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Resumo: O objetivo deste texto é analisar as políticas de saúde para os povos indígenas
no Brasil, tendo como marco a Constituição Federal de 1988 e os seus desdobramentos
para o atendimento médico-assistencial destas populações. Destacam-se três eixos
norteadores para esta análise: o projeto gestor, balizado pelas noções de “autonomia” e
“controle social”, mas que traduz certo modo de organização das formas de
representação e participação indígenas no plano das políticas públicas estatais; o
pressuposto da noção da “atenção diferenciada” para a construção de um modelo
assistencial inclusivo, mas operacionalmente normativo; e, por fim, a relação entre o
modelo gestor de atenção à saúde indígena e as próprias práticas terapêuticas indígenas.
Resumo: O artigo pretende analisar a relação dos povos indígenas com a política
pública de assistência social (AS) no Brasil. Com base em dados coletados durante
trabalho de campo realizado, no ano de 2014, será analisado o caso da Reserva Indígena
de Dourados, Mato Grosso do Sul. Na primeira parte, caracterizo a relação desigual da
sociedade e Estado nacionais com os povos indígenas para, em seguida, abordar a
política de assistência social como oportunidade estatal de enfrentamento da violação de
direitos decorrente do cerco colonial. Em seguida, veremos o caso de Dourados como
ilustração dos dilemas e possibilidades da autonomia e protagonismo indígena frente a
essa política pública. Espera-se contribuir com a discussão em torno da estatalidade
apontando casos concretos em que a implementação local da política de AS é
permeável, em maior ou menor medida, às demandas dos povos indígenas por
adequação às suas organizações sociais e visões de mundo.
Resumo: O caso Xákmok Kásek vs. Paraguai traz um importante debate sobre o direito
dos povos indígenas à titularidade de suas terras; além disso, estende-se ao próprio
direito à autodeterminação desses povos. Busca-se, neste artigo, uma análise da decisão
baseada nas ideias de diversos autores que se fazem relevantes na temática da
autodeterminação dos povos (Lévi-Strauss, Geertz), do acesso aos Sistemas
Internacionais (Cançado Trindade, Donnelly, entre outros), bem como da relação dos
povos indígenas com a Corte Interamericana na busca por seus direitos (Rivera), como
forma de melhor entender a dinâmica e as contradições emanantes dessa luta pela
afirmação dos direitos indígenas. A partir dessa análise, o objetivo final é inferir se de
fato os povos indígenas têm seu direito à autodeterminação garantido dentro da lógica
de proteção de direitos do Sistema Interamericano, enfrentando-se, assim, a
problemática da eficácia (Bobbio, Dworkin). Dessa forma, utilizam-se aqui a
metodologia da análise documental e o método dialético para chegar a conclusões
aplicáveis tanto ao caso quanto ao Sistema Interamericano. Por fim, o objetivo maior é
verificar a problemática de que a própria lógica de proteção de direitos dos indígenas
pode ser fruto de um “olhar” que também leva à violação destes.
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Resumo: Este pequeno texto trata das diferentes formas e dinâmicas de organização dos
trabalhos e das lutas políticas contemporâneas dos povos indígenas no Brasil e tem
como objetivo produzir debates e reflexões entre aqueles que atuam no campo do
movimento social indígena, principalmente, as lideranças indígenas das aldeias e das
organizações indígenas constituídas e seus parceiros e aliados. Não se trata de um
manual, mas de um subsídio para discussão, reflexão, estudos ou pesquisas que tenham
por objetivo aprofundar a compreensão acerca das formas de organização social dos
povos indígenas contemporâneos, seus alcances, limites e desafios.
Resumo (não oficial): No longo percurso temporal percorrido pelo autor em sua
conferência, somos confrontados com dinâmicas complexas de continuidade e
descontinuidade de práticas, atores e concepções que atravessam as relações entre povos
indígenas e o Estado brasileiro. Tais dinâmicas nos são trazidas no texto especialmente
ao redor da ideia de participação, tomada como ponto nodal da reconfiguração do
cenário político desde a Constituição de 1988. Uma vez mais, porém, o que temos não é
a produção de um sentido único, mas sim o desenho de um diagrama complexo e
diverso, que não deixa de se alterar continuamente ao longo do tempo e das disputas
políticas. Do autor: Meu objetivo nesta apresentação é traçar um panorama sumário das
relações entre povos indígenas e Estado no Brasil do início do século XX ao presente,
com destaque para os padrões de governança e administração estabelecidos a partir de
tradições de conhecimentos, normas e ações de Estado em face dos povos indígenas,
tendo como pano de fundo o processo de colonização interna do território do país. Não
pretendo compor uma história dessas relações, mas sim focar em dois pontos: a
instituição da tutela sobre os indígenas pelo Estado brasileiro no início do século XX, e
o estabelecimento da ideia de participação nos finais do século XX/inícios do século
XXI.
Resumo: A que esforço imaginativo as políticas indígenas nos convidam hoje? Se por
um lado a ofensiva contra as terras e as vidas dos índios recrudesce, por outro, as lutas
indígenas se propagam em diversas formas e em um espaço distinto daquele onde
impera a identidade e a obediência; onde o coletivo não se reduz à unidade sob os
signos da civilização, mas promove a multiplicação mesma da diferença. Inspirada por
iniciativas de autodemarcação de Terras Indígenas (TIs), a presente dissertação se
debruça sobre a relação entre terra, luta e vida para discutir dois problemas principais.
Primeiro, acerca do que são e o que fazem as autodemarcações quando os índios
indicam que elas não se reduzem à pressão sobre o governo, à simples garantia de
direitos, ou à dimensão estritamente técnica de suas atividades. Segundo, sobre como
pensar a atuação do Estado brasileiro em relação aos direitos territoriais e à vida dos
índios, de modo a pensar com e para o que esses povos enfrentam e clamam hoje.
Tomando como fio condutor o conflito em torno do território Daje Kapap Eypi/Sawré
Muybu, dos índios Munduruku, e o complexo de 43 usinas hidrelétricas projetadas para
o rio Tapajós, este trabalho parte das críticas munduruku à atuação do governo
brasileiro nesse conflito, e à política de expropriação e exploração predatória do solo e
dos rios da Amazônia, para discutir práticas e discursos de omissão, improviso e gestão
da ilegalidade que têm levado à frente projetos e políticas etnocidas e genocidas. Além
disso, e principalmente, esta dissertação procura mostrar que não é apenas da garantia
de sobrevivência numa terra demarcada que se trata a luta – como se sobreviver bastasse
e qualquer terra servisse; é, antes, pela existência do coletivo como tal e a persistência
de seu modo de vida, indissociável da vida em sua terra, que lutam. A autodemarcação
como autodeterminação indígena: eis a potência dessa iniciativa.
Resumo: O artigo objetiva, por um lado, analisar a relação existente entre os direitos
indígenas e a garantia de territórios tradicionalmente ocupados à luz dos avanços na
legislação nacional e internacional. Por outro lado, analisa em que medida a privação
dos territórios aos povos indígenas e os conflitos gerados configuram fatores de risco
para crimes de atrocidade, conforme delineado pela ONU no "Framework of Analysis
for Atrocity Crimes – A tool for prevention" no âmbito da doutrina da Responsabilidade
de Proteger.
Resumo: Este texto aborda a trajetória de deslocamentos forçados dos povos Avá
Guarani na tríplice fronteira sul, especialmente no oeste do Paraná, provocados por
projetos conservacionistas, empreendimentos econômicos e de expansão territorial, e
por regimes ditatoriais que expropriaram populações tradicionais, indígenas e rurais
das suas terras originárias. Por um lado, propõe-se contextualizar historicamente a
atual situação social e política dos povos indígenas na região, e por outro, as formas
de luta e resistência articuladas pelos movimentos indígenas. A partir desse contexto
local, é possível ampliar a discussão sobreas condições territoriais, econômicas e
políticas dos povos indígenas para todo o País, sobretudo nas regiões de fronteiras,
problematizando não apenas a relação com o estado nacional e a sociedade civil, mas
também as políticas ambientais e tutelares dos vários agentes envolvidos,
examinando os enfrentamentos políticos e étnicos com a sociedade envolvente e com
a própria Antropologia, que também tem sido desafiada a pensar e se relacionar com
um novo protagonismo indígena. O movimento indígena tem procurado atuar não
apenas nos espaços políticos e governamentais, mas também nas esferas acadêmicas e
da mídia.
Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar uma breve analise de uma proposta para
os estudos iniciais dos territórios indígenas, fizemos esse pequeno esforço a pedido de
um grupo de alunos do curso de Geografia de da UFT Campus de Porto Nacional -TO,
que naquele momento estavam muito interessados na temática,sabiam eles que tinha
estudado o território dos Índios Krahô no meu Doutorado. Porém uma coisa que parecia
ser simples foi se complicando, pois sentir na pele a responsabilidade que pesa sobre as
pesquisas que abordam os territórios indígenas no país, cabe antes de tudo revelar suas
dificuldades, suas contradições teóricas e seus conflitos reais. O primeiro e necessário
exercício foi diferenciá-lo do território capitalista revelando suas especificidades. O
território indígena possui diferenças históricas significativas em relação ao território
capitalista, por isso necessitamos fazer uma análise teórica e conceitual de ambos.
Demonstrando o processo de diferenciação, entre eles, para podermos discernir e
compreender teoricamente a especificidade do território indígena.