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História A 12ºAno

2º Teste 11 de novembro

MUTAÇÕES NOS COMPORTAMENTOS E NA CULTURA


} AS TRANSFORMAÇÕES DA VIDA URBANA
No final do século XVIII, consequência da revolução industrial na Inglaterra os
camponeses são despedidos e saem do campo.
Assim, “as cidades estão cheias de gente”, pois as pessoas começam a frequentar
locais que anteriormente não o eram. O ambiente destas cidades caracteriza-se agora por
ser agitado.
Com estas alterações diminui a solidariedade, dado que cada um vive para si
mesmo.
Esta urbanização maciça, que não parou de se acentuar, operou transformações
profundas na vida e nos valores da civilização ocidental.

} A nova sociabilidade
Na grande cidade, o indivíduo perde-se no meio da multidão.
Os citadinos dirigem-se para o trabalho à mesma hora, partilham os mesmos
transportes, consomem os mesmos produtos, habitam casas semelhantes e mesmo os
lazeres tendem para a massificação.
A racionalização e a redução do tempo de trabalho, o crescimento da classe
média, e sobretudo a melhoria do nível de vida proporcionam uma nova cultura de ócio1
e permitiram dispor de dinheiro e tempo para o divertimento e prazer, fazendo com que
a convivência entre os sexos se tornasse mais ousada e livre (que rompia completamente
com as antigas regras sociais). Após a primeira guerra mundial a mulher ganha uma
nova visibilidade: passa a fazer compras nos grandes armazéns, sai para tomar chá, para
ir a praia, ao café, etc.
Adere-se ao uso do automóvel que alarga os espaços de lazer e incute o gosto
pela velocidade. Este gosto pelo movimento fomenta a prática desportiva que entra, pela
primeira vez, nos hábitos quotidianos.
O ritmo de vida nos anos 20 torna-se quase frenético.

} A crise dos valores tradicionais


Os tempos de otimismo, de confiança na paz, na liberdade, no progresso e bem-
estar que caracterizavam a viragem do século, ruíram subitamente com o eclodir da
Primeira Guerra.
A brutalidade de Primeira Guerra Mundial pôs em causa as instituições, os
valores espirituais e morais, todo o edifício social que tinha sustentado a ordem
burguesa do século XIX.
A morte de milhões de soldados, a miséria e as destruições visíveis gerou um
sentimento de desalento e a descrença no futuro, que afetou toda a sociedade.
Uma greve de contestação a todos os níveis abalou a sociedade que mergulhara
numa profunda crise de consciência e atingiu toda a conduta social.
Instalou-se um clima de anomia social.
Este relativismo de valores, acelerou as mudanças já em curso.

} A emancipação feminina
O século XX assiste à emancipação progressiva da mulher, até então totalmente
na dependência do homem.
Por volta de 1850 surge o feminismo.
1
Preguiça, vadiagem, descanso, repouso, vagar.
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As feministas lutam por:


- Direito da mulher casada dispor de bens;
- Direito à tutela dos filhos em caso de viuvez;
- Igualdade económica (profissão, salários);
- Igualdade jurídica;
- Acesso à educação;
- Igualdade política (direito de voto, possibilidade de ser eleita) – sendo esta luta
levada a cabo pelas sufragistas.

Em Portugal, fundou-se, em 1909, a Liga Republicana das Mulheres


Portuguesas, e mais tarde, a Associação de Propaganda Feminista (1911), que
perseguiram objetivos idênticos aos das suas congéneres europeias e que contaram com
a dedicação de mulheres prestigiadas como Ana de Castro Osório, Carolina Beatriz
Ângelo, Adelaide Cabete, Maria Veleda, entre outras.

Com a primeira guerra mundial os homens estavam nas trincheiras, as mulheres


viram-se libertas das suas tradicionais limitações como donas de casa, assumindo a
autoridade para sustentar a família.
Podiam ser vistas a trabalhar nas fábricas de armamento, a conduzir carrinhas e
autocarros, a fazerem reparações elétricas, trabalhar no campo, etc.
As mulheres passaram a adotar novos comportamentos sociais: frequentar festas
e clubes noturnos, praticar desporto, fumar e beber livremente e até mesmo a
valorização do corpo e da aparência conduziu ao aparecimento de uma nova mulher que
usava o cabelo curto e com as saias mais curtas e ousadas.
A autoconfiança feminina, permitiu que até ao final do conflito as mulheres
adquirissem o direito de intervenção política, consolidassem a sua posição jurídica na
família e viram aberto o acesso a carreiras profissionais prestigiadas.

} A DESCRENÇA NO PENSAMENTO POSITIVISTA E AS NOVAS


CONCEÇÕES CIENTÍFICAS
Em meados do XIX, o positivismo impusera a ideia de que a ciência tinha a
resposta para todos os problemas da humanidade.

A guerra mostra que a ciência e a técnica podem trazer infelicidade, através das
armas.

O pós-guerra dá origem:
Ceticismo: não dá a certeza a nada, dúvida razoável

Relativismo: Abordagem científica-filosófica que admite a impossibilidade do


conhecimento absoluto e acredita que o conhecimento depende das condições do tempo,
do meio e do sujeito que conhece.
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} O relativismo
No século XIX dominavam os valores burgueses, caracterizados pelo gosto pelo
trabalho, respeito, dinheiro, poupança, família e havia uma moral austera, que tornava
indiscutível o casamento, religião e outros preceitos morais.
Com a brutalidade da guerra, o ceticismo vai contestar os valores tradicionais –
casamento e o facto de ser indiscutível, moral sexual, religião, ou seja, tudo aquilo que
era os alicerces da sociedade do século XIX.
No início do século XX, verifica-se uma reação antirracionalista e
antipositivista, devido às teorias de alguns cientistas face à ciência
O positivismo dá então lugar ao relativismo, doutrina segundo a qual o
conhecimento é sempre relativo, condicionado pelas suas leis próprias, pelos limites do
sujeito que conhece e pelo contexto sociocultural que o rodeia.
Na filosofia, Henri Bergson defende que há realidades que escapam às leis da
Física e da Matemática, como a atividade psíquica e que só podem ser compreendidas
através da intuição – irracional, que não se aplicam as leis da ciência.
Para o filósofo a intuição é, de natureza muito diferente da inteligência que nos
revela o que não é aparente, valorizando o transcendente e com ele, a imagem de Deus.
Max Planck, por sua vez, demonstrou através da microfísica que as trocas de
energia não se faziam num fluxo suave e uniforme mas em pequenas unidades
separadas (quantum) que se movimentavam a altas velocidades em saltos bruscos e
descontínuos.
Também Einstein, funcionário de patentes protagonizou a revolução científica
com a elaboração da Teoria da Relatividade Restrita – demonstra que o espaço, o tempo
e o movimento não são absolutos mas relativos entre si (por exemplo, a massa do corpo
depende do movimento).

As teorias de Planck e Einstein mudaram a comunidade científica, considerando-


se assim que o conhecimento não poderia existir só com base naquilo que se podia tocar
mas também com mistério e desordem.

} As conceções psicanalíticas
Sigmund Freud elaborou, a partir de 1897, os princípios da psicanálise.
Segundo esta teoria, o psiquismo humano estrutura-se em três níveis distintos:
consciente, subconsciente e inconsciente.
O consciente representa uma pequena parte da mente, por oposição ao
inconsciente, camada profunda, rica e significativa mas dificilmente penetrável.
Entre o consciente e o inconsciente situa-se o subconsciente, constituído por
uma constelação de elementos psíquicos, que com facilidade podem passar para o
consciente.
Por influência de normas sociais, o indivíduo tem tendência a bloquear desejos
ou factos culpabilizantes, remetendo-os para o inconsciente onde ficam aprisionados,
num aparente esquecimento.
No entanto, estes impulsos e sentimentos recalcados persistem em afluir à
consciência, materializando-se em lapsos, esquecimentos súbitos, pequenos gestos ou de
forma mais grave, neuroses (distúrbios psíquicos).
Assim, para emergir o recalcamento a terapêutica baseia-se em grande parte na:
- Livre associação: sob a orientação do médico, o paciente deixa fluir as ideias
que lhe vêm a mente;
- Análise de sonhos: considerado a “via régia de acesso ao inconsciente”.
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} AS VANGUARDAS: RUTURAS COM OS CÂNONES DAS ARTES E DA


LITERATURA
Nas primeiras décadas do século XX, uma autêntica explosão de experiências
inovadoras convulsiona as artes.
Artistas e escritores derrubam as convenções académicas, criando uma estética
inteiramente nova.
Este movimento cultural – modernismo – irradiou Paris, que era o centro
artístico da Europa, rompendo com os Cânones2. A cidade era pois o centro da
vanguarda cultural europeia, plena de talentos e entusiasmo.

} Fauvismo
- Corrente essencialmente francesa que vigorou entre 1905 e 1907;
- Foi liderada pelo pintor Henri Matisse;
- Nome do movimento vem de fauves (feras).
- Primado da cor sobre a forma (é na cor que
encontram a sua forma de expressão artística e a cor
desenvolve-se em grandes manchas que delimitam planos);
- Utilização de cores puras e fortes;
- Sem pormenor, sem perspetiva e sem técnico claro-
escuro;
- Autonomia da obra de arte relativamente ao real (as
cores não correspondem ao real);
- Utilização de pinceladas;
- Principais representantes: Matisse e Vlaminck.

} Expressionismo
- Surge na Alemanha em simultâneo com o fauvismo;
- O movimento está ligado aos grupos: Die Brücke e Der Blaue Reiter;
- O movimento teve influência de Vang Gogh e Edward Much.

 Die Brücke
- Surge em 1905 em Dresden;
- Função: crítica social;
- Representa emoções;
- Formas distorcidas;
- As cores são violentas e puras;
- Acentua os contornos;
- Utiliza linhas curvas;
- Representantes: Kirchner e Nolde.

 Der Blaue Reiter


- Surge em Munique em 1911;
- As formas são menos chocantes do que no
grupo anterior;
- Formas simplificadas e angulosas;
- As cores são contrastantes;
- Representantes: Kandinsky e Franz Marc.

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padrões
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} Cubismo
- Influenciado pelo geometrismo de Cézanne e pela
estilização geométrica da arte africana;
- Nascimento ligado ao quadro de Picasso “Les
demoiselles d’Avignon”;
- Iniciado por volta de 1907 em Paris pelos pintores:
Pablo Picasso e George Braque;
- Dois tipos de cubismo: analítico e sintético.

 Cubismo Analítico
- Simplifica a representação das coisas decompondo-as em formas geométricas
como cones, esferas, cilindros, etc.;
- Decompõe o objeto como se circulasse à volta dele. Na tela estão diferentes
faces do objeto visto de diferentes perspetivas (de frente, de costas, de
perfil);
- Representa aquilo que conhece do objeto;
- Introduz uma quarta dimensão – o tempo;
- Utiliza uma cor e as suas tonalidades (azul, cinzento,
castanho).

 Cubismo Sintético
- Surge cerca de 1912;
- Não decompõe, sintetiza as formas essenciais e a
matéria;
- Utiliza formas geométricas simples – triângulos,
retângulos e quadrados;
- Usa materiais estranhos à pintura como colagens de
papel, panos, cartas de jogar, madeira, etc.;
- Representantes: Picasso, Braque e Juan Gris.

} Futurismo
- Surge em Itália com a publicação do Manifesto Futurista de Marinetti
publicado em 1909 no jornal Le Figaro;
- Revolta-se contra a tradição e exalta o
dinamismo da vida moderna e os valores da civilização
industrial;
- Defende a originalidade, força, dinamismo,
velocidade, técnica e maquinismo;
- Faz a apologia da guerra;
- Os artistas dão a ilusão de movimento com técnicas próprias da fotografia e do
cinema: decomposição das formas e das cores, alternância de planos, sobreposição de
imagens, utilização de linhas curvas e de elipses;
- Cores agressivas e repetitivas, tal como as formas, para dar a ideia do
movimento;
- Pintores: Balla, Baccioni e Picabia.

} Abstracionismo
- Movimento artístico que ainda que tenha começado antes atinge o apogeu após
a 2ª Guerra Mundial;
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- Está ligado ao pintor russo Kandinsky e ao holandês Mondrian;


- Dois tipos de abstracionismo: lírico e geométrico.

 Abstracionismo Lírico
- Surge em 1910, mas desenvolve-se a partir de
1918;
- Representa a realidade produzida pelo espírito
(inspiração no instinto e no inconsciente);
- O objeto desaparece;
- Sobressaem as linhas e as cores e os seus
respetivos significados;
- Articulação com as outras artes, nomeadamente com a música;
- Representantes: Kandinsky.

 Abstracionismo Geométrico
- É influenciado pelo cubismo;
- Está ligado ao pintor holandês Mondrian;
- A pintura utiliza formas geométricas simples, pintadas
com cores primárias;
- Utiliza duas não-cores (preto e branco);
- Representantes: Mondrian e Malevich.

} Dadaísmo
- Surge em 1916, na Suíça (Zurique) e atinge o apogeu em França cerca de 1920;
- Está ligado ao desencanto de uma geração educada na
crença da bondade dos valores da civilização industrial pela
brutalidade da guerra mundial;
- O seu único princípio é a incoerência, o acaso, o
irracional, o jogo e a provocação;
- Utiliza a inovação, a troca, o insulto para destruir a
ordem e estabelecer o caos;
- Eleva os objetos comuns à categoria de obras de arte;
- Pintores: Marcel Duchamp, Man Ray e Picabia.

} Surrealismo
- Estilo dominante na Europa nas décadas de 1920 e 1930;
- O seu principal impulsionador foi André Breton que publicou em 1924 o
primeiro Manifesto do Surrealismo;
Defendem:
- A libertação das imagens e da energia contida no inconsciente;
- São influenciados pela psicanálise de Freud;
- Existência de duas vertentes: a abstração e a
figurativa. Qualquer uma delas utiliza o acaso, o
automatismo e ignora as convenções morais e estéticas
construindo uma realidade nova e autónoma;
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- As pinturas representavam universos absurdos, cenas grotescas e estranhas,


sonhos e alucinações, objetos representados de uma forma enigmática, misturando
objetos reais com objetos fantásticos;
- Representantes: Salvador Dali e Jean Miró.

} Os caminhos da literatura
O início do século XX correspondeu, no campo das letras a uma verdadeira
revolução que pôs em causa os valores e as tradições literárias.
A literatura percorreu, nesta época, todas as vias que a expressão escrita permite
percorrer.
Nas primeiras décadas do século XX, tal como na pintura, foi abandonada a
descrição ordenada e realista da sociedade e dos acontecimentos.
As obras voltam-se para a vida psicológica e interior das personagens e numa
linha complementar proclamam a liberdade total do ser humano, o seu direito de tudo
ousar (desde que o façam por convicção), rejeitando as regras da moral, da família e da
sociedade.
As obras, além das alterações a nível do tema destacam-se também pela
introdução de novas formas de expressão ao nível de linguagem e construção frásica.

PORTUGAL NO PRIMEIRO PÓS-GUERRA


} AS DIFICULDADES ECONÓMICAS E A INSTABIBILIDADE POLÍTICA E
SOCIAL; A FALÊNCIA DA PRIMEIRA REPÚBLICA
Derivado aos elevados poderes do Congresso da República, em que em 16 anos
de regime houvera muitas eleições atribui-se a crónica de instabilidade governativa.
O parlamento interferia em todos os aspetos da vida governativa exigindo
constantes explicações aos membros do Governo e enveredando até, pela via dos
ataques pessoais.
Ao laicismo3 da República, assente na separação da Igreja do Estado se deve o
seu anticlericalismo. A proibição de congregações religiosas, as humilhações impostas a
sacerdotes e a excessiva regulamentação do culto conquistaram à República a
hostilidade da Igreja e do país conservador e católico.

} Dificuldades económicas e instabilidade social


Em março de 1916, Portugal entrou na Guerra, integrando a causa dos Aliados.
O seu contingente designava-se por CEP – Corpo Expedicionário Português, chefiado
por Gomes da Costa.
A sua participação no conflito mundial acentuou os desequilíbrios económicos e
o descontentamento social.
3
Doutrina que tende a dar às instituições um caráter não religioso.
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Consequências da entrada na guerra:


- Falta de bens de consumo;
- Racionamentos;
- Especulação;
- Produção industrial em queda;
- Défice da balança comercial;
- Dívida pública disparou;
- Diminuição das receitas orçamentais;
- Aumento das despesas.

O processo inflacionista permaneceu para além da guerra, subindo assim o custo


de vida e afetando os que viviam de rendimentos fixos e poupanças, ou seja, as classes
médias e os operários, vítimas de desemprego.
Também descrente da república estava o operariado.
A agitação social em 1919-1920, levava a frequentes greves organizadas pelas
anarcossindicalistas.

} O agravamento da instabilidade política


Em 1915, ainda Portugal não tinha entrado na guerra e já o general Pimenta de
Castro dissolvia o Parlamento e instalava a ditadura militar.
Pela via da ditadura seguiu-se Sidónio Pais, em dezembro de 1917.
Destituiu o Presidente da República, dissolveu o Congresso e fez-se eleger
presidente por eleições diretas, em abril de 1918.
Através de um golpe de Estado, desmorona a República Velha e instala a
República Nova, sendo apoiado por monárquicos, religiosos e evolucionistas.
Cria a sopa dos pobres, abre creches para os filhos do proletariado,
demonstrando um grande carinho pelo povo.
No entanto, a dezembro de 1918 é assassinado e os monarquistas aproveitam-se,
criando a “Monarquia do Norte”, proclamada no Porto que suscita uma guerra civil
entre Lisboa e Norte.
O regresso ao funcionamento democrático das instituições fez-se logo em março
de 1919, mas a República Velha (período terminal da Primeira República) não desfrutou
da conciliação desejada: a divisão dos republicanos agravou-se; os antigos políticos
retiraram-se da cena política e aos novos líderes faltaram capacidade e carisma para
imporem os seus projetos.
À instabilidade governativa somavam-se atos de violência que manchavam o
regime e envergonhavam Portugal aos olhos dos outros países.
Foi o caso do acontecimento designado por “Noite Sangrenta” a 19 de outubro
de 1921, ocorrendo o assassinato de António Granjo (ex-chefe de Governo), Carlos da
Maia (republicano de raiz) e Machado dos Santos (comandou as tropas de 5 de
Outubro).

} A falência da Primeira República


Das fraquezas da República se aproveitou a oposição para se reorganizar:
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- Igreja: indisposta com o anticlericalismo e o ateísmo republicanos cerra filas


em torno do Centro Católico Portugal tendo como apoio o país agrário, conservador e
católico;
- Os grandes proprietários e capitalistas, ameaçados pelo aumento dos impostos
e pelo surto grevista e terrorista, exploraram o tema da ameaça bolchevista (Criaram em
1922, a Confederação Patronal, transformada pouco depois em União dos Interesses
Económicos, concorrendo às urnas, fazendo eleger deputados seus ao Parlamento);
- A classe média vê o seu nível de vida a diminuir de qualidade e teme o
bolchevismo tirando o apoio à República e desejando um governo forte.

Portugal fica então suscetível às soluções autoritárias.

A 28 de maio de 1926, através de um golpe de Estado por Gomes da Costa a


Primeira República portuguesa cai, instalando-se uma ditadura militar de 1926 a 1933.

} TENDÊNCIAS CULTURAIS: ENTRE O NATURALISMO E A VANGUARDA


} Pintura
Portugal permanecia acomodado aos padrões estéticos, cujo gosto oficial
premiava o naturalismo.
Aquela pintura académica que obedecia a regras criteriosamente aprendidas nas
academias de Belas-Artes, satisfazia-se com as cenas de costumes e as particularidades
realistas da vida popular.
O novo poder republicano, nacionalista e eleitoralista apreciava e acarinhava as
velhas tendências culturais, dado que refletiva a mais pura essência do portuguesismo e
justificava os esforços de promoção cívica (social e cultural) em que a República se
empenhava.
Desde 1911, artistas plásticos e escritores como Cristiano Luz, Santa-Rita,
Amadeo de Souza-Cardoso, Mário de Sá Carneiro, Fernando Pessoa, Eduardo Viana,
entre outros lutavam por colocar Portugal no mapa cultural da Europa. Muitos deles
tinham estudado em Paris e lá se fascinaram com as vanguardas artísticas do tempo.
Estes, de costas voltadas para o academismo, revelaram-se cosmopolitas.
Substituíram a iconografia rústica, melancólica e saudosa pelo mundanismo boémio,
esquematizavam em vez de pormenorizarem, apoiavam-se no plano, procuravam a
originalidade e experimentavam. Foram cubistas, impressionistas, futuristas,
abstracionistas, expressionistas, surrealistas.
Ao atacarem alicerces da sociedade burguesa, nomeadamente os seus gostos e
valores culturais, os modernistas receberam a indignação e o sarcasmo, sendo que para
se afirmarem realizavam exposições independentes, publicações periódicas e decoravam
espaços públicos à revelia de preceitos académicos.

} Modernismo
- Os artistas abandonam o saudosismo rural que é substituído pelo
cosmopolitismo boémio;
- O pormenor desaparece havendo a simplificação da linha;
- Esbatimento do volume;
- Utilização de cores contrastantes;
- Costumam distinguir dois modernismos: 1911 a 1918, ligado às revistas
Orpheu e Portugal Futurista e 1920 a 1930 às revistas Presença e Contemporânea.
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} O primeiro modernismo (1911-1918)


Na pintura, o primeiro modernismo ficou ligado a um conjunto de exposições
(livres, independentes e humoristas) realizadas com regularidade desde 1911, em Lisboa
e no Porto. Nelas encontramos artistas como Manuel Bentes, Almada Negreiros,
Cristiano Cruz, Stuart Carvalhais, entre outros.
Os desenhos apresentados, muitos deles caricaturas, perseguiam objetivos de
sátira política, social e até anticlerical. Entre enquadramentos boémios e urbanos, ora
avultavam as cenas elegantes de café, ora as cenas populares com as suas figuras típicas.
Utilizavam-se cores claras e contrastantes.
Este primeiro modernismo sofreu um impulso notável com a eclosão da Primeira
Guerra Mundial, principalmente quando voltaram de Paris, Amadeo Souza-Cardoso,
Guilherme Santa-Rita, Eduardo Viana, José Pacheco, considerados o melhor núcleo de
pintores portugueses assim como com eles veio o casal Robert e Sonia Delaunay,
destacadas personalidades do meio artístico parisiense.
Destes regressos resultou a formação de dois pólos ativos e inovadores:
- Lisboa, liderado por Almada Negreiros e Santa-Rita, que se juntaram a
Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, surgindo a revista Orpheu, sendo somente
dois números publicados que revelavam a faceta mais inovadora, polémica e
emblemática do futurismo, “fez o encontro das letras com a pintura”. Deixaram o país
escandalizado com o repúdio ao homem contemplativo
e exaltando o homem de ação, denunciado a morbidez
saudosista dos Portugueses e incitando ao orgulho,
ação, aventura e glória.
- Norte, em torno do casal Delaunay, Eduardo Viana e
Amadeo de Souza-Cardoso. Amadeo de Souza-
Cardoso, influenciado pelo futurismo realizou duas
exposições individuais, não tendo o apoio da crítica
nem do público. Saiu também o número único da revista Portugal Futurista, que teve a
apreensão da polícia. O regime republicano atacado nos gostos e opções culturais não se
desvinculava dos cânones académicos.

} O segundo modernismo (Anos 20 e 30)


Com as mortes prematuras de Sá-Carneiro, Santa-Rita e Amadeo, o regresso dos
Delaunay a França e a partida de Almada para Paris encerrou-se o primeiro modernismo
português.
- Reúne homens das letras e das artes;
- Nas letras destacamos José Régio, Adolfo Casais
Monteiro e João Gaspar Simões;
- Tal como no primeiro modernismo, estavam à margem,
não sendo compreendidos pela crítica e pelo público;
- Davam a conhecer o seu trabalho através de: exposições
independentes, decoração de espaços como Bristol Club e A
Brasileira do Chiado. Ilustração de revistas tais como: Domingo
Ilustrado, ABC, Ilustração Portuguesa, Sempre Fixe, etc.
Existência de duas revistas: Contemporânea e Presença;
- Em 1933, António Ferro, jornalista e admirador do modernismo é nomeado
Chefe do Secretariado de Propaganda Nacional (controlava a arte durante o Estado
Novo). Contrata os modernistas com o objetivo destes transmitirem a imagem que o
Estado Novo pretendia criar. Os modernistas passam a representantes da arte oficial.
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- Esta subordinação do modernismo é contestada pelo pintor António Pedro que


promove, na década de 30, uma exposição de artistas independentes que pretendida ser
uma homenagem aos membros do primeiro modernismo.
Na década de 40 vai ser um dos introdutores do surrealismo em Portugal. Este
opunha-se à arte oficial.

} Alguns pintores modernistas


 Amadeo de Souza-Cardoso
- Em Paris troca a arquitetura pela pintura;
- Em 1913, Amadeo é reconhecido pela crítica;
- Quando rebenta a Primeira Guerra Mundial volta a
Portugal, aplicando técnicas vanguardistas absorvidas em
Paris;
- Em 1916 expõe em Lisboa e no Porto, mas depara-se com
a incompreensão da crítica e do público;
- Tem uma obra multifacetada, que passa pelo desenho
estilizado, pelo cubismo, expressionismo, futurismo e pelo
dadaísmo;
- Participa na Portugal Futurista, apreendida pela polícia e o terceiro número de
Orpheu, que não foi publicada contava com obras suas.

 José de Almada Negreiros


- Realiza em 1913 a sua primeira exposição individual e trava amizade com
Fernando Pessoa, com quem colaborará em Orpheu e
Portugal Futurista;
- Produz mais obras literárias que pictóricas
sendo alguns dos seus textos de intervenção:
Manifesto Anti-Dantas, K4;
- Pinta o Autorretrato num Grupo para a
redecoração de A Brasileira;
- Desiludido, parte para Madrid durante cinco anos onde inicia a técnica do
mural;
- Decora na década de 40 as Gares Marítimas de Lisboa;
- Casa-se com Sarah Afonso e realiza Maternidade;

 Eduardo Viana
- Em 1905, desiste do seu curso da Academia Nacional de Belas-Artes e parte
com Manuel Bentes para Paris, na busca do ensino moderno;
- Deixa-se fascinar por Cézanne;
- Em 1915, o pintor instala-se com o casal Delaunay,
sendo que datam dessa época as suas incursões, na
decomposição das formas, à maneira cubista, e da luz, à
maneira órfica. Deixa-se influenciar pelo brilho do sol
português e pelas cores alegres da olaria minhota;
- O Rapaz das Louças, marca o retorno de Viana à
figuração volumétrica;
- Foi frequentemente acusado de “cézannista”, sendo
ligado a uma pintura oitocentista;
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- A sua modernista reside na pujança da cor, que usa em contrastes vibrantes e


luminosos, quer em retratos nus, paisagens ou naturezas-mortas;
- Foi admirado como um dos maiores pintores da primeira geração de
modernistas;
- “Pintor fundamentalmente sensual, um instintivo, estranho a teorias (…) ”

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