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Capítulo 01 – Conceitos sociológicos fundamentais

Catarine Guimarães
Mestrado Sociologia
Teoria Social I
03.07.2013

I - Fundamentos Metodológicos

Weber preocupa-se com alguns conceitos que são essenciais pra entender a sociologia
compreensiva que ele propõe.
Compreensão: A busca do sentido “visado”. Consegue-se essa compreensão não apenas pela
“possibilidade de reviver completamente a ação”, isso porque, “quanto mais divergem de nossos
próprios valores últimos, tanto mais dificuldades encontramos em torna-los compreensíveis por
um revivencia mediante a imaginação intuitiva. Nessas condições, temos de contentar0nos,
conforme o caso, com sua interpretação exclusivamente intelectual” (p. 4). Daí a importância da
construção de tipos que permitem compreender a ação real, constrói-se um tipo de ação
“orientada pelo fim de maneira estritamente racional” (p.5).
Pode significar a compreensão do sentido e/ou à compreensão explicativa (que se explicam os
motivos da ação); A explicação é a conexão dos sentidos compreensíveis.
Explicação: “apreensão da conexão de sentido a que pertence uma ação compreensível de
maneira atual” (p.6)
Visa alcançar evidências, que pode ser chamada de “interpretação causal válida”, isso é, nada é
mais do que uma hipótese, pois, há muitos casos em que os motivos da ação são ocultos ou
reprimidos, ou casos em que as ações são parecidas, entretanto com um motivo diferente. Pela
limitação de compreender o sentido da ação, o que resta é a possibilidade de comparação. A
comparação induz a uma interpretação correta, mas, ainda existindo processos incompreensíveis
eles não deixam de ser importantes, só não poderão ser classificados como regras sociológicas.
Método da sociologia compreensiva: Somente para fins metodológicos, o racionalismo. Porém
Weber reconhece suas limitações e perigos de interpretação.
Sociologia: “Ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim
explica-la causalmente em seu curso e em seus efeitos.” (p. 3). Visto que ação social é uma ação
orientada por um sentido.
“A Sociologia constrói (...) conceitos de tipos e procura regras gerais dos acontecimentos” (p.
12). Ela se distancia da realidade para observá-la: “Mas a Sociologia procura também exprimir
fenômenos irracionais (...). Em todos os casos, racionais como irracionais, ela se distancia da
realidade, servindo para o conhecimento desta (..)” (p.12), através da aproximação com a
história,
Objeto da sociologia: “a conexão de sentido das ações” (p.9), pode também ser conveniente
tratar algumas instancias como indivíduos (Estado, cooperativa, sociedade por ações, etc.), pois
“a sociologia não pode ignorar (...) aquelas formações conceituais de caráter coletivo” (p.9)
Ação: Comportamento humano.
Ação social: Comportamento com sentido visado.
Ação irracional: não são orientadas por um fim.
Sentido: “sentido subjetivamente visado” (p.3), não se trata de um sentido verdadeiro ou
correto. Há limites entre ação com sentido e um comportamento reativo, como os processos
psicofísicos, etc.
Construção de típico-ideais: Mesmo havendo uma heterogeneidade entra as ações como as
tradições, as emoções, ainda assim, é importante a construção de típico-ideais. “Quanto mais
nítida e inequivocamente se construam esses tipos ideais, quanto mais alheios do mundo
estejam, neste sentido, tanto melhor prestarão seu serviço, terminológica, classificatória, bem
como heuristicamente” (p.12)

II – Conceito de ação social

Ação social: “orienta-se pelo comportamento dos outros” (p.13). “Nem todo tipo de ação (...) é
ação social” (p.14), pois, o comportamento interno só é ação social quando se orienta pelas
ações de outros. E nem todo tipo de contato entre as pessoas é um contato social, podendo ser
apenas um acontecimento, em que o sentido da ação de um não se relaciona com a ação do
outro.
Pode ser determinada por: modo racional referente a fins, modo racional referente a valores,
modo afetivo e modo tradicional. Muito difícil encontrar uma ação que se orienta apenas por
uma destas maneiras.
Comportamento estritamente tradicional: encontra-se no limite do que se chama ação orientada
pelo sentido, pois é uma reação sem pensar, ligada a estímulos habituais.
Comportamento estritamente afetivo: outro comportamento no limite, pois é uma reação
desenfreada. Distingue-se da ação racional referente a valores e elaboração consciente e
planejada como referência.
Ação racional referente a fins: os fins orientam a ação, pondera-se os meios e as consequências,
assim como os diferentes fins possíveis. Não age nem de modo afetivo nem de modo
tradicional.
A ação racional referente a valores é considerada também um limite, pois “terá sempre um
caráter irracional” (p.16).
Relação social: “comportamento reciprocamente referido quanto a seu conteúdo de sentido por
uma pluralidade de agentes e que se orienta por essa referência” (p.16). “A relação social
consiste exclusivamente (...) na probabilidade de haver no passado, no presente ou no futuro e
de forma indicável, ações reciprocamente referidas, quanto ao sentido” (p. 16); em outras
palavras, somente quando essa relação tem uma probabilidade é que pode ser considerada
relação social, senão, será apenas uma fatalidade. A existência dessa probabilidade não
pressupõe que a relação seja permanente ou transitória.
“Não se afirma de modo algum que, no caso concreto, os participantes da ação reciprocamente
referida ponham o mesmo sentido na relação social ou se adaptem internamente, quanto ao
sentido” (p.17).
Conteúdo do sentido: pode ser perene ou variável, é o que os participantes esperam dos
parceiros (os que participam da relação) e pelas quais se orientam. “O conteúdo do sentido de
uma relação social pode ser combinado por anuência” (p.17), ou seja, há promessas de ações
(atitudes).
Uso: probabilidade dada uma regularidade (curso de uma ação que costuma se repetir), também
chamado de costume, o exercício se baseia no hábito. Entretanto, há a possibilidade de uma
situação de interesses.
Situação de interesses: quando as ações são condicionadas por interesses, e a regularidade das
ações também. E as expectativas da relação são puramente racionais referentes a fins. A
estabilidade da situação de interesses se fundamente na orientação das ações pelos interesses
dos outros.
Costume: norma não garantida externamente, não é obrigatória. Possui uma certa
homogeneidade e regularidades “as vezes muito mais estáveis do que as que existem quando a
ação se orienta por normas e deveres considerados de fato “obrigatórios” por determinado
círculo de pessoas” (p. 18) “A estabilidade do (mero) costume baseia-se na circunstancia de que
quem não orienta por ele suas ações age de maneira imprópria” (p.19)
Ordem legítima: existem em toda ação social, especialmente as relações sociais. É preciso que a
ordem legítima possua vigência.
Vigência: é algo mais que mera regularidade condicionada por costumes ou interesses, é,
portanto, “um mandamento, cuja violação não apenas seria prejudicial, mas – normalmente –
também é abominada de maneira racional referente a valores, por seu “sentimento de dever””.
(p. 19)
Ação pela vigência de uma ordem: não necessariamente apenas cumprindo a ordem.
Legitimidade de uma ordem: Garantida pela atitude interna, pelo modo afetivo, pelo modo
racional (valores) e, por fim, pelo modo religioso.
Convenção: Tipo de ordem em que a vigência é garantida pela probabilidade do comportamento
de discórdia será reprovado.
Direito: quando está garantida a coação. Exercida por um grupo de pessoas cuja função é
observar e castigar – caso a ordem seja violada. “Quadro coativo” (p.21)
Vigência legítima: Pode ser atribuída a uma ordem, pelos agentes, em virtude da tradição
(sustentação do caráter sagrado da tradição), de uma crença afetiva, de uma crença racional, de
um estatuto existente, de um acordo entre os interessados, uma imposição.
Luta: Em uma relação social é a orientação de ações contrarias orientada com o propósito de
impor a própria vontade.
Luta pacífica: quando não se tem violência física e efetiva.

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