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Aula 2 - História e Sociologia

📖 As grandes transformações do século XIX e o surgimento histórico da


Sociologia

Sociologia: surgiu apenas no século XIX.


Galileu: afirmou, a partir de observações dos astros, que a Terra girava em torno do
Sol, contrariando o pensamento que estava em voga, de que o Sol girava em torno da
Terra.
Entravam em choque duas visões sobre o conhecimento do mundo: uma visão
transcendente, que buscava explicar a mecânica celeste a partir da criação e do
ordenamento divinos; e uma ascendente, que buscava explicar o movimento dos astros
a partir da observação do movimento dos próprios astros.
Renascença: não eliminou deus. No mesmo momento em que visões imanentes do
mundo se afirmavam, visões transcendentes permaneciam. E isso se refletiu em vários
campos da atividade renascentista.
A afirmação das visões imanentes não fez com que as visões transcendentes
desaparecessem. O processo de laicização das visões de mundo nunca foi linear.
Visões imanentes e transcendentes passaram a coexistir, muitas vezes entrando em
choque umas com as outras.
Iluminismo (século XVIII): foi outro momento importante de afirmação das visões
imanentes do mundo. Embora diversos autores tivessem visões diferentes sobre vários
problemas, ao unir todos, havia a certeza de que era necessário entender o mundo à
luz da razão, não superstição ou crença.
Quando o século XIX chegou, já havia uma longa e consolidada tradição de
pensamento imanente, que buscava compreender os fenômenos a partir da
observação desses mesmos fenômenos de modo a encontrar neles suas dinâmicas
internas e leis de funcionamento.
Num curto espaço de algumas décadas, o mundo urbano-industrial se afirmou, e
surgiram o trabalhador industrial e o proprietário das fábricas. Os desafios de bairros
operários, cortiços lotados, desemprego, salários baixos geraram grandes greves,

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revoluções frustradas, desordem urbana e multidões trazendo medos para uns e
esperança para outros. Muitas foram as mudanças econômicas, sociais e políticas
ocasionadas pela Revolução Industrial. As principais são as seguintes:

Substituição da manufatura doméstica pela grande indústria como unidade


básica de produção: até o século XVIII, espaço doméstico e espaço de produção
se confundiam. As pessoas frequentemente moravam e trabalhavam no mesmo
lugar.

Em fins do século XIX, espaços de moradia e de trabalham estavam


radicalmente separados. O trabalho agora era realizado em uma grande
indústria, que reunia centenas de trabalhadores sob o mesmo teto.

Tipos de desenvolvimento: novas formas de armazenar a energia, incluindo a


tração animal ao motor de combustão interna, passando pelo vapor e energia
hidrelétrica.

Urbanização: o espaço da grande indústria é a cidade. Se até o século XVIII as


populações de países como Inglaterra e França viviam basicamente no campo, ao
longo do século XIX grandes cidades se consolidaram.

Em tais cidades, emergiu o que alguns autores chamavam de “questão social”.

Trabalhadores industriais e proprietários de fábricas: o camponês e o artesão,


que dominavam as técnicas de produção e possuíam os instrumentos de seu
trabalho, deram lugar ao trabalho industrial, que dominava apenas uma parte do
processo produtivo, no qual sua força de trabalho era seu instrumento.

As relações de assalariamento também se generalizam nesse momento. A


única via de acesso para que o trabalhador pudesse satisfazer suas
necessidades de sobrevivência passou a ser o salário que recebia em troca da
venda de sua força de trabalho.

Modificações nos modos de vida: no século XVIII, a mobilidade era bem


reduzida. No século seguinte, com a introdução da ferrovia, a área de
deslocamento aumentou drasticamente. As pessoas já podiam ser deslocar a
grandes distâncias com maior facilidade. Com o passar do tempo, o automóvel
permitiu que os deslocamentos se tornassem individuais. Com o desenvolvimento
do navio a vapor, as grandes migrações do século XIX não teriam acontecido.

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Eugenia: estudo das formas de aperfeiçoamento das futuras gerações da humanidade.
Fundada por Francis Galton, partia do pressuposto de que a raça humana se
encontrava em permanente evolução biológica, base da evolução moral. A ciência
eugênica deveria ajudar e acelerar a natureza de tal tarefa evolucionista.

Em um momento de transformações sociais, a eugenia afirmava que a miséria dos


cortiços operários, com todas as suas doenças e desarticulação familiar, resultavam
pouco dessas transformações, e sim da incapacidade de corpos e espíritos inferiores
em se adaptar às novas condições que se apresentavam.
Várias correntes de pensamento na virada do século incorporaram princípios eugênicos
às suas propostas políticas.

Outras correntes do pensamento eugênico se associariam ao pensamento racialista


que estava em desenvolvimento. A experiência política do casamento entre eugenia e
pensamento racial foi o nazismo, já no século XX.

Nazismo: inovou as práticas eugênicas ao não apenas evitar o nascimento de


crianças consideradas indesejáveis, mas também buscaram criar uma super-raça
nórdica. Eles também decidiram eliminar fisicamente aqueles que era uma ameaça
racial aos ariados, dando início então ao genocídio de judeus e ciganos.

O surgimento da Sociologia esteve intimamente ligada a uma questão que, aos olhos
de muitos, parecia central no século XIX: como manter a coesão social em um mundo
em que as autoridades tradicional perdiam a capacidade de ordenar a sociedade?

Anomia: ausência de leis, de normas ou de regras de organização. É o


enfraquecimento das normais sociais de um povo ou grupo social.

Termo cunhado por Durkheim em O suicídio.

Com o a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, essas autoridades perderam


legitimidade e a crença na democracia, no igualitarismo e no individualismo se
aprofunda. Ao mesmo tempo, as crescentes diferenças de renda e riqueza entre
proprietários e trabalhadores, atores surgidos da urbanização e industrialização,
descortinavam um novo cenário de conflito social.
Agora, você venderia sua força de trabalho, receberia seu salário e só. Fora disso, não
há mais nada.

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