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Embargante:COMPANHIA DOCAS DO ESTADO DE SÃO PAULO ­
CODESP
Advogado  :Dr. Felipe Chiarini
Advogado  :Dr. Aldo dos Santos Ribeiro Cunha
Embargado :CARLOS CARDOSO DOS SANTOS
Advogado  :Dr. José Abílio Lopes
GMWOC/rdr/jt/mp

D E C I S Ã O

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

Recurso de embargos interposto pela reclamada (fls.
857­867),   sob   a   égide   da   Lei   nº   13.015/2014,   contra   o   acórdão
proferido pela Primeira Turma desta Corte Superior (fls. 846­855).

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

O   apelo   é   tempestivo.   O   acórdão   foi   publicado   em


06/09/2019,   sexta­feira   (fl.   856),   e   as   razões   recursais
protocolizadas   em   18/09/2019,   quarta­feira   (fl.   928).   Regular   a
representação   processual   (fls.   868­870).   Custas   processuais
recolhidas (fls. 854 e 873) e depósito recursal efetuado no limite
legal (fls. 854 e 871). 

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

A   Primeira   Turma   deu   provimento   ao   recurso   de


revista interposto pelo reclamante, quanto à indenização devida pela
supressão  das  horas  extras  habitualmente  prestadas,  com  amparo  nos
seguintes fundamentos: 

RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DA


LEI N.º 13.467/2017. HORAS EXTRAS. SUPRESSÃO. INDENIZAÇÃO
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DEVIDA. Discute-se nos autos a incidência do entendimento contido na


Súmula n.º 291 do TST, que assegura ao empregado indenização por
supressão de horas extras habituais, no caso dos empregados da CODESP. A
situação fática em exame tem duas peculiaridades: a) existência de reajuste
salarial e alteração da jornada praticada por Plano de Cargos e Salários; e b)
alteração da jornada ocorrida em face de TAC firmado com o MPT, com
fulcro na recomendação do TCU. O entendimento que se fixou no âmbito
desta Turma, seguindo o trilhar da SBDI-1, é o de que, ainda que a redução
da jornada tenha ocorrido por determinação dos órgãos de fiscalização e que
o PCS tenha instituído reajuste salarial, tais elementos fáticos não são
suficientes para afastar a dicção do mencionado verbete sumular. Recurso
de Revista conhecido e provido.

No   recurso   de   embargos,   a   reclamada   insiste   ser


indevido o pagamento de indenização pela supressão de horas extras
prestadas pelo autor, uma vez que o novo PCS instituiu reajustes com
o   fim   de   evitar   a   perda   salarial.   Afirma   que   mediante   o   Termo   de
Ajustamento de Conduta firmado com o MPT, houve a regularização do
trabalho   em   jornada   extraordinária.   Alega   já   haver   realizado   o
pagamento de horas extras quando da auditoria realizada pelo TCU nos
anos de 2010, 2011 e 2013. Colaciona arestos.
Razão   não   lhe   assiste,   porquanto   não   resulta
comprovada divergência jurisprudencial prevista no art. 894, II, da
CLT.
Os   paradigmas   colacionados   encontram   óbice   no
disposto   do   §   2º   do   art.   894   da   CLT,   uma   vez   superados   pela
jurisprudência atual, iterativa e notória deste Tribunal.
Com efeito, a jurisprudência desta Corte Superior é
firme   no   sentido   de   que   “ainda   que   a   supressão   das   horas   extras
habitualmente prestadas tenha se dado, como no caso, em decorrência
de orientação do TCU ou do Ministério Público e venha acompanhada de
aumento salarial em virtude da implantação de novo Plano de Cargos e
Salários,   a   empregadora   não   está   desobrigada   do   pagamento   da
indenização   correspondente”,   conforme   espelham   os   seguintes
precedentes da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do
TST:
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AGRAVO INTERNO. RECURSO DE EMBARGOS REGIDO


PELAS LEIS Nos 13.015/2014 E 13.105/2015. CODESP . SUPRESSÃO
PARCIAL DE HORAS EXTRAS. IMPLANTAÇÃO DE NOVO PLANO
DE CARGOS E SALÁRIOS COM AUMENTO SALARIAL.
INDENIZAÇÃO DA SÚMULA 291 DO TST. Nos termos da Súmula 291
do TST, a supressão, embora parcial, do pagamento de horas extras dá
direito à respectiva indenização. Não há condicionantes. Ainda que a
supressão das horas extras habitualmente prestadas tenha se dado, como no
caso, em decorrência de orientação do TCU ou do Ministério Público e
venha acompanhada de aumento salarial em virtude da implantação de novo
Plano de Cargos e Salários, a empregadora não está desobrigada do
pagamento da indenização correspondente. É que o aumento salarial
decorrente de novo PCS , implantado de forma generalizada, sem distinguir
os empregados que prestavam horas extras dos que não o faziam, não se
confunde com a indenização devida. São parcelas distintas. Entendimento
diverso implicaria situação de desigualdade material. Precedentes da SBDI-
1. Incidência do óbice do art. 894, § 2º, da CLT. Agravo interno conhecido e
desprovido. (Ag-E-RR-961-63.2015.5.02.0444, SbDI-I, Rel. Min. Alberto
Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 23/08/2019).
AGRAVO INTERNO. RECURSO DE EMBARGOS REGIDO
PELAS LEIS Nos 13.015/2014 E 13.105/2015 . CODESP . SUPRESSÃO
PARCIAL DE HORAS EXTRAS. IMPLANTAÇÃO DE NOVO PLANO
DE CARGOS E SALÁRIOS COM AUMENTO SALARIAL.
INDENIZAÇÃO DA SÚMULA 291 DO TST. Nos termos da Súmula 291
do TST, a supressão, embora parcial, do pagamento de horas extras dá
direito à respectiva indenização. Não há condicionantes. Ainda que a
supressão das horas extras habitualmente prestadas tenha se dado , como no
caso, em decorrência de orientação do TCU ou do Ministério Público e
venha acompanhada de aumento salarial em virtude da implantação de novo
Plano de Cargos e Salários, a empregadora não está desobrigada do
pagamento da indenização correspondente. É que o aumento salarial
decorrente de novo PCS , implantado de forma generalizada, sem distinguir
os empregados que prestavam horas extras dos que não o faziam, não se
confunde com a indenização devida. São parcelas distintas. Entendimento
diverso implicaria situação de desigualdade material. Precedentes da SBDI-
1. Incidência do óbice do art. 894, § 2º, da CLT. Agravo interno conhecido e
desprovido. (Ag-E-RR-2278-42.2014.5.02.0441, SbDI-I, Rel. Min. Alberto
Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 23/08/2019).
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RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELAS LEIS Nos


13.015/2014 E 13.105/2015. CODESP. SUPRESSÃO PARCIAL DE
HORAS EXTRAS. IMPLANTAÇÃO DE NOVO PLANO DE CARGOS E
SALÁRIOS COM AUMENTO SALARIAL. INDENIZAÇÃO DA
SÚMULA 291 DO TST. 1. A Eg. 4ª Turma não conheceu do recurso de
revista do reclamante, quanto ao tema. Concluiu que "não há que se falar no
pagamento da indenização de que trata a Súmula nº 291 do TST", porquanto
"consta do acórdão regional que, após a supressão das horas extras, a
reclamada implantou novo Plano de Cargos e Salários, com aumento
salarial à categoria, com a finalidade de mitigar os efeitos da supressão do
labor em sobrejornada" e que, "com a supressão das horas extras, o
reclamante não sofreu prejuízos na sua remuneração, porquanto aderiu ao
novo plano salarial". 2. Nos termos da Súmula 291 do TST, a supressão,
embora parcial, do pagamento de horas extras dá direito à respectiva
indenização. Não há condicionantes. Ainda que a supressão das horas extras
habitualmente prestadas tenha se dado , como no caso, em decorrência de
orientação do TCU ou do Ministério Público e venha acompanhada de
aumento salarial em virtude da implantação de novo Plano de Cargos e
Salários, a empregadora não está desobrigada do pagamento da indenização
correspondente. 3. É que o aumento salarial decorrente de novo PCS ,
implantado de forma generalizada, sem distinguir os empregados que
prestavam horas extras dos que não o faziam, não se confunde com a
indenização devida. São parcelas distintas. Entendimento diverso implicaria
situação de desigualdade material. Precedentes da SBDI-1. Recurso de
embargos conhecido e provido" (E-RR-1267-32.2015.5.02.0444, SbDI-I,
Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 02/08/2019).

Portanto, inviável o processamento do recurso.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, com amparo nos arts. 93, VIII, do
Regimento   Interno   do   Tribunal   Superior   do   Trabalho   e   2º   do   Ato
TST.SEGJUD.GP nº 491/2014, NEGO SEGUIMENTO ao recurso de embargos.
Publique­se.
Brasília, 26 de setembro de 2019.
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Firmado por assinatura digital (MP 2.200­2/2001)
Walmir Oliveira da Costa
Ministro Presidente da Primeira Turma

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