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COLÉGIO NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

IRMÃS DOMINICANAS
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
PROFESSOR FERNANDO RODRIGUES
DISCIPLINA DE HISTÓRIA
ENSINO MÉDIO – 1ª SÉRIE
QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. De acordo com o historiador Nicolau Sevcenko, é possível identificar um “confronto entre o impulso libertador,
presente nos anseios de mudança social, e o caráter autoritário, elitista do planejamento reformador” em muitas
obras produzidas por escritores identificados com o pensamento Iluminista.
“Apresentação”. Restif de La Bretonne. Noites revolucionárias. São Paulo: Estação Liberdade, 1989.

a) Cite um pensador identificado com o Iluminismo.


b) Identifique dois elementos do Iluminismo que contribuíram para a crítica do Antigo Regime.
c) Indique uma medida marcada pelo “impulso libertador” e outra pelo “planejamento reformador” adotada durante a
Convenção Nacional ou sob o Diretório.

2. Examine a seguinte imagem:

a) Identifique e analise dois elementos representados na imagem, relativos ao contexto sociopolítico de Portugal na
segunda metade do século XVIII.
b) Aponte e explique uma medida relativa ao Brasil, adotada por Portugal nessa mesma época.

3. “A busca da felicidade” é ainda mais familiar aos americanos do que “devemos cultivar nosso jardim” o é para os
franceses. É a frase mais memorável da Declaração de Independência americana, o clímax retórico da enunciação
de Thomas Jefferson dos direitos naturais e da teoria revolucionária: “Consideramos como verdades evidentes que
todos os homens são criados iguais, que a todos o Criador dotou de certos direitos inalienáveis, entre os quais estão
a vida, a liberdade e a busca da felicidade”. O que Jefferson entendia por “busca da felicidade”? (...).
Frequentemente, os analistas do discurso político estabelecem um significado mostrando o que não é dito, tanto
quanto o que é dito. “Vida, liberdade e propriedade” foi a fórmula-padrão nos debates políticos do mundo de língua
inglesa durante os séculos XVII e XVIII. (...) Se a “busca da felicidade” deve ser vista como um recurso de retórica,
seu significado deve fundar-se, pelo menos em parte, numa comparação implícita com o direito de propriedade.
DARNTON, Robert. Os dentes falsos de George Washington: um guia não convencional para o século XVIII. São
Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 112-113.

a) Indique um dos direitos naturais do Homem evocados por Thomas Jefferson na Declaração de Independência
americana.
b) Qual é a relação estabelecida pelo texto entre “busca da felicidade” e “direito de propriedade”?
c) É possível afirmar que a Declaração de Independência dos Estados Unidos contém uma teoria revolucionária?
Justifique.
4. Em finais de maio de 1845, Friedrich Engels (1820-1895) publicou o livro “A situação da classe trabalhadora na
Inglaterra”, do qual faz parte o trecho abaixo:
O que é verdadeiro para Londres também é para Manchester, Birmingham e Leeds – é verdadeiro para todas as
grandes cidades. Em todas as partes, indiferença bárbara e grosseiro egoísmo de um lado e, de outro, miséria
indescritível; em todas as partes, a guerra social [...]. Na escala em que, nessa guerra social, as armas de combate
são o capital, a propriedade direta ou indireta dos meios de subsistência e dos meios de produção, é óbvio que todos
os ônus de uma tal situação recaem sobre o pobre. Ninguém se preocupa com ele: lançado nesse turbilhão caótico,
ele deve sobreviver como puder. Se tem a sorte de encontrar trabalho, isto é, se a burguesia lhe faz o favor de
enriquecer à sua custa, espera-o um salário apenas suficiente para o manter vivo; se não encontrar trabalho e não
temer a polícia, pode roubar; pode ainda morrer de fome, caso em que a polícia tomará cuidado para que a morte
seja silenciosa para não chocar a burguesia.
(ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Trad. Bernhard A. Schumann. São Paulo:
Boitempo Editorial, 2010, p. 68-69.)
Com base no texto acima:
a) Contextualize o período que é criticado pelo autor e identifique duas características desse período.
b) Quais classes sociais estão em oposição na descrição fornecida pelo autor?

5. “Os operários não deviam ser proibidos de pensar. Na época do velho, o mineiro vivia como um animal, enterrado
na mina, sem se dar conta do que acontecia. Por isso os ricos podiam chupar o sangue dos operários. Mas esses já
estavam acordando. No fundo da terra germinava uma semente, e um belo dia os homens brotariam da terra, um
exército de homens que viria restabelecer a justiça. Desde a Revolução Francesa todos os cidadãos não eram
considerados iguais?”
ZOLA, Émile. Germinal. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p.58-59.

Com base na leitura do excerto do romance naturalista Germinal publicado na França em 1885,
a) indique um tema presente no excerto.
b) cite dois elementos que evidenciem as mudanças em curso na condição dos operários.
c) exponha duas razões pelas quais a Revolução Francesa é mencionada na denúncia das injustiças.

6. Leia os dois textos, escritos no final do século XVIII.


Texto 1
O grande dia, resultado da libertação, começava a me despertar; respirava livremente, quando vi diante de mim uma
multidão em tumulto. Não fiquei surpreso... Aproximo-me e... oh! espetáculo de horror! Vejo duas cabeças na ponta
de uma lança!...
Aterrorizado, informo-me... “São”, diz-me um açougueiro, “as cabeças de Flesselles e de De Launay...” Ouvindo isso,
estremeço! Vejo uma nuvem de males pairar sobre a infeliz capital dos franceses... Mas a informação não estava
inteiramente correta: a cabeça de Flesselles, o rosto desfigurado pelo tiro de pistola que há pouco acabara com sua
vida, rolava nas águas do Sena. Eram De Launay e seu major que eu via ultrajados!
Prossigo: mil vozes de arauto para a Novidade... [...] Não acreditei e fui ver o cerco de perto... No meio da Grève,
encontro um corpo sem a cabeça estendido no meio do riacho, rodeado por cinco ou seis indiferentes. Faço
perguntas... É o governador da Bastilha...
Que pensamentos!... Esse homem, outrora impassível diante do desespero dos infelizes enterrados vivos sob sua
guarda, por ordem de execráveis ministros, ei-lo!...
(Restif de la Bretonne. As noites revolucionárias, 1989.)

Texto 2
Oh! Aquela alegria me deu náuseas. Sentia-me ao mesmo tempo satisfeito e descontente. E eu disse, tanto melhor e
tanto pior. Eu entendia que o povo comum estava tomando a justiça em suas mãos. Aprovo essa justiça [...] mas
poderia não ser cruel? Castigos de todos os tipos, arrastamento e esquartejamento, tortura, a roda, o cavalete, a
fogueira, verdugos proliferando por toda parte trouxeram tanto prejuízo aos nossos costumes! Nossos senhores [...]
colherão o que semearam.
(Graco Babeuf apud Robert Darnton. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução, 1990.)

a) Cite o evento histórico a que o texto 1 se refere e a situação sociopolítica e econômica a que esse evento se opôs.
b) Identifique o elemento comum aos dois textos e explique a última frase do texto 2.
Gabarito:

Resposta da questão 1:
a) Locke, Montesquieu, Voltaire, Rousseau, etc.
b) O liberalismo econômico de Adam Smith que criticou o mercantilismo e defendeu o livre mercado e o liberalismo
político de Montesquieu que criticou a centralização do poder do absolutismo e defendeu a divisão do poder em três
partes.
c) Durante a Convenção Nacional, 1793-1795: abolição da escravidão nas colônias da França refletindo no Haiti e
medidas sociais importantes como novo calendário, novo sistemas de pesos e medidas, etc.

Resposta da questão 2:
a) Primeiro elemento: figura de Marquês de Pombal, representante do Despotismo Esclarecido em Portugal;
Segundo elemento: ênfase no comércio ultramarino e na colonização além-mar, representados pelos navios.
b) Medida: transferência da capital colonial de Salvador para o Rio de Janeiro, indicando um deslocamento
socioeconômico na Colônia, do Nordeste para o Sudeste.

Resposta da questão 3:
a) Os direitos naturais mencionados no texto são; vida, liberdade e propriedade presente no pensamento de Locke.
b) A concretização da felicidade pode ser possuir propriedade. Naquele contexto de declaração, a própria
independência da colônia diante da Inglaterra era ter posse da liberdade, o que significa felicidade.
c) Sem dúvida. A declaração de independência redigida por Thomas Jefferson tem como base teórica as ideias
iluministas de Locke defensor dos direitos naturais do homem: vida, liberdade e propriedade. Caso o governo não
preserve esses direitos, a sociedade pode se rebelar contra as autoridades estabelecidas.

Resposta da questão 4:
a) Engels está criticando os efeitos maléficos da Revolução Industrial, que penalizou duramente os trabalhadores:
péssimas condições de trabalho e moradia, baixos salários, exploração do trabalho feminino e infantil, acúmulo de
capital nas mão da burguesia em detrimento da exploração da mão de obra.
b) A Revolução Industrial gerou a separação entre capital (nas mãos da burguesia) e trabalho (os operários vendiam
sua força de trabalho ou ficavam desempregados). Daí, a intensa luta de classes, objeto de estudo do Marxismo.

Resposta da questão 5:
a) Podemos citar a Revolução Industrial e as suas consequências socioeconômicas.
b) Podemos citar a conscientização dos operários, o surgimento de ideais socialistas e anarquistas e a busca por
ampliação de direitos.
c) A Revolução Francesa é um grande marco histórico porque levantou-se contra as injustiças do Antigo Regime para
buscar a formação de uma sociedade que buscava atender aos anseios do Terceiro Estado.

Resposta da questão 6:
a) O excerto faz alusão a queda da Bastilha, 14/07/1789, marca o início da Revolução Francesa. A sociedade ainda
estava dividida em estamentos de acordo com o Antigo Regime: Clero, Nobreza eram os privilegiados e os demais
formavam o terceiro estado. Na política imperava o absolutismo monárquico da dinastia dos Bourbons na figura de
Luiz XVI. A economia francesa era agrária, semifeudal, agravada por uma forte crise econômica-financeira.
b) A forte violência praticada pelos populares vinculados ao terceiro estado no início da Revolução Francesa está
presente nos dois textos. O comentário de Graco Babeuf no final do texto “nossos senhores colherão o que
semearam” aponta para toda a exploração praticada pelos privilegiados (primeira estado composto pelo clero e
segundo estado constituído pela nobreza) contra o povo pobre durante a vigência do Antigo Regime, e que, no
contexto da Revolução Francesa, o povo vai radicalizar através de atos de violência conforme sugerem os textos.

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