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TESTE SUMATIVO DE HISTÓRIA A – 12º ANO – ANO LETIVO 2022/2023

GRUPO I – AS TRANSFORMAÇÕES NO COMPORTAMENTO E NA CULTURA


Doc. 1 – A CRISE DOS VALORES NA EUROPA DO PÓS-GUERRA
Nós civilizações tardias …também nós sabemos que somos mortais. […] Estamos conscientes de que a
civilização tem a mesma fragilidade da vida. […] Com os nossos próprios olhos, vemos o trabalho
consciencioso, a aprendizagem mais sólida e a mais séria disciplina e empenho aplicados aos fins mais
horríveis. Tantos horrores não teriam sido possíveis sem tantas virtudes. Sem dúvida, muita ciência foi
necessária para matar tantos, para devastar tanta propriedade, aniquilar tantas cidades num tão curto
espaço de tempo […]. A crise militar pode ter terminado. A crise económica ainda nos atinge com força.
Mas a crise intelectual, mais subtil e, pela sua natureza de aparência mais enganadora, dificilmente
nos permite compreender a sua verdadeira extensão […]. Ninguém sabe o que estará morto ou vivo
amanhã, na literatura, filosofia, estética; ninguém sabe que ideias, modos de expressão serão inscritos
na lista de vítimas, que novidades serão proclamadas. […] perdeu-se a ilusão de uma cultura europeia,
e o conhecimento mostrou-se impotente para salvar o que quer que fosse; a ciência está ferida de morte
nas suas ambições morais […]; o idealismo mal sobrevive […], o realismo é inútil derrotado e preso aos
seus próprios crimes e erros […], até os céticos perderam as suas dúvidas, recuperaram, e voltaram a
perdê-las novamente, não sendo mais mestres do seu pensamento. [...] Adeus fantasmas! O mundo
não precisa mais de vós ou de mim […]. Reina ainda uma certa confusão; mas dentro em breve tudo se
tornará claro, e todos testemunharemos o milagre de uma sociedade animal […].
Paul Valéry, La Crise de l’Esprit, 1919 [tradução adaptada].
Doc. 2 – A nova imagem da mulher nos anos 20 Doc. 3 - Ernest Kirchner “Cena de
Rua em Berlim”, 1918

1. Identifique a designação atribuída aos comportamentos sociais e à vivência quotidiana nas cidades
dos anos 20.
2. Associe cada um dos elementos relacionados com as características dos comportamentos e da
cultura nos anos 20, presentes na coluna A, à designação correspondente, que consta na coluna B
3. Identifique a corrente artística em que se insere o doc.3 e saliente três das suas características
COLUNA A COLUNA B

(A) Corrente artística com especial destaque na Alemanha que expressa as emoções (1) Modernismo
e as perspetivas do mundo através da obra de arte, valorizando a interioridade e
revelando preocupações políticas e sociais. Centra as suas obras na essência humana (2)
e na natureza. Expressionismo

(B) Movimento reivindicativo que defende o estado de igualdade de direitos políticos, (3) Vanguarda
económicos, culturais e sociais para as mulheres.
(4) Feminismo
(C) Sentimento de descrença nos valores, de vazio, de perda de raízes, em virtude das
mudanças sociais provocadas pelo fim das normas e dos valores tradicionais de (5) Psicanálise
regulação da vida em sociedade.
(6) Relativismo
(D) Movimento cultural e artístico que rompeu com a tradição académica e valorizou
a liberdade de criação, inaugurando um novo sentido estético, baseado na liberdade (7) Futurismo
de criação, na subjetividade e na força emocional.
(8) Anomia
(E) Põe em causa as verdades absolutas e o valor da ciência tradicional, aceita a social
probabilidade e conduz à descrença no progresso e na capacidade humana em
controlar a natureza.

4. Desenvolva o seguinte tema:

“AS TRANSFORMAÇÕES NOS COMPORTAMENTOS E NOS VALORES APÓS A 1ª GUERRA MUNDIAL.”

A sua resposta deve abordar, pela ordem que entender, três aspetos para cada um dos tópicos de
desenvolvimento

 a mudança dos valores e dos comportamentos na sociedade urbana;


 o papel social da mulher

Deve integrar na resposta, para além dos seus conhecimentos, os dados disponíveis nos documentos 1 a 3.
GRUPO II - DAS FRAGILIDADES DO REGIME REPUBLICANO PORTUGUÊS AO ESTADO NOVO

“Os políticos não têm sabido atuar e têm-se limitado a dizer palavras. Para o público, nós somos seres
especiais que consomem o tempo em bizantinas discussões […]. As sociedades atuais apresentam evidentes
sinais de desagregação, sendo o principal o enfraquecimento do Poder central. […] O Poder curva-se perante
os desordeiros sociais, permitindo o estabelecimento duma confusão que a maiores misérias nos conduzirá.
Há, portanto, que estabelecer a verdadeira ordem: reprimindo os de cima ao pretenderem que os de baixo
paguem tudo; reprimindo os de baixo quando queiram implantar, em nome de falsos princípios, a desordem
da sociedade! Deste Poder que se humilha como um mendigo, numa altura em que lhe são exigidos todos
os heroísmos, faz parte o Parlamento liberal – instituição caduca que é necessário não eliminar, mas
transformar. […] Reparemos, quanto a ditaduras, que, de facto, elas surgem sempre que são necessárias.
A Itália, que vivia em conflitos sociais permanentes e com um Parlamento que se tornara numa razão de
desordem, encontrou um homem que, em determinado momento, encarnou os desejos coletivos. Esse
homem […] impôs a ordem onde havia a desordem.
Entre nós existe, também, a necessidade urgente duma reação! Os partidos estão minados por elementos
de desorganização.
Mas os partidos e os homens públicos só podem fazer alguma coisa e lutar com probabilidades de êxito
desde que se apoiem na única força que ainda se mantém disciplinada, através de todos os cataclismos da
Nação: a Força Armada! […] O Exército não deve, realmente, atuar contra os partidos, mas tem o direito de
fazer ouvir a sua voz e de indicar aos poderes públicos que, se lhe compete neutralizar as ameaças de
dissolução da sociedade portuguesa, também lhe compete o direito de falar – sob pena de se perder tudo,
absolutamente tudo, em Portugal. […]
As dificuldades de solução dos problemas económicos e financeiros todos V. Exas. as conhecem. Não há um
pensamento fixo e obstinado de reduzir as despesas, porque todos se revoltam contra os que querem
encarar o problema a sério. Há organismos numerosos que estão condenados a uma função parasitária. […]
Tocar nisso, porém, é impossível, porque os politicões não deixam mexer nas clientelas, e as clientelas
conservam-se, à cautela, de armas na mão, prontas para a revolta. Por falta de recursos financeiros, a
economia nacional vê paralisado o seu pleno desenvolvimento. E, como consequência de tudo isto, a moeda
portuguesa desvaloriza-se, continuamente, e a fome e a miséria invadem os lares dos que trabalham. […]
estas condições, a ditadura impõe-se, nesta hora, como necessidade inadiável.”
Conferência de Cunha Leal na Sociedade de Geografia (17 de Dezembro de 1923)

1. Explicite três dos aspetos políticos que, na perspetiva do autor, caracterizavam a instabilidade da
Primeira República na década de 1920. Deve justificar as suas afirmações com excertos do texto.
2. Enuncie quatro dos fatores de ordem económico-social que, segundo o autor, fragilizavam o regime
republicano.
3. Identifique o modelo político elogiado pelo autor e adotado em Portugal a partir de 1926.

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