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FACULDADE PAULISTA DE SÃO CAETANO DO SUL

MARIANA CASSIMIRO DE LIMA - RM – 21835224074

DUAS LÓGICAS DO TRATAMENTO PARA O CRACK

SÃO PAULO

2019
FACULDADE PAULISTA DE SÃO CAETANO DO SUL

MARIANA CASSIMIRO DE LIMA - RM – 21835224074

DUAS LÓGICAS DO TRATAMENTO PARA O CRACK

Trabalho mensal da disciplina


Dispositivos de Apoio e Tratamento da
dependência Química de drogas, modelos
de internação, prof. João Pentagana, como
exigência para o curso de Saúde Mental e
Psiquiatria pela Faculdade Paulista de São
Caetano do Sul.

SÃO PAULO

2019
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 4

2. O QUE NOS CONTA HART SOBRE O USO E ABUSO DE CRACK? .. 6

3. CONCLUSÃO ........................................................................................ 8

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 9


1. INTRODUÇÃO

Escolhemos introduzir este trabalho com explicações sobre o crack e


suas vertentes. Em 2011 o conselho Nacional de Justiça laçou uma cartilha
que traz algumas definições interessantes sobre o crack e a forma como ele
age no indivíduo e na sociedade, por meio de perguntas diretas com respostas
concisas, entendemos o que é essa substância e seu funcionamento.

Ao pensarmos no que é o Crack temos a seguinte explicação: É uma


substância psicoativa euforizante (estimulante), preparada à base da mistura
da pasta de cocaína com bicarbonato de sódio. Para obtenção das pedras de
crack também são misturadas à cocaína diversas substâncias tóxicas como
gasolina, querosene e até água de bateria. A pedra de crack não é solúvel em
água e não pode ser injetada. Ela é fumada em cachimbo, tubo de PVC ou
aquecida numa lata. Após ser aquecida em temperatura média de 95ºC, passa
do estado sólido ao de vapor. Quando queima, produz o ruído que lhe deu o
nome. Pode ser misturada com maconha e fumada com ela. A merla, também
conhecida como mela, mel ou melado, preparada de forma diversa do crack,
apresenta-se sob a forma de uma base e também é fumada. Utilizada
predominantemente no Distrito Federal, a merla é extremamente tóxica e
acarreta sérias complicações médicas. (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA,
2011, p. 9)

Após o uso os efeitos imediatos são: grande prazer, intensa euforia,


sensação de poder, excitação, hiperatividade, insônia, perda de sensação de
cansaço e falta de apetite. O uso passa a ser compulsivo, pois o efeito dura
apenas de 5 a 10 minutos e a “fissura” (vontade) em usar novamente a droga
torna-se 10perguntas e respostas para entender o CRACK 10 Apoio
incontrolável. Segue-se repentina e profunda depressão e surge desejo intenso
de uso repetido imediato. Assim, serão usadas muitas pedras em seguida para
manter o efeito estimulante. (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2011, p.
10)

A dependência acontece pois, ao ser fumada a substancia se expande


pela superfície do pulmão e é absorvida em grande quantidade pela circulação
sanguínea, o efeito é rápido e potente, porém, passa rápido o que leva ao
consumo desenfreado. (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2011, p. 9)

Temos danos físicos, psicológicos e sociais quando há o uso no período


de médio e longo prazo, por exemplo:

Físicas: Danos ao pulmão, associado a fortes dores no peito, bronquite e


asma; aumento da temperatura corporal com risco de causar acidente vascular
cerebral; destruição de células cerebrais e degeneração muscular, o que
confere aquela aparência esquelética do usuário frequente. Inibição da fome e
insônia severa. Além disso, os materiais utilizados para a confecção dos
cachimbos são muitas vezes coletados na rua ou no lixo e apresentam risco de
contaminação infecciosa, gerando potencial elevação dos níveis de alumínio no
sangue, de modo a aumentar os danos no sistema nervoso central. São
comuns queimaduras labiais, no nariz e nos dedos dos usuários. (CONSELHO
NACIONAL DE JUSTIÇA, 2011, p. 11)

Psicológicas: Fácil dependência após uso inicial. Grande desconforto


durante abstinência gerando depressão, ansiedade e agressividade contra
terceiros. Há diminuição marcante do interesse sexual. A necessidade do uso
frequente acarreta delitos, para obtenção de dinheiro, venda de bens pessoais
e familiares, e até prostituição, tudo para sustentar o vício. A promiscuidade
leva a grave risco de se contrair AIDS e outras DSTs (doenças sexualmente
transmissíveis). O usuário também apresenta com frequência atitudes bizarras
devido ao aparecimento de paranóia (“nóia”), colocando em risco a própria vida
e a dos outros. (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2011, p. 11)

Sociais: Abandono do trabalho, estudo ou qualquer outro interesse que


não seja a droga. Deterioração das relações familiares, com violência
doméstica e frequente abandono do lar. Grande possibilidade de envolvimento
com criminalidade. A ruptura ou a fragilização das redes de relação social,
familiar e de trabalho normalmente leva a aumento da estigmatização do
usuário, agravando sua exclusão social. É comum que usuários de crack
matem ou sejam mortos. (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2011, p. 11)

Diante dessa exposição, nos é proposto pensar na autonomia do


individuo e em como um estudioso, cientista e professor universitário
neurocientista pode nos fazer enxergar a vida do adicto de outra forma. Carl
Hart cresceu num bairro de negros em Miami, nos Estados Unidos. Usou
drogas, roubou e portou armas. Em iguais condições, amigos seus foram
presos e continuaram marginais. Hart não. Tornou-se professor de
neurociência da Universidade Columbia – é o primeiro americano negro
professor de ciências na instituição, fundada em 1754. Mostrou que ratos, livres
para consumir drogas, o fazem até morrer – mas deixam o vício diante de
outras recompensas.

2. O QUE NOS CONTA HART SOBRE O USO E ABUSO DE

CRACK?

Em 2014 Hart visitou o Brazil e, em entrevista a revista Época, nos faz


refletir sobre o tratamento do nosso governo e do nosso mesmo para essa
população. Observemos um trecho da entrevista:

ÉPOCA – Apesar de haver tantos viciados, o senhor afirma que o


consumo de drogas não é um problema. Por que não?

Carl Hart – O uso de drogas não é o problema. O principal problema é


pensar por que um pequeno número de pessoas se entrega ao consumo de
drogas. Elas se entregam por ter distúrbios psiquiátricos, podem ser
depressivas, ansiosas, esquizofrênicas. Por ter alguma doença mental que as
leva às drogas como tentativa de lidar com isso. Essa é uma possibilidade.
Outros podem ser viciados por não ter opções melhores na vida. Para eles, o
uso de drogas parece a melhor opção. E há quem se vicie porque não
aprendeu as habilidades adequadas para lidar com o uso de substâncias ou
atividades potencialmente perigosas. Quando pensamos sobre o uso de
drogas, é importante entender que a maioria dos que usam essas drogas –
cocaína, maconha – não tem um problema. Se a maioria dos que usam
cocaína não tem um problema, o problema não são as drogas, mas outra
coisa.

ÉPOCA – Que outra coisa?

Hart – Falta de dinheiro ou alternativas, que acabam por tornar a droga


uma opção melhor, distúrbios psiquiátricos ou imaturidade para lidar com algo
que, consumido em excesso, pode se tornar perigoso. Esses aspectos devem
ser tratados. Nenhum deles tem a ver com as drogas em si.

ÉPOCA – Em sua visão, viciados sofrem pela falta de melhores


oportunidades, de atenção à saúde mental e educação. Nada disso tem a ver
com as drogas. Mas liberar o consumo de entorpecentes não resolveria as
falhas da sociedade. Não poderia agravar o problema das vítimas dessas
falhas, ao facilitar o acesso às drogas?

Hart – Portugal descriminalizou as drogas há 13 anos e não agravou seus


problemas. Pelo contrário, tornou-se um exemplo mundial de reabilitação de
viciados.

(...)

Nessa entrevista vemos que o cientista nos mostra uma visão diferente
da droga, enquanto o governo culpabiliza a droga, ele culpabiliza a falta de
assistência as pessoas viciadas. Além disso no mesmo ano (2014) foi lançado
um vídeo no youtube com duas vertentes de pensamento de Hart sobre o
tratamento para o crack em que o primeiro é a melhoria das condições
econômicas das pessoas que acabam marginalizadas e, consequentemente,
caem nas drogas, e a segunda é a educação. Educar é a melhor forma de
prevenir ou tratar o problema do crack, é por meio da educação que podemos
criar o pensamento crítico nos sujeitos e ajuda-los a entender suas vidas de
outra forma.
3. CONCLUSÃO

A educação no nosso país vai de “mal a pior”, o governo não a valoriza,


as pessoas acham desnecessária e alunos e professores vem desistindo de
acreditar no poder transformador que essa formação social possui. O grande
problematizado aqui é que não podemos simplesmente ignorar a educação,
pois é ela que transforma e ressignifica o sujeito, a ponto de tirá-lo de uma
posição marginal e levá-lo a refletir sobre seu posicionamento social e moral.

O pesquisador nos mostra que as oportunidades econômicas


juntamente com a educação é o que pode fazer a diferença na vida de um
adicto, mas, como o brasileiro pode mudar a sua própria situação se , segundo
pesquisas, para nós a educação não tem relevância social. Sem educação as
pessoas vão continuar roubando, assaltando e furtando o que não lhes
pertence e seguirão com o comportamento disfuncional.

O momento de auxiliar as pessoas a terem uma formação crítica para


mudar sua própria vida é aquele em que elas chegam na equipe multidisciplinar
do atendimento e tratamento do vício, o psicólogo precisa promover a reflexão,
afinal é ela que consegue empoderar o sujeito e livrá-lo das garras
manipuladoras do governo que precisa manter a base social como está.

Por mais destrutivo que o crack pode ser, existem outras coisas ainda
mais agressivas, e chamam-se falta de oportunidade e de educação, o que
precisamos relevar em nosso país.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Cartilha sobre o Crack. 2011


Disponível em <https://www.tjdft.jus.br/publicacoes/edicoes/manuais-e-
cartilhas/cartilha_crack.pdf> Acesso em 01/05/2019

MOURA, Marcelo (ÉPOCA). Carl Hart: “O vício é efeito de um mundo


doente, não a causa”. Disponível em <https://epoca.globo.com/ideias/noticia/
2014/05/bcarl-hartb-o-vicio-e-efeito-de-um-mundo-doente-nao-causa.html>
Acesso em 01/05/2019

ESTUDI FLUXO. CARL HART – Crack – É possível entender. 2014.


Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=zTX7880gpZ4> Acesso em
01/05/2019

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