O iluminismo pode ser definido como um conjunto de ideias que
circulavam predominantemente no século XVIII e sobretudo na França e na Inglaterra, mas exemplos dessas ideias podem ser encontradas nos mais diversos países europeus em maior ou menor escala. ILUMINISMO
Essas ideias eram contra o absolutismo monárquico e o
mercantilismo, marcas do Antigo Regime, quando a nobreza e o clero detinham o poder na sociedade europeia, deixando burgueses, artesãos, camponeses e trabalhadores urbanos em segundo plano nas decisões políticas e econômicas, visando manter seus privilégios oriundos da sociedade estamental da Idade Média. ILUMINISMO
Os livros e textos iluministas eram proibidos pelo Conselho de
Estado e muitas vezes queimados pelo governo, mas quanto mais perseguidos, maior era o sucesso desses escritos. Os pensadores encontravam-se para discutir suas ideias em salões da alta burguesia e até nos de uma nobreza que flertava com seus ideais. ILUMINISMO
Formavam uma verdadeira classe de escritores prestigiados.
As principais ideias desse grupo estavam contidas em uma obra organizada pelos franceses Diderot e D’Alembert, a Enciclopédia. Essa obra, em 28 volumes, pretendia explicar o mundo a partir da ciência e da técnica produzidas pela humanidade até então. ILUMINISMO ILUMINISMO
Diderot e D’Alembert convidaram diversos pensadores, em sua
maioria franceses, para escreverem verbetes na Enciclopédia. Alguns destes haviam visitado a Inglaterra e tomado contato com o liberalismo existente naquele país, tanto do ponto de vista político, com um rei que não tinha poderes absolutos, quanto do econômico: a Inglaterra passava por um processo de industrialização que você estudará em breve e que provocava intenso movimento comercial. ILUMINISMO
O centro do debate era tornar a razão o farol que ilumina o
caminho dos homens no mar de escuridão que o Antigo Regime os obrigava a viver. Vamos conhecer, agora, algumas ideias iluministas que estão presentes até hoje em nossa vida. ILUMINISMO
Retrato de Denis Diderot. Louis-Michel
van Loo (França, 1707-1771). Óleo sobre tela. Museu do Louvre/Paris, 1767. ILUMINISMO
John Locke e os direitos naturais
O inglês John Locke é considerado por alguns historiadores o
fundador do iluminismo. Ainda no século XVII, já defendia que os homens nascem todos com direitos iguais: à vida, à liberdade e à propriedade privada. O governo existia apenas para assegurar esses direitos, e o povo deveria rebelar-se se o objetivo não fosse alcançado. ILUMINISMO
John Locke e os direitos naturais
As ideias de Locke dialogaram fortemente com a Revolução
Inglesa, que você estudou no início do módulo. Em suas palavras: “O fim maior e principal para os homens se unirem em sociedades políticas e submeterem-se a um governo é a conservação de suas propriedades, ou seja, de suas vidas, liberdades e bens". ILUMINISMO
Retrato de John Locke. Sir Godfrey
Kneller (Alemanha, 1646-1723). Óleo sobre tela. Museu Hermitage/Inglaterra, 1697. ILUMINISMO
Outro pensador que discutiu a relação do governo com seu
povo foi Jean-Jacques Rousseau. Considerado por muitos o mais brilhante iluminista, Rousseau, ao contrário da maioria de seus companheiros, não se originava de uma família de muita importância. Via na propriedade privada os males que corrompiam o homem em sociedade e idealizou o contrato social, em que o povo e seu governo deviam entrar em um acordo mútuo para coexistir. ILUMINISMO
Rousseau e o Contrato Social
Em seu discurso sobre a origem da desigualdade, Rousseau
escrevia: O primeiro homem que cercou um pedaço de terra, que veio com a ideia de dizer "isto é meu" e encontrou gente simples o bastante para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. ILUMINISMO
Rousseau e o Contrato Social
Quantos crimes, guerras e assassinatos derivam deste ato! De
quanta miséria e horror a raça humana poderia ter sido poupada se alguém simplesmente tivesse arrancado as estacas, enchido os buracos e gritado para os seus companheiros: "Não deem ouvidos a este impostor. Estarão perdidos se esquecerem que os frutos da terra pertencem a todos, e que a terra, ela mesma, não pertence a ninguém". ILUMINISMO
Retrato de Jean-Jacques Rousseau.
Maurice Quentin de La Tour (França, 1704-1788). Pastel sobre papel. Museu Antoine-Lécuyer/França, apróx. 1775. ILUMINISMO
Em O Contrato Social ou Princípios do Direito Político, Rousseau
estabelecia a base de muitos governos que viriam nos séculos seguintes: A primeira e mais importante consequência decorrente dos princípios até aqui estabelecidos é que só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado de acordo com a finalidade de sua instituição, que é o bem comum, porque, se a oposição dos interesses particulares tornou necessário o estabelecimento das sociedades, foi o acordo desses mesmos interesses que o possibilitou. [...] Somente com base nesse interesse comum é que a sociedade pode ser governada. Jean-Jacques Rousseau. O Contrato Social. In: Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 43. ILUMINISMO
Barão de Montesquieu era nobre de nascimento, mas recebeu
uma educação iluminista. Colaborador da Enciclopédia, escreveu sobre o exercício do poder; leia alguns trechos de seus pensamentos e responda às questões propostas. ILUMINISMO
Montesquieu e a divisão dos poderes
Assim como a maioria dos cidadãos, que têm pretensão
bastante para eleger, mas não para serem eleitos, o povo, que tem capacidade suficiente para fazer com que se prestem contas da gestão dos outros, não está capacitado para gerir. É preciso que os negócios funcionem, e que funcionem com um certo movimento que não seja nem muito lento, nem muito rápido. ILUMINISMO
Montesquieu e a divisão dos poderes
Mas o povo sempre tem ação ou de mais ou de menos. Algumas
vezes com cem mil braços ele derruba tudo; outras vezes, com cem mil pés, só caminha como os insetos. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas, e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. ILUMINISMO
Retrato de Monstesquieu. Artista
desconhecido. Óleo sobre tela. (Palácio de Versalhes/França, 1728.) Charles de Montesquieu. O espírito das leis. Capítulo IV. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982. (Pensamento Político). HORA DO DESAFIO
1. No primeiro trecho, Montesquieu critica ou apoia a vontade do
povo? Justifique sua resposta. 2. Quem detinha o poder no Antigo Regime? Montesquieu concorda com essa configuração de governo? 3. Montesquieu propõe uma nova forma de distribuição do poder. Qual é sua proposta e qual é seu argumento? 4. Identifique quais ideias de Montesquieu influenciaram na estrutura de nosso governo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARCONI, Cassia. Projeto Presente. Volume 1,2,3 e 4, 6ª edição,
Editora Moderna, São Paulo, 2013.
BRAICK, Patrícia. História - Das cavernas ao 3° milênio, Volume 1, 9ª
edição, Editora Moderna, São Paulo, 2013.
BOULOS, Júnior. História. Sociedade e Cidadania Volume 1, Editora
FTD, São Paulo, 2013.
Panazzo, Silvia. História. Jornada. Editora Saraiva, São Paulo, 2013.