Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A partir disso, o que o autor nos diz não é que a escravidão já está
plenamente estabelecida, mas que está retornando aos poucos, com pequenos
traços que, se não forem parados, significarão a volta da instituição da
escravidão. Citando exemplos até da própria legislação da época, Belloc
demonstra como estamos aos poucos tratando alguns como superiores aos
outros, chegando a citar leis trabalhistas exageradas, que tratavam o trabalhador
não como um homem livre que troca seu trabalho por capital, mas como alguém
que precisa ser protegido por seu patrão, que lhe é superior, mais inteligente e
quiçá mais humano.
Resta a pergunta, o que fazer para impedir que a escravidão pare de nos
seguir a todo o vapor? Belloc é taxativo: Distributismo! Devemos, pois, distribuir
as propriedades entre as pessoas. A propriedade é algo bom e necessário, e é
por isso mesmo que deve estar na mão do maior número de pessoas possíveis.
Os homens devem adentrar em cooperativas, devem se ajudar mutuamente,
encarando todos como iguais, como irmãos, numa visão realmente fraterna,
solidária. Não é anarquismo, afinal haverá a necessidade de um Estado que
garanta aos homens o mínimo para viver e que gerencie os órgãos públicos,
como o judiciário, por exemplo. Não é ditatorial, afinal os homens se uniriam
livremente as cooperativas que quisessem, sendo cada um deles senhores de
suas propriedades e de seu trabalho, com um Estado que cobre impostos para
ajudar os outros cidadãos que se encontram em situações mais que
necessitadas.
O livro é muito mais que isso! Por isso, convido o professor à leitura do
mesmo, onde, creio, encontrará uma visão sóbria dessa dicotomia forçada entre
liberais e socialistas, onde encontrará uma visão que não busca defender
fanatismos políticos, mas pura e simplesmente a verdade, o melhor sistema
possível para os homens. De outros ilustres homens que tenham defendido o
distributismo, deixo o nome do grandioso G. K. Chesterton, amigo íntimo de
Belloc, além do socialismo George Orwell, que demonstrou profunda simpatia
pelo movimento. Caso tenha encontrado alguma lacuna nas ideias, afirmo com
veemência que não considere isso um pecado de Belloc, mas meu, que, por
mais que tenha me esforçado para ser digno de resumir tal obra, não cheguei
nem perto de fazer uma exposição completa e digna da obra.