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PREPARAÇÃO EXAME DE 11 e 12 Anos
PREPARAÇÃO EXAME DE 11 e 12 Anos
º ANOS
Grupo I
A
Lê o poema com atenção e responde às questões apresentadas.
A Débil
Eu, que sou feio, sólido, leal, Esse vestido simples, sem enfeites,
A ti, que és bela, frágil, assustada, Nessa cintura tenra, imaculada.
Quero estimar-te sempre, recatada (…)
Numa existência honesta, de cristal. Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Sentado à mesa dum café devasso, Uma chusma de padres de batina,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura, E de altos funcionários da nação.
Nesta Babel1 tão velha e corruptora, (…)
Tive tenções de oferecer-te o braço. E eu, que urdia3 estes fáceis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
E, quando socorreste um miserável, Uma pombinha tímida e quieta
Eu, que bebia cálices de absinto, Num bando ameaçador de corvos pretos.
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante2, bom, saudável. E foi, então, que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
"Ela aí vem!" disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, humilde e suspirando, A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando, Eu, que sou hábil, prático, viril.
Na frescura dos linhos matinais.
1 3
Babel: cidade Urdir: tecer, fabricar
2
Prestante: que presta
1.2. Identifica a hipálage presente na segunda estrofe e explica o se valor.
B
Num texto de cerca de 150 palavras, comenta a seguinte afirmação: “Afonso da Maia pode ser
visto como a representação dos velhos e nobres valores dos portugueses, cruzados com a
modernidade inglesa”.
C
Lê atentamente o texto.
Apresenta, de forma bem estruturada, as suas respostas ao questionário sobre o texto lido.
1. Distingue, no texto, dados e personagens históricos e ficcionados.
Grupo II
Leia, atentamente, o seguinte texto.
Este livro reúne alguns dos textos que mensalmente e ao longo dos últimos anos fui
publicando […]. A estranheza do título justifica uma explicação, para que ele não passe como
um mero exercício de estilo.
Quando era pequeno – muito pequeno, talvez oito ou nove anos – lembro-me de estar
deitado na banheira, em casa dos meus pais, a ler um livro de quadradinhos. Era uma aventura
do David Crockett, o desbravador do Kentucky e do Tenessee, que haveria de morrer na mítica
batalha do Forte Álamo. Nessa história, o David Crockett era emboscado por um grupo de índios,
levava com um machado na cabeça, ficava inconsciente e era levado prisioneiro para o
acampamento índio. Aí, dentro de uma tenda, havia uma índia muito bonita – uma «squaw», na
literatura do Far-West – que cuidava dele, dia e noite, molhando-lhe a testa com água, tratando
das suas feridas e vigiando o seu coma. E, a certa altura, ela murmurava para o seu prostrado e
inconsciente guerreiro: «não te deixarei morrer, David Crockett!»
Não sei porquê, esta frase e esta cena viajaram comigo para sempre, quase
obsessivamente. Durante muito tempo, preservei-as à luz do seu significado mais óbvio: eu era
o David Crockett, que queria correr mundo e riscos, viver aventuras e desvendar Tenessees. Iria,
fatalmente, sofrer, levar pancada e ficar, por vezes, inconsciente. Mas ao meu lado haveria
sempre uma índia, que vigiaria o meu sono e cuidaria das minhas feridas, que me passaria a mão
pela testa quando eu estivesse adormecido e me diria: «não te deixarei morrer, David Crockett!»
E, só por isso, eu sobreviveria a todos os combates. Banal, elementar.
Porém, mais tarde, comecei a compreender mais coisas sobre as emboscadas, os
combates e o comportamento das índias perante os guerreiros inconscientes. Foi aí que percebi
que toda a minha interpretação daquela cena estava errada: o David Crockett representava sim
a minha infância, a minha crença de criança numa vida de aventuras, de descobertas, de riscos
e de encontros. Mas mais, muito mais do que isso: uma espécie de pureza inicial, um excesso de
sentimentos e de sensibilidade, a ingenuidade e a fé, a hipótese fantástica da felicidade para
sempre. [...]
Miguel Sousa Tavares, Não Te Deixarei Morrer, David Crockett,
«Nota Prévia», 26.ª ed., Lisboa, Oficina do Livro, 2007
2. Na frase iniciada por «Foi aí que» (linha 21), o autor assinala o momento em que
A. leu a história aventurosa e acidentada do desbravador David Crockett.
B. tomou consciência de que David Crockett era o símbolo da sua infância.
C. sentiu a necessidade de preservar na memória o herói David Crockett.
D. julgou que era David Crockett, o mítico combatente de Forte Álamo.
3. A perífrase verbal em «e ao longo dos últimos anos fui publicando» (linhas 1 e 2) traduz uma
ação:
A. momentânea, no passado.
B. repetida, do passado ao presente.
C. apenas começada, no passado.
D. posta em prática, no momento.
6. O uso repetido do nome «David Crockett» (linhas 6, 7, 12, 15, 19, 22)
A. constitui um mecanismo de coesão lexical.
B. assegura a progressão temática.
C. constitui um processo retórico.
D. assegura a coesão interfrásica do texto.
Grupo III
“Acho que damos pouca atenção àquilo que efetivamente decide tudo na nossa vida, ao
órgão que levamos dentro da cabeça: o cérebro. Tudo quanto estamos por aqui a dizer é um
produto dos poderes ou das capacidades do cérebro: a linguagem, o vocabulário mais ou menos
extenso, mais ou menos rico, mais ou menos expressivo, as crenças, os amores, os ódios, Deus
e o diabo, tudo está dentro da nossa cabeça. Fora da nossa cabeça não há nada. Ou melhor, há
o que os nossos órgãos podem ter criado como imagem.”
José Saramago, in Tabu, 19 de abril de 2008
1.2 café devasso – não é o café que é devasso, mas sim o poeta…
1.3 Explorar a ideia presente em: Que me tornas prestante4, bom, saudável.
2.1 Explicar: Julguei ver, com a vista de poeta, / Uma pombinha tímida e quieta / Num bando
ameaçador de corvos pretos.
B
Afonso da Maia, o avô…Sempre defendeu os ideais liberais e esteve no exílio em Inglaterra
durante os períodos absolutistas… Conseguiu, por fim, aplicá-los com o neto, Carlos, quando
ficou responsável pela sua educação…
C
1. No texto é possível distinguir dados e personagens históricos e ficcionados. Assim temos os
históricos:
_ O padre Bartolomeu de Gusmão que estudou com os Jesuítas da Baía;
_ as suas experiências aerostáticas, a que não ficou alheia a mistificada “passarola voadora”, um
rudimentar aeróstato que conseguiu elevar-se do solo apenas alguns metros.
… e os ficcionados:
_ Baltasar e Blimunda;
_ O voo da passarola descrito neste excerto.
3. O Padre Baltasar, por comparação, naquela passarola sentia-se Deus ele próprio, Baltasar, seu
filho e Blimunda, o Espírito Santo, ou seja, a Santíssima Trindade: os tais três B, agora, num só.
O sonho de voar (vontade de ser superior) elevava o Homem a Deus e foi através da passarola
que eles se imortalizaram, que ultrapassaram os limites humanos.
4. A perturbação do padre devia-se às suas ideias de voar que eram arrojadas demais para
aquela época, pois faziam-no questionar a religião e a conceção do mundo e, por isso,
antagónicas às da Igreja, da Inquisição. Ele sabia que poderia ser perseguido e castigado por ter
voado, pois o Santo Ofício considerava os seus interesses e estudos, uma “arte do demónio”.
Grupo II
1. A
2. B
3. B
4. C
5. A
6. A
7.
Chave
A. F
B. V
C. F
D. V
E. V
F. F
G. V
H. V
I. F
J. V