTO

3.1.4.1 O subsistema de aterramento tem como função prover uma via de baixa impedância
para o escoamento da energia da descarga atmosférica para terra. Do ponto de vista da
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proteção contra o raio, um subsistema de aterramento único integrado à estrutura é preferível


e adequado para todas as finalidades, ou seja, proteção contra o raio, sistemas de potência de
baixa tensão e sistemas de sinal.

3.1.4.2 Para assegurar a dispersão da corrente de descarga atmosférica na terra sem causar
sobretensões perigosas, o arranjo e as dimensões do subsistema de aterramento são mais
importantes que o próprio valor da resistência de aterramento. Entretanto, recomenda-se, para
o caso do arranjo de eletrodos não naturais (hastes de aterramento interligadas por anel de
aterramento), uma resistência menor que 10 Ω, como forma de reduzir os gradientes de
potencial no solo e a probabilidade de centelhamento perigoso. No caso de solo rochoso ou de
alta resistividade, poderá não ser possível atingir valores próximos dos sugeridos. Nesses
casos, a solução adotada deverá ser tecnicamente justificada no projeto.

3.1.4.3 Sistemas de aterramento distintos devem ser interligados através de uma ligação
equipotencial de baixa impedância, através de conexões com solda exotérmica ou conectores
de compressão, utilizando 1 (um) cabo de cobre, em dois ou mais pontos distintos dos
respectivos anéis de aterramento, com bitola mínima de 70 mm2. A interligação das malhas
deverá acontecer em distâncias de no máximo 500 metros entre malhas distintas, observada a
inexistência de acoplamento condutivo neste percurso.

3.1.4.4 Os condutores de aterramento correspondentes aos condutores de descida do SPDA


deverão ser conectados às hastes do anel de aterramento.

3.1.4.5 A especificação da composição dos materiais do SPDA (cobre, alumínio, aço


galvanizado ou aço cobreado) deverá ser determinada para cada projeto, levando em
consideração não só os fatores econômicos como também as condições de agressividade
ambiental, controle patrimonial etc.

3.1.4.6 Os para-raios tipo “Franklin” deverão ser aplicados para proteção exclusiva de
estruturas altas de pequena projeção horizontal e também para proteção de elementos
instalados na cobertura das edificações, cujo topo esteja em nível superior ao do anel de
captação (antenas, equipamentos de ar condicionado etc.).

3.1.4.7 Edifícios em estrutura metálica, tanques e outras estruturas metálicas que permitam
seu uso como captores naturais do SPDA deverão ter seus pilares ou bases aterrados em
intervalos regulares, calculados com base nos valores estabelecidos pela NBR 5419 para as
descidas do SPDA.

3.1.4.8 Para os edifícios com estrutura em concreto armado deverá ser dada preferência ao
uso do SPDA estrutural. Nesse caso, os projetos de Arquitetura e Civil deverão contemplar
todas as recomendações necessárias à utilização da própria ferragem estrutural como elemento
de descida e de aterramento do SPDA.

3.1.4.9 Especial atenção deverá ser dada às recomendações sobre a exposição da ferragem dos
pilares no topo das edificações, de forma a possibilitar as futuras conexões ao anel de
captação.

3.1.4.10 A figura 2 abaixo ilustra os elementos principais para um SPDA, desde sua captação
até a ligação ao sistema de aterramento.
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Figura 2 – Elementos de um SPDA

3.2 PROTEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS

Para proteção de equipamentos eletroeletrônicos foi elaborada a norma NBR


5410:2004, que trata, dentre outros assuntos, da proteção de equipamentos instalados em uma
edificação. Assim, somam-se às proteções externas aquelas desenvolvidas para tentar fornecer
uma blindagem aos equipamentos. Para explicar como isso acontece, pode-se observar a
Figura 3 que se segue.

NBR 5410
SUBSISTEMAS

BLINDAGENS EQUIPONTECIALIZAÇÃO ATERRAMENTO

DPS

Figura 3 – Componentes da Proteção Interna


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3.2.1 BLINDAGENS

3.2.1.1 As blindagens baseiam-se no conceito da Gaiola de Faraday, em que, se há uma


superfície condutora contínua que circunda um determinado volume, o interior dele estará
completamente imune a perturbações de origem elétrica ou magnética externa. Neste ponto é
que reside a dificuldade, pois é praticamente impossível isolar-se um determinado volume, do
tamanho, por exemplo, de um Centro de Controle de Área (ACC) e a Sala Técnica onde está
instalada a maioria dos equipamentos eletrônicos. No ponto limite, há, ainda, os cabos de
energia, as fendas e as grelhas de climatização que impedem a blindagem

3.2.1.2 Há, contudo, algumas técnicas que consistem no dimensionamento de malhas


metálicas que podem ser colocadas nas grelhas de ar-condicionado e, também, sob pisos
elevados falsos que fornecem certo grau de blindagem e, consequentemente, um nível de
proteção desejado.

3.2.2 EQUIPOTENCIALIZAÇÃO

3.2.2.1 Somado às blindagens, o conceito da equipotencialização associado às recomendações


da NBR 5410:2004 diminui a queima de equipamentos que, fatalmente, ocorreria
internamente à construção quando da ocorrência de raios. Isso ocorre porque a corrente
elétrica do raio pode encontrar um caminho de menor resistência, entrando na edificação em
vez de ser escoado para a terra.

3.2.2.2 No caso de edificações com vários andares, DEVERÃO ser previstos barramentos de
equalização locais (BEL), que deverão estar ligados ao BEP. Todos os detalhes construtivos
dos barramentos mencionados DEVERÃO seguir estritamente o contido na NBR 5410:2004.
Assim, na equipotencialização, a ênfase DEVERÁ ser dada à ligação de todos os aterramentos
de uma edificação, sejam de alimentação, de equipamentos ou de para-raios ao BEP.

3.2.2.3 O SPDA deve ser conectado com os demais sistemas de aterramento, ou seja, com as
massas do sistema elétrico e com os equipamentos eletrônicos, devendo obedecer às seguintes
prescrições básicas:

3.2.2.3.1 os condutores de ligação equipotencial devem ser conectados a uma barra de ligação
equipotencial instalada no subsolo ou próxima ao nível do solo, de forma a se ter fácil acesso.

3.2.2.3.2 em grandes estruturas pode ser instalada mais de uma barra de ligação equipotencial
devidamente interligada.

3.2.2.3.3 a cada intervalo não superior a 20 m deve existir uma ligação equipotencial para
estruturas com mais de 20 m de altura.

3.2.2.3.4 as barras de ligação equipotencial devem ser conectadas ao anel horizontal que
interligam os condutores de descida.

3.2.2.3.5 as seções mínimas dos condutores equipotenciais que devem suportar toda a corrente
de descarga atmosférica são estabelecidas na Tabela 1.
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Tabela 1 – Seções mínimas dos condutores de um SPDA

Captor e Anéis Condutor de Descida para Condutor de Descida para Eletrodo de


Material Intermediários Estrutura até 20 m Estrutura Superior a 20 m Aterramento
(mm2) (mm2) (mm2) (mm2)
Cobre 35 16 35 50

Alumínio 70 25 70 NA
Aço galvanizado a quente ou
50 50 50 80
embutido no concreto

3.2.2.3.6 todos os condutores não-vivos dos sistemas elétricos e equipamentos eletrônicos


devem ser direta ou indiretamente conectados à ligação equipotencial.

3.2.2.3.6 numa mesma edificação, deve-se projetar um só sistema de aterramento ao qual


através de ligações equipotenciais, se conectariam todas as partes da instalação que
obrigatoriamente devessem ser conectadas à terra. A figura 4 como são interconectadas todas
as partes não condutivas da instalação tais como tubulação metálica de água, condutor de
aterramento, armações metálicas diversas (bandejas, prateleiras, painéis etc). A conexão da
tubulação metálica de gás com o sistema de aterramento deve ser definida pelas normas da
concessionária de gás local.

Figura 4 – Ligações Equipotenciais


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3.2.3 DPS

3.2.3.1 Associado ao conceito de equipotencialização está o relacionado ao uso de


dispositivos supressores de surto atmosférico. Quando instalados convenientemente, protegem
os equipamentos quanto a elevações de potencial. Basicamente, atuam desviando a corrente
elétrica do raio, quando o nível de tensão ultrapassa o limite de projeto.

3.2.3.2 A Figura 5 ilustra, de forma simplificada, o funcionamento de um dispositivo


supressor de surto. Enquanto não ocorre qualquer descarga atmosférica, o componente se
comporta como um circuito aberto deixando passar toda a corrente para o microcomputador.

Figura 5 – DPS sem Atuação (Situação Normal)

3.2.3.3 Quando há uma descarga atmosférica, como notado na Figura 6, o dispositivo de


proteção contra surtos (DPS) percebe o aumento do nível produzido pela corrente do raio e,
quase instantaneamente, faz com que o excesso de corrente seja escoado para a terra e a
alimentação do computador não sofra qualquer mudança que possa ser perigosa para o
mesmo. Logicamente, sempre há um resíduo e, assim, os projetos DEVERÃO levar em conta
o nível que é suportado pelos equipamentos de uma dada edificação do DECEA para o correto
dimensionamento dos dispositivos que serão utilizados. Um ponto a ser apreciado é que os
projetos de supressores de surto são complexos e somente DEVEM ser feitos por
profissionais experientes, pois pior do que não ter equipamentos de proteção contra surtos é
tê-los mal especificados e instalados, dando uma falsa impressão de proteção que pode causar
prejuízos incomensuráveis.

Figura 6 – Atuação do DPS


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3.2.3.4 Os dispositivos mais comumente usados como DPS são os varistores de óxido de
zinco e os diodos Zener e DEVEM ser dispostos em ordem decrescente de tensões disruptivas
a partir da KF.

3.2.3.5 Os Supressores de Surto são componentes de alto desempenho desenvolvidos para a


proteção de equipamentos elétrico-eletrônicos contra transientes de tensão causados por
descargas atmosféricas e manobras no sistema elétrico e, nas instalações do SISCEAB,
deverão ser instalados em cascata, conforme recomendação estabelecida na IEEE C62.

3.2.3.6 Deverá ser sempre buscado, na medida do possível, o arranjo dos quadros e painéis
das KF do SISCEAB conforme ilustrado na Figura 7, o qual será seguido para atender à
filosofia de proteção em cascata preceituada na IEEE C62.

Figura 7 – Arranjo dos painéis na filosofia de proteção contra surto em cascata


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3.2.3.7 A instalação dos Supressores de Surto (DPS) deverá ser feita a jusante dos disjuntores,
o mais próximo possível, como exibem, sugestivamente, as formas de ligação estabelecidas na
Figura 8, utilizando os cabos existentes nos supressores.

Figura 8 – Formas de Instalação dos Supressores de Surto

3.2.4 ATERRAMENTOS ELÉTRICOS

3.2.4.1 Esquema de Aterramento TN-S

3.2.4.1.1 O esquema TN-S, estabelecido na NBR 5410:2004, DEVE ser empregado em todas
as instalações e edificações do SISCEAB e o seu esquema está representado pela Figura 9.
Nesse esquema, os condutores de neutro (N) e de proteção (PE) DEVEM ser separados desde
a sua fonte (KF) até os quadros de distribuição (QDLF) mais próximos às cargas a serem
alimentadas.

3.2.4.1.2 No esquema TN-S, o condutor de proteção, conectado à malha de terra na origem do


sistema, que é o secundário do transformador da subestação, interliga todas as massas da
instalação compostas principalmente pela carcaça dos geradores, transformadores, quadros
metálicos, suporte de isoladores etc. O condutor de proteção é responsável pela condução das
correntes de defeito entre fase e massa e está representado esquematicamente pela Figura 9.
As massas solidárias ao condutor de proteção PE (protection earth) podem sofrer
sobretensões, devido à elevação de potencial do ponto neutro do sistema quando este condutor
é percorrido por uma corrente de defeito.
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Figura 9 – Esquema TN-S

3.2.4.2 Exigência dos Sistemas de Aterramentos

3.2.4.2.1 Sempre DEVERÁ existir um sistema de aterramento elétrico para a proteção de


pessoas, edificações e para a proteção dos equipamentos eletroeletrônicos. A NBR 5419:2005
recomenda, para o caso de eletrodos não naturais, uma resistência de aproximadamente 10
(dez) ohms. Além disso, enfatiza que o arranjo e as dimensões (fatores que diminuem a
impedância do sistema de aterramento) são mais importantes que a própria resistência de
aterramento. Os subsistemas de aterramento para a proteção contra descargas atmosféricas
DEVEM adotar soluções que façam escoar para a terra as correntes indesejáveis, causando
menor perturbação possível (tensões superficiais – toque e passo) nos arredores. As escolhas
das referidas soluções DEVEM ser pautadas em função do nível de proteção local, do
comprimento dos eletrodos de aterramento e do tipo de solo, justificadas em projeto.

3.2.4.2.2 Apesar de os sistemas de aterramentos serem analisados de forma isolada para os


seus dimensionamentos, os sistemas DEVERÃO ser interconectados para o provimento da
equipotencialização, sempre que houver a viabilidade técnica da malha a ser interligada.

3.2.4.2.3 Em Salas Técnicas de telecomunicações e Órgãos ATC DEVERÁ ser adotado o


conceito de Malha de Terra de Referência (MRT) sob pisos elevados. É importante observar
que a malha tem como função a blindagem e oferecer baixa impedância para condução das
correntes de defeito (causadas por falhas de isolação ou por sobretensões transitórias), não
devendo ser considerada para a condução das correntes de curto-circuito, sendo que para estas
DEVERÃO ser utilizados condutores de proteção (PE). Todas as massas dos equipamentos, a
MRT e os barramentos de neutro (N) e de terra (TP) DEVERÃO estar ligados aos BEL de
cada andar e, por conseguinte, ao BEP. A Figura 10 exemplifica o conceito.
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Figura 10 – Equalização de Potencial com MRT

3.2.4.2.4 Deverá ser implantada a equipotencialização de todos os pontos de terra, ligados à


mesma malha de referência, principalmente em relação à equipotencialização do neutro do
transformador com os barramentos de terra dos quadros e equipamentos, pois é experiência
em manutenções corretivas no âmbito do SISCEAB que a ausência dessa equipotencialização
permite a elevação das tensões de fase do sistema, permanecendo inalterável o potencial de
terra dos equipamentos eletrônicos, o que provoca elevadas diferenças de potencial nos
mesmos e, por conseguinte, a queima de cartas.

3.2.4.2.5 Nas manutenções preventivas deverá ser constatado se os negativos das baterias dos
grupos geradores (em caso de negativo aterrado) estão conectados à MRT, objetivando evitar
a queima de equipamentos DC (12V ou 24V).

3.2.4.3 Escopo dos Projetos de Aterramentos Elétricos

Todos os projetos de aterramentos elétricos das instalações do DECEA


DEVERÃO compreender as exigências previstas nas NBR 5410:2004 e NBR 5419:2005.
Além disso, DEVERÃO conter sempre que viável tecnicamente:
a) Levantamento da resistividade do solo;
b) Estratificação da resistividade do solo;
c) Cálculos que conduzam à escolha da configuração do sistema de
aterramentos, composto por hastes, cabos e, se previsto e necessário,
malhas; e
d) Desenhos ilustrativos.

3.2.4.4 Inspeções nos Sistemas de Aterramentos

As inspeções dos sistemas de aterramentos DEVERÃO ser executadas


anualmente, atendendo às prescrições do item 6.1 da NBR 5419:2005 e de Boletim Técnico
específico do PAME-RJ. A exceção à regra será aplicada sempre que a situação da
instalação não permitir, ou seja, onde não for possível a utilização dos equipamentos por falta
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de condições para se cravar as hastes no solo para a execução dos procedimentos de testes e
levantamentos dos dados necessários. Contudo, todas as inspeções nos equipamentos e
acessórios visíveis deverão ser efetuadas.

3.3 MALHA GERAL DE TERRA

3.3.1 A malha geral de terra deverá abranger todas as áreas de um dado complexo de prédios
de dada OM do SISCEAB, sendo constituída pela interligação dos seguintes anéis de
aterramento:
a) das KF (Casas de Força);
b) dos prédios operacionais; e
c) das áreas administrativas.

3.3.2 A interligação dos anéis de aterramento supracitados deverá ser feita por meio da
conexão de, no mínimo, dois pontos distintos de cada anel a, no mínimo, dois pontos distintos
da malha geral.

3.3.3 Deve-se buscar sempre a formação de uma malha única de terra com o objetivo de
assegurar um nível equipotencial em todo complexo de prédios das OM do SISCEAB,
visando também:
a) à obtenção de um sistema de proteção contra faltas fase-terra seletivo,
rápido e sensível;
b) ao pleno atendimento às características das cargas no que diz respeito às
correntes de desequilíbrio;
c) à continuidade de alimentação sob condições de falta fase-terra;
d) à dissipação para a terra das correntes de surtos atmosféricos e de cargas
eletrostáticas armazenadas; e
e) através desta prática, que os valores elevados das capacitâncias do sistema
bem como os valores reduzidos das resistências e indutâncias assegurem
que os níveis de tensão induzida (por efeitos capacitivo, indutivo e
condutivo) fiquem limitados a patamares aceitáveis. Adicionalmente, a
prática generalizada de conectar todas as partes metálicas e instalações
elétricas à terra, usualmente, resulta em valores reduzidos para a impedância
de aterramento.

3.4 ATERRAMENTO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS E EQUIPAMENTOS


SENSÍVEIS

3.4.1 Deverão ser aterrados por meio de um sistema de equalização de potenciais obtido pelo
uso de uma malha de aterramento especial (malha de referência ou de equalização),
constituída por um reticulado de cabos de cobre ou chapas de cobre. Essa malha deverá ser
conectada à malha geral de terra.

3.4.2 Deverão ser previstos cabos blindados em percursos longos, localizados em regiões com
elevado índice isocerâunico, evitando-se com esta prática a propagação de sobretensões de
origem atmosférica em direção aos equipamentos sensíveis situados, por exemplo, nas KT do
SISCEAB. Estes cabos deverão ser aterrados em suas extremidades.
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3.5 ATERRAMENTO DE LEITOS PARA CABOS E ELETROCALHAS

3.5.1 Os leitos e eletrocalhas metálicas para cabos deverão ser interligados nas junções por
condutores elétricos (cabos ou cordoalhas) ou ter assegurada sua continuidade elétrica pelos
próprios acessórios da emenda.

3.5.2 As duas extremidades dos leitos e das eletrocalhas metálicas deverão ser conectadas à
malha de terra, sendo que, em grandes extensões, o aterramento deverá ser feito, no mínimo, a
cada 50 metros.

3.6 ATERRAMENTO DE ELETRODUTOS

3.6.1 Os eletrodutos metálicos montados com suportes metálicos em estruturas também


metálicas aterradas são considerados intrinsecamente aterrados e dispensam meios adicionais
de vinculação à malha de terra.

3.6.2 Os eletrodutos montados em superfícies de concreto, paredes de alvenaria ou em outras


superfícies possivelmente isolantes, não metálicas ou não condutivas, deverão ser dotados de
buchas com terminais de aterramento em uma das extremidades.

3.6.3 Nos casos em que os eletrodutos sejam descontínuos, deverá ser feita uma interligação
entre os trechos, com a utilização de buchas com terminais de aterramento e cabos ou
cordoalhas.

3.7 ATERRAMENTO DE TRANSFORMADORES E DE PAINÉIS ELÉTRICOS

3.7.1 Os transformadores de força deverão ter suas carcaças solidamente aterradas na malha
de terra.

3.7.2 As barras de terra dos painéis elétricos de média tensão deverão ser conectadas
diretamente à malha de terra da KF.

3.7.3 Os painéis elétricos de baixa tensão (PBT), bem com os quadros e painéis de
iluminação, retificadores, UPS etc.) deverão ter suas barras de terra conectadas a uma das
barras de aterramento da KF, que por sua vez deverá ser conectada à malha de terra.

3.8 ATERRAMENTO DE GRADES E CERCAS METÁLICAS

Cercas constituídas de material condutor (em geral arame de aço zincado),


localizadas até 30 m das redes de distribuição, podem vir a ser energizadas, tanto por contatos
físicos acidentais, resultantes de eventuais rompimentos de condutores, como por
acoplamento eletrostático e/ou eletromagnético nos casos das paralelas à rede. Como solução,
nas instalações do SISCEAB, essas cercas deverão ser seccionadas e aterradas conforme
procedimentos descritos a seguir:

3.8.1 CERCAS TRANSVERSAIS ÀS REDES DE DISTRIBUIÇÃO (CRUZAMENTOS)

3.8.1.1 Devem ser seccionadas a uma distância mínima de 30 metros, de cada lado, em
relação ao eixo das referidas redes. O seccionamento deve ser feito mediante o uso de
seccionadores preformados, conforme mostrado na Figura 11 abaixo.
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3.8.1.2 No trecho situado dentro da faixa estabelecida, deve ser executado aterramento, com
uma haste, no seu ponto central. Este não deve ser conectado ao sistema de aterramento da
rede de distribuição.

Figura 11 – Aterramento e Seccionamento de Cercas Transversais à LD

3.8.2 CERCAS PARALELAS ÀS REDES DE DISTRIBUIÇÃO

3.8.2.1 Neste caso, conforme demonstrado na Figura 12, devem ser seccionadas a cada 250
metros, ao longo de todo o trecho, enquanto houver paralelismo situado a até 30 metros do
eixo da rede.

3.8.2.2 Os trechos encontrados dentro da faixa estabelecida devem ser aterrados com uma
haste em cada extremidade. Os aterramentos devem ser eletricamente independentes.
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3.8.2.3 Para as cercas situadas em locais onde seja evidente a presença de animais e/ou
pessoas, recomenda-se que sejam realizados estudos de aterramentos e seccionamentos que
considerem as análises dos valores de tensões de toque e passo permissíveis.

Figura 12 – Aterramento e Seccionamento de Cercas Paralelas à LD (até 30 m)

3.8.3 GRADES E ALAMBRADOS

3.8.3.1 As grades, alambrados e divisórias de áreas energizadas devem ser conectadas na


malha de terra da KF.

3.8.3.2 As grades e portões metálicos, bem como as divisórias de terreno, conforme mostrado
na Figura 13, devem ser seccionadas e aterradas adequadamente, de forma isolada do
aterramento da malha de terra da KF.

3.8.3.3 As grades e alambrados externos, bem como as divisórias de terreno, devem ser
seccionadas e aterradas sempre que ocorrer a passagem de Linhas de Transmissão e/ou Redes
de Distribuição por sobre as mesmas, independentemente do ângulo de cruzamento.
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Figura 13 – Cercas e Portões Metálicos das KF do SISCEAB


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3.9 RECOMENDAÇÕES PARA O PROJETO DAS MALHAS DE TERRA E ANÉIS DE


ATERRAMENTO

3.9.1 As hastes de aterramento deverão ser de aço recoberto com cobre (tipo Copperweld),
com diâmetro de 19 mm e comprimento de 3 metros, devendo ser previstas nos seguintes
locais:
a) Vértices dos anéis de aterramento em torno das instalações;
b) Nos pontos de conexão com cabos de descida do SPDA; e
c) Ao longo da malha geral e dos anéis de aterramento, em espaçamento a ser
determinado no projeto.

3.9.2 As conexões das hastes de aterramento com os cabos da malha geral ou dos anéis de
aterramento deverão ser executadas por meio de solda exotérmica.

3.9.3 Nos pontos previstos para medição de aterramento, as hastes deverão ser protegidas por
manilhas de concreto com tampa de ferro (poço de inspeção).

3.9.4 Nesses pontos, as ligações dos cabos de aterramento deverão ser feitas por meio de
conectores de compressão.

3.9.5 As conexões dos cabos de aterramento aos anéis de aterramento ou à malha geral
deverão ser executadas por meio de solda exotérmica.

3.9.6 As conexões dos cabos de aterramento aos equipamentos e estruturas deverão ser
executadas conforme os detalhes típicos do projeto executivo.

3.9.7 A planta baixa (as built) das malhas de aterramento deverá ser exigida, detalhando a
configuração da malha, posição e interligação das hastes, sempre que uma nova malha for
construída.
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4 DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

4.1 As novas instalações do DECEA em fase de projeto deverão observar o disposto na


presente Instrução.

4.2 O prazo para a adequação das instalações atuais das Unidades subordinadas ao DECEA ao
disposto nesta Instrução é de 18 (dezoito) meses, a partir de sua assinatura.
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5 DISPOSIÇÕES FINAIS

5.1 Os casos não previstos nesta Instrução serão resolvidos pelo Exmo. Sr. Chefe do
Subdepartamento Técnico do DECEA.
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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Proteção de Estruturas contra


Descargas Atmosféricas: NBR 5419:2005. [Rio de Janeiro], 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Instalações Elétricas de Baixa


Tensão: NBR 5410:2004. [Rio de Janeiro], 2004.

KINDERMANN, G. Descargas Atmosféricas. 2. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 1997.

LEITE, D.M; LEITE, C.M. Proteção contra Descargas Atmosféricas. 4. ed. São Paulo:
Officina de Mydia, 1999.

MODENA, J. Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas. In: MORENO, H. Guia


o Setor elétrico de Normas Brasileiras. São Paulo, 2011. p. 314-355.

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