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NOME Material:
DATA: TURMA 9° ano
“A causa a que devotei boa parte da minha vida não prosperou. Eu espero que
isto me tenha transformado em um historiador melhor, já que a melhor
história é escrita por aqueles que perderam algo. Os vencedores pensam que
a história terminou bem porque eles estavam certos, ao passo que os
perdedores perguntam por que tudo foi diferente, e esta é uma pergunta
muito mais relevante.” (Eric Hobsbawm)
Imagine uma comunidade ideal, numa ilha distante. Isolada do restante
do mundo. Tal sociedade seria formada por 54 distritos e não
haveria propriedade privada. A terra, principal fonte de riquezas, seria de
uso comum. A jornada de trabalho duraria no máximo seis horas. Haveria
também total liberdade de crença, de religião e todos os homens seriam
iguais ao nascer. Seria um mundo ideal, sem hierarquias. Enfim,
uma utopia. E foi exatamente esse o nome escolhido pelo escritor do
texto no qual aparecem essas confabulações, “Utopia”, escrita em 1516.
Seu autor não foi Marx, Engels ou Lênin. Mas do filósofo inglês Thomas
More. More morreu em 1535 decapitado por se recusar a abandonar a fé
católica. Por tal motivo, tornou-se Santo da Igreja.
Apesar das semelhanças, More não pode ser considerado um socialista. A
palavra socialismo, tal qual conhecemos hoje, aparece somente em 1820.
Tal doutrina é produto dos desdobramentos daquilo que o historiador
inglês Eric Hobsbawm chamou de Dupla Revolução, ou seja, a Revolução
Industrial (1750) e a Revolução Francesa (1789). Porém, há uma
semelhança fundamental entre ambas. Tanto as ideias de More, quanto
as socialistas, nascem do espanto ante as imperfeições da realidade. No
primeiro caso, era a Inglaterra de Henrique XVIII. No segundo, os
desdobramentos da Revolução Industrial.
A palavra utopia quer dizer “lugar nenhum”. Utopias são, portanto,
modelos ideais. Aparentemente perfeitos e, por isso, inalcançáveis para
sociedades formadas por homens imperfeitos. Mas nem por isso elas
podem ser descartadas. A ideia de perfeição nos permite perceber as
contradições e as injustiças do mundo em que vivemos. Pensar outras
realidades, outros mundos possíveis, nos obriga a caminhar, a agir,
mesma sabendo que não há uma linha de chagada.