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GRAMSCI E A EDUCAÇÃO: UMA LEITURA DAS CARTAS DE GRAMSCI AOS

SEUS FILHOS (1929-1937)

Jarbas Mauricio Gomes


Universidade Estadual de Maringá
jarbasmauricio@gmail.com

Introdução

O presente texto tem como objeto de estudo o pensamento educacional do intelectual


italiano Antonio Gramsci (1891-1937). O texto analisa o teor educacional de um conjunto de
43 Cartas que, redigidas por Gramsci entre 1929 e 1937, foram direcionadas aos seus filhos
Delio e Giuliano e que compõem as denominadas Cartas do Cárcere. Quando Gramsci
intensificou a correspondência com os meninos já havia produzido grande parte das notas dos
Cadernos e amadurecido suas reflexões e críticas em relação educação e a estratégia
comunista empregada durante a década de 1920. Quais foram os temas tratados por Gramsci
nas cartas aos filhos? Gramsci procurava exercer o papel de pai e educador a partir das cartas
que escreveu à Delio e Giuliano? Os temas presentes nas cartas aos filhos refletem suas ideias
sobre educação apresentadas nos Cadernos do Cárcere?
O pensamento educacional de Gramsci está condicionado ao seu pensamento político
e a sua militância junto ao movimento operário, consequentemente, suas ideias educacionais
remetem à formação do proletário e das novas gerações. Nos Cadernos do Cárcere Gramsci
apresentou dois conceitos que devem ser considerados na análise de seu pensamento
educacional: o primeiro, denominado de americanismo, determina o modelo econômico da
sociedade em que Gramsci pensou fundada no trabalho industrial para qual o trabalhador
deveria ser preparado, e segundo é o conformismo, isto é, a ação educativa pela qual o
trabalhador era preparado para se adequar ou se inserir na sociedade industrial.
Estes conceitos dão materialidade e historicidade ao pensamento educacional de
Gramsci, porque permitem pensar a educação a partir de um modelo de sociedade e com um
fim preciso em relação a esse modelo. Para Gramsci o resultado de toda a ação educativa era a
conformação do indivíduo à sociedade, independente se essa conformação liberte ou se torne
a causa de sua alienação. No pensamento gramsciano, educar é formar, preparar o homem
atual ao seu tempo, um homem capaz de se inserir na sociedade, compondo o homem-coletivo
sem perder a sua originalidade e personalidade.
Gramsci pensou o conformismo em sua face libertadora, na qual a educação tem o
papel de preparar o homem para se adaptar à sociedade, conformando-se a ela, mas também
de fornecer os elementos necessários para este possa dominá-la e transformá-la de acordo com
as suas necessidades. A educação, portanto, ao conceder ao homem o domínio de sua própria
natureza por meio da disciplina e do desenvolvimento intelectual concede ao homem as
condições para que se adapte e atue sobre organização política e econômica da sociedade.

As cartas aos filhos Delio e Giuliano

Atualmente são conhecidas 494 cartas, destas, 478 são direcionadas aos familiares e
amigos e outras 16 são petições e cartas escritas à Mussolini e autoridades carcerárias. A
primeira edição das cartas foi publicada em 1947 pela editora Einaudi e se constituía em uma
coletânea de 218 cartas que, organizada sob a tutela de Palmito Togliatti, continham cortes e
supressões. Em 1965, pela editora Einaudi, foi publicada uma nova edição das cartas de
Gramsci, organizada por Elsa Fubini e Sérgio Caprioglio esta edição era sem cortes ou
supressões e continha os 428 textos que eram conhecidos até então (VACCA, 1991). Por fim,
em 1996 Antonio A. Santucci publicou uma nova edição italiana das cartas, contendo 478
textos pessoais e 16 petições e requerimentos. Tal edição, publicada pela Editora Sellerio de
Palermo tem sido considerada a mais completa a partir de então (VACCA, 1999).
No Brasil foram publicadas duas edições das Cartas do Cárcere. A primeira em 1966
organizada e traduzida por Noêmio Spínola, foi publicada pela editora Civilização Brasileira e
continha 233 cartas, selecionadas a partir das duas edições conhecidas até então, a de Togliatti
e a de Elsa Fubini e Sérgio Caprioglio. A segunda edição, publicada em 2005, também pela
editora Civilização Brasileira, conta com dois volumes organizados por Carlos Nelson
Coutinho, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira, nos quais são apresentadas as
478 cartas a as 16 petições de Gramsci. Esta edição apresenta ainda, uma petição enviada à
Mussolini pela mãe de Gramsci, Giuseppina Marcias Gramsci, e outras 16 cartas recebidas
por Gramsci no período carcerário (HENRIQUES, 2005).
Em 2007, por ocasião das homenagens ao septuagésimo ano do falecimento de
Gramsci, a Fundação da Câmara dos Deputados da Itália publicou uma edição comemorativa
apresentando as cartas de Gramsci enviadas à Delio e Giuliano. Intitulada Antonio Gramsci
ai figli - Lettere dal carcere, a antologia trazia 42 cartas. Atualmente, tem-se conhecimento
de que entre os anos de 1929 e 1937 Gramsci escreveu aos filhos 43 cartas. Todas se
encontram publicadas na edição brasileira das Cartas do Cárcere, organizada por Carlos

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Nelson Coutinho, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. Em relação à edição
comemorativa elaborada pela Fundação da Câmara dos Deputados, a Edição Brasileira
apresenta uma carta a mais, trata-se da carta 435 destinada a Delio no ano de 19361.
Gramsci escrevia aos filhos individualmente e em janeiro de 1933 escreveu a única
carta que enviou a ambos os filhos. As cartas eram enviadas junto as cartas destinadas à
Giulia e, por isso, algumas não possuem datação, condição que torna difícil determinar com
precisão quando elas foram escritas 2. Das 43 cartas conhecidas, Delio foi destinatário de 23
cartas e Giuliano de outras 19 e apenas 12 estão datadas com precisão. (Quadro 1).

Quadro 1 – Cartas de Gramsci aos filhos (1929-1937) de acordo


com a Edição Brasileira das Cartas do Cárcere de 2005.
Ano Cartas a Delio Cartas a Giuliano
1929 151 – 20 de maio
287 – 22 fevereiro
1932 346 - 24 de Outubro
341 – 10 Outubro
367 - 16 de Janeiro
1933 385 - 10 de Abril
397 - 11 de Junho
1935 427 - 08 de Abril 429 - Sem data
435 - Sem data
437 - 16 de Julho
439 - Sem data 434 – 25 de janeiro
440 - Julho 446 – 24 de Novembro
1936
441 - Agosto 451 – Sem data
447 - Novembro 454 – Sem data
449 - Dezembro
452 - Sem data
457 - 23 de Janeiro
458 - Sem data
459 - Sem data 460 - Sem data
462 - Sem data 461 - Sem data
464 - Sem data 463 - Sem data
465 - Sem data 467 - Sem data
1937 466 - Sem data 469 - Sem data
468 - Sem data 470 - Sem data
476 - Sem data 471 - Sem data
477 - Sem data 472 - Sem data
478 - Sem data 473 - Sem data
474 - Sem data
475 - Sem data

As cartas eram remetidas por Gramsci a sua cunhada Tatiana Schucht que, por
trabalhar na embaixada russa em Roma, fazia cópias e as enviava para Giulia em Moscou e a
Piero Sraffa, amigo de Gramsci e professor na Universidade de Cambridge em Londres. Para
que Togliatti se mantivesse informado sobre as condições de Gramsci no Cárcere, Sraffa

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repassava as cópias das cartas ao Centro Dirigente do Partido Comunista Italiano que estava
temporariamente alocado em Paris (VACCA, 1999).
Em decorrência do agravamento de seu estado de saúde, em dezembro de 1933
Gramsci foi transferido para a cidade de Fórmia onde foi internado em uma clínica de saúde.
Neste período, encontrava-se cansado e recebia visitas semanais de Tatiana que lhe trazia
notícias de seus familiares, em especial de Giulia e dos meninos, e os informava sobre suas
condições de saúde (FIORI, 1979). Por isso, entre junho de 1933 e abril de 1935, não
escreveu aos filhos. Gramsci não sentia a necessidade de escrever, como relatou na única
carta escrita em 1934, destinada a sua mãe, Giuseppina Gramsci (1861-1932)3:

Tatiana tem informado Teresina sobre minhas novas condições de vida, que,
mesmo não sendo das melhores, certamente não podem ser comparadas às
de um ano atrás. Não lhes escrevi até agora porque tenho estado sempre um
pouco desnorteado e também porque sabia que Tatiana, que vem me visitar
todos os domingos, os mantém informados (CC 426, v. 2, p. 385).

Em 1935 Gramsci retomou a correspondência com Giulia e os meninos e, a partir de


então, mesmo diante de suas difíceis condições de saúde buscou mantê-la com certa
periodicidade. Em 25 de outubro de 1935 Gramsci adquiriu a liberdade condicional, podia
receber visitas e passear na cidade, mas continuava na clínica em Fórmia sob vigilância
policial (FIORI, 1979). A partir de 1936 Gramsci escrevia apenas à Giulia e aos meninos que
estavam em Moscou. Das cartas que escreveu em 1937 a maioria era destina à Delio e
Giuliano e muitas consistem em pequenos bilhetes, poucas linhas nas quais faz muitos
questionamentos sobre gostos, saúde, desenvolvimento físico e intelectual e transmite seu
amor e afeto e, sobretudo, solicita que os filhos lhe escrevam.

O legado intelectual de Gramsci aos filhos

A primeira carta que Gramsci escreveu a Delio sintetiza seu desejo paterno de
conhecer e compartilhar a vida dos filhos e, se antecipando a maturidade do filho, o convidava
a estabelecer a um relacionamento, ainda que por correspondência. Desde a primeira carta,
Gramsci assumiu a condição de pai e, nas breves linhas de sua carta, transmitia ao seu filho
sua experiência, seu legado cultural e lhe fornecia instrumentos para superar os limites
característicos da natureza humana.

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Soube que você vai à escola, tem um metro e oito centímetros de altura e pesa
dezoito quilos. Assim, acho que já é muito grande e em pouco tempo irá me
escrever cartas. Enquanto espero por isso, hoje mesmo você já pode fazer a
mamãe escrever cartas, ditadas por você, tal como me fazia escrever, em
Roma [...]. Assim, você vai me dizer se gosta dos outros meninos na escola, o
que é que aprende e como gosta de brincar. Sei que constrói aeroplanos e
trens e participa ativamente da industrialização do país, mas será que esses
aeroplanos voam de verdade e estes trens correm? [...] (CC 151, v. 1, p. 342).

Ainda que não estejam conceituados, conformismo e americanismo são ideias que
estão presentes no texto da carta e caracterizam o pensamento educacional de Gramsci
apresentado nos Cadernos do Cárcere. Gramsci, na condição de pai e educador, não deixou
escapar a dialética das relações materiais nas quais Delio estava inserido e as explorou. Se
toda ação educacional promove o conformismo, Gramsci procurou dar ao filho a dimensão
exata de sua inserção na sociedade por meio da contradição presente no sistema educacional.
De um lado a cultura escolar a partir da qual se tornaria capaz pensar sobre a própria vida,
organizar, registrar e transmitir ideias através da escrita e de outro a sua inserção direta no
desenvolvimento do país, uma sociedade industrial da qual participa ativamente.
O elemento educativo se manifesta na indagação que desconstrói as certezas e
evidencia a contradição existente na constituição da sociedade industrial. Será que a
participação do sujeito na sociedade é real? Gramsci explorou o tema no Caderno 22 ao
analisar a relação entre a educação e a manutenção da hegemonia na sociedade industrial.
Nela, evidenciou que o proletário preparado para o trabalho é inserido no mundo da produção
e, incapaz de superar essa condição, é motivado pelo engodo de que participa da esfera
econômica resigna-se e se contenta com a pequena parte do capital que é ofertada.
Para conduzir Delio na conquista de sua autonomia Gramsci propôs a ele um
problema: escrever cartas ao seu pai. Qual seria a reação de Delio frente ao problema que lhe
era apresentado? Gramsci queria conhecer o filho e solicitara que Giulia observasse e narrasse
as suas reações diante da leitura da carta. Consciente de que o filho ainda não era capaz de
solucionar o problema e tendo noção dos limites motores e intelectuais de sua idade, seja em
relação ao domínio da escrita, seja na organização lógica das ideias, Gramsci apresentou a
solução na própria carta: ditar o texto. A solução valorizava a experiência subjetiva de Delio
e, pela rememoração de experiências concretas, demonstrava que a solução estava contida em
uma experiência real, uma materialidade histórica.
Se por um lado Gramsci estimulava o desenvolvimento intelectual do filho, por outro,
o ensinava que firmar uma parceria com a mãe colocava ao seu poder habilidades físicas e
intelectuais que não dominava. Esse é um dos temas tratados por Gramsci no Caderno 12, a

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relação entre o grupo hegemônico e os intelectuais e, dela, a distinção entre intelectuais
orgânicos e intelectuais tradicionais. Gramsci ensinava a Delio alternativas para superar suas
limitações e, ao invés de esperar o desenvolvimento espontâneo, o incentivou e orientou sua
ação para que ela produzisse o fim desejado. Ainda que a idade não permitisse a Delio
compreender a profundidade das palavras que seu pai lhe dirigia, as frases de Gramsci eram
dotadas de uma práxis educativa cujos resultados residiam na descoberta e no
desenvolvimento que Delio fazia de sua própria capacidade física e intelectual.
Essa perspectiva de educação, voltada para o desenvolvimento das capacidades físicas
e intelectuais dos indivíduos pelo domínio da própria natureza foi desenvolvida por Gramsci
na nota 123 do Caderno 1, na qual indicou que “[...] a educação é uma luta contra os instintos
ligados às funções biológicas elementares, uma luta contra a natureza, a fim de dominá-la e de
criar o homem ‘atual’ à sua época [...]” (GRAMSCI, 2007b. p. 114). Para Gramsci, abandonar
a criança ao próprio desenvolvimento não lograria o efeito desejado sendo necessário educá-
la, isto é, auxiliá-la a desenvolver a disciplina e treiná-la para exercer o domínio sobre sua
natureza. Esse era o fundamento da Era Moderna, o homem em suas relações com a natureza
se tornou senhor e a colocou ao seu dispor.
Gramsci procurava dar materialidade para as experiências que os filhos estavam
vivendo, ora pela rememoração de suas próprias experiências, ora pelas histórias que se
misturavam aos fatos de sua infância, como escreveu à Delio: “[...] Numa outra vez, vou lhe
escrever sobre as danças das lebres e outros animais: quero lhe contar coisas que vi e ouvi
quando era menino [...] (CC 287, v. 2, p. 164). Por suas narrativas Gramsci apresentava aos
filhos que o universo que eles estavam começando a conhecer, embora parecesse novo, já
havia sido explorado e sofrido a interferência de outros homens, entre eles de seu próprio pai.
O elemento chave das cartas aos filhos é a relação entre o presente e o passado, entre
as experiências atuais vivenciadas por eles e as experiências históricas vivenciadas por outros
homens. Na carta 342 de outubro de 1932 Gramsci indagou a Delio sobre sua experiência, ele
havia conhecido o mar. Em 1935, na carta 429 foi a vez de Giuliano ser indagado pelo pai
sobre a mesma experiência. Em ambas situações, Gramsci procurava dar historicidade as
experiências dos filhos e os instigava a relatar a experiência, pedindo que narrassem suas
experiências em detalhes. A Delio pediu que descrevesse as belezas que tinha visto em sua
visita à praia e a convidou Giuliano, com uma série de questões, a escrever sobre o tema.

Você viu o mar pela primeira vez. Escreva-me algumas impressões suas.
Bebeu muita água salgada quando foi se banhar? Aprendeu a nadar? Pegou

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peixinhos vivos ou caranguejos? Eu vi alguns meninos que apanhavam
peixinhos no mar com um tijolo vazado (virado para cima); eles encheram
de peixe um pequeno balde (CC 249, v. 2, p. 386)

Gramsci aproveitava situações cotidianas e pelo exercício da rememoração procurava


disciplinar a observação dos filhos, promover a organização sistematização de suas ideias pela
redação das cartas. De acordo com a concepção de educativa gramsciana, dominar a
inquietude juvenil se apresenta como um exercício de responsabilidade e uma oportunidade
para dominar os instintos naturais, condição necessária o desenvolvimento da disciplina de
estudos e das habilidades intelectuais como observação, análise, descrição e organização
lógica do pensamento. O exercício da escrita, necessário na comunicação entre Gramsci e os
filhos, era como outra ferramenta de domínio da natureza que requeria paciência e dedicação
no domínio das habilidades motoras e intelectuais presentes no ato de escrever.
O termo disciplina não aparece nas cartas, mas se fazia presente nas ideias que
Gramsci transmitia aos seus filhos. Quando Gramsci escreveu a Giuliano: “[...] tenho certeza
de que vai me escrever sem interrupção e me manter informado sobre a sua vida” (CC 434, v.
1, p. 396), buscava desenvolver nele a disciplina de estudos. A busca pela disciplina é
evidenciada na carta 437 de 16 de junho de 1936. Nela chamou a atenção de Delio sobre o
que escrevia e fez uma crítica que fornecia ao menino elementos para que este desenvolvesse
a autonomia e a consciência sobre o que escrevia.

[...] Eu acredito que você tem bastante tempo para escrever de modo mais
extenso e mais interessante; não há necessidade nenhuma de escrever no
último momento, às pressas, correndo, antes de ir brincar. Você não acha? E,
também acredito, você não gostaria que seu pai o julgasse por seus
bilhetinhos, como um bobinho que só se interessa pelo destino de seu
pequeno papagaio e diz estar lendo um livro qualquer [...] (CC 437, v. 1, p.
398).

Delio estava para completar doze anos e Gramsci transferia a ele a avaliação de suas
escolhas e ações. Gramsci se adiantava ao conformismo dos filhos perante a sociedade que
estavam inseridos e antevia que era prudente incentivá-los a pensar sobre suas ações e, como
um mestre, apresentava uma valiosa lição:

[...] Acredito que uma das cosias mais difíceis, em sua idade, é ficar sentado
diante de uma escrivaninha para botar ordem nos próprios pensamentos (ou
até para pensar) e escrevê-los com certa elegância; talvez seja uma
aprendizagem mais difícil do que a de um operário que queira adquirir uma
qualificação profissional e deva começar exatamente em sua idade (CC 437,
v. 2, p. 398-399).

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Gramsci enfatizava que não é simples adquirir a disciplina, ela é resultado da vontade
individual e de um trabalho de longa data que deveria ser iniciado cedo. Gramsci ponderava
que organizar o pensamento e, mais importante que isso, pensar eram atividades complexas e
difíceis quando comparadas a qualificação profissional de um operário. Gramsci não queria
desmerecer a qualificação profissional de um operário, mas, ao considerar que ela começava
justamente na idade de Delio, chamava atenção para o fato de que a formação intelectual
deveria ocorrer de maneira simultânea à qualificação profissional, sem conduzir o jovem
estudante ao conformismo.
No Caderno 12, ao analisar a escola italiana que consistia em duas organizações
escolares, uma voltada a cultura geral destinada aos filhos dos dirigentes e outra voltada a
formação profissional dos filhos dos proletários, Gramsci propôs uma escola unitária com
vistas a formação integral do homem. A escola unitária teria como fim desenvolver as
habilidades físicas e intelectuais de modo que os estudantes dominassem pela disciplina a
própria natureza, pela formação profissional ingressassem na esfera econômica da sociedade e
pela formação intelectual pudessem atuar na esfera política e exercer seu domínio sobre ela.
Visando a formação integral dos filhos, Gramsci se apoiava na literatura para
transmitir parâmetros teóricos de análise da sociedade e propunha pequenas pesquisas.
Talvez Gramsci não estivesse interessado no resultado direto das pesquisas, mas na
transmissão dos métodos, do rigor e da disciplina de estudos. Na carta 435 Gramsci propôs a
Delio que, por ocasião da memória do centenário da morte Alexander Puschkin (1799-1837),
um clássico da literatura russa, desenvolvesse uma pesquisa a partir de um problema: “[...] por
que Puschkin, apesar de sua universalidade poética, só é apreciado fora da Rússia por poucos
intelectuais, diferentemente de outros artistas russos, que rapidamente conquistaram uma
grande popularidade em todo mundo? [...]” (CC 435, v. 2, p. 396-397).
Gramsci estava explorando a capacidade intelectual de Delio. Se na primeira vez que
propôs um problema deu logo a resposta, desta vez, Gramsci se limitou a apresentar um
método, isto é, indicou a Delio caminhos para alcançar a solução. Dentre eles perguntou se
algum especialista iria a escola falar sobre Puschkin. Gramsci sabia que a tarefa era difícil,
mas suas palavras evidenciam que esperava do filho empenho e dedicação, isto é, a disciplina
de estudo necessária ao desenvolvimento intelectual.

Sem se esforçar demais, peça algumas sugestões e me escreva. Caro Delio,


aprecio muito sua inteligência e, por isso, apresente este problema, mas não

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se esforce demais, afinal... sempre há tempo. Não é uma questão que se
resolva com poucas palavras, não é verdade? Mas sei que você também é um
grande admirador de Puschkin [...] (CC 435, v. 2, p. 397).

Pelas cartas de Gramsci não é possível estabelecer se Delio levou a cabo a pesquisa
sobre Puschkin, mas quando a pesquisa foi mencionada novamente, na carta 447, Gramsci
retomando o tema da percepção e julgamento acerca daquilo que é certo, ou verdadeiro
desafiava Delio a demonstrar sua maturidade intelectual e estabelecia o equilíbrio entre o
desafio e a valorização das condições reais do desenvolvimento de Delio.

Escreva sobre Puschkin quando quiser, aliás, é melhor pensar bastante sobre
ele, para que você me de uma prova conclusiva de sua capacidade de pensar,
raciocinar e criticar (isto é, de discernir o verdadeiro do falso, o certo do
possível e do verossímil). Mas não fique nervoso: eu sei sua idade, sua
preparação e, portanto, vou saber julgar objetivamente [...].

Ao finalizar a carta Gramsci fez considerações sobre a atualidade dos estudos sobre
Puschkin e a facilidade de encontrar literatura especializada sobre o autor. Sua reflexão
chamava a atenção para o fato de que por ser difícil ter acesso à obra do autor, muitas pessoas
o conheciam e julgavam a partir da análise de terceiros, sem conhecer os seus escritos.
Tema semelhante será objeto de diálogo com Giuliano, em quem Gramsci buscava
desenvolver os mesmos princípios da disciplina de estudo e, consequentemente, o domínio da
natureza física e intelectual. Giuliano apresentava dificuldades na escola e na carta 434
Gramsci o questionou sobre a natureza dessas dificuldades. Gramsci novamente da
historicidade e materialidade ao problema de Giuliano rememorando sua própria experiência
escolar. Gramsci sabia que não podia intervir à distância e por meio de cartas, ainda assim
explora o assunto nos seguintes termos: “[...] Ficaria muito contente se me explicasse em que
consistem as dificuldades que tem encontrado no estudo. Parece-me que, se você mesmo
reconhece ter dificuldades, elas não devem ser muito grandes e você pode superá-las com
esforço e boa vontade [...]” (CC 434 , v. 1, p. 395).
O raciocínio de Gramsci reforça a perspectiva de que para superar as dificuldades da
vida intelectual era necessário esforço e dedicação. Não se deve, no entanto, acusar Gramsci
de fazer vistas grossas aos problemas de aprendizagem de Giuliano, ou mesmo que ele era
ingênuo e acreditava que eles se resolveriam com a simples dedicação. Vale ressaltar que na
perspectiva educacional de Gramsci o domínio da intelectualidade era considerado mais
difícil que o aprendizado de uma profissão e que, independente do grau de dificuldade, o
elemento inovador de Gramsci está em dar ao filho consciência de suas limitações, condição

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que lhe ajudaria a escolher qual caminho trilhar em sua formação escolar: aquele da formação
profissional ou aquele da formação intelectual como havia exposto à Delio na carta 437.
Na carta 446 Gramsci incentivou Giuliano a escrever sobre os livros que gostava e,
provavelmente em decorrência de sua resposta, na carta 451 Gramsci escreveu para Giuliano
reflexão semelhante a que havia desenvolvido com Delio sobre a vida de estudos. O tema era
a obra de Herbert George Wells (1866-1946) e o julgamento proferido por Giuliano. Gramsci
promoveu uma reflexão na qual indicava a Giuliano o mesmo princípio metodológico que
apresentara a Delio: era necessário fundamentar os juízos proferidos com base no
conhecimento real do fato analisado.

Você só leu metade de uma novela de Wells e já quer julgar toda a obra
desse escritor, que escreveu dezenas de romances, coletâneas de novelas,
ensaios históricos, etc.? Parece-me ‘um pouco exagerado’. E, afinal, que
novela você leu? A mais bonita, a mais feia ou a que representa a média das
possibilidades do autor? [...]

Os questionamentos de Gramsci a Giuliano e as contradições evidenciou eram apenas


o ponto de partida para uma lição mais importante. Indo além da simples reflexão teórica e
dando historicidade e materialidade ao diálogo, Gramsci colocou Giuliano no lugar de Wells e
aplicou sobre ele sua própria crítica analisando sua carta. Gramsci retomava seu papel de
educador e com sua análise valorizava a disciplina de estudo, condicionando o resultado de
um trabalho a dedicação de seu realizador. Gramsci ensinava a Giuliano a persistência, o
recomeço a reconstrução e lhe demonstrava que uma ideia para ser considerada definitiva
precisa passar por reelaborações. Cabe ressaltar aqui que este é o método empregado por
Gramsci na redação dos Cadernos do Cárcere.

[...] Você também, com frequência, não é organizado: sua carta está escrita
de modo apressado, com muitas palavras deixadas pela metade; mas acredito
que possa escrever muito melhor, com mais ordem, com mais atenção. Por
isso não vou julgá-lo por esta carta [...]. Caro Julik, não me leve a mal
escreva sempre tudo o que pensa, mesmo com pressa; depois, você volta a
pensar melhor, corrige seus erros e consolida suas opiniões [...] (CC 451, v.
2, p. 414).

Gramsci valorizava a disciplina e defendia a necessidade de direcionar o processo


educativo. No entanto suas indicações a Giuliano levam a crer que ele reconhecia que, nem
sempre o melhor caminho está condicionado a coerção. Mesmo solicitando insistentemente a
seus filhos que lhe escrevessem, Gramsci valoriza a autonomia, a escolha pessoal e subjetiva

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e buscava demonstrar a seus filhos que tudo possui duas realidades e que, em muitos casos,
uma delas esta condicionada à obrigação. Utilizando-se da experiência escolar de Giuliano,
escreveu em 23 de janeiro de 1937: “Desenhe como quiser, para rir e se divertir, e não
‘seriamente’, como se fizesse um dever do qual não gosta. Mas gostaria de ver alguns
desenhos que tem feito para a escola! Como é que faz esses desenhos? Com seriedade ou, ao
contrário, como os que faz de brincadeira? [...]” (CC 457, v. 2, p. 421).
Gramsci brincava com as contradições, incentivava Giuliano a desenhar pelo prazer,
mas ao mesmo tempo demonstrava interesse pelos seus desenhos escolares. Sem deixar passar
a oportunidade de explorar a questão da formação intelectual dos filhos, Gramsci chamava
atenção para a relação entre o domínio da técnica e o prazer de executar uma atividade.
Gramsci não se importava se o filho desenhava por brincadeira ou por obrigação o interesse
de Gramsci está na consciência que o filho tinha sobre aquilo que ele produzia. A pergunta
“Como é que faz esses desenhos?” evidencia a perspectiva de que a formação intelectual
propicia ao homem as condições necessárias para refletir sobre sua própria prática, reflexão
que é recorrente nas cartas de Gramsci aos filhos e já estava presente nas ponderações de
Gramsci sobre Wells, Puschkin, sobre o mar e a participação ativa do filho no
desenvolvimento industrial do país, era a questão da organização cultural da sociedade
industrial, da formação para o trabalho e da conformação dos indivíduos à organização social.
A formação da consciência era um elemento constante nas cartas de Gramsci aos
filhos. Se até o momento, com o objetivo de lhes organizar o pensamento, dar critérios
teóricos metodológicos para suas análises e com isso desenvolver a disciplina de estudo e as
habilidades físicas e intelectuais necessárias para que se tornassem sujeitos de sua própria
história, Gramsci os havia questionado e promovido análises sobre o que escreviam e
pensavam, na carta 459 fez a Delio uma proposta diferente: “Diga se você gosta desse meu
modo de escrever e se compreende tudo” (CC 459, v. 2, p. 422).
Gramsci estava propondo um novo problema a Delio, problema que para ser resolvido
era necessário por em prática todos os ensinamentos de seu pai: analisar apenas o que estava
escrito, sem fantasiar; distinguir o que era possível e real, ao pai encarcerado e doente;
analisar o conteúdo das cartas que recebera do pai; para tanto, era necessário ser organizado e
ter guardado as cartas; julgar o estilo literário e o conteúdo de cada uma, dado que não se
podia analisar o livro pela capa ou a obra de um autor pelo conhecimento de uma única
novela. Como nas outras vezes em que propôs um problema Gramsci apresentou a Delio uma
solução que, além de retomar todos os temas anteriores, por sua vez, pode ser considerada
uma das passagens mais belas das cartas.

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[...] Vê-se que, na evolução do homem, juntaram-se muitas condições
favoráveis no sentido de ajudá-lo a se tornar o que era, mesmo antes de se
desenvolverem a vontade definida para um fim e a inteligência suficiente
para organizar os meios necessários para alcançar o próprio fim. Ao que
parece, a quantidade se torna qualidade para o homem e não para os outros
seres vivos. Escreva-me muito (CC 459, v. 2, p. 423).

A passagem fornece à concepção de educação de Gramsci a historicidade e a


materialidade que lhe são devidas. O processo de desenvolvimento humano possibilitado
pelas condições materiais que se fizeram favoráveis e somados a sagacidade do homem ao
dominar sua própria natureza e colocá-la ao seu dispor enceram em si a formação histórica do
homem. Essa formação histórica é mediada pela disciplina que permitiu ao homem direcionar
sua vontade para um fim, alcançado mediante a insistência constante, de modo que a repetição
se transforme em perfeição. Esse era o espírito da correspondência entre Gramsci e seus
filhos. A solicitação apresentada ao final da carta atualizava sua reflexão histórica e
direcionava todo o processo de formação humana para seus filhos de maneira concreta, real,
em um simples “Escreva-me muito”. Essa é a tônica de toda a sua correspondência com os
filhos e um dos elementos mais sagazes da ação educacional desenvolvida por Gramsci.
Em todo o conjunto das correspondências Gramsci repete a frase, escreva-me muito.
Ainda que nesse pedido estivesse contido o anseio de um pai por notícias de seus filhos, ele
representa a chave do processo de formação humana, a ação que se transforma em consciência
sobre o próprio agir e que permite ao homem se reconstruir, reorganizar e refazer, de modo
consciente e disciplinado. A partir de então, Gramsci desenvolveu uma nova fase de reflexão
com Delio. A prática do estuda da história real dos homens, a busca pelo fato real, concreto,
calcado na materialidade da vida. Se escrever com qualidade era resultado da prática
disciplinada, do domínio da escrita e de suas peculiaridades, Gramsci vai indicar que o estudo
da história era constituído sobre os fatos, livres da especulação fundamentada na fantasia.

[...] Você me escreveu que gostava de história [...]. Acredito que para estudar
a história, não se deve fantasiar muito sobre o que teria acontecido, se... [...]
Já é muito difícil estudar a história realmente acontecida, porque se perdeu
todo e qualquer documento de grande parte dela; como se pode perder tempo
estabelecendo hipóteses que não tem fundamento? [...] (CC 464, v. 2, p.
426).

Superar a fantasia e se ater à realidade é um elementos chave da análise de Gramsci


sobre a filosofia apresentada nos Cadernos 10 e 11. Análise que se volta para a formação da

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consciência política e cultural dos trabalhadores e desencadeia um movimento de construção
da filosofia da práxis, oriunda das necessidades dos trabalhadores. A elaboração da filosofia
da práxis estava condicionada a formação dos proletários e essa, por sua vez, estava
condicionada a todos os momentos da formação intelectual que Gramsci apresentou aos
filhos. Em síntese os ensinamentos de Gramsci aos seus filhos representam a fórmula para a
revolução proletária, ou, em termos mais reais, a fórmula para a libertação do homem do jugo
imposto pela sociedade industrial e sua cultura de conformação do trabalhador.
O valor da história como ponto de partida para as novas reflexões, é apresentado a
Delio que era instigado a superar a fantasia e se debruçar sobre o mundo real, sobre as
transformações que estavam ocorrendo na sociedade. Delio e Giuliano participavam de um
sistema escolar regular e recebiam uma educação fundamentada em princípios ideológicos
precisos que, na opinião de Gramsci, precisavam ser superados. Gramsci tinha consciência
dos limites do sistema educacional que seus filhos frequentavam. Talvez por isso, tenha
escrito a Delio que sua forma de pensar estava ultrapassada, limitada a uma concepção de
ciência que não representava mais a realidade, cujo modelo histórico que lhe sustentava havia
dado lugar a outra forma de ver e entender o mundo, isto é, havia uma nova concepção de
mundo a ser descoberta.

[...] seria mais oportuno estudar a história real, aquela que se pode escrever
com base em documentos bem precisos e concretos. Fantasiar sobre
hipóteses científicas era típico de homens que, há cinqüenta anos, viviam em
condições muito difíceis de luta ideológica. Hoje, muitas questões caíram no
vazio porque a vida superou tanto o protagonista quanto o antagonista e
criou o construtor [...] (CC 465, v. 2, p. 427).

Gramsci escrevia aos filhos como pai, afastado da realidade e condicionado a rotina
desgastante da vida carcerária. Não tinha muitas perspectivas de ver Delio novamente e de
finalmente conhecer Giuliano pessoalmente. Mas ao longo dos anos em que escreveu as
limitadas linhas que compõe o conjunto das cartas aos seus filhos, produziu uma interessante
reflexão sobre a formação humana, sobre o desenvolvimento do homem e sobre os princípios
fundamentais necessários ao desenvolvimento intelectual do homem.

Conclusão

Gramsci escreveu aos filhos 43 cartas nas quais exerceu sua condição paterna e se
dedicou a educar seus filhos, mesmo diante das adversidades impostas pela vida carcerária.

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Ainda que indiretamente, nas cartas aos filhos Gramsci abordou os principais temas de seu
pensamento educacional. A partir de diferentes temas extraídos do cotidiano de Delio e
Giuliano, Gramsci desenvolveu um amplo trabalho de formação intelectual, no qual enfatizou
o valor e a importância da disciplina de estudo no desenvolvimento intelectual. Por suas
reflexões Gramsci indicava aos filhos que eles faziam parte de uma realidade complexa e
participavam de um processo histórico de formação que extrapolava a realidade imediata da
qual faziam parte.
As reflexões que Gramsci desenvolveu com os filhos retomam as notas dos Cadernos
do Cárcere. Embora Gramsci não faça menção a elas, a sua concepção de educação se faz
presente e se materializa em uma práxis educativa que orienta os filhos na conquista de sua
autonomia intelectual. Os temas explorados remetem a questões como a formação dos
intelectuais e suas relações com os grupos dirigentes e a elaboração da filosofia da práxis,
sobre a qual o homem toma consciência de si e do mundo em que vive.
Gramsci buscou desenvolver nos filhos as habilidades físicas e intelectuais necessárias
à vida de estudos, primando pela disciplina, pela responsabilidade e pelo respeito aos limites
pessoais de cada um. Incentivou os filhos a pensar a própria prática e a não produzir
julgamentos sem a devida fundamentação. Dessa forma, evidenciava que ter ideias próprias
era uma conquista de longo prazo e que, para comunicá-las com perfeição, era necessário
submetê-las a reformulações fundamentadas na realidade, na análise dos fatos históricos.
Essas indicações, características da práxis educativa de Gramsci com seus filhos visam
transformação da própria realidade, uma vez que pela educação o homem é capaz de dominar
a própria natureza e se tornar um homem atual, um homem de seu tempo.

Referências

FIORI, Giuseppe. A vida de Antonio Gramsci. Tradução de Sergio Lamarão. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1979.

HENRIQUES, Luis Sérgio. Introdução. In: GRAMSCI, Antonio. Cartas do Cárcere –


Volume 1. Tradução de Luiz Sérgio Henriques; Organização de Carlos Nelson Coutinho e
Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005a. p. 7-46.

GRAMSCI, Antonio. Cartas do Cárcere, Volume 1: 1926-1930. Tradução de Luiz Sérgio


Henriques; Organização de Carlos Nelson Coutinho e Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2005.

_______. Cartas do Cárcere, Volume 2: 1931-1937. Tradução de Luiz Sérgio Henriques;


Organização de Carlos Nelson Coutinho e Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2005.

14
_______. Antonio Gramsci ai figli. Roma: Camera dei Deputati, 2007. Disponível em:
<http://fondazione.camera.it/sites/default/files/6-antonio_gramsci_ai_figli_lettere_dal_
carcere.pdf>. Acesso em 10 jan 2013.

_______. Lettere dal carcere. A cura de Paolo Spriano.Torino: Einaudi, 1971.

_______. Quaderni del Carcere. Edizione crittica dell’Istituto Gramsci a cura di Valentino
Gerratana. Torino: Einaudi, 2007. 4v.

LIGUORI, Guido. Roteiros para Gramsci. Trad. Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro:
UFRJ, 2007.

VACCA, Giuseppe. Appunti su Togliatti editore delle “Lettere” e dei “Quaderni”. Studi
Storici. Anno 31, n. 3, Jul/Set. 1991. p. 639-662.

_______. Sraffa come fonte di notizie per la biografia di Gramsci. Studi Storici. Anno 40, n.
1, Jan/Mar. 1999. p.5-37.

1
As menções e citações das Cartas do Cárcere remeterão à numeração presente na Edição Brasileira de 2005,
organizada por Carlos Nelson Coutinho, Luis Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. As citações indicarão
o número da carta, o volume e a página (Ex: CC 1, v. 1, p. 73).
2
A Edição Brasileira das Cartas do Cárcere, publicada em 2005, reproduz a organização das edições italianas e
apresenta as cartas sem datação ao final da edição.
3
Deve-se ressaltar que a mãe de Gramsci havia falecido em 1932. Carlo, seu irmão, e Tatiana não tiveram
coragem de lhe contar sobre o ocorrido. Situações como essa acabavam por desgastar ainda mais o estado
emocional de Gramsci que, em muitos casos, se sentia traído por seu familiares (FIORI, 1979).

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