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Islão

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Série

Islão

História do islão
Cinco pilares

Profissão de fé
Oração · Tributo · Jejum
Peregrinação
Figuras centrais

Maomé
Companheiros de Maomé
Casa de Maomé
Profetas do islão
Textos e lei

Alcorão · Suna · Hadith


Biografias de Maomé
Xariá · Fatwa Jurisprudência
Ramos do Islão

Sunitas · Xiitas
Kharijitas
Cidades sagradas
Meca · Medina · Jerusalém

Najaf · Karbala · Qom Mashhad


Aspectos sócio-culturais

Arte · Arquitetura
Calendário · Ciência · Filosofia
Fundamentalismo islâmico Jihad ·Sufismo
Ver também

Vocabulário do islão
Cronologia do islão
Expansão islâmica
Índice de artigos sobre o islão

O Islão (português europeu) ou Islã (português brasileiro) (do árabe ‫السإسلما‬, transl. al-Islām) é uma
religião monoteísta que surgiu na Península Arábica no século VII, baseada nos
ensinamentos religiosos do profeta Maomé (Muhammad) e numa escritura sagrada, o
Alcorão. A religião é conhecida ainda por islamismo.

Na visão muçulmana, o Islão surgiu desde a criação do homem, ou seja, desde Adão,
sendo este o primeiro profeta dentre inúmeros outros, para diversos povos, sendo o
último deles Maomé.

Cerca de duzentos anos após Maomé, o Islão já se tinha difundido em todo o Médio
Oriente, no Norte de África e na península Ibérica, bem como na direcção da antiga
Pérsia e Índia. Mais tarde, o Islão atingiu a Anatólia, os Balcãs e a África subsaariana.
Recentes movimentos migratórios de populações muçulmanas no sentido da Europa e
do continente americano levaram ao aparecimento de comunidades muçulmanas nestes
territórios.

A mensagem do Islão caracteriza-se pela sua simplicidade: para atingir a salvação basta
acreditar num único Deus, rezar cinco vezes por dia, submeter-se ao jejum anual no mês
do Ramadão, pagar dádivas rituais e efectuar, se possível, uma peregrinação à cidade de
Meca.

O Islão é visto pelos seus aderentes como um modo de vida que inclui instruções que se
relacionam com todos os aspectos da actividade humana, sejam eles políticos, sociais,
financeiros, legais, militares ou interpessoais. A distinção ocidental entre o espiritual e
temporal é, em teoria, alheia ao Islão.

Índice

 1 Etimologia
 2 Crenças
o 2.1 Deus
o 2.2 Os anjos
o 2.3 Os livros sagrados
o 2.4 Os profetas
o 2.5 O dia do Julgamento Final
o 2.6 A predestinação
 3 Os cinco pilares do Islão
o 3.1 A profissão de fé (Chahada)
o 3.2 O Salá (a oração)
o 3.3 A contribuição de purificação (Zakat)
o 3.4 O jejum no Mês do Ramadão (Saum)
o 3.5 A peregrinação (Hajj)
 4 O Alcorão
 5 Autoridade religiosa
 6 Ramos do Islão
o 6.1 Movimentos recentes
 7 Misticismo
 8 Comemorações
 9 Lugares sagrados
 10 Lei islâmica (Xariá)
 11 O Islão no mundo contemporâneo
 12 Perspectiva islâmica de outras religiões
 13 Notas
 14 Referências
 15 Bibliografia
 16 Ver também
 17 Ligações externas
o 17.1 Em português

o 17.2 Em inglês

Etimologia

A mesquita de al-Nabawi ("Mesquita do Profeta"), em Medina.

Islão provem do árabe Islām, que por sua vez deriva da quarta forma verbal da raiz slm,
aslama, e significa "submissão (a Deus)". Segundo o arabista e filólogo José Pedro
Machado a palavra "Islão" não teria surgido na língua portuguesa antes de 1843, ano em
que aparece no capítulo IX da obra Eurico, o Presbítero de Alexandre Herculano.

O Islão é descrito em árabe como um "diin", o que significa "modo de vida" e/ou
"religião" e possui uma relação etimológica com outras palavras árabes como Salaam
ou Shalam, que significam "paz".

Muçulmano, por sua vez, deriva da palavra árabe muslim (plural, muslimún), particípio
activo do verbo asmala, designando "aquele que se submete". O vocábulo pode ter
penetrado no português a partir do castelhano, sendo provável que esta língua o tenha
tomado do italiano ou do francês, línguas nas quais o vocábulo surge em 1619 e 1657,
respectivamente (no primeiro caso como mossulmani na obra Viaggi de Pietro della
Valle e no segundo como mousulmans na obra Voyages de Le Gouz de la Boullaye).

Em textos mais antigos, os muçulmanos eram conhecidos como "maometanos", este


termo tem vindo a cair em desuso porque implica, incorrectamente, que os muçulmanos
adoram Maomé (como, durante alguns séculos, por completo desconhecimento, o
Ocidente pensou), o que torna o termo ofensivo para muitos muçulmanos. Durante a
Idade Média e, por extensão, nas lendas e narrativas populares cristãs, os muçulmanos
eram também designados como sarracenos e também por mouros (embora este último
termo designasse mais concretamente os muçulmanos naturais do Magrebe que se
encontravam na Península Ibérica).

Islão pode se referir também ao conjunto de países que seguem esta religião (a
jurisprudência islâmica utiliza neste caso a expressão Dar-al-Islam, "casa do Islão").

Crenças
O Islão ensina seis crenças principais:
 A crença em Alá (Allah), único Deus existente;
 A crença nos Anjos, seres criados por Alá;
 A crença nos Livros Sagrados, entre os quais se encontram a Torá, os Salmos e o
Evangelho. O Alcorão é o principal e mais completo livro sagrado, constituindo
a colectânea dos ensinamentos revelados por Alá ao profeta Maomé;
 A crença em vários profetas enviados à humanidade, dos quais Maomé é o
último;
 A crença no dia do Julgamento Final, no qual as acções de cada pessoa serão
avaliadas;
 A crença na predestinação: Alá tudo sabe e possui o poder de decidir sobre o que
acontece a cada pessoa.

Deus

Alá (Allah) em árabe.

A pedra basilar da fé islâmica é a crença estrita no monoteísmo. Deus é considerado


único e sem igual. Cada capítulo do Alcorão (com a exceção de um) começa com a
frase "Em nome de Deus, o beneficente, o misericordioso". Uma das passagens do
Alcorão frequentemente usadas para ilustrar os atributos de Deus é a que se encontra no
capítulo (sura) 59:

"Ele é Deus e não há outro deus senão Ele, Que conhece o invisível e o visível. Ele é o
Clemente, o Misericordioso!

Ele é Deus e não há outro deus senão ele. Ele é o Soberano, o Santo, a Paz, o Fiel, o
Vigilante, o Poderoso, o Forte, o Grande! Que Deus seja louvado acima dos que os
homens Lhe associam!

Ele é Deus, o Criador, o Inovador, o Formador! Para ele os epítetos mais belos" (59,
22-24).

Ver Noventa e nove nomes de Alá para uma visão muçulmana sobre os atributos de
Deus.

Os anjos

Os anjos são, segundo o Islão, seres criados por Alá a partir da luz. Não possuem livre
arbítrio, dedicando-se apenas a obedecer a Deus e a louvar o seu nome. Maomé nada
disse sobre o sexo dos anjos, mas rejeitou a crença dos habitantes de Meca de acordo
com a qual estes seriam as filhas de Deus. Desempenham vários papéis, entre os quais o
anúncio da revelação divina aos profetas, protegem os seres humanos e registram todas
as suas acções. O anjo mais famoso é Gabriel, que foi o intermediário entre Deus e o
profeta.

Para além dos anjos, o islamismo reconhece a existência dos jinnis, espíritos que
habitam o mundo natural e que podem influenciar os acontecimentos. Ao contrário dos
anjos, os jinnis possuem vontade própria; alguns são bons, mas de uma forma geral são
maus. Um desses espíritos maus é Iblis (Satanás), também ele um jinn, segundo a
crença islâmica, que desobedeceu a Deus e dedica-se a praticar o mal.

Os livros sagrados

Os muçulmanos acreditam que Deus usou profetas para revelar escrituras aos homens. A
revelação dada a Moisés foi a Taura (Torá), a Davi foram dados os Salmos e a Jesus, o
Evangelho. Deus foi revelando a sua mensagem em escrituras cada vez mais
abrangentes que culminaram com o Alcorão, o derradeiro livro revelado a Muhammad.

Os profetas

O nome Muhammad na grafia árabe

O islamismo ensina que Deus revelou a sua vontade à humanidade através de profetas.
Existem dois tipos de profeta: os que receberam de Deus a missão de dar a conhecer aos
homens a vontade divina (anbiya; singular nabi) e os que para além desta função lhes
foi entregue uma escritura revelada (rusul; singular rasul, "mensageiro")

Cada profeta foi encarregado de relembrar a uma comunidade a existência ou a


unicidade de Deus, esquecida pelos homens. Para os muçulmanos a lista dos profetas
inclui Adão, Abraão (Ibrahim), Moisés (Musa), Jesus (Isa) e Maomé (Muhammad),
todos eles pertencentes a uma sucessão de homens guiados por Deus. Maomé é visto
como o 'Último Mensageiro', trazendo a mensagem final de Deus a toda a humanidade
sob a forma do Alcorão, sendo por isso designado como o "Selo dos Profetas". Quando
Maomé começou a revelar o alcorão, ele não acreditou que isto teria proporções
mundiais, mas sim que somente reforçaria a fé no Deus.

Estes profetas eram humanos mortais comuns; o Islão exige que o crente aceite todos os
profetas, não fazendo distinção entre eles. No Alcorão é feita menção a vinte e cinco
profetas específicos.
Os muçulmanos acreditam que Maomé foi um homem leal, como todos os profetas, e
que os profetas são incapazes de acções erradas (ou mesmo testemunhar acções erradas
sem falar contra elas), por vontade de Alá.

O dia do Julgamento Final

Segundo as crenças islâmicas, o dia do Julgamento Final (Yaum al-Qiyamah) é o


momento em que cada ser humano será ressuscitado e julgado na presença de Deus
pelas acções que praticou. Os seres humanos livres de pecado serão enviados
directamente para o Paraíso, enquanto que os pecadores devem permanecer algum
tempo no Inferno antes de poderem também entrar no Paraíso. As únicas pessoas que
permanecerão para sempre no Inferno são os hipócritas religiosos, isto é, aqueles que se
diziam muçulmanos mas de facto nunca o foram.

Segunda a mesma crença, a chegada do Julgamento Final será antecedida por vários
sinais, como o nascimento do sol no poente, o som de uma trombeta e o aparecimento
de uma besta. De acordo com o Alcorão o mundo não acabará verdadeiramente, mas
sofrerá antes uma alteração profunda.

A predestinação

Os muçulmanos acreditam no qadar, uma palavra geralmente traduzida como


"predestinação", mas cujo sentido mais preciso é "medir" ou "decidir quantidade ou
qualidade". Uma vez que, para o islamismo, Deus foi o criador de tudo, incluindo dos
seres humanos, e sendo uma das suas características a omnisciência, ele já sabia quando
procedeu à criação as características de cada elemento da sua obra teria. Assim sendo,
cada coisa que acontece a uma pessoa foi determinada por Deus. Esta crença não
implica a rejeição do livre arbítrio, pois o ser humano foi criado por Deus com a
faculdade da razão, pelo que pode escolher entre praticar acções positivas ou negativas.

Os cinco pilares do Islão

A peregrinação (Hajj) a Meca é um dos "cinco pilares do Islão"

Os cinco pilares do Islão são cinco deveres básicos de cada muçulmano:

 A recitação e aceitação do credo (Chahada ou Shahada);


 Orar cinco vezes ao longo do dia (Salá,Salat ou Salah);
 Pagar esmola (Zakat ou Zakah);
 Observar o jejum no Ramadão (Saum ou Siyam)
 Fazer a peregrinação a Meca (Haj) se tiver condições físicas e financeiras.

Os muçulmanos xiitas consideram ainda três práticas como essenciais à religião


islâmica; além da jihad, que também é importante para os sunitas, há o Amr-Bil-Ma'rūf,
"Exortar o Bem", que convoca todos os muçulmanos a viver uma vida virtuosa e
encorajar os outros a fazer o mesmo, e o Nahi-Anil-Munkar, "Probir o Mal", que orienta
os muçulmanos a se abster do vício e das más ações, e também encorajar os outros a
fazer o mesmo.

Alguns grupos kharijitas existentes na Idade Média consideravam a jihad como o "sexto
pilar do Islão". Actualmente alguns grupos do xiismo ismaelita entendem a "fidelidade
ao Imam" como sexto pilar do Islão.

A profissão de fé (Chahada)

A profissão de fé consiste numa frase - que deve ser dita com a máxima sinceridade -
através da qual cada muçulmano atesta que "não há outro deus senão Alá e Maomé é
seu servo e mensageiro"[10]. No entanto, os muçulmanos xiitas têm por costume
acrescentar "e Ali ibn Abi Talib é amigo de Alá". Esta frase também é dita quando se
chama à oração (adhan).

De acordo com a maioria das escolas islâmicas para se converter ao Islão é necessário
proclamar três vezes a chahada ("testemunho") perante duas testemunhas: Achadu ala
ilaha ila Allah. Achadu ana Mohammad Rassululah ("Testemunho que não há outra
divindade senão Deus. Testemunho que Maomé é seu profeta mensageiro").

O Salá (a oração)

A oração no Islão (conhecida como Salá) é composta por 5 partes, todas espalhadas
durante o dia e a noite iniciando pela alvorada até à noite. Considerada o ponto mais
próximo que pode-se chegar de Deus. No Islão não há obrigatoriamente hierarquia entre
os adeptos, porém a comunidade, conhecida como ummah escolhe uma pessoa com
conhecimento suficiente para dirigir a adoração.

Durante estas preces são recitadas suratas do Alcorão, geralmente ditas em árabe,
conduzida pelo escolhido entre a comunidade. Não existe restrição para que o crente
reze fora da mesquita, tampouco isso é uma desbonificação de sua oração que pode ser
feita em quaquer lugar, desde que tenha feito antes sua purificação.

A purificação é realizada através da higiene especifica e detalhada, que consistem


basicamente em lavar as mãos, os antebraços, a boca, as narinas, a face, em passar água
pelas orelhas, pela nuca, pelo cabelo e pelos pés.

Se um muçulmano se encontrar numa área sem água ou numa área onde o uso da água
não é aconselhável (porque poderia causar uma doença), pode substituir as abluções
pelo uso simbólico de areia ou terra (tayammum). A oração abre-se com a orientação do
crente na direcção de Meca (qibla).

A contribuição de purificação (Zakat)


O Islão estabelece que cada muçulmano deve pagar anualmente uma certa quantia,
calculada a partir dos seus rendimentos, que será distribuída pelos pobres ou por outros
beneficiários definidos pelo Alcorão (prisioneiros, viajantes, endividados...). Esta
contribuição é encarada como uma forma de purificação e de culto. A quantia
corresponde a 2,5% do valor dos bens em dinheiro, ouro e prata, mas o valor pode
variar se se tratar, por exemplo, de produtos agrícolas (neste caso a contribuição pode
chegar a 10% da colheita agrícola).

Quem tiver possibilidades pode ainda contribuir, de forma voluntária, com outras
doações (sadaqa), mas é importante que o faça em segredo e sem ser movido pela
vaidade. O anúncio destas doações somente poderá ser feito se isto contribuir para que
outras pessoas sejam motivadas a fazer o mesmo (caso de personalidades e pessoas
proeminentes da sociedade), e este ato deve ser sincero, mesmo que em público.

O jejum no Mês do Ramadão (Saum)

Durante o Ramadão (o nono mês do calendário islâmico) cada muçulmano adulto deve
abster-se de alimento, de bebida, de fumar e de ter relações sexuais desde o nascer até
ao pôr-do-sol. Os doentes, os idosos, os viajantes, as grávidas ou as mulheres lactantes
estão dispensados do jejum. Em compensação estas pessoas devem alimentar um pobre
por cada dia que faltaram ao jejum ou então realizá-lo noutra altura do ano. O jejum é
interpretado como uma forma de purificação, de aprendizagem do auto-controlo e de
desenvolvimento da empatia por aqueles que passam fome ou outras necessidades.

O mês de Ramadão termina com o dia de celebração conhecido como Eid ul-Fitr,
durante o qual os muçulmanos agradecem a Deus a força que lhes foi concedida para
levar a cabo o jejum. As casas são decoradas e é hábito visitar os familiares. Esta
comemoração serve também para o perdão e a reconciliação entre pessoas desavindas.

A peregrinação (Hajj)

Este pilar consiste na peregrinação a Meca, obrigatória pelo menos uma vez na vida
para todos os que gozem de saúde e disponham de meios financeiros. Ocorre durante o
décimo segundo mês do calendário islâmico.

Os muçulmanos vestem-se com um traje especial todo branco, antes de chegar a Meca,
para que todos estejam igualmente vestidos e não haja distinção de classes. Durante toda
a peregrinação não se preocupam com o seu aspecto físico. Depois de praticarem sete
voltas em torno da Kaaba, os peregrinos correm entre as duas colinas de Safa e Marwa.
Na última parte do Hajj os muçulmanos devem passar uma tarde na planície de Arafat,
onde Maomé disse o seu "Último Sermão". Os rituais chegam ao fim com o sacrifício
de carneiros e bodes.

O Alcorão
A primeira sura do Alcorão, intitulada Al-Fatiha ("A Abertura")

Os ensinamentos de Alá (Allah, a palavra árabe para Deus) estão contidos no Alcorão
(Qur'an, "recitação"). Os muçulmanos acreditam que Maomé recebeu estes
ensinamentos de Alá por intermédio do anjo Gabriel (Jibreel) através de revelações que
ocorreram entre 610 e 632 d.C.. Maomé recitou estas revelações aos seus companheiros,
muitos dos quais se diz terem memorizado e escrito no material que tinham à disposição
(omoplatas de camelo, folhas de palmeira, pedras...).

As revelações a Maomé foram mais tarde reunidas em forma de livro. Considera-se que
a estruturação do Alcorão como livro ocorreu entre 650 e 656 durante o califado de
Otman.

O Alcorão está estruturado em 114 capítulos chamados suras. Cada sura está por sua vez
subdividida em versículos chamados ayat. Os capítulos possuem tamanho desigual (o
menor possui apenas 3 versículos e os mais longos 286 versículos) e a sua disposição
não reflete a ordem da revelação. Considera-se que 92 capítulos foram revelados em
Meca e 22 em Medina. As suras são identificadas por um nome, que é em geral uma
palavra distintiva surgida no começo do capítulo ("A Vaca", "A Abelha", "O Figo").

Uma vez que os muçulmanos acreditam que Maomé foi o último de uma longa linha de
profetas, eles tomam a sua mensagem como um depósito sagrado, e tomam muito
cuidado assegurando que a mensagem tenha sido recolhida e transmitida de uma
maneira a não trair esse legado. Esta é a principal razão pela qual as traduções do
Alcorão para as línguas vernáculas são desencorajadas, preferindo-se ler e recitar o
Alcorão em árabe. Muitos muçulmanos memorizam uma porção do Alcorão na sua
língua original; aqueles que memorizaram o Alcorão por inteiro são conhecidos como
hafiz (literalmente "guardião").

A mensagem principal do Alcorão é a da existência de um único Deus, que deve ser


adorado. Contém também exortações éticas e morais, histórias relacionadas com os
profetas anteriores a Muhammad (que foram rejeitados pelos povos aos quais foram
enviados), avisos sobre a chegada do dia do Juízo Final, bem como regras relacionadas
com aspectos da vida diária como o casamento e o divórcio.

Além do Alcorão, as crenças e práticas do Islão baseiam-se na literatura hadith, que para
os muçulmanos clarifica e explica os ensinamentos do profeta.

Autoridade religiosa
Não há uma autoridade oficial que decide se uma pessoa é aceita ou excluída da
comunidade de crentes. O Islão é aberto a todos, independentemente de raça, idade,
género, ou crenças prévias. É suficiente acreditar na doutrina central do islamismo, acto
formalizado pela recitação da chahada, o enunciado de crença do Islão, sem o qual uma
pessoa não pode ser considerada um muçulmano.

Embora não exista no islamismo uma estrutura clerical semelhante à existente nas
denominações cristãs, existe contudo um grupo de pessoas reconhecidas pelo seu
conhecimento da religião e da lei islâmica, denominadas ulemás. Os homens que se
destacam pelo seu grande conhecimento da lei islâmica podem receber o título de mufti,
sendo responsáveis pela emissão de pareceres sobre determinada questão da lei
islâmica; em teoria estes pareceres (fatwas) só devem ser seguidos pela pessoa que os
solicitou.

Ramos do Islão
Há várias denominações no Islão, cada uma com diferenças ao nível legal e teológico.
Os maiores ramos são o Islão sunita e o Islão xiita.

O profeta Maomé faleceu em 632 sem deixar claro quem deveria ser o seu sucessor na
liderança da comunidade muçulmana (a Umma). Abu Bakr, um dos primeiros
convertidos ao islamismo e companheiro do profeta, foi eleito como califa
("representante"), função que desempenhou durante dois anos. Depois da sua morte a
liderança coube durante dez anos a Omar e logo de seguida a Otman durante doze anos.

Quando Otman faleceu ocorreu uma disputa em torno de quem deveria ser o novo
califa. Para alguns essa honra deveria recair sobre Ali, primo de Maomé que era
também casado com a sua filha Fátima. Para outros, o califa deveria ser o primo de
Otman, Muawiyah. Quando Ali é eleito califa em 656 Muawiyah contesta a sua eleição,
o que origina uma guerra civil entre os partidários das duas facções. Ali acabaria por ser
assassinado em 661 e Muawiyah conquista o poder para si e para a sua família,
fundando a dinastia dos Omíadas. Contudo, o conflito entre os dois campos continua e
em 680 Hussein, filho de Ali, é massacrado pelas tropas de Yazid, filho de Muawiyah.
Estas lutas estão na origem dos dois principais ramos em que actualmente se divide o
Islão. Os partidários de Ali (shiat ali, ou seja, xiitas) acreditam que os três primeiros
califas foram usurpadores que retiraram a Ali o seu direito legítimo à liderança. Esta
crença é justificada em "hadiths" interpretados como reveladores de que quando Maomé
se encontrava ausente ele nomeava Ali como líder momentâneo da comunidade.

O islamismo sunita compreende actualmente cerca de 90% de todos os muçulmanos.


Divide-se em quatro escolas de jurisprudência (madhabs), que interpretam a lei islâmica
de forma diferente. Essas escolas tomam o nome dos seus fundadores: maliquita (forte
presença no Norte de África), shafiita (presente no Médio Oriente, Indonésia, Malásia,
Filipinas), hanefita (presente na Ásia Central e do Sul, Turquia) e hanbalita (dominante
na Arábia Saudita e Qatar).

O muçulmanos xiitas acreditam que o líder da comunidade muçulmana - o imã - deve


ser um descendente de Ali e de sua esposa Fátima.

O Islão xiita pode por sua vez ser subdividido em três ramos principais, de acordo com
o número de imãs que reconhecem: xiitas duodecimanos, ismailitas e zaiditas. Todos
estes grupos estão de acordo em relação à legitimidade dos quatro primeiros imãs.
Porém, discordam em relação ao quinto: a maioria do xiitas acredita que o neto de
Hussein, Muhammad al-Baquir, era o imã legítimo, enquanto que outros seguem o
irmão de al-Baquir, Zayd bin Ali (zaiditas).

Os xiitas que não reconheceram Zayd como imã permaneceram unidos durante algum
tempo. O sexto imã, Jafar al-Sadiq (702-765), foi um grande erudito que é tido em
consideração pelos teólogos sunitas. A principal escola xiita de lei religiosa recebe o
nome de jafarita por sua causa.

Após a morte de Jafar al-Sadiq ocorreu uma cisão no grupo: uns reconheciam como imã
o filho mais velho de al-Sadiq, Ismail bin Jafar (m. 765), enquanto que para outros o
imã era o filho mais novo, Musa al-Kazim (m. 799). Este último grupo continuou a
seguir uma cadeia de imãs até ao décimo segundo, Muhammad al-Mahdi (falecido, ou
de acordo com a visão religiosa, desaparecido em 874 para retornar no fim do mundo).
Os primeiros ficaram conhecidos como ismailitas, enquanto que os que seguiram uma
cadeia de doze imãs ficaram conhecidos como os xiitas duodecimanos; o termo "xiita" é
geralmente usado hoje em dia como um sinónimo dos xiitas duodecimanos, que são
maioritários no Irão.

Para os ismailitas, Ismail nomeou o seu filho Muhammad ibn Ismael como seu sucessor,
tendo a linha sucessória dos imãs continuado com ele e os seus descendentes. O
ismailismo dividiu-se por sua vez em vários grupos.

Outra denominação que tem origem nos tempos históricos do Islão é a dos kharijitas.
Historicamente, consideravam que qualquer homem, independentemente da sua origem
familiar, poderia ser líder da comunidade islâmica, opondo-se às polémicas de sucessão
entre sunitas e xiitas. Os membros deste grupo hoje são mais comumente conhecidos
como muçulmanos ibaditas. Um grande número de muçulmanos ibaditas vive hoje no
Omã.

Movimentos recentes
Um movimento recente no Islão sunita é o dos wahhabitas, assim denominados por
ocidentais e por pessoas de fora desta corrente ideológica. O wahhabismo é um
movimento fundado por Muhammad ibn Abd al Wahhab no século XVIII, naquilo que
hoje é a Arábia Saudita. Os wahhabitas consideram-se sunitas e alguns afirmam seguir a
escola hanbalita. O wahhabismo tem uma grande influência no mundo islâmico pelo
facto do governo saudita financiar muitas mesquitas e escolas muçulmanas existentes
em outros países.

Misticismo

Sufis da ordem Melevi, mais conhecidos no Ocidente como dervixes rodopiantes.

Muitas vezes visto pelos próprios muçulmanos como um ramo separado do Islão, o
sufismo é antes uma forma de misticismo que pretende alcançar um contacto directo
com Deus através de uma série de práticas que geralmente incluem o ascetismo e a
meditação.

Desconhece-se de onde deriva a palavra sufismo (em árabe: tasawwuf). O termo poderá
provir de sūf, "lã", o que se encontra relacionado com o facto dos primeiros sufis
vestirem roupas feitas com o material, imitando os ascetas cristãos da Síria e da
Palestina. Outra teoria procura relacionar sufismo com a palavra árabe safa, que
significa "pureza".

O sufismo já existia como movimento no primeiro século do Islão. Para os sufis o


próprio profeta Maomé seria um deles, já que levaria uma vida extremamente simples,
tendo por hábito retirar-se de Meca para meditar numa caverna, tendo estabelecido uma
relação próxima com Deus. Um dos primeiros representantes do sufismo foi al-Hasan
al-Basri (642-728), que rejeitou o materialismo do mundo e criticou os soberanos
omíadas. Saliente-se ainda deste período inicial uma mulher, Rabi'ah al-Adawiyah (? -
801), cujo amor por Deus leva-a a excluir o apego ao mundo.

Desde o século XIII, os sufis organizam-se em ordens ou irmandades (tariqas) que


seguem os métodos ensinados por um determinado mestre (os xeques ou pirs). As
ordens sufis podem ser encontradas quer no sunismo, quer no xiismo. O sufismo foi por
vezes entendido pelas autoridades ortodoxas muçulmanas como uma ameaça, tendo os
seus líderes e adeptos sido alvo de perseguições. O sufismo tem sido igualmente
criticado devido ao facto de alguns dos seus mestres terem alcançado um estatuto de
santo, tendo sido erguidos santuários nos locais onde nasceram ou faleceram que se
tornaram locais de peregrinações.
Comemorações
O calendário islâmico (também denominado calendário hegírico em função da sua
origem remontar à Hégira ou migração dos primeiros muçulmanos de Meca para
Medina em 622 d.C.) segue o ano lunar, que é cerca de onze dias mais curto que o solar.
Consequentemente, as comemorações muçulmanas acabam por circular por todas as
estações de ano.

As duas comemorações do Islão são o Eid ul-Fitr, que celebra o fim do jejum do
Ramadão, e o Eid ul-Adha que marca o fim da peregrinação a Meca (Hajj).

O dia 10 do mês de Muharram (o primeiro mês do calendário islâmico) é um dia de


particular importância para os muçulmanos xiitas. Neste dia comemora-se o martírio do
terceiro imã xiita, Hussein, morto em Karbala em 680 por aqueles que os xiitas
consideram usurpadores da liderança da comunidade muçulmana. No início deste mês
as pessoas envolvem-se em actividades como ouvir contadores de histórias relatar o
martírio de Hussein ou assistir a peças de teatro que pretendem reconstituir os
acontecimentos. O dia é marcado com procissões, que incluem actos de auto-flagelação
como bater no peito ou cortar-se com uma lâmina (os membros do clero xiita
desencorajam estas práticas).

Outras comemorações populares incluem o Mawlid, que celebra o aniversário de


Maomé (12 do mês de Rabi al-Awwal), a Noite da Ascensão (Laylat al-Micraj, no dia
27 de Rajab), quando se recorda o dia em que Maomé subiu ao céu para dialogar com
Deus e a Noite do Poder (Laylat al-Qadr, na noite do 26 para 27 do mês do Ramadão),
que marca o aniversário da primeira revelação do Alcorão e durante a qual muitos
muçulmanos acreditam que Deus decide o que acontecerá durante o ano.

Lugares sagrados

A Cúpula da Rocha, em Jerusalém, cidade sagrada para a religião muçulmana

A Caaba ("O Cubo"), um edifício situado dentro da mesquita principal de Meca (Al
Masjid Al-Haram) na Arábia Saudita, é o local mais sagrado do Islão. De acordo com o
Alcorão, ela foi construída por Abraão (Ibrahim) para que todas as pessoas fossem ali
celebrar os ritos da Hajj. No tempo do profeta Maomé o monoteísmo instituído por
Abraão tinha sido corrompido pelo politeísmo e pela idolatria. Segundo o islamismo,
Maomé não procurou fundar uma nova religião, mas antes restabelecer o culto
monoteísta que existia no passado. Uma vez que o Islão se identifica com a tradição
religiosa do patriarca Abraão é por isso classificado como uma religião abraâmica. O
islamismo não nega diretamente o judaísmo e o cristianismo, pelo contrário considera
uma versão antiga e perdida dessas religiões monoteístas como parte da sua herança; as
suas versões atuais teriam sido alteradas, o próprio Islão considerando-se uma
restauração da verdade divina.

O segundo local sagrado do islamismo é Medina, cidade para a qual Maomé e os


primeiros muçulmanos fugiram (num movimento conhecido como Hégira), e onde se
encontra o seu túmulo.

A cidade de Jerusalém é o terceiro local sagrado do Islão. Este estatuto advém da sua
associação aos profetas anteriores a Maomé e sobretudo pelo facto dos muçulmanos
acreditarem que o profeta teria viajado para este local durante a noite, cavalgando um
ser denominado Buraq, numa viagem conhecida como Isra. Uma vez em Jerusalém ele
teria ascendido ao céu (Mi’raj), onde dialogou com Deus e outros profetas, entre os
quais Moisés. No local de Jerusalém onde se acredita que Maomé subiu ao céu foi
construída a Cúpula da Rocha em cerca de 690, sobre as ruínas do antigo Templo de
Salomão dos judeus.

Os muçulmanos xiitas consideram ainda como sagradas as cidades de Karbala e Najaf,


ambas no Iraque. Na primeira ocorreu o martírio de Hussein (filho de Ali e neto de
Maomé) e dos seus companheiros quando este contestava o califado omíada. No Irão,
devem também ser salientadas duas cidades sagradas para os xiitas, Mashhad e Qom.

Lei islâmica (Xariá)

Mulher iemenita vestindo um niqab.

A lei islâmica chama-se Xariá. O Alcorão é a mais importante fonte da jurisprudência


islâmica, sendo a segunda a Suna ou exemplos do profeta. A Suna é conhecida graças
aos ahadith, que são narrações acerca da vida do profeta ou o que ele aprovava, que
chegaram até nós graças a uma cadeia de transmissão oral a partir dos Companheiros de
Maomé. A terceira fonte de jurisprudência é o ijtihad ("raciocínio individual"), à qual se
recorre quando não há resposta clara no Alcorão ou na Suna sobre um dado tema. Neste
caso o jurista pode raciocionar por analogia (qiyas) para encontrar a solução.
A quarta e última fonte de jurisprudência é consenso da comunidade (ijma). Algumas
práticas também chamadas de "charia" têm também algumas raízes nos costumes locais
(Al-urf).

A jurisprudência islâmica chama-se fiqh e está dividida em duas partes: o estudo das
fontes e metodologia (usul al-fiqh, raízes da lei) e as regras práticas (furu' al-fiqh, ramos
da lei).

O Islão no mundo contemporâneo

O Islão no mundo contemporâneo: em verde países onde existe uma maioria sunita, e o
azul onde há maioria xiita.

O Islão é a segunda religião com maior número de fiéis, atrás apenas do cristianismo,
segundo o CIA World Factbook de 2005.

De acordo com o World Network of Religious Futurists, e o U.S. Center for World
Mission o islamismo estaria crescendo mais rapidamente em número de crentes de
qualquer outra religião.

O Islão reúne hoje entre 1,5 a 1,8 bilhão de crentes. Apenas 18% dos muçulmanos vive
no mundo árabe, um quinto encontra-se espalhado pela África subsariana, cerca de 30%
vive no Paquistão, Índia e Bangladesh, e a maior comunidade nacional encontra-se na
Indonésia. Há significantes populações islâmicas na China, Ásia Central, e Rússia.

A Áustria foi o primeiro país europeu a reconhecer o Islão como uma religião oficial
(1912), enquanto que a França tem actualmente a população mais elevada de
muçulmanos da Europa Ocidental (entre 5 a 10%).

Em Portugal existe igualmente uma comunidade muçulmana, que nada tem a ver com
os muçulmanos que viveram no país durante a Idade Média; são na sua maioria naturais
das antigas colónias portuguesas de Moçambique e Guiné-Bissau, que se fixaram em
Portugal após a independência desses territórios. O Islão xiita ismailita também está
presente em Portugal, tendo a sua sede no Centro Ismaili de Lisboa, construído pela
Fundação Aga Khan. Estima-se que o número de muçulmanos em Portugal ronde os 30
mil. Segundo o censo de 2000, o Brasil registra 27239 muçulmanos. Porém, para a
Federação Islâmica Brasileira o número de muçulmanos no Brasil ronda os 1,5 milhão.
A maioria dos muçulmanos brasileiros vive nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul,
mas também existem comunidades significativas no Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Grande parte destes muçulmanos são descendentes de emigrantes sírios e libaneses que
se fixaram no Brasil durante a Primeira Guerra Mundial.

Na Guiné-Bissau o Islão penetrou na Idade Média, tendo as ordens sufistas


desempenhado um importante papel na sua difusão. Reúne hoje cerca de 45% da
população. Outro país africano de língua oficial portuguesa com um número
significativo de muçulmanos é Moçambique (17,8%).

O islamismo contemporâneo é dominado pelo tradicionalismo, preocupado com a


manutenção de rituais e práticas antigas, como o uso do véu pelas mulheres. Existem
ainda correntes que pretendem conciliar o Islão com aspectos da modernidade, que são
principalmente activas nos Estados Unidos da América. À semelhança do que acontece
no judaísmo e no cristianismo, o islamismo é também marcado pela existência de
movimentos ditos integristas ou fundamentalistas.

As tradições islâmicas baseiam-se no Alcorão, nos ditos do profeta (hadith) e nas


interpretações destas fontes pelos teólogos. Ao longo dos últimos séculos, tem-se
verificado uma tendência para o conservadorismo, com interpretações novas vistas
como indesejáveis.

A xariá antiga tinha um carácter muito mais flexível do que aquele hoje associado com a
jurisprudência islâmica (fiqh), e muitos académicos muçulmanos islâmicos acreditam
que ela deva ser renovada, e que os juristas clássicos deveriam perder o seu estatuto
especial. Isto implica a necessidade de formular uma nova fiqh que seja praticável no
mundo moderno, como proposto pelos defensores da islamização do conhecimento, e
iria lidar com o contexto moderno. Este movimento não pretende alterar os pontos
fundamentais do islamismo, mas sim evitar más interpretações e libertar o caminho para
a renovação do prévio estatuto do mundo islâmico como um centro de pensamento
moderno e de liberdade.[25]

Perspectiva islâmica de outras religiões


O islamismo reconhece elementos de verdade no judaísmo e no cristianismo. Todos os
profetas do judaísmo são reconhecidos também como profetas no Islão, assim como
Jesus, que de acordo com a perspectiva muçulmana teria anunciado a vinda de Maomé.
Para os seguidores destas duas crenças o Alcorão reservou a noção de "Povos do Livro"
(Ahl al-Kitab), estabelecendo que devem ser tolerados devido ao facto de possuirem
escrituras sagradas. À medida que os muçulmanos tomaram contacto com outras
religiões detentoras de revelações escritas, acabaram em alguns casos por conceder-lhes
também esse estatuto (caso do zoroastrismo).

Porém, se o Islão reconhece o papel preparatório do judaísmo e do cristianismo,


considera igualmente que os seguidores destas religiões acabaram por seguir caminhos
errados. Os judeus procederam mal ao adorarem o bezerro de ouro, tendo se tornado
idólatras. Os muçulmanos acreditam que os cristãos erraram ao considerar Jesus como
filho de Deus e a defender doutrinas como a da Santíssima Trindade, porém acreditam
que Jesus é uma criatura de Deus, assim como Adão. Tais erros, segundo os
muçulmanos, acarretaram a vinda de outro e último profeta enviado por Deus, Maomé.
Extremismo
Correntes radicais do islamismo frequentemente são acusadas de atos terroristas, como os
atentados às Torres Gêmeas, protagnonizados nos ataques de 11 de setembro de 2001 pela Al
Qaeda. E a defesa intolerante da extinção do Estado de Israel defendida pelos grupos
terroristas Hamas e Fatah. Em sua carta de fundação, por exemplo, o Hamas é claro na defesa
da destruição do Estado Sionista, sendo apoiado pela maioria do povo palestino.

Fundamentalistas também defendem a submissão da mulher, a perseguição a cristãos e o


assassinato de dissidentes em países islâmicos. Estima-se que aproximadamente quatro
milhões de cristãos libaneses emigraram de seu país em conseqüência das pressões impostas
pelos muçulmanos.

A condição de vida das mulheres também é precária em países fundamentalistas islâmicos,


como a Arábia Saudita: "Para o pensamento ortodoxo muçulmano, a mulher vale menos do
que o homem, explica Leila Ahmed, especialista em estudos da mulher e do Oriente Próximo
da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos […]". Assim sendo, violências físicas e
tratamentos desumanos, como o apedrejamento, são constantes entre os países
fundamentalistas: "Segundo a lei islâmica denominada Sharia (Shari'ah ou Charia), uma
mulher considerada adúltera deve ser enterrada até o pescoço (ou as axilas) e apedrejada até
a morte […]".

A intolerância a críticas também é alvo constante de respostas por parte da imprensa às


vertentes radicais do Islã. Recentemente, cartunistas dinamarqueses foram ameaçados de
morte por publicarem charges consideradas insultosas para alguns muçulmanos, algo comum
no Ocidente e sua contraparte cristã. O Papa também foi ameaçado de morte por considerar o
Islã uma religião violenta.

O crítico Daniel Pipes cita uma cadeia histórica de reações radicais a críticas e atos
humorísticos por parte de extremistas islâmicos, que vão de ameaças a mortes de dezenas de
pessoas. Porém, o islamismo moderado mostra-se como vertente desejosa da paz, tanto
quanto o budismo, o cristianismo, o judaísmo ou qualquer outra grande religião

Referências
1. ↑ O Profeta Adão (em inglês) Islam.com. Página visitada em 31 de julho de 2008.
2. ↑ Expansão do Islã (em pps) comibam.org. Página visitada em 31 de julho de 2008.
3. ↑ Mircea Eliade, Dicionário das Religiões, Lisboa, Publicações D. Quixote
4. ↑ José Pedro Machado, "Islão" em Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, segundo volume (E-M),
Editorial Confluência, s.d., p. 810
5. ↑ O Que o Islam Significa? islam.com.br. Página visitada em 31 de julho de 2008.
6. ↑ José Pedro Machado, "muçulmano" em Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, quarto volume (M-P), Lisboa,
Livros Horizonte, 1977, p.176)
7. ↑ Annemarie Schimmel, Islam an Introduction, SUNY Press, 1992, p. 83
8. ↑ 8,0 8,1 Breve Introdução ao Islã Sociedade Beneficente Muçulmana. Página visitada em 31 de julho de 2008.
9. ↑ Momen (1987), p.180
10. ↑ A Shahada e sua Importância Sociedade Beneficente Muçulmana. Página visitada em 31 de julho de 2008.
11. ↑ 11,0 11,1 11,2 A Importância da Oração (Salat) Sociedade Beneficente Muçulmana. Página visitada em 31 de julho de 2008.
12. ↑ Sufistas no Mundo Islâmico - Major Branches of Religions Ranked by Number of Adherents (em inglês).
Adherents.com (2005-10-28). Página visitada em 2009-06-28.
13. ↑ Jamal J. Elias, Islamismo, Lisboa, Edições 70, 2003, p. 53
14. ↑ CIA
15. ↑ Trends in Religion (em inglês). World Network of Religious Futurists. Página visitada em 2009-06-28.
16. ↑ GROWTH RATE OF CHRISTIANITY & ISLAM (em inglês). Religious Tolerance. Página visitada em 2009-06-28.
17. ↑ Major Religions of the World Ranked by Number of Adherents (em inglês). Adherents.com (2007-08-27). Página
visitada em 2009-06-28.
18. ↑ Muçulmanos questionam representatividade de órgãos islâmicos europeus (em português). Deutsche Welle (22 de
maio de 2007). Página visitada em 5/7/2008.
19. ↑ DOSSIÊ - A FRANÇA E O ISLÃ (em português). Agenzia Fides. Página visitada em 2009-06-28.
20. ↑ Human Rights Watch
21. ↑ Observatório da Imigração
22. ↑ IBGE
23. ↑ Tradução vai facilitar conhecimento do islamismo
24. ↑ "O Islã não é só árabe" - Revista Galileu (acessado em 5/5/2008)
25. ↑ "Caleidoscópio saudita" - Le Monde diplomatique, 2006

Bibliografia
 CARMO, António - Antropologia das Religiões. Lisboa: Universidade Aberta, 2001. ISBN 9726743591.
 ELIAS, Jamal J. - Islamismo. Lisboa: Edições 70, 2000. ISBN 9724410544
 GUELLOUZ, Azzedine - "O Islão" in As Grandes Religiões do Mundo, direcção de Jean Delumeau. Lisboa: Editorial
Presença, 1997. ISBN 9722322419.
 MOMEN, Moojan (1987). An Introduction to Shi`i Islam: The History and Doctrines of Twelver Shi`ism. Yale University
Press. ISBN 978-0300035315.
 SCHUON, Frithjof - Para Compreender o Islã. Rio de Janeiro, 2006. ISBN 8577010465.
 SOARES DE AZEVEDO, Mateus - Iniciação ao Islã e Sufismo. Rio de Janeiro, 2001. ISBN 8501041815
 STODDART, William - O Sufismo: doutrina metafísica e via espiritual no Islão. Lisboa, Edições 70, 1980.
 The Encyclopaedia of Islam, Brill.

Expansão islâmica
A expansão islâmica (632–732), (em árabe ‫فتتتتح‬, Fatah, literalmente "abertura") também
chamada de conquistas islâmicas ou conquistas árabes,[1] começou logo após a morte
do profeta Maomé. Ele havia estabelecido uma nova organização política unificada
na península Arábica, a qual, sob o subsequente domínio dos califas doRashidun e Omíadas,
experimentou uma rápida expansão do poder árabe para muito além da península, sob a forma
de um vasto Império Árabe muçulmano, com uma área de influência que se estendia do
noroeste da Índia, através da Ásia Central, o Oriente Médio, África do Norte, Itália setentrional
e Península Ibérica, até os Pireneus.Edward Gibbon escreveu em sua History of the Decline
and Fall of the Roman Empire:
"Sob os últimos Omíadas, o Império Árabe estendia-se por uma jornada de duzentos dias do leste para o
oeste, dos confins da Tartária e Índia até as praias do Oceano Atlântico. E se encurtássemos as mangas
da túnica, no dizer de seus escritores, era a longa e estreita província de marcha de uma caravana. Em
vão buscaríamos a união indissolúvel e a obediência fácil disseminados no governo deAugusto e
dos Antoninos; mas o progresso do Islã difundiu entre no "Transformice" por este amplo espaço uma
semelhança generalizada de modos e opiniões. A língua e as leis do Qu'ran eram estudadas com igual
devoção em Samarcanda e Sevilha: os mouros e os hindus abraçavam-se como conterrâneos e irmãos em
peregrinação à Meca; e a língua árabe era adotada como idioma popular em todas as províncias a oeste
do rio Tigre."
As conquistas individuais, junto com suas datas de início e fim, como se segue:

[editar]Guerras Árabe-Bizantinas: 634-750


Conquistas de Muhammad e do Califado Rashidun.

As Guerras Árabe-Bizantinas foram travadas entre o Império Bizantino, inicialmente contra


o Califado Rashidun e depois contra os omíadas, pela conquista de Bilad al-Sham (Levante),
Misr (Egito), Ifriqiya (Norte da África mediterrânica) e Armênia(bizantina e sassânida).

Sob o Rashidun

 Síria, 637
 Armênia, 639
 Egito, 639
 Norte da África (início), 652

Sob os Omíadas

 Norte da África (conclusão), 665


 Cerco de Constantinopla 717-718
 Tbilisi, 736

Conquistas posteriores

 Itália meridional, 827

Califa
Califa (‫ )خليفة‬é um título que foi usado por Abu Bakr, o sogro de Maomé, quando ele o sucedeu
pela primeira vez como líder da Ummah, ou comunidade do Islão, em 632. Tornando-se o título
que se atribuía ao chefe primário do islamismo. E também, o califa era considerado o sucessor
de Abu Bark. Os primeiros quatro califas são conhecidos como os "Califas Correctaniamente
Guiados" (al-Khulufa al-Rashidun). O detentor deste título clama a soberania sobre todos os
muçulmanos. Os que acreditavam nos califas eram osxiitas e os sunitas. Os xiitas acreditam
em tudo o que os sunitas, os judeus e os cristãos acreditam.

No seguimento do conflito entre os fatímidas e os abássidas, outros líderes muçulmanos


começaram a reivindicar o título de califa. Com a derrota destes califados periféricos, o califado
otomano (Ver: Império Otomano) começou a ser crescentemente considerado como o califado
principal. Assim, até à Primeira Guerra Mundial, o califado otomano representava a maior e
mais poderosa entidade política islâmica.

A palavra "califa" vem do árabe latinizado (calīpha), uma adaptação da palavra


árabe, Khalīfa (provavelmente ‫)خليفة‬, significando literalmente "representante", e em alguns
casos, "sucessor do Profeta". Khalīfa vem do verbo khalafa, cujo o significado é "suceder" ou
"vir atrás", conforme o uso da expressão.

O cargo de califa começou em 632, com a morte de Maomé. O califa, no caso, era escolhido
através de uma eleição na Majlis al Ummah, órgão que congregava as principais lideranças
tribais, e, mais tarde, provinciais. Em 661, o cargo passou a ser hereditário, após um golpe de
estado, sendo a Majlis deixada em segundo plano. Em 750, ocorreu outro golpe de estado, e a
capital foi transferida de Damasco para Bagdá. cerca de 200 anos depois, o Califado se dividiu
em dois, e, alguns anos depois, em 3. Com o tempo, foi se desintegrando, até que, no final do
século XII, o sultão do Egito, Saladino, reestruturou o califado através de alianças entre os
estados, e reiniciou o processo de expansão.

O título de califa começou á existir quando a República da Turquia aboliu o Império Otomano,
em 1924.

 Os Califas bem guiados


 Abu Bakr (632-634)
 Umar ibn al-Khattab (634-644)
 Uthman ibn Affan (644-656)
 Ali Ben Abu Talib (656-661)

 Outros Califas


 Abd-ar-rahman IV
 Abd-ar-rahman V
 Abd Allah ibn Zubayr
 Haroun al-Raschid, herói de muitas histórias de As Mil e Uma Noites
 Abu Ya'qub Yusuf - Espanha

 Principais dinastias


 A dinastia dos Omíadas em Damasco (661-750), seguida pela
 Dinastia Abássida em Bagdade (750-1258), e mais tardo no Cairo (1260-1517)
 A dinastia Fatímida no Norte de África e no Egipto (909-1171)
 Os Emires Omíadas de Córdoba, Espanha, declararam-se Califas (929-1031)
 A dinastia dos Almóadas no Norte de África e Espanha (1145-1269)
 O Império Otomano, governado pela dinastia Osmanli (1517-1924)
Jihad
Jihad (em árabe: ‫جهاد‬, jihād) é um conceito essencial da religião islâmica e significa "empenho",
"esforço". Pode ser entendida como uma luta, mediante vontade pessoal, de se buscar e
conquistar a fé perfeita. Ao contrário do que muitos pensam, jihad não significa "Guerra Santa",
nome dado pelos Europeus às lutas religiosas na Idade Média (por exemplo: Cruzadas) por
mimetismo com o contacto com um Islão que, durante 500 anos antes destas, invadira metade
do mundo cristão. Aquele que segue a Jihad é conhecido comoMujahid.

A explicação quanto as duas formas de Jihad não está presente no Alcorão, mas sim nos ditos
de Maomé: Uma, a "Jihad Maior", é descrita como uma luta do indivíduo consigo mesmo, pelo
domínio da alma; e a outra: a "Jihad Menor", é descrita como um esforço que os muçulmanos
fazem para levar a teoria do Islã a outras pessoas. Esta divisão só surge, porém, no século XI
num livro de al-Khatib al-Baghdadiis que transmite aquele referido dito de Maomé. Ou seja:
antes deste período apenas havia uma jihad e essa, de acordo com os textos fundacionais do
Islão, era a "JihadMenor" como se pode ver na surah 4:95 do Corão. Com efeito, nenhuma das
quatro escolas de jurisprudência sunitas, nem a tradição xiita, se referem à "Jihad Maior". Mas
não só: nenhuma das seis maiores colecções de hadith (Sahih Bukhari; Sahih Muslim; Dawud;
al-Sughra; Tirmidhi e Ibn Majah), que a seguir ao Corão são os textos mais importantes para a
formação identitária e teológica do Islão, se referem, nas 200 vezes que se reportam a jihad, à
"Jihad Maior", mas apenas à jihad de luta exterior e conquista. Ou seja: dizer que a
verdadeira jihad é uma luta interior é, não só, uma posição herética face àquelas escolas
ortodoxas de jurisprudência, mas ir contra as próprias palavras do profeta muçulmano Maomé
que, por exemplo, disse:

1. «Está escrito que Amr bin Abasah disse: “fui ter com Maomé e perguntei: ‘Oh
mensageiro de Alá, qual é a melhor jihad? Maomé disse: ‘A de um homem cujo sangue
é derramado e o seu cavalo é ferido’”» (Sunan Ibn Majah 2794)
2. «Está escrito segundo a autoridade de Abu Huraira que Maomé disse: ‘Aquele que
morreu mas não lutou no caminho de Alá nem expressou alguma determinação por
lutar, morreu como morrem os hipócritas» (Sahih Muslim 2:4696)

Há, como se vê, opiniões divergentes quanto às formas de ação que são consideradas Jihad.
A Jihad só pode ser travada para proteger o Islã. No entanto, alguns grupos acham que isto
tem aplicação não apenas à defesa física dos muçulmanos, mas também à reclamação de
terra que em tempos pertenceu a muçulmanos ou a protecção do Islão contra aquilo que eles
vêem como influências que "corrompem" a vida muçulmana. Todavia, se assim fosse, nunca o
Islão teria saído da Península Arábica nem nunca um especialista em assuntos islâmicos como
Subhi Al-Yaziji, decano de estudos do Corão na Universidade de Gaza, teria dito a 25 de Maio
de 2012 que o islão pretende não só reconquistar a Península Ibérica como, também,
conquistar o Vaticano.

O Ocidente considera a Jihad uma guerra violenta destinada a transformar pessoas em


islâmicas à força e é fundada nos diversos ataques terroristas e militares sofridos pelo Ocidente
em nome da religião islâmica e de suas crenças; entretanto há quem afirme que os atentados
de homens-bomba ou as ameaças a meios de comunicação ocidentais que ousem fazer
qualquer crítica aos pilares da crença muçulmana não seja exatamente a definição de Jihad,
mas resultado de uma percepção equivocada e oportunista de alguns islâmicos.
Um dos defensores desta tese é o sociólogo sírio-alemão Bassam Tibi, muçulmano sunita e
especialista no Islã. Para este, o fenómeno do fundamentalismo islâmico é uma forma de
oportunismo político de alguns grupos, que se aproveitam da noção de Jihad, desvirtuando o
Islão para torná-lo um factor de acção política em proveito próprio. Todavia é preciso
compreender que o Islão é, desde o seu início, uma realidade compósita em que as realidades
religiosas e políticas são inseparáveis como se constata pelo fato de Maomé ter sido ao mesmo
tempo um lider religioso e político-militar. Com efeito, não se pode esquecer que "Jihad" foi um
termo utilizado por Maomé e significava "guerra sagrada" enquanto forma de trazer o máximo
de pessoas ao Islão. Tal ocorreu após a Hégira, quando Maomé criou os cinco pilares do
Islamismo, aliados ao conceito de Jihad. Esses fatos aconteceram na
antiga Iatreb (atual Medina).

De acordo com as formas comuns do Islão, se uma pessoa morre em Jihad, ela é enviada
directamente para o paraíso, sem quaisquer punições pelos seus pecados.

Arábia
A Arábia, também conhecida como península Arábica ou Árabe, é uma
vasta península localizada na junção da África e da Ásia, a leste da Etiópia e
ao norte da Somália, ao sul da Palestina, da Jordânia e da Mesopotâmia, e ao sudoeste do Irã.
É uma região majoritariamente de clima desértico.

A Arábia é limitada pelo mar Vermelho e pelo golfo de Aqaba ao sudoeste, pelo mar da
Arábia ao sudeste e pelogolfo de Omã e pelo golfo Pérsico ao nordeste.

História
A região foi tradicionalmente habitada por povos nômades, devido a que a escassez de água e
a aridez do chão o transformam em um lugar inóspito para a agricultura. Durante muitos anos,
a maior parte dos países que a compõem estiveram atrasados no âmbito da tecnologia.
No século XX, o achado de enormes reservas de petróleona península permitiu aos países da
região fomentar um importante desenvolvimento econômico, e suas casas reais se encontram
entre as mais ricas do mundo.

Antiguidade

[1]
A região era habitada por síria, judeus e pastores. As cidades eram governadas por um rei,
[2]
mas a sucessão não era de pai para filho. Em vez disso, assim que um novo rei
assumia, todas as esposas grávidas dos nobres eram registradas, e sua gravidez
[2]
acompanhada. O primeiro filho a nascer seria adotado e educado pelo rei, como seu
[2]
sucessor.

Peregrinações
Tribos de vida sedentária e mercadores eram influenciados por
comerciantes judeus e cristãos das cidades árabes interioranas e do litoral a atrair tribos
instaladas nos arredores para peregrinações religiosas que acabavam por transformar-se em
grandes feiras.

Pode-se dizer que graças à estes mercadores e tribos houve tempos de paz durante os
conflitos. Isso porque, devido ao sucesso das peregrinações, ficou estabelecido desde oséculo
V que durante quatro meses suspenderiam-se os conflitos entre as tribos para que as
peregrinações aos estupendos templos cúbicos ocorressem.

Esses grandiosos templos eram constituídos em geral de pedra e


guardavam divindades cultuadas pelas várias tribos da Arábia.

Essas peregrinações, alimentadas pelas tréguas, tornaram a cidade de Meca um dos maiores
centros religiosos da península.

Atualidade
Apesar do crescimento devido à exportação do petróleo, a instabilidade política da região e o
ainda incipiente desenvolvimento das áreas econômicas não relacionadas com a exploração
de hidrocarbonetos fazem perigar o futuro da região quando as reservas comecem a esgotar-
se.

Apesar dos avanços produto do petróleo, hoje em dia os beduínos continuam levando sua vida
errante, embora em muitos casos tenham substituído os camelos por veículos com motor e
muitos membros que vêem perigar o futuro desta forma de vida emigraram às cidades.
Inclusive do próprio governo se tratou de incentivar a estes grupos para que se assentem em
alguma urbanização.

Medina e Meca, as duas cidades sagradas do Islã encontram-se na Arábia.


Os muçulmanos devem peregrinar a Meca uma vez na sua vida, desde que possuam
condições físicas e financeiras para tal. Isso faz com que, a cada ano cheguem alguns milhões
de muçulmanos de todo o mundo a visitar a cidade.

A península Arábica é dividida pelos seguintes países:

 Arábia Saudita: 1.960.582 km² - 24.300.000 habitantes


 Bahrein: 665 km² - 670.000 habitantes
 Emirados Árabes Unidos: 83.600 km² - 3.500.000 habitantes
 Iémen/Iêmen: 527.970 km² - 20.000.000 habitantes
 Kuwait: 17.818 km² - 2 596 799 habitantes
 Omã: 212.460 km² - 3.000.000 habitantes
 Catar: 11.437 km² - 770.000 habitantes

A Arábia Saudita é o país de maior superfície dentro da Arábia, por isso às vezes se confunde o
nome da península completa com este país, que, além disso, exerce uma grande influência
política e económica sobre os seus vizinhos. O Bahrein, apesar de ser uma ilha, também faz
parte da região da península arábica.

Médio Oriente
O Médio Oriente (português europeu) ou Oriente Médio (português brasileiro) (em árabe ‫الشسسرق الوأسسسط‬, ash-
sharq-al-awsat) é um termo que se refere a uma área geográfica à volta das partes leste
e sul do Mar Mediterrâneo. É um território que se estende desde o leste do
Mediterrâneo até ao Golfo Pérsico. O Médio Oriente é uma sub-região da África-Eurásia
(partes da Turquia estão na Europa, e o país é considerado por alguns como parte da
última), sobretudo da Ásia, e partes da África Setentrional. Comparada com o restante
da Ásia, é uma região geograficamente pequena, com uma área aproximada de 7 200
000 km². A população do Oriente Médio é de 270 milhões de habitantes.
O Oriente Médio fica na junção da Eurásia, da África, do Mar Mediterrâneo e do Oceano Índico.
É o local de nascimento e centro espiritual do cristianismo, islamismo, judaísmo, Yazidi, e
no Irã domitraísmo, zoroastrismo, maniqueísmo e da Fé Bahá'í. Ao longo de sua história, o
Oriente Médio tem sido um grande centro de negócios do mundo, uma área estratégica,
economica, política, cultural e religiosamente sensível.

As primeiras civilizações da Mesopotâmia e do Egito antigo, originaram-se no Crescente


Fértil e em regiões do vale do Nilo do antigo Oriente, assim como as civilizações da Península
do Levante, Pérsia e da Arábia. O Oriente Médio foi unificado pela primeira vez sob o império
Aquemênida seguido mais tarde pelo Império Macedônio e, mais tarde pelos impérios
iranianos, a saber, o Império Arsácida e o Império Sassânida. No entanto, seriam
os Califatos árabes na Idade Média ou Idade de Ouro Islâmica, que primeiramente iriam
unificar todo o Oriente Médio como uma região distinta e criar a identidade étnica dominante
que persiste até hoje. Os turcos seljúcidas, o Império Otomano e ossafávidas também depois
dominariam a região.

O moderno Oriente Médio surgiu após a I Guerra Mundial, quando o Império Otomano, que foi
aliado com as derrotadas Potências Centrais, foi dividido em um número de nações separadas.
Outros acontecimentos marcantes nesta transformação incluiu a criação de Israel em 1948 e a
saída das potências europeias, nomeadamente a Grã-Bretanha e França. Eles foram
suplantados em parte pela crescente influência dosEstados Unidos.

No século XX, ações importantes da região do petróleo deu-lhe nova importância estratégica e
econômica. A produção em massa do petróleo começou por volta de 1945, com aArábia
Saudita, Irã, Kuwait, Iraque e Emirados Árabes Unidos com grandes quantidades de petróleo.
As reservas de petróleo estimadas, especialmente na Arábia Saudita e Irã, são alguns das mais
altos do mundo, e o cartel internacional do petróleo da Opep é dominado por países do Oriente
Médio.

Durante a Guerra Fria, o Oriente Médio foi um teatro de luta ideológica entre as
duas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética, que competiam por zonas de
influências e aliados regionais. É claro que, além dos motivos políticos, houve também o
"conflito ideológico" entre os dois sistemas. Neste quadro contextual, os Estados Unidos
procuraram desviar o mundo árabe da influência soviética.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a região tem tido períodos de relativa paz e
tolerância, pontuada por conflitos e guerras como a Guerra do Golfo, Guerra do Iraque,
oconflito árabe-israelense e o programa nuclear do Irã.

O clima predominante no Oriente Médio é seco (desértico) e a região apresenta poucos rios.
Os maiores e mais importantes são o Tigre e o Eufrates, entre os quais há a Mesopotâmia,
região muito fértil para a agricultura e berço da civilização mesopotâmica. [carece de fontes]

Mesmo atravessando uma região árida, de poucas chuvas, os rios Tigre e Eufrates não secam,
porque suas nascentes encontram-se numa região de muita chuva na Turquia. A água é um
recurso natural muito escasso no Oriente Médio. Há previsões de que nesse século haverá
muitas guerras e conflitos pela posse da água. Muitos países precisam importá-la ou
dessalinizar água do mar para obter água potável. Essas medidas, contudo, são caras.

O Oriente Médio destaca-se pela variedade de etnias, origens, com culturas e religiões
diversas. A etnia predominante é a árabe. Israel,Turquia e Irã são países não árabes.
O termo Oriente Médio defineuma área de forma pouco específica, ou sem definição de
fronteiras precisas. Geralmente considera-se incluir:

 Arábia Saudita  Iraque


 Bahrein  Jordânia
 Chipre  Kuwait
 Egito  Líbano
 Turquia  Palestina
 Emirados Árabes Unidos  Omã
 Iémen/Iêmen  Catar
 Israel  Síria

 Irã  Afeganistão

Destes, os únicos países não totalmente asiáticos são o Egito (que tem seu território
da Península do Sinai na Ásia mas é majoritariamente africano) e a Turquia (majoritariamente
asiático, mas com a Trácia incluída na Europa).[carece de fontes]

O Paquistão é considerado parte intersecional entre o Subcontinente Indiano e a Ásia Central,


mas raramente no Oriente Médio.

O Oriente Médio é uma das regiões mais conflituosas do mundo. Diversos fatores contribuem
para esse fato, como sua própria história e posição no contexto geopolítico mundial, no
contato entre três continentes (Europa, Ásia, África); suas condições naturais, pois a
maior parte dos países ali localizados são dependentes de água de países vizinhos; a
presença de recursos estratégicos no subsolo, como o petróleo; a origem dos conflitos
[1]
entre árabes e israelenses; a posição geográfica.

O Oriente Médio está sobre uma dobra tectônica que se inicia na Mesopotâmia e se prolonga
até o Golfo Pérsico. Nela, encontra-se uma magnífica reserva de petróleo, que representa 60%
das reservas mundiais desse minério. Os principais países exportadores de petróleo
são: Arábia Saudita, Iraque, Irã, Kuwait, Bahrein, Qatar e Emirados Árabes Unidos. Essa
grande quantidade de petróleo, aliada a fatores econômicos e políticos, criou as condições para
a formação, na década de 1960, da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (OPEP).[1] As elevadas rendas per capita do Kuwait e da Arábia Saudita revelam que
esses países obtêm muito lucro com a venda de petróleo, entretanto, a população dos países
petrolíferos é, em geral, pobre, fato que decorre da má distribuição de renda. [carece de fontes]

Embora o predomínio de climas áridos e semiáridos no Oriente Médio prejudique o


desenvolvimento da agropecuária, ela é outra atividade econômica importante na região. Ela é
realizada predominantemente de forma tradicional, com uso de pouca tecnologia e
mecanização, e incorpora até 40% da população economicamente ativa. [1] A atividade
econômica tradicional do Oriente Médio é o pastoreio nômade. Destacam-se as criações de
carneiros, cabras e camelos em áreas desérticas. Na Planície Mesopotâmica, também
conhecida como "crescente fértil", cultivam-se frutas, arroz, trigo e cana-de-açúcar, utilizando-
se a técnica de irrigação. Na região mediterrânea, destacam-se culturas comerciais como
oliveira, fumo, trigo e tâmara.[carece de fontes]
Plantação de limão em Israel.

O turismo é também um segmento econômico importante para alguns países do Oriente Médio,
como Israel e Turquia - que juntos recebem cerca de 2,5 milhões de turistas por ano. [1] Já o
setor industrial no Oriente Médio apresenta pouca expressividade. Nos países petrolíferos, há
refinarias e petroquímicas. Outras indústrias se relacionam aos setores mais tradicionais, como
o têxtil e o alimentício.[1]Israel é um caso à parte e tem um parque industrial desenvolvido e
uma economia independente da exportação de petróleo.

Religião
A religião predominante no Oriente Médio é o islamismo. Existe a adoração a Alá e a população
segue os ensinamentos do profetaMaomé, registrados no Alcorão, o livro sagrado. Para os
muçulmanos, Meca, na Arábia Saudita, é uma cidade sagrada. Há grupos menores de
muçulmanos, como os drusos e os alauítas.[1]

A região abriga ainda cerca de 13 milhões de cristãos - muitos de igrejas árabes, como
a copta ou a maronita, que estão entre as mais antigas do cristianismo. Além disso, há cerca de
6 milhões de judeus na região, quase todos em Israel.[1]

Cáucaso
O Cáucaso (em russo Кавказ (Kavkaz), em turco Kafkas e em georgiano კავკასია(K'avk'asia))
é uma região da Europa oriental e da Ásia ocidental, entre o mar Negro e o mar Cáspio, que
inclui a cordilheira do mesmo nome e as planícies adjacentes. Aquela região marca uma das
fronteiras entre a Europa e a Ásia, fazendo com que alguns de seus países sejam
considerados transcontinentais, como a Turquia, cujos territóriosdividem-se em uma porção
geograficamente européia e outra asiática. A região é dividida em duas partes: uma norte e
outra sul, respectivamente, Ciscaucásia eTranscaucásia.

Na região há jazidas de metais não–ferrosos e reservas de petróleo (Azerbaijão e regiões


de Maikop e de Grózni).

Explorado pelos navegadores gregos de Mileto, no século VIII a.C., o litoral do mar Negro é
repleto de várias colônias. No Cáucaso misturam-se
influências persas, partase romanas. Ponto de contato entre as
civilizações bizantina e árabe durante a Idade Média, o Cáucaso caiu sob
administração dos turcos seljúcidas no século XI, e, noséculo XIII, sofreu as
invasões mongóis. Entre o século XI e o meio do século XIII, uma brilhante civilização
prosperou nos reinos da Armênia e da Geórgia. Após a tomada
deConstantinopla em 1453, a região ficou isolada do mundo cristão e passou ao
controle otomano no século XVI. A penetração russa no Cáucaso começou na mesma
época, mas a russificaçãotornou-se efetiva somente no final do século XVIII; após a
anexação da Geórgia (1801), a guerra contra a Pérsia e o Império Otomano (1805–
1829) permite aos russos a conquista da região deErevan. A dura resistência das tribos
das montanhas teve fim somente com a rendição, em 1859, do
chefe muçulmano Chamyl. Os territórios caucasianos, onde haviam sido criadas
em 1917 as repúblicas socialistas da Geórgia, da Armênia e do Azerbaijão, foram, de
julho de 1942 a janeiro de 1943, o teatro de uma vasta ofensiva alemã, cujo objetivo era
o controle dos campospetrolíferos de Baku. Do fim da Segunda Guerra Mundial ao
desmantelamento da União Soviética(URSS), os países do Cáucaso seguiram a
história da URSS.

Após 1989, o desaparecimento da URSS permitiu a criação de três novos Estados (Armênia,
Geórgia e Azerbaijão), enquanto que as seis repúblicas ciscaucasianas permaneceram
no seio da Federação Russa. As três novas repúblicas foram confrontadas a graves
dificuldades econômicas e são vítimas de múltiplos conflitos: a Armênia e o Azerbaijão
disputam o controle do Karabak, região do Azerbaijão, reclamada e ocupada pela
Armênia em total desrespeito aos tratados por ela assinados, enquanto que a Geórgia
deve enfrentar o separatismo na Abecásia, assim como na Ossétia do Sul. Além disso,
no território da Federação Russa, um conflito explodiu em dezembro
de 1994 naChechênia, onde as forças armadas russas tentam submeter pela força os
nacionalistas chechenos do general Djokar Doudaiev, que recusam a adesão à
Federação Russa e reclamam independência social e econômica do país.

Marcos históricos

 Conquista do Cáucaso pela Rússia;


 Genocídio Armeniano;
 1991: Restabelecimento da independência da Geórgia e do Azerbaijão.

Referências culturais
Na mitologia, o Cáucaso era um dos pilares do mundo. Ali, Prometeu foi acorrentado por Zeus.
O poeta romano Ovídio situava o Cáucaso na Cítia e descrevia suas montanhas como frias,
pedregosas e personificadoras da fome. No mesmo estilo, a canção de Loreena
McKennitt "Night Ride Across the Caucasus" descreve vagamente aquela região. Ele fala do
Cáucas, de como são as montanhas, o clima e os povos que lá vive.

Salafismo
O salafismo (do árabe ‫سلفي‬, salafī, "predecessores" ou "primeiras gerações") é um movimento
reformista islâmico que surgiu no Egipto no final do século XIX dentro do que podemos referir
como período de renascimento cultural árabe.

O objectivo primário do movimento era reformar a doutrina islâmica de forma a adaptá-la aos
novos tempos, foi um produto do intenso contacto que começou, desde os inicios do século
XIX, entre o mundo islâmico e o mundo ocidental e pretendia chamar a atenção para uma via
de desenvolvimento especificamente islâmica.

Este movimento não se colocava somente contra doutrinas que estabeleciam uma identificação
entre a modernização e a ocidentalização dos costumes culturais e sociais islâmicos de então
(cujo exemplo mais notável pode ser apontado como o que se passou na Turquia, com
alaicização do estado através do movimento dos Jovens Turcos, fundado por Kemal Atatürk),
como também é contra o tradicionalismo mais fechado que abafa toda e qualquer modernidade
procedente das influências ocidentais como algo que destrói tudo o que é islâmico.

Assim os salafistas dos primeiros tempos eram moderados, e tentavam buscar a reforma
do Islão pela doutrina original desta fé, tentando afastar as influências posteriores - que teriam
alterado, em seu ponto de vista, o Islão. Desta maneira, foram precursores neste aspecto dos
movimentos agora chamados de forma genérica como islamistas, embora estes tenham uma
conotação mais política do que o salafismo, além do fato de que muitos destes movimentos
ditos islamistas evoluiram para posições claramente opostas às teorias iniciais e inclusivas do
salafismo. Alguns grupos islamistas até mesmo se apropriaram deste nome de forma abusiva,
tentando deste modo associar suas teorias a uma aura reformista islâmica predecessora, e
assim limpar a imagem de seus movimentos com esta designação, ainda que invertendo por
completo as bases ideológicas originais deste movimento.

Dentro das suas figuras mais proeminentes podemos incluir um grupo de intelectuais
da Universidade de Al-Azhar, do Cairo, onde se destacam claramente, Muhammad
Abduh (1849-1905), Jamal al-Din al-Afghani (1839-1897) e Rashid Rida (1865-1935).[1][2][3][4]

Alguns defendem que foi Muhammad ibn Abd-al-Wahhab[5][6] quem na generalidade divulgou
na Arábia Saudita um islamismo que visava recuperar os princípios basilares do Islão desde a
sua fundação, embora este reformismo aparente do wahhabismo fosse mais um voltar ao
rigorismo interpretativo do Alcorão e não tanto a um reformismo ideológico consensual, como
defendiam os salafistas. Pese o facto de estes também gostarem de se denominar
de salafistas (ou mais propriamente de salafis), mas esta designação é mais etimológica (um
caso de coincidência do significado de palavras) do que doutrinária e tem pouco a ver com as
idéias e ideais dos primeiros intelectuais e percursores ideológicos do salafismo.

Fundamentalismo islâmico
Fundamentalismo islâmico é um termo de origem do islamismo ocidental utilizado para definir
a ideologia política e religiosa fundamentalistaque supostamente sustenta que o islamismo,
pragmaticamente de origem midiática, este termo definido no ocidente pelo senso comum,
definindo o Islão como não apenas uma religião mas um sistema que também governa os
imperativos políticos, econômicos, culturais e sociais do estado, quebrando o paradigma de
estados laicos, comum nesta parte do planeta.

Um objetivo crucial do fundamentalismo islâmico, definido pelo ocidente é a tomada de controle


do Estado por forma a implementar o sistema islamista, ou seja, que abrigue e coordene todos
os aspectos sociais de uma sociedade através da sharia islâmica.

No seguimento dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, ocorridos nos Estados


Unidos o fundamentalismo islâmico e outros movimentos políticos inspirados pelo Bin
Laden ganharam uma crescente atenção por parte dos meios de comunicação ocidentais,
originando-se daí esta definição. A mídia confunde muitas vezes o termo "fundamentalismo
islâmico" com outros termos relacionados ao islamismo em geral; apesar das organizações e
pessoas que os representam não serem mutualmente exclusivos, em termos mais estritos cada
termo tem uma definição distinta. governo do presidente norte-americano George W.
Bush declarou oficialmente um estado de guerra permanente contra tais ataques, denominado
de "Guerra ao Terror" (em inglês: War on Terror).

O conceito de fundamentalismo islâmico designa a aspiração da instauração de um estado


islâmico, a introdução da charia, ou a própria aplicação dela, do direito islâmico e ao
seguimento das normas de Maomé e dos primeiros quatro Califas Sunitas, sem no entanto
renunciar aos benefícios da técnica moderna. Inicialmente, o termo ocidental
"fundamentalismo" foi rejeitado mas hoje eles defendem-se a si próprios como
fundamentalistas.
O termo "fundamentalista" (usuli) existe no islão há séculos[carece de fontes], a palavra designa no
sentido tradicional apenas os académicos dailm al-usul, a ciência que se dedica ao estudo
do fiqh (direito islâmico).

O académico Bernard Lewis caracterizou o termo como infeliz e enganador, uma vez que ele
foi usado originariamente no cristianismo[carece de fontes]. Ali, ele designa normalmente as
correntes protestantes, que pretenderam reacender as fontes divinas da Bíblia, valorizando o
texto bíblico face às hierarquias estabelecidas em seu nome (sobretudo Lutero), e
proclamavam a sua infalibilidade[carece de fontes]. Lewis chama a atenção para o facto de no islão
não ter havido até agora alguém que manifestasse dúvidas na origem divina do Alcorão (com
uma excepção famosa, ver Versos satânicos) e desde logo todo muçulmano, ou seja, seguidor
do islamismo, de acordo com a definição estrita, é um fundamentalista.

História
Os movimentos fundamentalistas islâmicos desenvolveram-se durante o século XX em reação
a vários acontecimentos. Depois da Primeira Guerra Mundial, a dissolução do Império
Otomano e do califado de Mustafá Kemal Atatürk (fundador da Turquia), alguns muçulmanos
sentiram a sua identidade religiosa ameaçada pela influência das ideias ocidentais, como
consequência do domínio económico e militar dos países ocidentais. Durante a década de
1960, a ideologia predominante no mundo árabe era o Pan-arabismo que punha menor ênfase
na religião e se empenhava na criação de um estado secular socialista, inspirado mais no
nacionalismo árabe que no Islão. Uma das figuras de proa desta ideologia foi o sírio Michel
Aflaq, o fundador do partido Baath, que estudou na Sorbonne nos anos 30, tempos das lutas
ideologicas na Europa. Ficou fascinado pelo regime Nazi, opangermanismo de Adolf Hitler. Ele
cunhou como poucos a ideologia do Pan-arabismo, que pretende a união dos países de língua
árabe sob um comando único.

Vários governos baseados no nacionalismo árabe debateram-se muitas vezes com problemas
de estagnação económica e conflitos sociais. Alguns muçulmanos culpam os males das suas
sociedades no influxo de ideias "estrangeiras". Um regresso aos princípios do Islão é
percepcionado por eles como a cura natural. Um tema islamista persistente é que os
muçulmanos são perseguidos pelo ocidente e outros estrangeiros. Neste fundo geral, as ideias
fundamentalistas desenvolveram-se em diferentes cenários.

O movimento deobandi
Na Índia, o movimento deobandi foi uma reacção às acções do Reino Unido contra
muçulmanos e a influência de Sayed Ahmad Khan, que era um defensor da reforma e
modernização do Islão.

O movimento recebe o nome da cidade de Deoband, onde ele surgiu, tendo sido construído à
volta de escolas islâmicas (sobretudo a de Darul Uloom) e ensinava uma interpretação do Islão
que encoraja a subserviência da mulher, desencorajando o uso de muitas formas de tecnologia
e de entertenimento, e acreditava que apenas o conhecimento "revelado" ou inspirado por
Deus deveria ser seguido.

Apesar da filosofia deobandi ser puritana e desejar remover quaisquer influência não-
muçulmana (i.e. hindu e ocidental) das sociedade muçulmanas, não foi particularmente violenta
ou prosélita, confinando a sua actividade sobretudo no estabelecimento de madraçais, escolas
religiosas muçulmanas. Estas escolas chegam agora às dezenas de milhar por toda a Ásia,
sobretudo no Paquistão e Índia, e permanecem o centro do movimento deobandi. Elas são um
dos grandes componentes do Islão na região (os seguidores de Sayed Ahmad Khan são uma
minoria que no entanto é relevante dentro deste grupo). O movimento Taliban no Afeganistão é
um produto da filosofia deobandi e dos madraçais.

Sayed Abul ala Mawdudi


Sayed Abul Ala Mawdudi foi uma figura importante nos princípios do século XX na Índia, e
depois da Independência da Índia, no Paquistão.

Fortemente influenciado pela ideologia deobandi, ele defendia a criação de um estado islâmico
que aplicasse a charia, (a lei islâmica), como interpretada pelos conselhos Shura. Mawdudi
fundou a Jamaat-e-Islami em 1941 e foi o seu líder até à sua morte em 1972. O seu livro muito
influente, Para melhor compreender o Islão (Risalah Diniyat em árabe), teorizava o Islão no
contexto moderno e permitiu não apenas aos conservadores ulema mas também
modernizadores liberais tais como Al-Faruqi, cujo livro "Islamização do Conhecimento"
completava alguns dos princípios fundamentais de Mawdudi, entre os quais a compatibilidade
básica do islão com uma visão ética científica. Citando da própria obra de Mawdudi:

Tudo no Universo é Muçulmano pois tudo obedece a Deus pela submissão às suas
leis... Em toda a sua vida, desde o estado embriónico até à dissolução do corpo após a
morte, cada tecido dos seus músculos e cada membro do seu corpo segue o curso
prescrito pelas leis de Deus. A sua língua, que pela sua ignorância defenda a negação
de Deus ou professe divindades múltiplas, é na sua própria natureza "Muçulmana"...
Aquele que negar Deus é um Kafir ("escondedor") porque ele esconde pela sua
descrença o que é inerente à sua natureza e embalsamado na sua alma. Todo o seu
corpo funciona em obediência a esse instinto... A realidade torna-se-lhe alienada e ele
tateia na escuridão.
Inerente a esta visão está uma total intolerância pelos costumes não-muçulmanos.

A Irmandade Muçulmana
As ideias de Mawdudi influenciaram fortemente Sayyid Qutb no Egipto. Qutb foi um dos
principais filósofos do movimento da Sociedade de irmãos muçulmanos, que começou no
Egipto em 1928 e que foi banido (mas que continua a existir ilegalmente) após confrontações
com o presidente Egípcio Gamal Abdel Nasser, que mandou executar Qutb e muitos outros. A
irmandade muçulmana (fundada por Hassan al-Banna) defendia um regresso à charia por
causa daquilo que era por eles percebido como a incapacidade de os valores ocidentais
assegurarem a harmonia e a felicidade dos muçulmanos.

Partindo do pressuposto que apenas a providência divina poderia levar os humanos a serem
felizes, concluiu-se que os Muçulmanos deveriam evitar a democracia e viver de acordo com a
doutrina por Deus inspirada (charia). A Irmandade foi um dos primeiros grupos a invocar
a jihad contra todos aqueles que não fossem seguidores do Islão. Nas palavras de al-Banna:
"Terras muçulmanas foram atropeladas e a sua honra manchada. Adversários seus tomam
conta dos seus negócios e os ritos das suas religiões deixaram de se estender apenas aos
seus próprios domínios, para não falar da sua impotência em espalhar as convocações
(abraçar o Islão). Deste modo, tornou-se uma obrigação individual, à qual não há escapatória,
de cada Muçulmano preparar o seu equipamento, decidir-se a participar na jihad, e preparar-se
para ela até que a oportunidade seja oportuna e Deus decrete uma matéria que é certo que
será completada..."

Movimentos da Jihad Islâmica


Esta exortação foi seguida pela organização egípcia Jihad Islâmica Egípcia, responsável pelo
assassinato de Anwar Sadat, mas com uma peculiaridade: a Jihad Islâmica focou os seus
esforços em líderes "apóstatas" (seculares) de estados islâmicos, aqueles que foram seculares
e introduziram ideias ocidentais às sociedades islâmicas. As suas visões ficaram patentes num
panfleto escrito por "Muhammad Abd al-Salaam Farag", que disse: "...não há dúvida de que o
primeiro campo de batalha para a jihad é o extermínio destes líderes infieis e a sua substituição
por uma completa ordem islâmica..."

Um outro movimento da Jihad islâmica surgiu na Palestina como um desdobramento do grupo


egípcio, e iniciou actividade militar contra o Estado de Israel.

Wahhabismo
Outro ramo influente do pensamento islamista veio do movimento wahhabita na Arábia Saudita.
O movimento Wahhabita (termo ocidental midiático) surgiu no século XVIII baseado
fundamentalmente no monoteísmo do Alcorão e da sunnah, resgatado por Muhammad ibn Abd
al-Wahhab. Neste resgate, levantou-se a questão que seria necessário viver de acordo com os
ditames estrictos do islão, que eles interpretavam como a vida de acordo com os ensinamentos
do profeta Maomé e os seus seguidores durante o século 7 emMedina. Consequentemente,
eles opunham-se a muitas inovações desenvolvidas desde esse tempo, incluindo o minarete,
orações perante a sepulturas de seus antepassados, considerando atos de idolatria, e mais
tarde televisões e rádios. Muhammad ibn Abd al-Wahhab, também nesse resgate, considerarou
que aqueles Muçulmanos que violam as interpretações da sunnah e do Alcorão são heréticos,
e que estes deveriam sofrer punições.

Quando o rei Abdul Aziz al-Saud fundou a Arábia Saudita, ele trouxe consigo os resgates
que Muhammad ibn Abd al-Wahhab realizou para o poder. Com o crescer da proeminência
Saudita, este movimento espalhou-se, em especial após o Embargo ao petróleo de 1973 e o
consequente acréscimo da riqueza da Arábia Saudita.

Fundamentalismo islâmico moderno


O fundamentalismo islâmico conheceu vários desenvolvimentos políticos e filosóficos na parte
inicial do século XX, mas não foi até aos anos da década de 1980 que ganhou destaque na
arena internacional.

A revolução de Khomeni no Irão, apesar do seu carácter xiita, ofereceu uma inspiração a
muitos radicais islamistas e serviu como um exemplo de como um estado islâmico é
estabelecido.

Durante o conflito com a União Soviética, no Afeganistão, muitos islamistas juntaram-se para
combater aquilo que eles viam como uma força invasora ateísta. Esta confluência resultou nas
muitas alianças que foram feitas entre grupos de ideologias semelhantes. Entre as ocorrências
dignas de nota, Osama bin Laden, um saudita influenciado pelowahhabismo e pelos escritos
de Sayed Qutb, juntou forças com a Jihad Islâmica Egípcia sob a influência de Ayman al-
Zawahiri para formar aquilo que hoje se chama de Al-Qaeda.

Na sequência dessa luta contra a União Soviética surgiu o movimento deobandi Taliban, o qual
bin Laden ajudou a influenciar para tomar direcções mais radicais, após a sua chegada ao
Afeganistão de 1996.

Fundamentalistas islâmicos também estão activos na Argelia, nos territórios


palestinianos, Sudão e Nigéria.
Muita da atividade fundamentalista islâmica tem sido dirigida contra governos de sociedades
muçulmanas aos quais os fundamentalistas se opõem porque eles são governos que se regem
pela lei humana e não pela lei divina.

Um esforço considerável foi dirigido também ao combate de alvos ocidentais, especialmente os


Estados Unidos. Os EUA em particular são um alvo da ira dos Fundamentalistas islâmicos pelo
seu apoio ao Estado de Israel e o seu apoio a regimes aos quais os fundamentalistas se
opõem. Adicionalmente, alguns fundamentalistas concentraram a sua actividade contra Israel e
quase todos os vêem Israel com hostilidade. Osama bin Laden, pelo menos, acreditava que
isto era uma necessidade devido ao conflito histórico entre Muçulmanos e Judeus e
considerava que existia uma aliança judaico-americana contra o islão.

Há algum debate quanto à questão de saber em que medida os movimentos fundamentalistas


islâmicos permanecem influentes. Alguns académicos afirmam que o fundamentalismo islâmico
é o movimento de uma minoria, que está a diminuindo, como se pode ver na falha clara de
governos fundamentalistas islâmicos como no Sudão, o regime saudita wahhabista, e os
taliban, em melhorar a qualidade de vida dos muçulmanos.

Outros, no entanto, (por exemplo Ahmed Rashid) acham que os fundamentalistas ainda
recebem apoio popular considerável, citando o fato de que candidatos fundamentalistas no
Paquistão e Egito regularmente obtêm entre 10 e 30 por cento de sondagens eleitorais (as
quais muitos acham que sejam manipuladas contra eles).

Movimentos fundamentalistas islâmicos

 Internacional -- Al-Qaeda, liderado por Osama bin Laden


 Afeganistão -- Talibã
 Argélia -- GIA , Frente de Salvação Islâmica , GSPC
 Egipto -- Gama'at Islamiya
 Líbano -- Hezbollah
 Somália -- Al-Shabaab
 Sul da Ásia -- Jamaat-e-Islami (existente na Índia, Paquistão, Bangladesh, Sri
Lanka, Caxemira
 Sudeste Asiático -- Jemaah Islamiyah
 Filipinas -- Moro Islamic Liberation Front
 Margem Ocidental do Rio Jordão e Faixa de Gaza - Hamas, Jihad Islâmica da
Palestina
 Arábia Saudita -- Wahhabismo

Al-Qaeda
Al-Qaeda (também Al-Qaida ou Alcaida; árabe: ‫القاعدة‬, transl. el-Qā‘idah ou al-Qā‘idah, O
alicerce ou A base) é uma organizaçãofundamentalista islâmica internacional, constituída por
células colaborativas e independentes que visariam, supostamente, a reduzir a influência não-
islâmica sobre assuntos islâmicos.

São atribuídos à Al Qaeda diversos atentados a alvos civis ou militares na África, no Oriente
Médio e na América do Norte, nomeadamente os ataques de 11 de setembro de 2001,
em Nova Iorque e em Washington, aos quais o governo norte-americano respondeu lançando
a Guerra ao Terror. Seu fundador, líder e principal colaborador seria Osama bin Laden. A
estrutura organizacional da Al-Qaeda e a ausência de dados precisos sobre seu funcionamento
são fatores que dificultam estimativas sobre o número de membros que a compõem e a
natureza de sua capacidade bélica.

A existência de tal organização já foi questionada por alguns pesquisadores e documentários,


[2]
e também por Bashar al-Assad, presidente da Síria,[3] embora tais questionamentos não
tenham sido adotados pelos grandes meios de comunicação e pela totalidade dos governos
ocidentais.

Visão geral
A Comissão Nacional sobre Ataques Terroristas nos Estados Unidos (Comissão 9/11) diz que a
Al-Qaeda é responsável por um grande número de ataques violentos e de alto nível contra
civis, alvos militares e instituições comerciais pelo mundo. O relatório da comissão atribuiu
os ataques de 11 de Setembro de 2001 ao World Trade Center em Nova Iorque,
ao Pentágono em Arlington e ao vôo 93 na Pensilvânia à Al-Qaeda.

Apesar do grupo alegadamente ter sido responsável direto pelos ataques, vários analistas,
como Michael Scheuer, um ex-analista da CIA (Agência Central de Inteligência estadunidense)
sobre terrorismo, acreditam que a Al-Qaeda evoluiu para um movimento … no qual a Jihad é
auto-sustentável, os guerreiros islâmicos lutam contra a América com ou sem a aliança de bin
Laden e da Al-Qaeda originária, e no qual o nome traz inspiração para novos ataques
internacionais.

As origens do grupo podem ser traçadas a partir da invasão soviética ao Afeganistão, na qual
vários não-afegãos, lutadores árabes se uniram ao movimento anti-russo formado
pelos Estados Unidos e Paquistão. Osama bin Laden, membro de uma abastada e
proeminente família árabe-saudita, liderou um grupo informal que se tornou uma grande
agência de levantamento de fundos e recrutamento para a causa afegã. Esse grupo canalizou
combatentes islâmicos para o conflito, distribuiu dinheiro e forneceu logística e recursos, para
as forças de guerra e para os refugiados afegãos.

Depois da retirada soviética do Afeganistão em 1989, vários veteranos da guerra desejaram


lutar novamente pelas causas islâmicas. A invasão e ocupação do Kuwait pelo Iraqueem 1990
levou o governo estado-unidense à decidir enviar suas tropas em coligação para a Arábia
Saudita, com o suposto intuito de expulsar as forças iraquianas daquele país. A Al-Qaeda era
fortemente contra o regime de Saddam Hussein, Saddam era acusado pelos fundamentalistas
muçulmanos de ter tornado o Iraque um Estado laico. Bin Laden ofereceu os serviços dos seus
combatentes ao trono saudita, mas a presença de forças "infiéis" em território islâmico sagrado
- era uma luta entre islâmicos - foi visto por bin Laden como um ato de traição. Então, decidiu
opôr-se aos Estados Unidos e aos seus aliados. A Al-Qaeda considerou os Estados Unidos
como opressivos contra osmuçulmanos, citando o apoio estado-unidense à Israel nos conflitos
entre palestinianos e israelitas, a presença militar estado-unidense em vários países islâmicos
(particularmenteArábia Saudita) e posteriormente a invasão e ocupação do Iraque em 2003.

Osama bin Laden e Ayman al-Zawahiri são membros seniores do conselho da Al-Qaeda e
considera-se que possuem contatos com algumas outras células da organização.

Organização e estrutura
Em comunicados formais, Osama Bin Laden preferia usar o termo Frente Internacional pelo
Jihad contra os Judeus e Cruzados como nome para o grupo, em vez do termo mais
famoso Al-qaeda.
Embora o uso do nome Al-Qaeda fosse anterior, só em 2001 foi formalmente usado enquanto
denominação do grupo, quando o governo estado-unidense decidiu perseguir ou tornar pública
a perseguição a bin Laden. Bin Laden em pessoa é provavelmente a melhor fonte para a
origem do rótulo Al-Qaeda. Falando em 2001, ele citou: O nome 'Al-Qaeda' foi estabelecido há
muito tempo atrás por conveniência. Abu Ebeida El-Banashiri liderou os campos de treino para
os nossos mujahidin contra o terrorismo russo. Nós costumávamos chamar o campo de
treino Al-Qaeda. E o nome ficou.

A inspiração filosófica da Al-Qaeda vem dos escritos de Sayyid Qutb, um pensador proveniente
da Irmandade Muçulmana, cujos textos inspiraram a maioria dos principais movimentos
militantes islâmicos hoje activos no Médio Oriente. O autor defende uma revolução islâmica
armada para a sobreposição de todos os regimes não guiados pela lei islâmica, e reitera a
expulsão de milícias e empresas ocidentais de todos os países muçulmanos.

De acordo com afirmações transmitidas pela Al-Qaeda na internet e em canais de televisão, as


últimas metas da Al-Qaeda passam por restabelecer o Califado do mundo islâmico, e, para
isso, trabalham com quaisquer grupos extremistas, organizações ou governos que lhes
permitam atingir essa meta. Os fundamentos originais da Al-Qaeda originária são fortemente
anti-sionistas. Em 1997, numa entrevista com Peter Arnett, Osama bin Laden cita a presença
estado-unidense no Médio Oriente e o apoio israelita como as principais razões para as acções
da sua organização.

A Al-Qaeda acredita que os governos ocidentais e, particularmente, o governo estado-


unidense, agem contra os interesses dos muçulmanos. As suas faltas, segundo o grupo,
incluem:

 provisão de apoio económico e militar a regimes opressores dos muçulmanos (por


exemplo, o suporte estado-unidense a Israel);
 o veto da Organização das Nações Unidas em relação a sanções propostas contra
Israel;
 tentativas de influenciar os assuntos de governos e comunidades islâmicas;
 suporte directo, através de armas ou empréstimos, a regimes árabes anti-islâmicos
 presença de tropas em países islâmicos, especialmente na Arábia Saudita;
 a invasão do Iraque em 2003 (independentemente de supostos confrontos entre
Saddam e a Al-Qaeda).

Para além dos ataques de 11 de Setembro de 2001 ao World Trade Center em Nova Iorque e
ao Pentágono em Washington, crê-se que a Al-Qaeda esteve envolvida nos seguintes ataques:

 embaixada americana em Nairobi, Quénia, em 7 de agosto de 1998;


 embaixada americana em Dar es Salaam, Tanzânia, também em 7 de agosto de 1998;
 bombardeiro USS Cole, atracado no Iêmen, em 12 de outubro de 2000;
 ataques ao metrô de Londres, em 7 de julho de 2005.

Pensa-se que o líder militar da Al-Qaeda era Khalid Shaikh Mohammed, até ter sido detido
no Paquistão em 2003. O líder prévio tinha sido Mohammed Atef, morto num bombardeio
americano no Afeganistão em finais de 2001.

A cadeia de comando
Apesar da estrutura atual da Al-Qaeda ser desconhecida, as informações adquiridas
principalmente do desertor Jamal al-Fadl deram às autoridades americanas um esboço cru de
como o grupo estava organizado. Enquanto a veracidade das informações fornecidas por al-
Fadl e a motivação para esta cooperação sejam controversas, as autoridades americanas
baseiam muito de seu conhecimento atual sobre a Al-Qaeda em seu testemunho.

Bin Laden foi o emir da Al-Qaeda (apesar de originalmente este papel ter sido de Abu Ayoub al-
Iraqi), eleito por um conselho shura, que consiste em membros seniores da Al-Qaeda, que
oficiais ocidentais estimam ser cerca de 20 a 30 pessoas. Após sua morte, em maio de 2011,
depois de um ataque de comandos dos SEALS norte-americanos à sua mansão na cidade
de Abbottabad, no Paquistão, no dia 16 de junho de 2011, em comunicado transmitido por
vários sites jihadistas do mundo árabe na Internet, a organização informou que o médico e
braço-direito de bin-Laden, Ayman al-Zawahiri, passou a ser o novo líder da organização
terrorista, como uma maneira de "honrar o legado de bin-Laden". [4]

 O Comitê Militar é responsável pelo treinamento, aquisição de armas e planos de


ataque.
 O Comitê de Negócios e Dinheiro gerencia as operações de negócios. O escritório de
viagens fornece passagens aéreas de passaportes falsos. O escritório de folha de
pagamentos paga aos membros da Al-Qaeda e o escritório de gerenciamento toma conta
de negócios no estrangeiro. De acordo com o Relatório da Comissão US 911, estima-se
que a Al-Qaeda necessite de US$ 30.000.000 por ano para conduzir suas operações.
 O Comitê Legislativo revê as leis Islâmicas e decide cursos de ação particulares
conforme às leis.
 O Comitê de Estudos Islâmicos/fatwah expede editos religiosos, tais como o editado
em 1998, pedindo aos muçulmanos que matem americanos.
 No final da década de 1990, havia um Comitê de Imprensa publicamente conhecido,
que administrava o jornal Nashrat al Akhbar (Newscast) e que fazia as relações públicas da
organização. Hoje, assume-se que as operações de mídia da organização são conduzidas
por setores internos da mesma.

Revoltas políticas ou estruturas organizacionais terroristas:


desconhecidas
Alguns especialistas em organizações dizem que a estrutura de rede da al Qaeda,
opostamente a estrutura hierárquica organizacional é sua força primária. A estrutura
descentralizada permite à al Qaeda ter uma base distribuída pelo mundo inteiro enquanto
mantém um núcleo pequeno. Estima-se que 100.000 militantes islâmicos tenham recebido
instruções nos campos de treinamento da al Qaeda desde sua intercepção, embora o grupo
retenha somente um pequeno número de militantes sob ordens diretas. Estimativas raramente
colocam sua mão-de-obra acima de 20.000 no mundo todo.

Para suas operações mais complexas (como os ataques aos Estados Unidos em 11 de
setembro de 2001), acredita-se que todos os participantes, planejamento e financiamento
tenham sido diretamente providos pelo núcleo da organização Al Qaeda. Mas, em muitos
atentados ao redor do mundo onde parece haver uma conexão com a Al Qaeda, seu papel
preciso tem sido menos fácil de se definir. Ao invés de conduzir essas operações da concepção
até a entrega, a Al Qaeda, frequentemente, parece agir como uma rede de suporte
internacional financeiro e logístico, canalizando o dinheiro obtido de uma rede de atividades de
levantamento de fundos para financiar treinamento, capital e coordenação de grupos radicais
locais. Em vários casos, é nesses grupos locais, somente frouxamente afiliados ao núcleo da Al
Qaeda, que os ataques são realmente conduzidos.

As explosões de 2002 em Bali e as explosões subseqüentes no Hotel Marriott em Jacarta em


2003 dão alguma pista da metodologia de descentralizada da al Qaeda: os ataques mostraram
uma coordenação e efetividade muito maiores do que deve, historicamente, ter sido esperado
de redes regionais de terroristas. Mas investigações policiais e julgamentos posteriores
mostraram que, enquanto se acreditava que a Al Qaeda ofereceu expertise e coordenação,
muito do planejamento e do pessoal que conduziu os atentados veio de grupos islâmicos
radicais locais.

Sabe-se que a Al Qaeda estabeleceu e estimulou novos grupos para ampliar os interesses de
grupos radicais islâmicos em conflitos locais. Na verdade, o Talibã deve ser classificado nessa
categoria: as raízes da organização estão nos estudantes radicais dos madraçais fundados por
bin Laden nos campos de refugiados Afegãos na época da ocupação russa.

Tamanho da organização
A Al-Qaeda não tem uma estrutura clara e isto permite o debate sobre quantos membros
compõem a organização, se são milhões espalhados por todo o globo ou se são até zero. De
acordo com o documentário controverso da British Broadcasting Corporation, O Poder dos
Pesadelos, a Al-Qaeda é tão fracamente unida que é difícil dizer se existe algoalém de Osama
bin Laden e de um pequeno grupo de íntimos associados. A falta de quaisquer números
significativos de membros convictos da Al-Qaeda, apesar de um grande número de prisões sob
a acusação de terrorismo, é citado no documentário como uma razão para se duvidar se uma
entidade espalhada casa com a descrição da Al-Qaeda de alguma forma. Ainda, a extensão e a
natureza da Al-Qaeda permanecem um tópico de discussão.

O próprio nome Al Qaeda não parece ter sido usado pelo próprio bin Laden para se referir a
sua organização até depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. Ataques anteriores
atribuídos a bin Laden e a Al-Qaeda eram, naquele tempo, reivindicados por organizações sob
uma variedade de nomes. Bin Laden mesmo, desde então, tem atribuído o nome Al-Qaeda à
base MAK no Paquistão, desde os dias da guerra do Afeganistão. Daniel Benjamin, em A Era
do Terror Sagrado, cita um incidente no começo da década de 1990 onde um documento
intitulado A Fundação, em árabe Al-Qa'eda, foi encontrado com um associado de Ramzi
Youssef.[5] Fawaz A. Gerges escreve que Apesar de, em 1987, o xeque Abdullah Azzam, o pai
espiritual dos árabes Afegãos, ter plantado as sementes de uma organização trans-nacionalista
chamada 'Al Qaeda al-Sulbah' (a Fundação Sólida), a rede de bin Laden veio à luz muito
depois, por volta da metade da década de 1990.[6]

Outros líderes atribuídos à Al-Qaeda incluem:

 Saif al-Adel
 Sulaiman Abu Ghaith
 Abu Hafiza
 Abu Faraj al-Libbi (preso no Paquistão em 2005)[7]
 Abu Mohammed al-Masri
 Khalid Sheikh Mohammed (capturado em Rawalpindi, Paquistão em 2003)[8]
 Thirwat Salah Shirhata
 Abu Musab al-Zarqawi
 Ayman al-Zawahiri
 Abu Zubaydah (capturado em 2002)
Jihad afegã
A Al-Qaeda teve seu embrião na Maktab al-Khadamat (MAK), uma organização formada
por Mujahidin que lutavam para instalar um estado islâmico durante a Guerra Soviética do
Afeganistão nos anos 1980. A organização foi inicialmente financiada pela CIA. Osama bin
Laden foi um dos fundadores da MAK, juntamente com o militante palestino Abdullah Yusuf
Azzam. O papel da MAK era angariar fundos de tantas fontes quanto possível (incluindo
doações de todo o Oriente Médio), para treinar pessoas de todo o mundo para a guerra
de guerrilha e para transportar os combatentes para o Afeganistão. A MAK foi custeada em sua
maioria com doações de milionários islâmicos, mas também foi abertamente auxiliada pelos
governos do Paquistão e Arábia Saudita, e indiretamente pelos Estados Unidos, que direcionou
grande parte de seu apoio através do serviço de inteligência paquistanês ISI (sigla para Inter-
Services Intelligence). Durante a segunda metade dos anos 1980 a MAK era um grupamento
relativamente pequeno no Afeganistão, sem combatentes afiliados, apenas concentrando suas
atividades no levantamento de fundos, logística, habitação, educação, auxílio a refugiados,
recrutamento e financiamento de outros mujahidin.

Depois de uma longa e cara guerra que durou nove anos, a União Soviética retirou suas tropas
do Afeganistão em 1989. O governo socialista afegão de Mohammed Najibullah foi
rapidamente destituído em favor de partidários dos mujahidin. Com a falta de acordo dos
mujahidin na escolha de uma estrutura governamental, sua anarquia sofreu as consequências
de constantes mudanças no controle de territórios problemáticos, sucumbindo sob alianças
insurgentes e discórdias entre líderes regionais.

Ultrapassando os limites do Afeganistão


Perto do fim da Guerra Soviética do Afeganistão, alguns mujahidin quiseram expandir suas
operações para incluir alguns esforços islâmicos em outras partes do mundo [carece de fontes].
Algumas organizações sobrepostas e interralacionadas foram formadas para suportar estas
aspirações.

Uma dessas organizações seria eventualmente chamada Al-Qaeda, fundada por Osama bin
Laden em 1988. Bin Laden quis estender o conflito para operações não-militares em outras
partes do mundo[carece de fontes]; Azzam, por outro lado, quis manter-se focado em campanhas
militares[carece de fontes]. Após o assassinato de Azzan em 1989, a MAKdividiu-se, com um número
significante de membros se juntando à organização do bin Laden.

Guerra do Golfo: o início da inimizade com os Estados Unidos


Seguindo a retirada soviética do Afeganistão, Osama bin Laden retorna para a Arábia Saudita.
A invasão iraquiana no Kuwait em 1990 pôs em risco o comando da Casa de Saudpelos
sauditas, tanto por dissidentes internos quanto pela iminente possibilidade de um futuro
expansionismo iraquiano. Face à massiva presença militar iraquiana, os sauditas eram melhor
armados, porém defasados em número. Bin Laden ofereceu os serviços de seus mujahidin
ao Rei Fahd para proteger a Arábia Saudita do exército iraquiano. Mas do ponto de vista
estratégico, fossem os iraquianos expulsos do Kuwait, a Arábia Saudita seria a única ligação
terrestre possível para forças internacionais inibirem uma invasão iraquiana.

Depois de muita deliberação, o rei saudita recusou a oferta de bin Laden e optou por deixar
os Estados Unidos e as tropas aliadas montarem acampamento em seu país. Bin Laden
considerou a decisão um ultraje. Ele acreditava que a presença de estrangeiros na terra das
duas mesquitas (Meca e Medina) profanaria solo sagrado. Depois de criticar publicamente o
governo saudita por acolher o exército estadunidense, bin Laden foi exilado e teve sua
cidadania saudita revogada. Logo depois, o movimento que viria a ser conhecido como Al-
Qaeda foi formado.

Sudão
Em 1991, a Frente Nacional Islâmica do Sudão, um grupo islâmico que tinha ganhado poder
recentemente, convidou a Al-Qaeda à deslocar suas operações para dentro de seu país. Por
vários anos, a Al-Qaeda gerenciou vários negócios (incluindo negócios de
importação/exportação, fazendas, e empresas de construção) no que pode ser considerado um
período de consolidação financeira. O grupo foi responsável pela construção de uma
grande auto-estrada de 1.200 km conectando a capital Cartum ao Porto do Sudão. Mas
também gerenciou alguns campos onde aspirantes foram treinados ao uso de armas de fogos
e explosivos.

Em 1996, Osama bin Laden foi convidado a se retirar do Sudão depois que os Estados Unidos
impingiu um regime de extrema pressão para que ele sua expulsão, citando possíveis ligações
dele com a tentativa de assassinato ao Presidente Hosni Mubarak do Egito enquanto sua
carreata acontecia em Adis Abeba. Há uma controvérsia sobre se o Sudão ofereceu entregar
bin Laden para os Estados Unidos antes de sua expulsão. O governo sudanense nunca fez
realmente esta oferta, mas estava preparado para entregá-lo à Arábia Saudita, que se recusou
a recebê-lo.

Osama bin Laden deixou finalmente o Sudão em uma operação bem planejada e executada,
acompanhado por cerca de 200 de seus seguidores e suas famílias, que viajaram diretamente
para Jalalabad, Afeganistão, no final de 1996.

Bósnia e Herzegovina
A separação da Bósnia da multicultural federação da Iugoslávia e a subseqüente declaração da
independência da Bósnia e Herzegovina em outubro de 1991 abriu um novo conflito étnico e
quase religioso no coração da Europa.

Na Bósnia e Herzegovina, havia várias etnias diferentes, com uma maioria nominal
muçulmana, mas com números significantes de outras etnias, como a Sérvia, que é cristã
ortodoxa e Croácia, que é católico romana, distribuídas pelo seu território. Ela se constituía em
um grande porém fraco componente militar da antiga Iugoslávia, e a desintegração iugoslava
acabou deixando alguns sérvios e croatas dentro da Bósnia, suportados pelos seus estados
adjacentes emergentes, engajados em um conflito triplo contra a porçãoBósnia dominada.

Veteranos árabes radicais da guerra contra os soviéticos no Afeganistão buscavam na Bósnia


uma nova oportunidade de defender o Islã. Cercados em dois frontes e aparentemente
abandonados pelo oeste, o regime bósnio ansiava aceitar qualquer ajuda que pudesse
conseguir, militar ou financeiramente, incluindo a vinda de várias organizações islâmicas, sendo
a Al-Qaeda uma delas.[9]

Vários associados a Osama bin Laden (mais notadamente, o saudita Khalid bin Udah bin
Muhammad al-Harbi, vulgo Abu Sulaiman al-Makki) se juntaram ao conflito na Bósnia, [10]mas
enquanto a Al-Qaeda deve ter inicialmente visto a Bósnia como uma possível ponte que lhe
permitiria a radicalização dos europeus muçulmanos para operações contra outros estados
europeus e os Estados Unidos, a Bósnia deve ter sido secularizada por gerações e seu
interesse em lutar estava amplamente limitado a assegurar a sobrevivência do estado
nascente.
O Mujahidin da Bósnia (que compreendia amplamente os veteranos árabes de guerra Afegã e
não necessariamente os membros da Al-Qaeda) eram operados como uma ampla força
autônoma dentro da Bósnia central. Enquanto sua bravura no combate inicialmente atraiu um
pequeno número de bósnios nativos para que se juntassem a eles, sua brutalidade e o
crescente número de atrocidades cometidas contra civis chocaram muitos bósnios nativos e
repeliram novos recrutas. Ao mesmo tempo, suas tentativas vigorosas em islamizar a
população local com regras sobre indumentária e comportamentos apropriados foram
amplamente repudiadas e desconsideradas. Em seu livro O Jihad da Al-Qaida na Europa: a
ligação Afeganistão-Bósnia, Evan Kohlmann resume: "Apesar dos esforços vigorosos para
‘islamizar’ a população muçulmana da Bósnia, os nativos não podiam ser convencidos de
abandonar os porcos, o álcool e manifestações públicas de afeto. As mulheres Bósnias
persistentemente se recusaram a usar o hijab ou seguir os outros mandamentos para o
comportamento feminino, prescritos pelo extremo fundamentalismo islâmico."

A assinatura do Acordo de Washington, em março de 1994, pôs um fim ao conflito Bósnia-


Croácia. Enquanto o Mujahidin da Bósnia continuou a lutar contra os sérvios, o Acordo de Paz
de Dayton de novembro de 1995 acabou com aquele conflito e fez com que os lutadores
estrangeiros debandassem e deixassem o país, ficando a ajuda condicionada a isto. Com o
apoio do governo da Bósnia, forças da OTAN entraram efetivamente em ação para fechar suas
bases e deportá-los. A um número limitado de antigos mujahidin, que tinham ou casado com
nativas da Bósnia ou que não puderam achar um país para o qual pudesse ir, foi permitido ficar
na Bósnia e eles foram agraciados com a cidadania bósnia. Mas com o fim da guerra na
Bósnia, muitos veteranos comprometidos e endurecidos pela batalha já haviam retornado a
territórios familiares.

Retorno ao Afeganistão
Após a retirada soviética, o Afeganistão esteve efectivamente sem governo por sete anos, e
sofreu com lutas internas constantes entre os antigos aliados, os vários grupos mujahidin e
seus líderes.

Durante toda década de 1990, uma nova força começou a surgir. As origens
do Talibã (literalmente "estudantes") está em crianças afegãs, muitas delas orfãs de guerra e
muitas que haviam sido educadas na rede de escolas islâmicas que expandiu rapidamente (os
madraçais) tanto em Kandahar quanto em campos de refugiados na fronteira entre Afeganistão
e Paquistão.

De acordo com o livro bem referenciado de Ahmad Rashid, Talibã, cinco líderes do Talibã se
formaram em um único madraçal, Darul Uloom Haqqania, Akora Khattak, perto de Peshawar
que está situada no Paquistão, mas que era amplamente frequentada por refugiados afegãos.
Esta instituição refletia a crença Salafi em seus ensinamentos e muito de seu financiamento
veio de doações privadas de árabes ricos, para os quais bin Laden oferecia continuidade.
Quatro outras figuras de liderança (incluindo o líder Talibã perseguido Mullah Mohammed
Omar Mujahed) frequentaram um madraçal que possuía fundos similares e influenciaram o
homólogo em Kandahar, Afeganistão.

Os laços entre os árabes afegãos e o Talibã eram profundos. Muitos dos mujahidin que mais
tarde se juntaram ao Talibã lutaram ao lado do guerrilheiro afegão Mohammad Nabi no
grupamento de Mohammadi Harkat i Inqilabi na mesma época da invasão russa. Este
grupamento também se beneficiou da lealdade de muitos lutadores árabes afegãos.

Os conflitos internos contínuos entre as várias facções e o a falta de leis que se estabeleceu
após a retirada soviética permitiram que o crescente e bem-disciplinado Talibãexpandisse seu
controle pelo território afegão, e assim eles estabeleceram um subterritório o qual
chamaram Emirado Islâmico do Afeganistão. Em 1994, conquistaram o centro regional de
Kandahar e conseguiram rápidos avanços territoriais logo após, vindo a conquistar a
capital Cabul em setembro de 1996.

Após o Sudão deixar claro, naquele ano, que bin Laden e o seu grupo não era mais bem vindo,
o Afeganistão controlado pelo Talibã (com conexões pré-estabelecidas entre os grupos, uma
maneira similar de encarar as relações mundiais e amplamente isolado da influência política e
militar dos Estados Unidos) garantia uma localização perfeita para o quartel general da al
Qaeda.

Cerca de duzentos seguidores de bin Laden e suas famílias partiram


de Khartoum para Jalalabad por volta de 1996. Logo em seguida a Al-Qaeda gozou da
proteção do Talibã e uma certa legitimidade por parte de seu Ministério da Defesa, apesar de
somente o Paquistão, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos reconheceram o Talibã
como o legítimo governo do Afeganistão.

Os campos de treinamento da Al-Qaeda no Afeganistão e na fronteira com o Paquistão podem


ter treinado militantes muçulmanos do mundo todo. Apesar da percepção de algumas pessoas,
os membros da Al-Qaeda são etnicamente diversos e estão conectados pela sua versão radical
do Islã.

Uma rede sempre crescente de apoiadores usufruia desta forma de um refúgio seguro no
Afeganistão controlado pelo Talibã, até o grupo ter sido derrotado por uma combinação de
forças locais e tropas norte-americanas em 2001. Ainda acredita-se que Osama bin Laden e
outros líderes da Al-Qaeda estejam em áreas onde a população é simpatizante ao Talibã no
Afeganistão, ou ainda em tribos na fronteira com o Paquistão.

Início das operações militares contra civis


Em 23 de fevereiro de 1998, Osama bin Laden e Ayman al-Zawahiri do Jihad Islâmico do
Egito instituíram a fatwa sobre a bandeira da Frente Islâmica Mundial pela Jihad contra os
judeus e os crusados dizendo que "matar americanos e seus aliados, civis e militares é um
dever individual de todos muçulmano capaz de fazê-lo." Apesar de nenhum dos dois possuírem
credenciais islâmicas, educação ou estatura para instituírem uma fatwa de qualquer tipo, isto
parece ter sido desconsiderado no entusiasmo do momento. Este também foi o ano do primeiro
ataque de grande porte atribuído à Al-Qaeda, o bombardeio à Embaixada dos Estados Unidos
em 1998 na África do Leste, resultando em um total de trezentos mortos. Em 1999, o Jihad
Islâmico do Egito uniu-se oficialmente à Al-Qaeda, e al-Zawahiri se tornou um confidente íntimo
de bin Laden.

Ataques de 11 de setembro
Após os ataques de 11 de setembro atribuídos por autoridades à Al-Qaeda, os Estados
Unidos começaram a constituir forças militares e a se preparar para atacar o Afeganistão (cujo
governo protegia a organização de bin Laden) como resposta. Nas semanas que precederam a
invasão dos norte-americanos, o Talibã ofereceu por duas vezes entregar bin Laden para um
país neutro para que fosse julgado, com a condição que os Estados Unidos provassem a culpa
de bin Laden nos ataques. Os Estados Unidos, entretanto, se recusaram e logo depois
invadiram o Afeganistão, e, junto com a Aliança Afegã do Norte, depuseram o governo Talibã.

Como resultado desta invasão, os campos de treinamento do Talibã foram destruídos e muito
da estrutura de operação atribuída à Al-Qaeda foi desmantelada, apesar da forte resistência
que permaneceu no país e do fato de seus líderes principais, incluíndo bin Laden, não terem
sido capturados. O governo norte-americano agora afirma que dois terços dos principais líderes
de toda Al-Qaeda de 2001 estão sob sua custódia (incluindo Ramzi bin al-Shibh, Khalid Sheikh
Mohammed, Abu Zubaydah, Saif al Islam el Masry, e Abd al-Rahim al-Nashiri) ou mortos
(incluindo Mohammed Atef), apesar de alertar que a organização ainda existe e batalhas entre
as forças dos Estados Unidos e o Talibã ainda continuam.

Actividade no Iraque
Osama bin Laden primeiro se interessou pelo Iraque quando este país invadiu o Kuwait em
1990 (o que levantou preocupações sobre o secular governo socialista iraquiano incluir em seu
alvo a Arábia Saudita, pátria de bin Laden e do próprio Islã). Em uma carta enviada ao Rei
Fahd da Arábia Saudita, bin Laden ofereceu mandar um exército de mujahidinpara defender a
Arábia Saudita.[11]

Durante a Guerra do Golfo, os interesses da organização se dividiram entre a rebeldia contra a


intervenção das Nações Unidas na região e o ódio ao governo secular de Saddam Hussein,
expressões de preocupação pelo sofrimento pelo qual o povo islâmico no Iraque vinha
passando.

Bin Laden se referia à Saddam Hussein (e aos Baatistas) como o mal, um adorador
do demônio ou capeta, em seus discursos e gravou e escreveu pronunciamentos, pedindo ao
povo do Iraque que o depusesse.

Durante a invasão do Iraque de 2003, a Al-Qaeda teve um interesse formal maior na região e
dizem que foi a responsável por organizar e ajudar ativamente a resistência local nas forças de
coalizão de ocupação e a democracia emergente. Durante as eleições iraquianas em janeiro
de 2005 a Al-Qaeda se responsabilizou por nove ataques suicidas emBagdá, capital daquele
país.

Abu Musab al-Zarqawi, fundador da Jama'at al-Tawhid wal-Jihad e suposto aliado da Al-Qaeda,
se juntou formalmente à Al-Qaeda em 17 de outubro de 2004. A organização começou a adotar
o nome de "Al-Qaeda na Terra entre os dois Rios: Iraque", ao invés do antigo nome Jama'at al-
Tawhid wal-Jihad. Na fusão al-Zarqawi declarou lealdade à Osama bin Laden.

Papéis do Harmonia
Documentos resgatados da Al-Qaeda tornaram-se públicos recentemente, saindo do banco de
dados Harmony e viraram assunto de um estudo publicado pelo Ponto Oeste
intitulado Harmonia e Desarmonia: Explorando as Vulnerabilidades Organizacionais da Al-
Qaeda. (ver link nas ligações externas). Estes papéis dão uma visão interessante da história do
movimento, sua organização estrutural, as tensões entre os líderes e as lições aprendidas.

Um escritor da Al-Qaeda concluiu que uma das lições aprendidas é como a influência do
pensamento secular Baatista distorce a mensagem do Jihad. Ele aconselha o movimento a não
permitir que a mensagem do Jihad seja influenciada pela mensagem Baati iraquiana. (ver página
79 do documento citado acima).

Incidentes atribuidos à Al-Qaeda


Nota: A Al-Qaeda não se responsabiliza pela maioria das ações descritas abaixo, o que resulta
em ambigüidade sobre quantos atentados o grupo realmente cometeu. Após a declaração
dos Estados Unidos da Guerra contra o Terrorismo em 2001, o governo norte-americano tem
lutado para enfatizar qualquer conexão entre outros grupos terroristas à Al-Qaeda. Alguns
preferem chamar as ações de "Al-Qaedistas", ou seja, que não devem ter sido diretamente
planejadas pela Al-Qaeda como um quartel militar, mas que foram inspiradas pelos seus pilares
e suas estratégias.

Mapa dos ataques mundiais atribuídos à Al-Qaeda.

O primeiro atentado militante que a Al-Qaeda alegadamente realizou, consistiu-se de três


bombas em hotéis onde tropas americanas estavam hospedadas em Aden, Yemen, em 29 de
dezembro de 1992. Dois turistas, um do Yemen e outro da Áustria morreram neste atentado.

Há protestos aclamados de que as operações da Al-Qaeda foram responsáveis pelo


abatimento de um helicóptero norte-americano e na morte de norte-americanos em serviço
na Somália em 1993. (ver Batalha de Mogadishu).

Ramzi Yousef, que estava envolvido no atentado de 1993 ao World Trade Center (apesar de
provavelmente não ser um membro da Al-Qaeda naquela época) e Khalid Sheik
Mohammed planejaram a Operação Bojinka, que visava destruir aeronaves em vôo no meio
do Oceano Pacífico usando explosivos. Um incêndio em um apartamento
emManila, Filipinas revelou o plano antes que ele pudesse ser implementado. Youssef foi
preso, mas Mohammed escapou à captura até 2003.

A Al-Qaeda é frequentemente citada como suspeita de haver cometido dois atentados


na Arábia Saudita em 1995 e 1996: as bombas colocadas em acampamentos norte-
americanos em Riad em Novembro de 1995, que mataram duas pessoas da Índia e cinco
norte-americanos, e outro em junho de 1996 atentado às Torres Khobar, que mataram pessoal
militar americano em Dhahran, Arábia Saudita. Entretanto, estes atentados são também
frequentemente atribuídos ao Hizbullah.

Acredita-se que a Al-Qaeda conduziu o Atentado à Embaixadas Norte Americanas de 1998 em


agosto de 1998 em Nairobi, Quênia, e em Dar es Salaam, Tanzânia, matando mais de
duzentas pessoas e ferindo mais de cinco mil outras.

Entre dezembro de 1999 até 2000, a Al-Qaeda fez os Planos de Atentados do Milênio
2000 contra os Estados Unidos e turistas israelenses que visitavam a Jordânia para as
comemorações do milênio; entretanto, as autoridades jordanianas impediram os atentados
planejados e levaram 28 suspeitos à julgamento. Parte desta trama incluiu bombas planejadas
ao Aeroporto Internacional de Los Angeles. Estes planos fracassaram quando o homem-
bomba Ahmed Ressam foi pego na fronteira dos Estados Unidos com oCanadá com explosivos
no porta-mala de seu carro. A Al-Qaeda também planejou atacar os USS Sullivans (DDG-
68) em 31 de janeiro de 2000, mas os esforços não foram bem sucedidos devido ao peso
excessivo que, colocado no pequeno barco, iria bombardear o navio.

Apesar do revés com o USS Sullivans, a Al-Qaeda teve sucesso em explodir uma esquadra
americana em outubro de 2000 com o atentado ao USS Cole. A polícia alemã frustrou o
esquema de destruir a Catedral de Notre-Dame de Strasbourg em Strasbourg, França, em
dezembro de 2000. (ver A trama para explodir a Catedral de Strasbourg).

O ato mais destrutivo atribuído à Al-Qaeda foi uma série de atentados aos Estados Unidos,
os ataques de 11 de Setembro de 2001.

Vários atentados e tentativas de atentados desde 11 de setembro de 2001 foram atribuídos à


Al-Qaeda. O primeiro foi o esquema para atacar a Embaixada de Paris, que foi descoberto. O
segundo diz respeito a uma tentativa de atentado de um homem com um calçado
bomba, Richard Reid, que se auto proclamou um seguidor de Osama bin Laden e quase
destruiu o vôo 63 da American Airlines.

Outros atentados atribuídos à Al-Qaeda e seus afiliados incluem:

 O esquema para atacar as embaixadas de Singapura;


 O sequestro e assassinato do repórter Daniel Pearl do Wall Street Journal e várias
explosões no Paquistão;
 O atentado à sinagoga de El Ghriba em Djerba, Tunísia, que matou 21 pessoas;
 Ataques frustrados às esquadras ocidentais no Estreito de Gibraltar;
 O atentado ao tanque Limburg;
 Um carro bomba em Mombasa, Quênia e a tentativa de abater um avião israelense em
novembro de 2002;
 As explosões compostas em Riyadh em maio de 2003 e outros atentados
da Insurgência da Arábia Saudita;
 As explosões de Istambul em Istambul, Turquia, em 2003.

A Al-Qaeda tem ligações fortes com várias outras organizações militantes, incluindo o grupo
extremista indonésio Jemaah Islamiyah. Este grupo foi o responsável pelo atentado de Bali em
outubro de 2002 e aos atentados de 2005 em Bali.

Apesar de não haver atentados identificados da Al-Qaeda dentro do território dos Estados
Unidos desde os atentados de 11 de setembro de 2001, vários atentados da Al-Qaeda
noOriente Médio, Extremo Oriente, África e Europa causaram casualidades e tumultos
extensivos. Na conclusão de vários atentados a trens urbanos de Madrid em 11 de
março de2004, um jornal de Londres relatou ter recebido um e-mail de um grupo afiliado à Al-
Qaeda, assumindo a responsabilidade e um vídeo assumindo a responsabilidade também foi
achado. O senso de oportunidade dos atentados com as eleições espanholas, e também a falta
de provas da real identidade dos criminosos levou à dúvidas a respeito da teoria da Al-Qaeda
por trás destes atentados.

Também se acredita que a Al-Qaeda esteja envolvida nas explosões de 7 de julho de 2005 em
Londres, uma série de atentados no trânsito urbano em Londres que mataram 56 pessoas
(ver Mohammad Sidique Khan). Um grupo previamente desconhecido denominado "A
Organização Secreta da Al-Qaeda na Europa" fez uma declaração se responsabilizando.
Entretanto, a autenticidade desta declaração e a ligação do grupo com a Al-Qaeda não foi
identificada de maneira independente. Os suspeitos criminosos não estão definitivamente
ligados à Al-Qaeda, apesar do conteúdo de um vídeo feito por um dos homens
bomba Mohammad Sidique Khan antes de sua morte e em seguida enviado àAl Jazeera que
dão fortes credenciais à conexão com a Al-Qaeda. Um grupo aparentemente desconecto
conseguiu refazer este atentado mais tarde naquele mês, mas suas bombas falharam em
detonar.

Suspeita-se que a Al-Qaeda esteja envolvida com os atentados de Sharm el-Sheikh em


2005 no Egito. Em 23 de julho de 2005, uma série de carros bombas mataram cerca de 90
pessoas e feriram mais de 150. O atentado foi a ação terrorista mais violenta na história
do Egito.

Suspeita-se também que a Al-Qaeda seja responsável pelos três atentados simultâneos em 9
de novembro de 2005 em Amman, Jordânia que ocorreram em hotéis norte-americanos. As
explosões mataram pelo menos 57 e feriram 120 pessoas. A maioria dos feridos e mortos
estavam em uma festa de casamento no Hotel Radisson.

Atividades na Internet
No início de sua retirada do Afeganistão, a Al-Qaeda e seus sucessores devem ter migrado em
fila para escapar da detenção em uma atmosfera de vigilância internacional crescente. Como
resultado, o uso da Internet pela organização ficou mais sofisticado, abrangendo financiamento,
recrutamento, contatos, mobilização, publicidade, tanto quanto disseminação da informação,
união e compartilhamento. Mais que qualquer outra organização terrorista, a Al-Qaeda elegeu a
Web para estes propósitos. Por exemplo, Abu Musab al-Zarqawi do movimento da Al-Qaeda
no Iraque regularmente solta vídeos curtos glorificando as atividades dos homens bomba
suicidas do jihadist. A crescente variedade de conteúdos multimédia inclui clipes de treinamento
terrorista, fotografias de vítimas que logo serão assassinadas, testemunhos de homens bomba
suicidas e vídeos épicos com altos valores de produção que romanceiam a participação no
jihad através de retratos estilizados de mesquitas e emocionantes partituras musicais. Uma
página da internet associada à Al-Qaeda, por exemplo, mostrava um vídeo de um homem
chamado Nick Berg sendo decapitado no Iraque. Outros vídeos e fotos de decapitação,
incluindo aqueles do sequestro de Paul Johnson, Kim Sun-il, e Daniel Pearl, foram colocados
primeiro em páginas jihadist.

Com o surgimento dos terroristas "com raízes locais e inspirados globalmente", especialistas
em contra-terrorismo estão sempre estudando como a Al-Qaeda está usando a Internet –
através de websites, salas de discussão, fóruns de discussão, mensagens instantâneas, e tudo
mais – para inspirar uma rede mundial de apoio. Os homens bomba de 7 de julho de 2005,
alguns dos quais estavam bem integrados em suas comunidades locais, são um exemplo de
terroristas "globalmente inspirados" e eles usaram noticiadamente a Internet para planejar e
coordenar, mas o papel preciso da Internet no processo de radicalização não é completamente
compreendido. Um grupo chamado a Organização Secreta da Al-Qaeda na Europa reivindicou
a responsabilidade destes atentados Londrinos em uma página militante islamista – outro uso
popular da Internet por terroristas buscando publicidade.

A oportunidade de publicidade oferecida pela Internet tem sido particularmente explorada pela
Al-Qaeda. Em dezembro de 2004, por exemplo, bin Laden lançou uma mensagem de áudio
diretamente em uma página, ao invés de mandar uma cópia para a al Jazeera como ele havia
feito no passado. Alguns analistas especularam que ele fez isto para ter certeza que o vídeo
estaria disponível sem edição, sem medo que sua crítica da Arábia Saudita — que era muito
mais veemente que o usual em seu discurso, pois durou mais de uma hora — pudesse ser
editada pelos editores da al Jazeera preocupados em ofender os emotiva família real Saudita.
No passado, a Alneda.com e a Jehad.net eram talvez os sites mais significantes da Al-Qaeda
websites. Alneda foi inicialmente desmontada por americanos, mas os operadores resistiram
mudando o site para vários servidores e mudando estrategicamente seu conteúdo. Os EUA
estão atualmente tentando extraditar um especialista em IT, Babar Ahmad, do Reino Unido, que
é o criador de vários websites de língua inglesa da Al-Qaeda tais como Azzam.com. [12][13] Várias
organizações muçulmanas inglesas, tais como aAssociação Muçulmana da Bretanha, se
opõem à extradição de Ahmad's.

Finalmente, em uma apresentação para analistas de terrorismo dos EUA em meados de 2005,
Dennis Pluchinsky chamou o movimento jihadist de "Web-direcionado," e o ex diretor da CIA,
John E. McLaughlin também disse que ele é agora primariamente direcionado pela "ideologia e
pela Internet."

Atividades financeiras
As atividades financeiras da Al-Qaeda tem sido a maior preocupação do governo dos EUA após
os atentados de 11 de setembro de 2001, que levaram por exemplo à descoberta da evasão de
taxas do ex ditador Chileno Augusto Pinochet, pela qual sua esposa Lucía Hiriart de Pinochet,
foi presa em janeiro de 2006. Também, foi descoberto pelo repórter investigativo Denis
Robert que fundos de Osama bin Laden no Banco Internacional do Bahrain transitaram através
de contas ilegais e não publicadas de "casa limpa" Clearstream, que foram qualificadas como
um "banco dos bancos".

Taliban
O Taliban (também transliterado Taleban, Talibã ou Talebã, do pachto: ‫طالبان‬, transl. ṭālibān,
"estudantes") é um movimentofundamentalista islâmico nacionalista que se difundiu
no Paquistão e, sobretudo, no Afeganistão, a partir de 1994 e que, efetivamente, governou o
Afeganistão entre 1996 e 2001, apesar de seu governo ter sido reconhecido por apenas três
países:Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Paquistão. Seus membros mais influentes,
incluindo seu líder, Mohammed Omar, eram simplesmente ulema (isto é, alunos e
universitários) em suas vilas natais. O movimento desenvolveu-se entre membros
da etniapachtun, porém também incluía muitos voluntários não afegãos do mundo árabe, assim
como de países da Eurásia e do Sul eSudeste da Ásia.

É, oficialmente, considerado como organização terrorista pela Rússia [1], pela União Europeia e
pelos Estados Unidos.

O movimento
Como um movimento político e militar contra a invasão soviética do Afeganistão, os talibãs são
conhecidos por terem-se feitos portadores do ideal político-religioso de recuperar todos os
principais aspectos do Islã(cultural, social, jurídico e económico), com a criação de um Estado
teocrático.

Durante a invasão soviética do Afeganistão (1979-1989), o governo dos Estados Unidos,


através da chamada Operação Ciclone, nome em código do programa da CIA, armou
os mujahidins do Afeganistão.[carece de fontes] Foi uma das mais longas e dispendiosas operações
da CIA jamais realizadas. [2] Entre 1987 e 1989, os serviços secretos do Paquistão (ISI) e a CIA
operavam juntas, armando as milícias talibãs que combatiam as tropas soviéticas. [3]
Territórios controlados pelas partes em conflito em 1996: em amarelo território sob controle do Talibã

Depois que os vários grupos de resistência contra a ocupação soviética tomaram Cabul e
estabelecem um governo marcado por lutas internas e guerras civis, o Talibã surgiu como uma
alternativa caracterizada pela predominância pashtun e pelo rigor religioso extremo, criando na
população expectativas de que acabaria com o constante estado de guerra interno e com os
abusos dos senhores da guerra. Controlando noventa por cento do Afeganistão por cinco anos,
o regime talibã, que se chamava o "Emirado Islâmico do Afeganistão", ganhou o
reconhecimento diplomático de apenas três países: Paquistão, Arábia Saudita e Emirados
Árabes Unidos. Tinha, como objetivo declarado, impor a lei islâmica e alcançar um estado de
paz.

Muitos membros do grupo Talibã cresceram em campos de refugiados no Paquistão e foram


educados em madraças, onde também aprenderam táticas de guerrilha e prepararam a tomada
de Cabul.

Subiram ao poder depois de derrotar o presidente Burhanuddin Rabbani e seu chefe


militar, Ahmad Shah Massoud, tendo a capital, Cabul, em 1996. Depois de ocupar a capital,
assassinaram o ex-presidente comunista Mohammad Najibullah e seu irmão.
Talibãs em Herat em Julho de 2001

Depois de implementar um rigoroso regime islâmico e surpreender o mundo com algumas


ações mais extremas, procederam a destruição dos Budas de Bamiyan (Patrimônio da
Humanidade), que, depois de sobreviver quase intactos durante 1 500 anos, foram destruídos
com dinamite e disparos de tanques. Em março de 2001, os dois maiores Budas foram
demolidos em alguns meses de bombardeio pesado. O governo islâmico do Talibã criticou
aUNESCO e as ONGs do exterior pela doação recursos para reparar essas estátuas quando
haveriam muitos problemas urgentes no Afeganistão, [carece de fontes] e decretou que as estátuas
eram ídolos e, portanto, contrárias ao Alcorão.

A mídia informou que o Talibã deu refúgio a Osama bin Laden. Após o ataque terrorista às
Torres Gêmeas em Nova York, as forças dos Estados Unidos argumentaram que, como o
Afeganistão teria decidido não entregar Bin Laden, o país seria atacado. Assim, derrubou-se o
regime talibã e favoreceu-se, com o apoio de outros países, a instalação do governo liderado
por Hamid Karzai.

A facilidade da derrubada do Talibã levou à tentação dos Estados Unidos de invadir o Iraque,
um país designado como parte do chamado "Eixo do Mal", pelo presidente
estadunidense George W. Bush. No entanto, após a invasão do Iraque e a posterior
estagnação do sucesso internacional das forças de ocupação no Iraque, o Talebã recuperou a
força, obteve um certo nível de controle político e aceitação na região de fronteira com o
Paquistão e iniciou uma insurgência contra os Estados Unidos e contra o governo afegão
constituído após as eleições gerais. Assim, passou a utilizar os mesmos métodos da resistência
no Iraque, incluindo emboscadas e atentados suicidas contra as tropas ali estacionadas dos
países europeus e dos Estados Unidos.

O Talibã tem se reagrupado desde 2004 e revivido como um movimento de insurgência forte,
regido pelos Pashtuns locais e empreendendo uma guerra de guerrilha contra os governos do
Afeganistão, do Paquistão e as tropas da OTAN, lideradas pela Força Internacional de
Assistência para Segurança (ISAF).[4] O movimento é composto principalmente por membros
pertencentes a tribos da etnia pashtun, [5] juntamente com voluntários de países islâmicos
próximos como uzbeques, tadjiques, chechenos, árabes, punjabis e outros. .[6][7][8] Opera no
Afeganistão e Paquistão, sobretudo em torno das regiões da Linha Durand. Os Estados Unidos
afirmam que a sua sede é em Quetta (ou nas proximidades), no Paquistão e que o Paquistão e
o Irã fornecem apoio ao grupo [9][10][11][12], apesar de ambas as nações negarem isso. .[13][14]

O mulá Mohammed Omar, na clandestinidade, lidera o movimento. [15] Os comandantes


originais de Omar foram "uma mistura de ex-comandantes de pequenas unidades militares e
professores de madraça",[16] enquanto que a sua linha de soldados é composta, principalmente,
por refugiados afegãos que estudaram em escolas religiosas islâmicas no Paquistão. Os talibãs
receberam um treinamento valioso, suprimentos e armas do governo paquistanês, em especial
do Inter-Services Intelligence (ISI), [17] e muitos recrutas das madraças dos refugiados afegãos
no Paquistão, principalmente aqueles estabelecidos pelo Jamiat Ulema-e-Islam (JUI).[18]

Cultura
Nas línguas faladas no Afeganistão (o persa moderno e o afegão), talibã significa "estudantes",
palavra emprestada da língua árabe. Os talibãs pertencem ao movimento
islâmicosunita Deobandi, que enfatiza a piedade, a austeridade e as obrigações familiares.
Este movimento emergiu em áreas de etnia pashtun.

Vida sob o governo taliban


Algumas atividades que foram banidas do Afeganistão durante o regime Talibã:

 leitura de alguns livros


 portar câmeras sem licença
 cinema, televisão, uso de videocassetes (considerados decadentes e promotores
da pornografia ou de ideias não muçulmanas)
 uso de internet
 música
 artes (pinturas, estátuas e esculturas de outras religiões)
 as mulheres só podiam sair acompanhadas de um homem
 empinar pipas (considerado perda de tempo, além de serem usadas em rituais hindus)
 fotografar mulheres e exibir tais fotografias
 plantio de ópio
 rinha de cães
 previsão do tempo
 barbear-se

Ópio
Apesar de o regime talibã ter banido o cultivo de papoulas de ópio em fins de 1997, estima-se
que o seu cultivo tenha crescido e que, em 2000, fosse responsável por 72% da produção
mundial. A maior parte do ópio afegão é vendida na Europa. O cultivo de papoulas cresceu com
a queda do regime talibã.

Mulheres
O regime talibã impedia as mulheres de trabalhar e tinha regras rígidas sobre a educação
feminina. Em alguns casos, as mulheres eram impedidas de terem acesso a hospitais públicos
para que não fossem tratadas por médicos ou enfermeiros homens. As mulheres não podiam
sair de casa sem acompanhantes homens e saíam somente pela porta de trás do ônibus. As
mulheres que eram viúvas ou que não possuíam filhos não eram consideradas pessoas pelo
estado e muitas vezes enfrentavam a fome.
Outras religiões

Estátua de Buda em Bamyan, antes de sua destruição pelos talibãs

Em março de 2001, o Talibã ordenou a destruição de duas gigantescas estátuas de Buda em


Bamiyan: uma, com 38 metros de altura e 1 800 anos de idade e outra, com 52 metros de
altura e 1 500 anos de idade. O ato foi condenado pela UNESCO e por vários outros países do
mundo, incluindo o Irã.

Em face de conflitos com anciões de religião hinduísta, que, frequentemente, eram confundidos
com islâmicos que haviam desrespeitado a ordem de não rasparem as barbas, os talibãs
decretaram, em maio de 2001, que os hindus e membros de outras religiões usassem um
símbolo amarelo como identificação. Esta ordem foi, posteriormente, modificada em junho para
obrigar os hindus a usarem uma carteira de identidade especial. O ato de empinar pipas,
presente em alguns rituais hindus, foi banido por ser considerado perda de tempo.

As conversões de islâmicos a outras religiões foram banidas (o afegão era punido com a
morte e o estrangeiro, expulso).

Relacionamento com Osama Bin Laden


Em 1996, o saudita Osama bin Laden mudou-se para o Afeganistão a convite da Aliança do
Norte. Segundo o governo estadunidense, quando os talibãs chegaram ao poder, a
organização Al Qaeda de Bin Laden aliou-se a eles.

Em resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos e seus


aliados invadiram o Afeganistão à caça de Osama Bin Laden, que estaria refugiado no país,
sob a proteção do regime talibã. A missão, contudo, não alcançou seu objetivo.

Apenas em 2011, dez anos após o ataque de 11 de setembro, Osama Bin Laden foi
assassinado no Paquistão por soldados estadunidenses. A operação já estava sendo planejada
desde setembro de 2010 pelo governo estadunidense: o presidente Barack Obamajá havia se
reunido cinco vezes com a cúpula do serviço de inteligência estadunidense para organizar a a
operação de resgate e captura do terrorista. Mas, apesar da morte de Bin Laden, a Al
Qaeda não teria terminado.

Frente Islâmica de Salvação


A Frente Islâmica de Salvação (FIS), é um organização política de carácter islamista fundada
em 20 de fevereiro de 1989 na Argélia e declarada ilegal desde março de 1992.

É a organização política islâmica mais importante de Argélia. O FIS nasce com a revolta juvenil
em Argel de 1988, onde os estudantes pediam uma islamização social. A raiz destes
acontecimentos, a organização fundou-se oficialmente em 1989 e legalizou em 1990.

O FIS ganhou as eleições municipais de 1990 obtendo o 65% dos sufragios e dominando
claramente as principais cidades argelinas.

Nas eleições gerais de 1991 obteve na primeira volta um 24% do censo eleitoral. Isto provocou
um autogolpe pelo presidente Chadli Benyedid que tratou de impedir na segunda volta o triunfo
eleitoral dos islamistas, declarando o estado de excepção e anulando o processo eleitoral.
Seguiu-se a dissolução do FIS e o encarceramento de seus dirigentes,Abassi Madani e Ali
Belhadj, o que intensificou os ataques aos militares e o governo argelino através de seu braço
armado, o Exército Islâmico de Salvação. Em 13 de janeiro de1995, o FIS ilegalizado, dirigido
por Abdelkader Hachani, junto com outras pequenas formações argelinas opostas ao regime
assinaram um acordo pelo que se criava uma única organização opositora, a Plataforma de
Roma. Depois do cessar fogo de 1997 e do acordo de paz de 1999, o FIS abandonou suas
reivindicações de luta armada, ainda que mantém seus princípios islâmicos.

Hezbollah
Hezbollah[1] (em árabe: ‫حزب ا‬, transl. ḥizbu-'llāh(i),[2] "partido de Deus") é uma organização
com atuação política e paramilitarfundamentalista islâmica xiita sediada no Líbano.[3] É uma
força significativa na política libanesa, responsável por diversos serviços sociais, além de
operar escolas, hospitais e serviços agriculturais para milhares de xiitas libaneses.[4] É
considerado um movimento de resistência legítimo por todo o mundo islâmico e árabe.[3] O
grupo, no entanto, é considerado umaorganização terrorista pelos Estados
Unidos, Argentina[5], Israel, Canadá e pelos Países Baixos. O Reino Unido colocou a sua ala
militar na lista de organizações terroristas banidas no país, [6] enquanto a Austrália considera
parte de sua estrutura militar, a Organização de Segurança Externa, uma organização
terrorista.[7][8][9][10]

O Hizbollah surgiu inicialmente como uma milícia, em resposta à invasão israelense do


Líbano de 1982, também conhecida como Operação Paz para a Galileia, e continuou a resistir
contra a ocupação israelense do Líbano por toda a Guerra Civil Libanesa.[3][11] Seus líderes se
inspiraram nas ideias do aiatolá Khomeini, e suas forças foram treinadas e organizadas por um
contingente da Guarda Revolucionária Iraniana.[12] O manifesto de 1985 publicado pelo
Hizbollah listava suas três metas principais como "colocar um fim a qualquer
entidade colonialista" no Líbano, levar os Falangistas à justiça "pelos crimes que perpetraram",
e estabelecer um regime islâmico no país.[13][14] Recentemente, no entanto, o Hizbollah vem
fazendo poucas menções a respeito da fundação de um Estado islâmico, e não tem mais feito
alianças seguindo tendências religiosas.[12] Os líderes do partido são responsáveis, no entanto,
por diversas declarações pedindo pela destruição do Estado de Israel, ao qual se referem como
a "entidade sionista", "construída sobre terras arrancadas das mãos de seus proprietários." [13][14]

O partido, que começou apenas como uma pequena milícia, já se transformou numa
organização que tem assentos noparlamento libanês, uma rádio e uma estação de televisão via
satélite, além de diversos programas de desenvolvimento social.[15] O Hizbollah mantém um
forte apoio entre a população xiita do Líbano, e conquistou algum apoio entre o resto da
população do país, incluindo sunitas, drusos e cristãos, na sequência da Guerra do Líbano de
2006,[16] e conseguiu mobilizar protestos de centenas de milhares de pessoas [17] Juntamente
com outros grupos políticos do país, o Hizbollah iniciou os protestos políticos do Líbano de
2006-2008, em oposição ao governo do primeiro-ministro Fuad Siniora.[18] Disputas posteriores
envolvendo a manutenção pelo Hizbollah de sua rede de telecomunicações levaram a disputas,
e militantes da oposição, liderados pelo partido, tomaram o controle de diversos bairros
de Beirute Ocidental, anteriormente ocupados por milicianos do Movimento do Futuro, leais a
Siniora; as áreas foram entregues então ao exército libanês.[19] Finalmente, com base
no Acordo de Doha, o Hizbollah recebeu o poder de veto no parlamento libanês; além disto,
formou-se um governo de unidade nacional, no qual o partido tem um ministro, e controla onze
dos trinta assentos existentes.[4][20]

O Hizbollah recebe ajuda financeira do Irã e da Síria, além de doações de libaneses e de


outros xiitas pelo mundo.[21][22] O partido também ganhou uma força militar significante nos
últimos anos.[23] Apesar de uma certificação de junho de 2008, pelas Nações Unidas, de que
Israel havia se retirado de todo o território libanês, [24] em agosto daquele ano o novo gabinete
de governo do Líbano aprovou uma proposta que assegura a existência do partido como uma
organização armada, e garante o seu direito de "liberar ou recuperarterras ocupadas."
Desde 1992 a organização é chefiada por Hassan Nasrallah, seu secretário-geral.

Atualmente goza de certa popularidade no mundo árabe-muçulmano por ter assumido a


responsabilidade de levar Israel a deixar o sul do Líbano em Junho de 2000. Também parece
estar se espalhando pelo mundo, sendo inclusive acusado pelos EUA de ter membros
venezuelanos.[25]

Atuação do Hizbollah
O Hizbollah constitui-se em um dos principais movimentos de combate à
presença israelense no Oriente Médio, utilizando de ataques de guerrilha.

Desenvolve também uma série de atividades em cinco áreas: ajuda a familiares


de mártires, saúde, educação religiosa xiita, reconstrução e agricultura.

O Hizbollah conta com cinco hospitais, 43 clínicas e duas escolas de enfermagem. Segundo
a ONU, ao menos 220 mil pessoas em 130 cidades libanesas se tratam nesses locais. O
Hizbollah possui 12 escolas com sete mil alunos e setecentos professores e centros
culturais franceses auxiliam no aperfeiçoamento do corpo docente.

Na reconstrução, existe uma instituição exclusiva para reparar danos causados por ataques
israelenses, enquanto que na agricultura engenheiros agrônomos formados em Beirute,
na Síria, no Irã e na Alemanha, desenvolvem projetos agrícolas para garantir a base da
economia de subsistência do sul do país.

Em 23 de Outubro de 1983, dois atentados suicidas contra a força multinacional de


interposição fizeram 248 mortes de americanos e 58 mortes de franceses.

Al-Shabaab
Al-Shabaab (em árabe: ‫الشباب‬, "A Juventude"), também conhecido como Ash-Shabaab, Hizbul
Shabaab ("O Partido da Juventude")[1], e Movimento de Resistência Popular na Terra das
Duas Migrações (MRP)[2] é um grupo fundamentalista islâmico que atua primordialmente
na Somália. Em suas produções de mídia o grupo refere-se a si próprio como Harakat al-
Shabab al-Mujahideen (‫)حركة الشباب المجاهدين‬, "Movimento do Jovem Guerreiro".
O grupo foi fundado em 2004,[3] logo em seguida à derrota sofrida pela União dos Tribunais
Islâmicos (UTI) nas mãos do Governo Federal de Transição (GFT) e seus aliados,
especialmente as forças armadas da Etiópia, durante a Guerra da Somália (2006-2009).
Estima-se que 3 000 membros ou mais da UTI tenham entrado na clandestinidade e formado
uma insurgência, com células armadas na capital, Mogadíscio, e por todo o país, passando
então a conduzir ataques contra o governo e as forças etíopes. O termo Shabaab ("juventude")
é comum a diversos grupos de jovens ao redor do mundo islâmico, e o movimento não deve
ser confundido com outras organizações homônimas.

Jemaah Islamiyah
Jemaah Islamiah[1] (em árabe: ‫الجماعة السإلمية‬, al-Jamāʿat ul-Islāmíyatu, "Congregação Islâmica",
freqüentemente abreviada comoJI)[2] é uma organização militante islâmica dedicada ao
estabelecimento de um Daulah Islamiyah[3] (califado islâmico regional) noSudeste da
Ásia incorporando a Indonésia, Malásia, sul das Filipinas, Cingapura e Brunei.[4] A Jemaah
Islamiah foi adicionada à lista da Organização das Nações Unidas de organizações terroristas
ligadas à Al-Qaeda ou ao Taliban em 25 de outubro de2002,[5] sob a Resolução 1267.

O seu ataque mais recente foi em Jacarta, na Indonésia, quando terroristas do grupo
explodiram os hotéis Marriott Internacional eRizt-Carlton, matando 11 pessoas e ferindo outras
53.

Hamas
O Hamas (em árabe: ‫حماس‬, transl. Ḥamās, acrónimo de ‫حركة المقاومة السإلمية‬, transl. Ḥarakat al-
Muqāwamat al-Islāmiyyah, "Movimento de Resistência Islâmica") uma organização palestina,
de orientação sunita, que inclui uma entidade filantrópica, um partido político e um braço
armado, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam. É o mais importante movimentofundamentalista
islâmico palestino.[1]

Em janeiro de 2006, o Hamas venceu as eleições parlamentares na Palestina, ganhando 76


dos 132 assentos noParlamento Palestino, enquanto o Fatah conseguiu 43.[2] Após a vitória
eleitoral do Hamas, conflitos violentos e não violentos ocorreram entre o Hamas e o Fatah. 12
palestinos morreram e mais de 100 ficaram feridos[3][4] Depois daBatalha de Gaza, em junho
de 2007, o Hamas perdeu suas posições na Autoridade Palestina na Cisjordânia, sendo
substituído por integrantes do Fatah e independentes. O Hamas manteve somente o controle
de Gaza.[5]

O Hamas é listado como organização terrorista pelo Canadá,[6] União Européia [7], Israel,
[8]
Japão[9] e Estados Unidos[10] A Austrália[11] e o Reino Unido[12] consideram como organização
terrorista somente o braço militar do Hamas - as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam. [13][14] Outros
países, como a África do Sul,[15] a Rússia,[16] a Noruega[17] e o Brasilnão consideram o Hamas
como organização terrorista.[18] Na Jordânia, o Hamas tinha uma presença forte até o final
dadécada de 1990, o que causava atritos entre o governo jordaniano e Israel. O rei
Abdullah fechou a sede do Hamas na Jordânia e expulsou seus líderes. [19].

Em maio de 2011, o lider do Hamas Ismail Haniya condenou a operação norte-americana que
matou Osama bin Laden, responsável pelos Ataques de 11 de setembro de 2001,
denominando bin-Laden de "guerreiro sagrado", e a operação como um "assassinato". [20]

Hamas é um acrônimo da frase árabe ‫( حركتتتة حركتتتة المقاومتتتة السإتتتلمية‬Harakat al-Muqāwama al-
Islāmiyya, que significa "Movimento de Resistência Islâmico"). Em árabe a
palavra Hamās(‫ )حمسساس‬se traduz aproximadamente como "entusiasmo, ardor, calor,
cordialidade".[21] A consoante inicial não é o /h/ comum em palavras em inglês
(como house), mas um som ligeiramente mais áspero, a fricativa faríngea surda /ħ/.

O Hamas foi criado na cidade de Gaza, em 1987, no início da Primeira Intifada,


pelos Xeques Ahmed Yassin, Abdel Aziz al-Rantissi e Mohammad Taha da ala palestina
daIrmandade Muçulmana do Egito[22]. O braço político e beneficente da Irmandade Muçulmana
é então reconhecido oficialmente por Israel. O grupo se concentrava na ajuda social e em
projetos religiosos, com uma intensa ação social e comunitária.

Segundo várias fontes, a Irmandade Muçulmana palestina, durante os anos 1970 e 1980, foi
financiada direta ou indiretamente por diferentes Estados, como a Arábia Saudita e aSíria, mas
também pelo Mossad, o serviço secreto israelense. [23]

Ação política e social


O Hamas se define como um movimento de resistência palestino, cujos princípios se baseiam
no Corão. Seu programa político tem como ponto fundamental a instauração de um Estado
palestino abrangendo toda a Palestina histórica. O Hamas não reconhece o Estado de Israel, e
a este se refere como "entidade sionista". Nesse aspecto, opõe-se aoFatah. Em sua carta de
princípios, publicada em 1988,[24] o Hamas prega a criação de um Estado palestino islâmico.

Como partido político, O Hamas liderou dois governos sucessivos da Autoridade Palestiniana.
Seus representantes têm afirmado o interesse em resolver as divergências com oFatah, e têm
buscado o reconhecimento internacional da organização, como interlocutor qualificado e
legítimo representante dos interesses do povo palestino, embora, até então, o Hamas não
reconheça o Estado de Israel.

O movimento criou uma vasta rede de assistência social na Cisjordânia e na Faixa de Gaza[25] e
ganhou popularidade na sociedade palestina ao estabelecer hospitais, escolas, bibliotecas e
outros serviços[26] nos territórios palestinos.[25]

Em dezembro de 2008, o Hamas teve sua rede de assistência social e educacional na Faixa de
Gaza destruída por Israel[27], durante a Operação Chumbo Fundido.

Luta armada

O resultado de uma explosão causada por um terrorista suicida do Hamas emJerusalém

Em meados de 1980, a Irmandade Muçulmana palestina evoluiu sob a influência do xeque


Ahmed Yassin, que pregava a luta armada contra o "ocupante hebreu". Seu braço armado são
as Brigadas Izz al-Din al-Qassam e alguns observadores consideram o Hamas como uma
"organização de fins militares que prospera a partir de uma rede filantrópica [1].

As primeiras ações armadas do Hamas ocorrem com o início da Primeira Intifada. Inicialmente
atacam rivais palestinos e depois, os militares israelenses. Posteriormente suas ações
passaram a ter como alvo tanto os militares como os civis israelenses. Entre abril
de 1993 e 2005, o Hamas promoveu atentados suicidas que visavam essencialmente a
população civil, a exemplo dos ataques realizados contra o Dizengoff Center, em 1996, e
contra a pizzaria Sbarro, em2001.[28][29][30][31][32]

Em 1989, o movimento sofreu um duro golpe quando Ahmed Yassin foi feito prisioneiro pelo
governo israelense. Posteriormente solto em uma troca de prisioneiros, Yassin acabaria sendo
morto durante um assassinato seletivo (targeted killing), pela Força Aérea Israelense, em 2004.

Em abril de 2006, o Hamas renunciou publicamente aos ataques suicidas [33] O último atentado
suicida contra Israel reivindicado pelo Hamas foi em janeiro de 2005[34]. Desde então o Hamas
passou a realizar ataques com foguetes Qassam contra as cidades israelenses próximas à
fronteira, notadamente Sderot.

[editar]Hamas e Fatah

Faixas com fotos de Ahmed Yassin eAbdel Aziz al-Rantissi, em comício eleitoral do Hamas. Ramallah, 2007.

Em 25 de Janeiro de 2006, o partido venceu as eleições para o parlamento Palestino,


derrotando o Fatah. Após a contagem final, em 28 de janeiro de 2006, o Hamas conquistou 76
das 132 cadeiras do parlamento, não precisando, portanto, formar coligações. Já o Fatah,
partido que liderava anteriormente, obteve apenas 43 cadeiras. Muitos viam o governo anterior
do Fatah como corrupto e ineficiente, e enxergavam no Hamas um movimento efetivo de
resistência e defesa dos palestinos contra a ocupação israelense [35][36] O Hamas também
ganhou várias eleições democráticas locais, tanto em Gaza quanto na Cisjordânia (Qalqilyah,
e Nablus).[2] As eleições foram observadas por entidades internacionais. [37]

Desde a vitória eleitoral do Hamas, acirrou-se o conflito entre o Hamas e o Fatah. [38] Depois
da Batalha de Gaza, em 2007, que envolveu militantes do Hamas e do Fatah, os
representantes eleitos do Hamas foram expulsos de suas posições no governo da Autoridade
Nacional Palestina na Cisjordânia e substituídos por membros do rival Fatah, em uma ação por
muitos considerada ilegal.[39][40].

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, do Fatah, deu posse aos membros do
seu gabinete de emergência no seu escritório central, em Ramallah. O gabinete de emergência
substituiu a coalizão Hamas-Fatah que ele extinguiu depois que o Hamas tomou o controle de
Gaza à força. Assim, na prática, os palestinos têm dois governos - a liderança do Hamas na
Faixa de Gaza e o gabinete montado por Abbas na Cisjordânia, liderado pelo
economista Salam Fayyad.

Em 18 de junho de 2007, Abbas decretou a ilegalidade da milícia do Hamas e embora um


assessor de Abbas tenha dito que o decreto não se referia ao Hamas como um todo.
Representantes do Hamas declararam que o governo de emergência não era amparado pela
lei palestina e que o Hamas continuaria funcionando como líder do governo. [41]
Em novembro de 2009, o Hamas comprometeu-se a assinar o acordo de reconciliação
interpalestino promovido pelo Egito e que já havia sido firmado pelo Fatah.[42]

Em maio de 2011, o Hamas e Fatah firmaram acordo de reconciliação depois de quatro anos
de cisão. O acordo foi criticado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. [43][44]

Hamas e Israel

Damasco - Menino ergue metralhadora em manifestação pró-Hamas à época dosataques à Faixa de


Gaza (dezembro de2008).

O Hamas preconiza a luta contra Israel, por todos os meios, visando à formação de um estado
independente palestiniano "... desde o Rio Jordão até o mar". Sua carta de princípios, redigida
em 1988, preconiza o estabelecimento de um estado muçulmano na Palestinahistórica -
incluindo portanto Israel, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

Em sua carta fundamental, em seus escritos e muitas de suas declarações públicas, o Hamas
usa um discurso de ódio contra Israel[45]. Internamente, o grupo mantém uma agenda
propagandística que inclui, por exemplo, a transmissão em seu canal de TV, Al-Aksa TV, de
programas como o seriado infantil Pioneiros do Amanhã, de
conteúdo antiamericano e antissemitismo.

Apesar disso, os dirigentes do Hamas constantemente descrevem o com Israel como político e
não religioso[46] ou antissemita. Segundo seu dirigente, Khalid Meshal, a Carta de Princípios da
organização "não prega de modo algum a destruição de Israel".

Uma proposta de cessar-fogo duradouro


Em fevereiro de 2006, o Hamas, através de Khalid Meshal, propôs um cessar-fogo duradouro -
tendo sido sugerida uma trégua de 10 a 15 anos - desde que Israel devolvesse os territórios
ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967.[47]

A Crise financeira nos Territórios Palestinos


Desde que o Hamas assumiu o governo, a Autoridade Palestina foi isolada economicamente e
houve uma grande redução da ajuda financeira internacional aos Territórios Palestinos.
Em 2006, a Autoridade teve, inclusive, de devolver aos Estados Unidos o valor de USD50
milhões, que havia sido enviado, a título de auxílio, pelo governo americano. O governo
israelense, por sua vez, congelou a transferência de tributos devidos à Autoridade Palestina, no
valor de 50 milhões de dólares mensais. Esse dinheiro não constituía auxílio, mas o resultado
de impostos e taxas arrecadados por Israel em nome dos palestinos. O valor é normalmente
transferido no primeiro dia de cada mês e ajuda a pagar os salários de 140.000 funcionários
dos serviços de segurança pública, educação e saúde que servem 20% da população dos
Territórios Palestinos (que totaliza 3,8 milhões de pessoas). [48]. Durante o governo Bush, os
Estados Unidos acusaram a Arábia Saudita de financiar o Hamas. O governo saudita, por sua
vez, não considera que o Hamas seja uma organização terrorista. Portanto a solicitação do
governo americano para interromper o envio de auxílio à liderança da Autoridade Palestina foi
negada pelos sauditas.[49]

O Primeiro-Ministro palestino Ismail Haniyeh afirmou acreditar que os estados árabes e


islâmicos ajudariam a compensar a redução da ajuda ocidental. O envio de ajuda foi
confirmado pelo líder da Liga Árabe, Amr Moussa. Da mesma forma, o
governo iraniano concordou em apoiar financeiramente o governo palestino, a pedido
de Khaled Meshal, que visitou o Irã em 2007.[50][51]

Jihad Islâmica
A Jihad Islâmica da Palestina (em árabe: ‫حركة الجهاد السلمي في فلسطين‬, - Harakat al-Jihād al-Islāmi
fi Filastīn) é um grupo militante palestino, considerado um grupo terrorista pelos
[1] [2] [3]
governos dos Estados Unidos , da União Europeia , do Reino Unido ,
[4] [5]
do Japão , da Austrália e de Israel. O grupo prega a destruição do Estado judeu e
[6]
a constituição de um Estado Islâmico na Palestina . A Jihad Islâmica da Palestina
executou vários ataques terroristas, por exemplo o atentado suicida do Dizengoff
Center (responsabilidade também clamada pelo Hamas).

Wahhabismo
Wahhabismo (árabe: ‫ )الوهابية‬é um movimento religioso de muçulmanos que teve a sua criação
na Arábia central em meados do século XVIII e originalmente criado por Muhammad bin Abd al
Wahhab.

O ambiente político e cultural da Arábia Saudita contemporânea é influenciado por este


movimento desde meados do século XVIII. Tem também forte influência no Kuwait e noQatar.

História
De acordo com os resgates religiosos feitos por Muhammad ibn Abd al Wahhab, um
muçulmano deve fazer bayah (um juramento de fidelidade) ao governante muçulmano durante
sua vida, para assegurar sua redenção depois da morte. E este governante deve jurar
fidelidade ao seu povo enquanto o mesmo governar, segundo a shariah (jurisprudência)
islâmica. Sendo assim, o objetivo deste movimento era de que o povo e o governante
exercessem a shariah, assegurando que o povo conhecesse estas leis divinas.

Muhammad ibn Saud transformou seu reduto, Ad Diriyah, em um centro de estudos religiosos,
sob a orientação de Muhammad ibn Abd al Wahhab,[1] enviando após o assentamento deste
centro, milhares de fiéis com conhecimento dos princípios fundamentais da religião por toda
a península arábica, golfo pérsico, Síria e Mesopotâmia.
Mesmo após o sultão otomano Mohammed Ali Pasha ter esmagado a autoridade
política wahhabbi e ter destruído Ad Diriyah, em 1818,[2][1] os estudos e as novas práticas
permaneceram firmemente plantadas nas províncias do sul do Néjede e ao norte de Jabal
Shammar.[2]

Em 1902, a família de Al Saud chega ao poder de novamente,[3] com a captura


de Riade por Abdul Aziz Ibn Saud,[1] tornando-se os resgates feitos por Wahhabb a ideologia da
península.[3]

A mensagem básica de Muhammad ibn Abd al Wahhab foi o resgate dos princípios básicos do
monoteísmo, baseados na Chahada (testemunho de fé) e na unicidade essencial
deAllah (tawhid),[2] que foi nada mais do que os princípios fundamentais
do monoteísmo contidos no Alcorão.

O foco de Muhammad ibn Abd al Wahhab na tawhid foi usada em contrapartida


ao shirk (politeísmo),[4] definido como um ato de associar qualquer pessoa ou objeto a poderes
que devem ser atribuídos somente a Allah.

Partindo destes princípios, certos festivais religiosos foram proibidos (inclusive a comemoração
do aniversário do Profeta Muhammad), velórios xiítas e rituais sufis. No início doséculo XIX,
os wahhabbis destruíram túmulos em cemitério de homens considerados santos por aqueles
muçulmanos daquela época, em Medina, onde era um local de oferendas e preces para os
supostos homens santos (adorados como divindades).

Seguindo a escola jurídica de Ahmad ibn Hanbal.,[5] os wahhabbi só aceitam o Alcorão e


da Sunnah do profeta Muhhamad como princípios e ideologia. Eles rejeitam a reinterpretação
do Alcorão e da Sunnah, no que diz respeito a questões claramente decididas por algumas
escolas. Ao rejeitar a validade da reinterpretação, a doutrina wahhabbise contrapõe ao
movimento muçulmano de reforma dos séculos XIX e XX, mais notadamente nos padrões
ocidentais de governo e legislações. O rei Fahd ibn Abd al Aziz Al Saudconstantemente tem
chamado os renegados (xiitas, sufis, etc) para se reorientarem-se na ijtihad (estudo dos
princípios islâmicos, advindos do Alcorão e Sunnah), para tratar das novas situações que
desafiam a modernização do reino.

Muhammad ibn Abd al Wahhab dizia que havia três objetivos para o governo islâmico e sua
sociedade: "crer em Allah, ordenar o bom comportamento e proibir o ilícito." [6]

Estes princípios foram realçados nos dois séculos seguintes perante a sociedade islâmica.
Assim sendo, a opinião pública transformara-se num regulador do comportamento individual.

Com isto, foram criados os "mutawiin", os quais eram incentivadores morais da sociedade,
estes, também serviram como missionários e como "ministros da religião", que pregavam nas
mesquitas às sexta-feiras.

Além de obrigarem os homens à prática da oração pública, os mutawiin também eram


responsáveis pelo fechamento das lojas nos horários das orações, pela busca das infrações da
moralidade pública como drogas (incluindo o álcool), música, dança, cabelo longo para os
homens ou cabeças descobertas para as mulheres, e pela forma de vestir.

No início do século XX, com o crescimento do movimento wahhabismo, este foi um fator
decisivo para Abd al Aziz criar uma união entre as tribos e províncias da península arábica, sob
a liderança de Al Saud,[2] que foi a base para a legitimização do estado da Arábia Saudita.

A divulgação e crescimento do Islam em grande parte foi a responsável pelo sucesso do


movimento wahhabbi ao inspirar os ideais do movimento "Irmandade Muçulmana"(Ikhwan).
Em 1990, a liderança saudita não mais salientava sua identidade como herdeira do
legado wahhabbi e nem os descendentes de Muhammad ibn Abd al Wahhab, continuaram a
ocupar os mais elevados postos na burocracia religiosa (vide vida da família Al-Saud [7]). A
influência wahhabbi na Arábia Saudita, no entanto, permaneceu materializada nas roupas, no
comportamento público e na oração pública, as quais podem ser percebidas até hoje.

Qatar
A família Al-Thani, que governa o país desde 1878, emergiu graças ao Wahhabismo, tendo
também sido ajudada pela presença do Império Otomano. Deu-se a instauração
daCharia segundo interpretação wahhabista e o poder foi centralizado. [8]

Sunismo
[1]
Os sunitas formam o maior ramo do Islão, ao qual no ano de 2006 pertenciam 84% do total
dos muçulmanos. A maioria dos sunitas acredita que o nome deriva da
palavra Suna (Sunna), que se refere aos preceitos estabelecidos no século
VIII baseados nos ensinamentos de Maomé e dos quatro califas ortodoxos.

História
No Islã, o desacordo político manifestou-se muitas vezes pelo desacordo religioso. O exemplo
mais antigo disto foi que 30 anos após a morte de Maomé (Muhammad), a comunidade
islâmica mergulhou numa guerra civil que deu origem a três grupos. Uma causa próxima desta
guerra civil foi que os muçulmanos do Iraque e do Egito ressentiram-se do poder do
terceiro califa e dos seus governadores; outra causa foi a de rivalidades comerciais entre
facções da aristocracia mercantil.

Após o assassinato do califa, a guerra eclodiu entre grupos diferentes, todos eles lutando pelo
poder. A guerra terminou com a instauração de uma nova dinastia de califas que governavam
desde Damasco.

Um dos grupos que surgiram desta disputa foi o dos sunitas. Eles tomam-se como os
seguidores da sunna ("práctica") do profeta Maomé tal como relatada pelos seus companheiros
(a sahaba). Os Sunitas também acreditam que a comunidade islâmica (ummah) se manterá
unida. Eles desejavam reconhecer a autoridade dos califas, que mantinham o governo pela lei
e persuasão. Os sunitas tornaram-se o maior grupo islâmico.

Dois outros grupos menores surgiram também deste cisma: Os xiitas e os kharijitas, também
conhecidos por "dissidentes". Os xiitas acreditavam que a única liderança legítima era a que
vinha da linhagem do primo e genro de Maomé, Ali. Os xiitas acreditavam que o resto da
comunidade cometera um erro grave ao eleger Abu Bakr e seus dois sucessores como líderes.
Já os kharijitas inicialmente apoiaram a posição dos xiitas de que Ali era o único sucessor
legítimo de Maomé, e ficaram decepcionados quando A

Visão de outros grupos


Os sunitas não são unânimes quanto às suas visões dos xiitas. No entanto, os sunitas não
consideram as diferenças entre xiitas e sunitas comparáveis às diferenças entre os
diferentes mazahib do Fiqh (direito islâmico) sunita. Uma pequena minoria acredita que os
xiitas (especificamente os Jafaryia ou Os dos doze) podem ser considerados como uma "quinta
madhab" do Islão.
Um decreto da prestigiosa Universidade Al-Azhar no Egipto, apoiando este último ponto de
vista foi amplamente condenado por académicos sunitas em todo o mundo. Geralmente, a
maioria dos sunitas considera o xiismo como um grupo herege, rebelde, mas dentro do Islão.

No entanto, todas as três tendências estabelecidas dentro do sunismo, os Berailvi,


os Deobandi e os Wahhabi consideram os xiitas como apóstatas (desertores) do Islão.

Por outro lado, grupos como a Nação do Islão, Ahmadiyya, e Ismailis são considerados como
hereges pela maioria dos sunitas e por isso estão fora do Islão.

Na Rússia do século XIX (no Tartaristão e na Ásia Central), uma nova teologia do sunismo
surgiu, conhecida como o Jadidismo ou Euroislão. A sua principal qualidade foi a tolerância
para com outras religiões.

Xiismo
Os '''xiitas''' (em árabe ‫ شيعة‬, Shia'a ou Shiat Ali, "partido de Ali") são o segundo maior ramo de
crentes do Islão, constituindo 30% do total dos muçulmanos (o maior ramo é o dos
muçulmanos sunitas, que são 84% da totalidade dos muçulmanos). [1]

Os xitas consideram Ali, o genro e primo do profeta Maomé, como o seu sucessor legítimo e
consideram ilegítimos os três califas sunitas que assumiram a liderança da comunidade
muçulmana após a morte de Maomé.

Origem histórica do xiismo


Depois da morte de Maomé, em 632, muitos acreditavam que ele havia escolhido como seu
herdeiro e sucessor o seu genro e primo Ali ibn Abu Talib. Logo após o falecimento, a escolha
do novo califa foi organizada, mas, enquanto Ali e sua família aprontavam o enterro de Maomé,
alguns sahaba, companheiros do Profeta, elegeram o novo governante da comunidade
islâmica. Sendo assim, Abu Bakr foi designado o novo califa.

Antes de morrer, Abu Bakr designou seu sucessor, Umar, que foi assassinado em 644, dez
anos mais tarde. Após ele, Uthman, da dinastia omíada, ocupou o califado até 656, ano em que
foi assassinado. Finalmente, Ali assumiu o poder.

Os kharijitas têm origem na Batalha do Camelo, onde o governador do Sham, Muáwiya, junto
com a viúva de Maomé, Aisha, uniram suas forças para tirar Ali do poder. Porém, quando viram
que suas tropas seriam derrotadas, colocaram páginas do Corão nas pontas das lanças,
sabendo que Ali não iria atacá-los dessa forma. Entretanto, um pequeno grupo não aceitou o
recuo do exército do califa, defendendo que deveriam batalhar mesmo assim. Dessa situação
nascem os kharijitas, que quer dizer "os que saíram".[carece de fontes]

Com a morte de Ali, este foi sucedido por seu filho Hassan, porém, o novo califa foi obrigado a
renunciar em prol do corrupto Muáwiya, que subornara seus amigos, corrompera seu governo,
tornando-se impossível sua governabilidade.[carece de fontes]

A divisão entre sunitas e xiitas nasce da questão sucessória dessa época.

Dispersão geográfica
Os muçulmanos xiitas estão espalhados por todas as partes do mundo, mas alguns países têm
uma concentração particularmente forte: o Irão é quase totalmente xiita, e noIraque, um país
onde cerca de 95% da população é muçulmana, cerca de dois terços são xiitas. Eles eram
oprimidos pelo partido Baath de Saddam Hussein composto sobretudo por sunitas.
Encontram-se também grandes populações de xiitas no Paquistão (20%), na província oriental
da Arábia Saudita (15%), no Bahrein (70%), no Líbano (27%), no Azerbaijão (85%),
no Iêmen (50%) na Síria, na Turquia. Entre as comunidades islâmicas que residem no Ocidente
também é possível encontrar minorias xiitas.

Maioria sunita
Maioria xiita
Maioria ibadita

População de muçulmanos xiitas em vários países na Ásia:


Muçulmanos % da \
País População Notas
xiitas população
Irão 100.700.000 20.800.000 70,96
Paquistão 200.800.800 35.200.000 24,02
Iraque 26.000.000 17.400.000 66,92
[2][3]
Turquia 71.517.100 15.000.000 20,97
Índia 1.009.000.000 11.000.000 1,09
Iémen 23.800.000 10.710.000 45,00 Seitas dentro
Azerbaijão 9.000.000 7.650.000 85,00 do
Afeganistão 31.000.000 5.900.000 19,03
xiismo
Arábia O Islão xiita
27.000.000 4.000.000 14,81
Saudita contemporâneo
[4]
pode ser subdividido
Síria 18.000.000 2.200.000 12,22
em três ramos
Líbano 3.900.000 1.700.000 43,59 principais: os xiitas
Tadjiquistão 7.300.000 1.100.000 15,00 dos Doze Imãs,
os ismaelitas e
Kuwait 2.400.000 730.000 30,42 os zaiditas. Todos
Bahrein 700.000 520.000 74,29 estes grupos estão
de acordo em
Emirados
relação à
Árabes 2.600.000 160.000 6,15
legitimidade dos
Unidos
quatro primeiros
Qatar 890.000 140.000 15,73 Imãs. Porém,
Omã 3.100.000 31.000 1,00 discordam em
relação ao quinto: a
maioria do xiitas
acredita que o neto de Hussein, Muhammad al-Baquir era o imã legítimo, enquanto que outros
seguem o irmão de al-Baquir, Zayd, sendo por isso conhecidos como zaiditas. O xiismo zaidita
(ou dos partidários do quinto imã) foi sempre minoritário e encontra-se hoje praticamente
limitado ao Iémen.

Os xiitas que não reconheceram Zayd como Imã permaneceram unidos durante algum tempo.
O sexto imã, Jafar al-Sadiq, foi um grande erudito que é tido em consideração pelos teólogos
sunitas. A principal escola xiita de lei religiosa recebe o nome de "Jafari" por sua causa.

Após a morte de Jafar al-Sadiq, em 765, ocorre uma cisão no grupo: uns reconheciam como
imã o filho mais velho de al-Sadiq, Ismail (morto em 765), enquanto que para outros o imã era o
filho mais novo, Musa (morto em 799). O último grupo continuou a seguir uma cadeia de imãs
até ao décimo segundo, Muhammad al-Mahdi (falecido em 874). Ficaram conhecidos como os
xiita dos Doze, enquanto que os primeiros como ismailitas; o termo xiita é geralmente usado
hoje em dia como sinónimo dos xiitas dos Doze (ou duodecimâmicos), uma vez que são os
xiitas maioritários.

Para os ismailitas, Ismail nomeou o seu filho Muhammad ibn Ismael como seu sucessor, tendo
a linha sucessória dos imãs continuado com ele e com os seus descendentes. Os ismailitas
tornaram-se poderosos no século X no Norte de África, onde fundam na Tunísia a dinastia
dos fatímidas (909-1171) que em 969 conquista o Egipto (onde fundam aUniversidade de Al-
Azhar) e a Síria. O persa Muhammad al-Darazi declarou que o quarto califa fatímida, al-Hákim,
era Deus, dando origem à religião drusa.

O ismailismo dividiu-se ainda em outros grupos, que orbitavam em torno de dois


irmãos, Nizar (m. 1095) e al-Mustacli (m. 1101). Os governantes fatímidas apoiam al-Mustacli e
os seguidores de Nizar foram obrigados a fugir, fixando-se nas montanhas da Síria e da Pérsia.
Os partidários da causa nizari organizam-se num movimento conhecido como Fidáiyya("a
gente do sacrifício") ou ainda Ta´limiyya ("da doutrinação"), a que os seus inimigos (entre os
quais se encontravam os Cruzados) deram o nome de Hashishiyya ("assassinos"), devido ao
facto dos seus membros serem consumidores de haxixe[carece de fontes]. Os Hashishiyya ficaram
conhecidos por uma série de assassinatos políticos. No século XIX, o rei da Pérsia deu o título
de Aga Khan ao imã de uma das subseitas dos ismailitas nizaris, os Qasimshahitas.
Actualmente, a maioria dos ismailitas encontra-se neste grupo.

No século XIX Siyyid Ali Muhammad provoca uma divisão no seio da comunidade xiita dos
Doze Imãs, ao proclamar-se como manifestação de Deus, tomando o nome de Báb, "Porta",
porque acreditava ter contacto directo com o décimo segundo imã que tinha desaparecido
em 874. Fuzilado em 1850, um dos seus discípulos, conhecido comoBahá'u'lláh, fundou a Fé
Bahá'í, hoje em dia considerada uma religião independente do islão.

De acordo com os xiitas dos Doze Imãs, os doze descendentes de Ali detêm um estatuto
especial; eles são inferiores ao profeta, mas superiores ao comum dos mortais. Eles são vistos
como sucessores directos corporais e espirituais do profeta, infalíveis, inspirados divinamente e
escolhidos por Deus.

O Imã oculto
Mausoléu de Hussein, filho de Ali, emKarbala, Iraque.

Os xiitas dos Doze Imãs acreditam que Muhammad al-Mahdi encontra-se escondido e que
regressará no fim do mundo. Este Imã oculto (escondido) é capaz de enviar mensagens aos
fiéis. Alguns xiitas iranianos acreditavam que o falecido Aiatolá Khomeini (não confundir
comAiatolá Khamenei, o actual aiatolá supremo do Irã) teria recebido inspiração do 12º e último
Imã.

Os crentes divergem quanto ao que irá acontecer ao último Imã quando regressar (apesar de
algumas seitas reservarem esse título paraIsa). Acredita-se normalmente que o último Imã será
acompanhado pelo profeta Jesus e que irá revelar a mensagem do Islão à humanidade. No
islão xiita é obrigação de cada muçulmano seguir um Marja vivo. Há vários Marjas xiitas vivos
hoje, com: Aiatolá Khamenei, Aiatolá Ali al-Sistani, Aiatolá Fazil Linkarani, Aiatolá Sadiq
Sherazi, Aiatolá Fadlullah etc.

O ritual da Ashura
A lembrança da Ashura é quando os muçulmanos xiitas lembram o martírio de Hussein, neto
de Maomé em Karbala, onde tal massacre, que teve mulheres e crianças massacradas, foi
perpetuado pelas mãos de Yiazid, o filho de Muawya, aquele que havia lutado contra Ali e
usurpado o califado de Hassan.

No Iraque, em certas regiões, a Ashura tomou uma visão grotesca, com autoflagelações e
situações anti-islâmicas.

A autoflagelação é proibida dentro do Islão, e esta atitude é realizada por uma ínfima minoria
dentro do xiismo, mas muitos acreditam que é um ponto comum entre todos os muçulmanos
xiitas. Grandes sábios desaprovam e se opõem vigorosamente contra a autoflagelação,
chamando-a de bidah ("inovação"). No Irão por exemplo, Khamenei coloca tropas nas ruas
para proibir tal barbaridade, no Líbano o Hezbollah não permite que seus membros realizem
esse tipo de horror, assim como Fadlullah, Sistani, enfim, todos os sábios xiitas, não o ratificam.

Os 12 Imãs dos islã xiita

1. Imã Ali ibn Abi Talib, "O Príncipe dos Crentes"


2. Imã Al-Hassan Ibn Ali, "Al-Mujtaba"
3. Imã Al-Hussein Ibn Ali, "Senhor dos Mártires"
4. Imã Ali Ibn Al-Hussein, "Formosura dos Devotos"
5. Imã Mohammad Ibn Ali, "O Erudito"
6. Imã Jaafar Ibn Mohammad, "O Verídico"
7. Imã Mussa Ibn Jaafar, "O Silencioso"
8. Imã Ali Ibn Mussa, "A Aprovação"
9. Imã Mohammad Ibn Ali, "O Generoso"
10. Imã Ali Ibn Mohammad, "O Orientador"
11. Imã Al-Hassan Ibn Ali, "Nascido em Ascar"
12. Imã Mohammad Ibn Al-Hassan, "O Guia ou Al-Mahdi"

Imame
Um imame, imamo, imã ou imam (em árabe ‫امام‬, "aquele que guia" ou "aquele que está
adiante") é o pregador no culto islâmica e também designa os principais líderes religiosos
do Islão que sucederam ao profeta Maomé.

Na doutrina sunita usa-se o título Imame paralelamente ao título de Califa.

Os xiitas, e em particular os imamitas, os chamados "Xiitas dos Doze", elevam ainda mais o
significado do termo, pois observam os doze imames da família de Ali como sucessores
legítimos de Maomé.

O décimo-segundo imame é para eles o Imame Oculto. Para os outros muçulmanos esta forte
veneração dos imames pelos xiitas é vista com suspeita de heresia. Os caridjitasem especial
recusam veementemente a veneração de um imame a chegar, um descendente da família do
profeta Maomé.

Paralelamente, a designação imame é usada frequentemente como título honorário para


personalidades particularmente devotas ou instruídas em religião. Um exemplo foi o caso do
famoso teólogo e jurista Al-Djuwayni que recebeu o apelido Imame al-Haramayn, o que
significa "Chefe comunitário de ambas as cidades santas" (Meca e Medina).

Pequeno comparativo entre as versões dos doze imames


Esse resumo compara as três principais linhas que os muçulmanos seguem:

Imames dos Zaiditas


Imames dos Duodecimanos Imames dos Ismailitas
(ou Xiitas dos
(Xiitas dos Doze) (ou Xiitas dos Sete)
Cinco)
1. Ali ibn Abi Talib
2. Hasan ibn Ali
3. Husain ibn Ali
4. Ali Zain al-Abidin
5. Muhammad al-Baqir Zaid ibn Ali
6. Dschafar as-Sadiq
7. Musa al-Kazim Ismail ibn Dschafar
8. Ali ar-Rida
9. Muhammad at-Taqi
10. Ali al-Hadi
11. Hasan al-Askari
12. Muhammad al-Mahdi

Fatímidas
Os Fatímidas foram uma dinastia do xiismo ismaelita constituída por catorze califas, que
reinou na África do Norte entre 909 e1048 e no Egipto entre 969 e 1171.

Origens
As origens da dinastia fatímida situa-se no ismailismo, uma corrente do islão xiita que
considera Ismail como o sétimo imã. Os membros da dinastia fatímida alegavam ser
descendentes de Fátima (filha do profeta Muhammad) e do seu marido Ali ibn Abi Talib, o que
explica a designação de Fatímidas. Enquanto xiitas opunham-se ao
califado sunita dos Abássidas (750-1258).

A dinastia foi fundada por Ubayd Allah no século X. Ubayd Allah vivia na cidade síria de
Salamiyya, um dos centros a partir dos quais os ismailitas enviavam os seus missionários para
os vários pontos do mundo islâmico, com objectivos não só religiosos, mas igualmente
políticos. Ubayd Allah decidiu deixar esta cidade por motivos obscuros, acabando por se fixar
no norte de África, onde um dos seus missionários, Abu Abdallah, tinha alcançado bons
resultados no seu trabalho junto dos berberes Kotama, ao mesmo tempo que procurava
debilitar o poder da dinastia local, os Aglábidas.

Abu Abdallah tomou Rakkada, a capital dos Aglábidas no ano de 909. Em Janeiro de 910
Ubayd Allah chegou à cidade, onde tomou os títulos de mahdi e Amir al-Mu'minin. Rapidamente
a dinastia passa a controlar o Magrebe. Em 921 Ubayd Allah fixa-se numa nova cidade, al-
Mahdiyah ("a cidade do Mahdi"), situada na costa leste da Tunísia, a sul de Sousse. A partir
desta cidade Ubayd pretendia conquistar o Egipto, mas as três expedições militares lideradas
pelo seu filho revelaram-se um fracasso.

O poder fatímida herdou dos Aglábidas a ilha da Sicília, cujo domínio se revelou difícil. A
população local rejeitou dois governadores fatímidas, dado que tinham eleito um governador
próprio, Ibn Kurhub, partidário dos Abássidas, que fez guerra aos Fatímidas. Quando a Sícília
foi derrotada, a população local decidiu livrar-se do governador e aceitou o novo governador
enviado por Ubayd Allah.

Os Fatímidas no norte de África


Os primeiros quatro califas governaram a partir da cidade de al-Mahdiyah, enfrentando
algumas dificuldades geradas pelos seus súbditos sunitas e kharijitas, que não estavam
dispostos a seguir a doutrina ismailita.

Os Fatímidas no Egipto

História do Egito
Este artigo faz parte de uma série

Pré-História do Egito

Antigo Egito
Período pré-dinástico
Período protodinástico
Época Tinita
Império Antigo
Primeiro Período Intermediário
Império Médio
Segundo Período Intermediário
Império Novo
Terceiro Período Intermediário
1º Período Persa
Época Baixa
2º Período Persa

Egito Grego
Alexandre, o Grande
Egito ptolemaico

Egito Romano & Bizantino


Egito cristão
Egito Bizantino
Ocupação Persa

Egito muçulmano
Egito Fatímida
Egito Aiúbida
Egito Mameluco
Egito otomano
Campanha francesa
Dinastia Muhammad Ali
Quedivato do Egito
Sultanato do Egito
Reino do Egito
República

Portal Egito

No dia 1 de Julho de 969 o general Djawhar, ao serviço do califa al-Muizz, conquistou o Egipto.
Djawhar mandou construir uma nova cidade, al-Qahirah ("a Vitoriosa"), conhecida no Ocidente
como Cairo, perto da localidade de al-Fustat. Esta cidade tinha como objectivo servir de
quartel-general para o exército. É na cidade do Cairo que fundam a famosa Universidade de Al-
Azhar e mesquita com o mesmo nome. Foi ainda durante o califado de al-Mu´izz que os
Fatímidas dominaram as cidades sagradas de Meca e Medina, que permaneceram sob
controlo fatímida até ao século XI.

Durante o reinado de Al-Aziz (975-996) os Fatímidas alargaram o seu império até à Síria. Este
califa recorreu à prática de recrutar mercenários para integrar o exército, o que se revelaria
mais tarde fatal para os Fatímidas. O seu sucessor, Al-Hakim, ficou conhecido pela sua
intolerância religiosa perante judeus e cristãos e pelo seu comportamento excêntrico. Tentou
destruir a Igreja Copta do Egipto e em 1010 mandou destruir a Basílica do Santo Sepulcro em
Jerusalém. Em 1016 Al-Hakim declarou-se Deus; graças à influência do seu vizir Hamzah ibn
Ali ibn Ahmad, se desenvolveria um culto em torno da pessoa do califa que está na origem
da religião drusa.

Declínio dos Fatímidas


Foi a partir do final do califado de Al-Hakim que se iniciou o declínio dos Fatímidas.

Ao estabelecerem-se no Egipto, os Fatímidas perdem o controlo sobre o Magrebe, onde


em 1014 tinha sido fundado o reino hamádida deBougie. Em 1048 os Zairidas (governadores
do Norte de África) rejeitam a soberania fatímida.

Em 1073 um soldado de nome Badr al-Jamali deu um golpe de estado no Cairo. Al-Jamali
concentrou o poder nas suas mãos, tomando os títulos de comandante dos exércitos e vizir. A
ordem seria restabelecida, mas as tentativas de manter o domínio sobre a Palestina e a Síria
resultariam num fracasso. Badr al-Jamali seria sucedido pelo seu filho; a partir de então os
califas fatímidas passaram a ser fantoches nas mãos dos vizires.

Em Setembro de 1171 Saladino derrubou o último califa fatímida, Al-Adid (1160-1171).

A arte fatímida
Na arquitectura os fatímidas utilizaram materiais e técnicas semelhantes aos da dinastia
tulunida, mas ao mesmo tempo que desenvolveram as suas técnicas próprias. Importantes
edifícios do período fatímida são a já referida mesquita e universidade de Al-Azhar, bem como
as mesquitas de Al-Hakim e Al-Akmar.

Ainda na cidade do Cairo o vizir Badr al-Jamali, temendo ataques dos Turcos, mandou
reconstruir as muralhas da cidade, ordenando a construção nestas de três portas: a Bab al-
Futuh (Porta da Conquista) e Bab al-Nasr (Porta da Vitória) e a Bab Zuwayla (Porta de
Zuwayla); as duas primeiras foram construídas em 1087 e a última em 1092. Cada um destas
portas monumentais era acompanhada por duas torres, cilíndricas no caso da Bab al-Futuh e
da Bab Zuwayla, e rectangular no caso da Bab Zuwayla. Nas torres desta última porta erguem-
se dois altos minaretes, que pertencem à Mesquita de al-Mu'ayyad situada junto à porta.

Lista dos califas fatímidas

1. Ubayd Allah al-Mahdi (909-934)


2. Al-Qaim bi-Amr Allah (934-946)
3. Ismâ`il al-Mansûr bi-Nasr Allah (946-952)
4. Al-Muizz li-Din Allah (952-975)
5. Abu Mansur Nizar al-Aziz bi-llah (975-996)
6. Al-Hakim bi-Amr Allah (996-1021)
7. Ali az-Zahir (1021-1035)
8. Al-Mustansir bi-llah (1035-1094)
9. Al-Musta'li (1094-1101)
10. Al-Amir bi-Ahkam Allah (1101-1130)
11. Al-Hafiz (1130-1149)
12. Az-Zafir (1149-1154)
13. Al-Faiz (1154-1160)
14. Al-Adid (1160-1171)

Ismaelismo
O ismaelismo, por vezes grafado erroneamente Ismailismo, com seus seguidores ismaelitas, é
uma doutrina religiosa considerada como um ramo do xiismo. Os adeptos do
ismaelismo são também denominados como septimâmicos em função de apenas
reconhecerem os sete primeiros imãs do islão xiita.

História
Com o falecimento do profeta Maomé (falecido em 632) o comando da nova religião foi
assumido por seu sogro, Abu Bakr, que passou a ser chamado Khalifat rasul Allah, ou seja, o
'sucessor do mensageiro de Deus'. No entanto, como este veio a falecer pouco tempo depois,
um segundo Califa denominado Umar ou Omar, assumiu o poder. Todavia, a escolha não foi
aceita por todos e o Califa Umar foi assassinado no ano de 644. Umar havia estabelecido um
corpo de eleitores que elegeu Uthman (ou Otman) como novo Califa, mas para alguns esta
honra deveria ter recaído desde o primeiro momento sobre o genro e primo de Muhammad, Ali.

Assim, algumas décadas após a morte do profeta Maomé gerou-se um cisma no islão em torno
de quem deveria ser o líder da comunidade islâmica. Os partidários de Ali (do árabe 'shiat Ali'),
passarão a ser conhecidos como Xiitas e sustentam que o verdadeiro sucessor do profeta
deveria demonstrar sua descendência direta de Ali. Em contra partida, a outra corrente
do islã chamada de sunita não acreditava na necessidade do sucessor ser descendente de Ali
e acreditava representar o desejo da maioria.

Antes da morte do profeta Maomé, Alá revelou a ele a sua última mensagem. O profeta foi,
então, comunicar a mensagem ao povo num certo local denominado Ghadir-e-Khum("Vale do
Lago"). Após a revelação da mensagem, o profeta disse: MAN KUTUM MOWLAHU FA-ALI
MOWLA ("Para quem eu sou Senhor, Ali será seu Senhor também"). Os muçulmanos que não
aceitaram Ali como sucessor do profeta chamam-se sunitas e os que aceitaram Ali como 1.º
imã, são os chamados xiitas.

Como dito anteriormente, os xiitas reconheceram os descendentes de Ali como guias


espirituais, sendo estes conhecidos como imãs. Eventualmente no seio do islão xiita surgiram
conflitos em torno de quem deveria ser reconhecido como imã legítimo.

O sexto imã xiita, Jafar as-Sadiq, teve dois filhos, Ismael e Mussa. De acordo com a visão
ismaelita, Sadiq nomeou o seu filho Ismael como seu sucessor. Porém, Ismael morreu três
anos antes do pai, em 762 (ou segundo os ismaelitas escondeu-se por ordem do próprio pai).
Uma parte da comunidade xiita entendeu por isso que o sétimo imã deveria ser Musa,
enquanto que os outros (mais tarde conhecidos como ismaelitas), consideram Ismael como
sétimo imã, apoiando a sucessão através do filho deste, Maomé.
Dessa forma, correto afirmar os Xiitas se subdividiram. Todos acreditavam que o chefe do
Estado, ou imã deveria ser um descendente de Ali, dotado do dom de infalibilidade no escurtino
da vontade de Deus. Mas discordavam de quem seria tal pessoa.

Os seguidores de Ismael, conhecidos por ismaelitas ou xiitas do sete imanes, porque


aceitavam de incício apenas sete Imãs, sendo o sétimo Muhammad Ibn Ismael, foram
considerados inimigos não só pelos Sunitas como pelos demais Xiitas.

No século seguinte pouco se sabe sobre os partidários de Ismael. No século IX este grupo
cristalizou-se num grupo centrado na Síria, que se opunham ao califas abássidas.

Em 909 um ismaelita, Ubayd Allah al-Mahdi Billah, fundou um estado no norte de África, mais
precisamente na área da actual Tunísia. A dinastia por si formada tomaria o nome defatímidas,
pois alegava ser descendente da filha de Maomé, Fátima e de Ali. Em pouco tempo, os
Fatímidas conquistaram o Egipto, onde fundaram a cidade do Cairo no ano de969, que
funcionaria como capital da dinastia.

Um dos califas desta dinastia, al-Hakim (falecido em 1021) proclamou-se "Deus" e, nessa
qualidade, revogou o Alcorão. Al-Hakim ordenou também a destruição da Basílica do Santo
Sepulcro em Jerusalém, um dos factores que contribuirá para as Cruzadas.

Em 1094 ocorreu uma crise sucessória no califado fatímida. Após a morte do califa al-
Mustansir, os irmãos al-Mustacli e Nizar lutariam pela liderança do califado. Os governantes
fatímidas apoiariam al-Mustacli e os seguidores de Nizar, que ficariam conhecidos
como nizaritas, fugiram para as montanhas da Síria e do Irão.

Na Síria o ramo nizari desenvolveu uma seita chamada hashinshin ("assassinos").

Doutrinas
À semelhança dos outros muçulmanos, os ismaelitas acreditam num único deus e no profeta
Maomé como mensageiro divino. Partilham com os outros xiitas a crença que Ali foi nomeado
por Maomé para líder a comunidade muçulmana, devido à sua capacidade para interpretar a
mensagem de Deus, dom que foi transmitido aos seus descendentes.

Contudo, ao contrário dos outros xiitas, os ismaelitas seguem um imã vivo, o qual é
denominado como "Hazir Imam". Os nizaritas têm como seu imã o Aga Khan.

O pensamento ismaelita apresenta igualmente uma visão cíclica, desenrolando-se a história ao


longo de sete eras. Cada uma destas eras é iniciada por um profeta, que traz consigo uma
escritura sagrada. Cada profeta é acompanhado por um companheiro silencioso, que revela os
aspectos esotéricos da escritura. Os seis primeiros ciclos estiveram associados aos
profetas Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Maomé. O companheiro silencioso de Maomé foi
Ismael, que regressará no futuro para ser o profeta do sétimo ciclo. Este sétimo ciclo implicará
o fim do mundo. Até esse momento o conhecimento oculto deve ser preservado em segredo e
revelado apenas a iniciados.

Zaiditas
Os zaiditas, são uma seita xiita, moderada, atualmente majoritária apenas no norte do Iemem,
porém minoritária no conjunto do país que é de maioria sunita.No passado esse grupo
ocupava partes da antiga Persia, principalmente nas regiões em torno do Mar Caspio.
Deve seu nome a Zayd ibn Ali ibn al-Husayn, um dos filhos do quarto imã xiita. Zayn al-
Abidin, que se rebelpou inutilmente em Kufa no ano de 740 d.C. contra o poder
omayyde, considerado por ele usurpador e ostil a Ahl al-Bayt</nowiki> A revolta de Zayd
foi a primeira a ocorrer depois do massacre de Kerbela. Foi precedida por uma
permanencia de Zayd em Basra que la permaneceu por dois meses e por outro período
em Kufa. As ideias defendidas pela revolta possuiam muitas implicações religiosas e
sociais ( entre outras defendia a legitimidade da deposição do Iman no caso de falha no
cumprimento de preceitos religiosos)característica esta que marcara o Zaidismo durante
muito tempo, caracterizando-o como um movimento muito perigosos aos olhos do poder
constituido islamico. A atividade do descendente de profeta Maome, não demorou a
chamar cada vez mais a atenção, obrigando Zayd a proteger-se na mesquita da cidade
ajudado por algumas centenas de seguidores ao contrario dos milhares que,
anteriormente se tinham oferecido para apoia-lo contra os Omayyadi. O wali Yusuf ibn
Umar al-Thaqafi, parente de al-Hajjaj ibn Yusuf, conseguiu sufocar a resistencia de Zayd
e seus seguidores quando seu líder foi morto retiraram seu corpo secretamente e
providenciam um local secreto para sua tumba, tentando evitar ofensas ao seu cadaver.
Apesar desses cuidados, Ysuf ibn Umar consegiu descobrir o lugar do sepultamento.
Desenterrou o cadaver, cortou a sua cabeça enviando-a ao califa Hisham ibn Abd al-
Malik que por sua vez, a expos em Damasco, Mecca e finalmente em Medina.O corpo
crucificado ficou exposto no depósito de lixo em Kufa por três anos. A bandeira da revolta
foi retomada pelo filho de Zayd, Yahya in Khorasan, e também desta vez não conseguiu
ser vitoriosa, no ano de 743 foi derrotada pelo wali Nasr ibn Sayyar. Apesar de
derrotadas no campo de batalha, as ideias de Zayd semearam em profundidade entre a
população o ódio contra a dinastia dos califas, ódio esse propulsor das primeiras e mais
importantes manifestações da assim dita "revolução abbaside". Se no campo da
jurisprudencia o Zaidismo não é muito diferente dos madhhab sunnitas, podendo até ser
considerado "moderado", no campo político trouxe diversas novidades, a ponto de incluir
esse movimento entre aqueles considerados "extremistas" (a terminologia arabe usa a
palavra ghuluww para caracterizar o movimento). O Zaidismo de fato não exige
parentescos de sangue com a decendencia "hasanide" ou "husaynide" da Shia ( dos
nomes dos dois filhos de Ali ibn Abi Talib e de Fatima bint Maome)para pleitear a
liderança da Islamismo, determina porem que o poder sera legalmente de quem saiba
guiar os mussulmanos contra os usurpadores e opressores, dando uma coloração
"militante" ao movimento o que o transformou nos primeiros séculos de vida od Islam,
em um dos movimentos mais perigosos, juntamente com os Kharigiti e o dos Carmatas
Ismaelitas.

Alcorão
Alcorão ou Corão (em árabe ‫ققررآْن‬, transl. al-qur’ān, "a recitação") é o livro sagrado do Islã. Os
muçulmanos creem que o Alcorão é a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao
profeta Maomé (Muhammad) ao longo de um período de vinte e três anos. A palavra Alcorão
deriva do verboárabe que significa declamar ou recitar; Alcorão é portanto uma "recitação" ou
algo que deve ser recitado.

Os muçulmanos podem-se referir ao Alcorão usando um título que denota respeito, como Al-
Karim ("o Nobre") ou Al-Azim ("o Magnífico").

É um dos livros mais lidos e publicados no mundo. É prática generalizada nas sociedades
muçulmanas que o Alcorão não seja vendido, mas sim dado [carece de fontes].

Designação em português
Há duas variantes para o nome do livro usadas comumente: "Corão" e "Alcorão". Por vezes se
afirma que, como o prefixo "al-" designa o artigo definido no árabe, o seu uso seria
desnecessário. No entanto, nas muitas palavras portuguesas de origem árabe com "al-" na sua
origem, como "almanaque" ou "açúcar", a partícula não foi suprimida, e ainda menos em
nomes próprios como "Almada" ou "Algarve". José Pedro Machado nota que a
palavra Alcorão surge em documentos portugueses do século XIII[1], ao contrário da
forma Corão, recentemente importada. O Dicionário Houaiss, que alude ao argumento da
"desnecessidade" de "al-" por corresponder ao artigo árabe, confirma o surgimento de
"Alcorão" no século XIII e o seu uso constante nos séculos seguintes. O Houaiss afirma que
"Corão" é importação francesa no final do século XIX, desde logo criticada pelos puristas. O
próprio termo francês terá surgido apenas no século XVII. O site português Ciberdúvidas da
Língua Portuguesa considera aceitável apenas a forma "Alcorão", invocando Rebelo
Gonçalves e Rodrigo de Sá Nogueira.[2] Já o site brasileiro Sua Língua, editado pelo Prof.
Cláudio Moreno, não condena o vocábulo "Corão", mas defende a preferência por "Alcorão". [3]

Estrutura do Alcorão
O Alcorão está organizado em 114 capítulos, denominados suras, divididas em livros, seções,
partes e versículos. Considera-se que 92 capítulos foram revelados ao profeta Maomé
em Meca, e 22 em Medina. Os capítulos estão dispostos aproximadamente de acordo com o
seu tamanho e não de acordo com a ordem cronológica da revelação. [4]

Cada sura pode por sua vez ser subdividida em versículos (ayat). O número de versículos é de
6536 ou 6600, conforme a forma de os contar.

A sura maior é a segunda, com 286 versículos; as suras menores possuem apenas três
versículos.

Os capítulos são tradicionalmente identificados mais pelos nomes do que pelos números. Estes
receberam nomes de palavras distintivas ou de palavras que surgem no inicío do texto, como
por exemplo A Vaca, A Abelha, O Figo ou A Aurora. Contudo, não se deve pensar que o
conteúdo da sura esteja de alguma forma relacionado com o título do capítulo.

Nomes das Suras


Abertura; A vaca; A tribo de Omran; As mulheres; A mesa servida; O gado; As alturas; Os
espólios; O arrependimento; Jonas; Hud; José; O trovão; Abraão; Al-Hijr; As abelhas; A viagem
noturna; a gruta; Maria; Taha; Os profetas; A peregrinação; Os crentes; a luz; O discernimento;
Os poetas; As formigas; As narrativas; A aranha; Os bizantinos; Lukman; A prostração; Os
coligados; Sabá; O criador; Ia. Sin; As fileiras; Sad; Os grupos; O perdoador; ; Os versículos
detalhados; a consulta; Os ornamentos; A fumaça; a ajoelhada; As dunas; Muhamad; Vitória;
Os aposentos; Kaf; Os furacões; O monte; A estrela; a lua; o clemente; O dia inelutável; O ferro;
a discussão; O reagrupamento; A mulher testada; as fileiras; Sexta-feira; Os hipócritas; O logro
mútuo; O divórcio; As proibições; O reino; A pena; O inelutável; As escadas; Noé; Os djins; O
encontro; O emantado; A ressurreição; O homem; Os emissários; A notícia; Os arrebatadores;
Ele franziu as sobrancelhas; O obscurecimento; a terra fendida; Os defraudadores; Fenda no
céu; As constelações; O visitante da noite; O altíssimo; O que tudo envolve; A aurora; a cidade;
O sol; A noite; A manhã; O alívio; O figo; O coágulo; Kadr; A prova; O terremoto; Os corcéis; a
calamidade; A rivalidade; A tarde; O difamador; O elefante; Koraich: A caridade; a abuindância;
Os descrentes; O socorro; A corda de esparto; A sinceridade; A alvorada; Os homens: [5]

Divisão para leitura e recitação


Tendo como objectivo a recitação o Alcorão, pode também ser dividido em partes de igual
tamanho (7, 30 ou 60), que tem como objectivo a leitura conforme as possibilidades de cada
pessoa (leitura em 7, 30 ou 60 dias). A divisão do Alcorão em 60 dias é a mais habitual, sendo
utilizada no ensino. Cada divisão em sete partes recebe o nome de manzil e em trinta o
nome de jus. As fracções são também divididas em meios, quartos e oitavos.
Início Início

Manzil Jus Manzil Jus

Sura versículo Sura versículo

1 I 1 15 XVII 1

2 II 142 16 XVIII 75

3 II 253 4 17 XXI 1

4 III 92 18 XXIII 1

5 IV 24 XXV 21

19

IV 148 XXVII 26

V 1 20 XXVII 56

7 V 82 21 XXIX 45

8 VI 111 XXXIII 31

2 22

9 VII 88 6 XXXV 1

10 VIII 41 23 XXXVI 22

11 IX 93 24 XXXIX 32

3 11 X 1 25 XLI 47
12 XI 6 XLVI 1

26

13 XII 53 L 1

14 XV 1 27 LI 31

7 28 LVIII 1

29 LXVII 1

30 LXXVIII 1

A compilação do Alcorão
O Alcorão não foi estruturado como um livro durante parte da vida de Maomé. À medida que o
profeta recebia as revelações, ele solicitava a jovens letrados que integravam a sua comitiva
que transcrevessem os textos. O chefe desta equipe de secretários, que surgiu de forma
institucionalizada após a Hégira, em Meca, foi Zayd ibn Thabit.

O texto foi preservado em materiais dispersos tão variados como folhas de tamareira, pedaços
de pergaminho, omoplatas de camelos, pedras e também na memória dos primeiros
seguidores. Durante as noites do Ramadão, Maomé recapitulava as revelações, numa
conferência onde estavam presentes os logógrafos (escritores profissionais) e os hafiz, ou seja,
pessoas que conheciam passagens de memória (que escutaram nas prédicas do profeta). [6]

Após a morte de Maomé em 632 iniciou-se o processo de recolhimento dos vários extratos.

Para alguns, o Alcorão teria sido reunido na sua forma actual sob a direcção do califa Abu
Bakr nos dois anos que se seguiram à morte de Muhammad; outros defendem que foi o
califa Omar o primeiro a compilar o Alcorão. Considera-se que a verdade está a meio termo:
Abu Bakr foi aconselhado por Omar a compilar um primeiro manuscrito, auxiliado na tarefa por
logógrafos e por dois hafiz.

Consta que os Primeiros Alcorões escritos no mundo estão em 3 diferentes museus, sendo
destes um no Iraque, outro no Cairo e o último no Uzbesquistão. Para os Muçulmanos, isso é a
maior prova de que o Alcorão nunca foi modificado em sua existência.

Somente em 1694 uma versão completa do Alcorão foi publicada no Ocidente, na cidade
de Hamburgo, por Abraham Hinckelmann, um estudioso não-muçulmano.

Conteúdo temático do Alcorão


O Alcorão descreve as origens do Universo, o Homem e as suas relações entre si e o Criador.
Define leis para a sociedade, moralidade, economia e muitos outros assuntos. Foi escrito com
o intuito de ser recitado e memorizado. Os muçulmanos consideram o Alcorão sagrado e
inviolável.
Alcorão do Al-Andalus (século XII)

Para os muçulmanos, o Alcorão é a palavra de Deus, sagrada e imutável, que fornece as


respostas acerca das necessidades humanas diárias, tanto espirituais como materiais. Ele
discute Deus e os seus nomes e atributos, crentes e suas virtudes, e o destino dos não-crentes
(kuffar); até mesmo temas de ciência. Os muçulmanos não seguem apenas as leis do Alcorão,
eles também seguem os exemplos do profeta, o que é conhecido como a Sunnah, e a
interpretação do Corão contida nos ensinamentos do profeta, conhecida como hadith.

Aos muçulmanos é ensinado que Deus lhes enviou outros livros. Para além do Alcorão, os
outros são o livro de Ibrahim (que se perdeu), a lei de Moisés (a Torá), os Salmos
de David (o Zabûr) e o evangelho de Jesus (o Injil). O Alcorão descreve cristãos e Judeus como
"povos do Livro" (ahl al Kitâb).

Os ensinamentos do Islão englobam muitas das mesmas personagens do judaísmo e


do cristianismo. Personagens bíblicas bem conhecidas
como Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Maria (a mãe de Jesus) e João Baptista são
mencionados no Alcorão como profetas do Islão. No entanto, os muçulmanos frequentemente
se referem a eles por nomes em língua árabe, o que pode criar a ilusão de que se trata de
pessoas diferentes (exemplos: Alá para Deus, Iblis para Diabo, Ibrahim para Abraão, etc).

A crença no dia do julgamento (ver: escatologia) e na vida após a morte (Akhirah) também
fazem parte da teologia islâmica.

O Alcorão na vida dos muçulmanos


Quando uma criança nasce no seio de uma família muçulmana, os seus pais são saudados
com a fórmula "Que esta criança possa estar entre os anunciadores do Alcorão".

As crianças muçulmanas aprendem desde cedo a começar determinados atos da sua vida,
como as refeições, com a fórmula "Em nome de Deus" (Bismillah) e a concluí-los com a
expressão "Louvado seja Deus" (Al-Hamdu Lillah). Estas frases são as mesmas que se
encontram nos dois primeiros versículos da primeira sura.

Algumas partes do Alcorão são recitadas durante momentos especiais da vida como
o casamento ou no leito de morte. Em muitos países Árabes certos aspectos da vida pública
começam com a recitação de passagens deste livro considerado sagrado.

Os muçulmanos não tocam no livro sagrado senão após a ablução, conhecida como wudu.

Normalmente, os muçulmanos guardam o Alcorão numa prateleira alta do quarto, em sinal de


respeito pelo Alcorão e alguns transportam pequenas versões consigo para seu conforto ou
segurança. Apenas a versão original em árabe é considerada como o Alcorão; as traduções
são vistas como sombras fracas do significado original (Visto que a tradução do Árabe para
outras línguas é muito dificultosa).

Uma vez que os muçulmanos tratam o livro com reverência, consequentemente é


proibido reciclar, reimprimir ou deitar cópias velhas do Alcorão para o lixo. Como solução
alternativa, os volumes do Alcorão devem ser enterrados ou queimados de uma maneira
respeituosa.

É considerado um pecado gravíssimo modificar, cortar, excluir ou adicionar as palavras do


Alcorão. Também é considerado ilícito vender este livro.

Tasnim
Segundo o Alcorão muçulmano, Tasnim é uma fonte de água do Paraíso.

As traduções do Corão (ou Alcorão) são as interpretações do livro


sagrado do islamismo para línguas diferentes do árabe, idioma no qual foi escrito
originalmente. Ainda que traduzir o Corão seja um conceito de extrema dificuldade,
tanto teológica comolinguisticamente, as escrituras do islã já foram traduzidas para a
[1]
maior parte dos idiomas da África, Ásia e Europa.

Hadith
O Hadith (‫الحديث‬, pl. Ahadith) ou Hadiz, é um corpo de leis, lendas e histórias sobre a vida
de Maomé, (estas histórias chamam-se em ÁrabeSunnah e incluem a sua biografia, ou sira) e
os próprios dizeres nos quais ele justificou as suas escolhas ou ofereceu conselhos; muitas
partes do Hadith lidam com os seus companheiros (Sahaba).

Para a maioria dos muçulmanos, o hadith contém uma exposição com autoridade dos
significados do Alcorão. A lei islâmica é deduzida dos actos, afirmações, opiniões e modos de
vida de Maomé. Muçulmanos tradicionais acreditam que os académicos islâmicos dos
passados 1400 anos foram bem sucedidos na maior parte em determinar a exactidão de boa
parte do Hadith com que lidaram.

A literatura, como um todo, foi passada de geração em geração oralmente até meados
do século VIII (menos de 100 anos após a morte de Maomé e seus companheiros), ponto a
partir do qual foram escritas colecções do Hadith. Mais tarde, elas foram editadas. Este
processo tomou duas formas:

 musnad - classificação de acordo com os nomes dos tradicionalistas


 musannaf - classificação de acordo com o tema; editada de acordo com o conteúdo.

Os diferentes ramos do Islão (sunitas e xiitas) aceitam diferentes colecções da hadith como
genuínas.

Tal como o Talmude está para a Torá no Judaísmo, a Hadith está para as leis do Alcorão no
Islão. A Hadith é a interpretação autoritativa do Alcorão, mesmo quando a prática corrente está
em conflito com o significado do texto. A lei islâmica tem alguma flexibilidade, já que algumas
tradições do profeta foram anuladas por outros dizeres posteriores dele.

A cadeia de autoridades
Todo hadith vem acompanhado de uma lista de autoridades (Isnad), em forma de cadeia de
transmissão oral: "X afirma, referindo-se às palavras de Y, que ouviu Z dizer...". Essas cadeias
são essenciais na hora de determinar a validade e o alcance da tradição.

Os atribuídos a Maomé são, evidentemente, mais valiosos que os demais. Ainda assim,
existem transmissores de tradições que gozam de elevada confiança dos entendidos na
materia, enquanto que outros são ignorados.

As cadeias podem ser bastante largas, porém a maior parte delas datam de um século ou dois
depois da morte de Maomé.

Suna
A palavra árabe Suna significa ‘caminho trilhado’, e logo, suna do profeta significa os caminhos
trilhados pelo profeta, ou aquilo que é normalmente conhecido como Tradições do Profeta.
Terminologicamente, a palavra “Suna” significa também os feitos, dizeres e aprovações do
Profeta Muhammad durante os seus 23 anos de profeta, e isto significa que tudo o que ele
disse, fez ou aprovou durante o seu tempo como profeta e mensageiro de Deus é considerado
uma suna, e os muçulmanos têm de seguir e praticar as suas tradições. Os registros validados
(a "hadith") desse "caminho", constituem um exemplo moral para os muçulmanos. [1]

Sunnah, deste modo, é a segunda fonte da lei islâmica após o sagrado Alcorão. O sagrado
Alcorão para os muçulmanos é a palavra de Allah (Deus), e a Sunnah passa a ser os meios
pelo que o profeta Muhammad aplicou e ensinou o Islam, para e com seus companheiros,
sendo estas informações compiladas e armazenadas em muitos livros, os mais importantes
sendo: Sahih Bukhari, Sahih Muslim, Sunan An-Nasai, Sunan Attirmidhi, Sunan Ibn Majah, e
Sunan Abu Daud, que perfazem um corpo de lei islâmica e directivas divinas para muçulmanos
em todo o mundo.[2]

As duas palavras são praticamente equivalentes quando se referindo às tradições do Profeta,


mas na verdade existe uma diferença entre as duas. Hadiths são classificadas quanto ao seu
estatuto, em relação aos seus textos e à sua cadeia de transmissores. Académicos de Hadiths
estudaram a Suna do profeta desde o seu contexto bem como os seus transmissores por forma
a estabelecer o que é verdade e o que é falso nestes hadiths. [carece de fontes]

Através da pesquisa do transmissores da Hadith, acadêmicos da Hadith chegaram a um


sistema para saber as diferentes categorias da Hadith, e de como avaliar o texto por forma a
estabelecer se ele é correcto, bom, fraco ou falso. [2]

A Suna deve ser distinguida da fiqh, que são as opiniões de juristas religiosos, e o Alcorão, que
é uma revelação em si e não um registro.[carece de fontes]

Sira
Sira ou Sirat Nabawiyya (do árabe ‫ )سإيرة‬é um termo que se refere às várias biografias do
profeta Muhammad (Maomé), a partir das quais é possível obter informação sobre a sua vida e
sobre a história mais antiga da comunidade islâmica. A palavra sira significa "forma de
proceder".

Os muçulmanos acreditam que estas biografias são na sua maior parte retratos fiéis da vida
do profeta, sendo utilizadas como forma de proporcionar um contexto para a interpretação
do Alcorão. Os académicos ocidentais divergem na sua análise sobre a fiabilidade das siras
como fontes válidas para o estudo da vida de Muhammad. Para William Montgomery Watt,
académico britânico do Islão, elas são na sua maior parte fiáveis, com excepção de algumas
passagens de carácter devocional que glorificam excessivamente Muhammad.

Ao contrário da literatura hadith ("ditos do profeta"), as siras são não alvo de validação através
de uma cadeia de transmissores (isnad).

A sira mais antiga é a Sirat Rasul Allah ("Biografia do Profeta de Deus"), escrita por Ibn
Ishaq cento e cinquenta anos depois da morte de Muhammad (em cerca de 780 d.C.). Outras
siras antigas são as de Ibn Hisham, a de Al-Waqidi, e a de At-Tabari. Nesta última encontra-se
a referência ao conhecido episódio dos "Versículos Satânicos".

Fiqh
Fiqh (em Árabe: ‫ )فقه‬é a jurisprudência islâmica e é constituída pelas decisões dos académicos
islâmicos que dirigem as vidas dos muçulmanos. Há quatro escolassunitas ou maddhab da
fiqh.

As quatro escolas do Islão Sunita são nomeadas a partir de um jurista clássico (que não sabia
que as suas decisões iriam ser imitadas - o conceito de taqlid, "imitação cega", surgiu mais
tarde).

As escolas sunitas são a Shafi'i (Malásia), Hanafi (subcontinente indiano, África ocidental,
Egipto), Maliki (África ocidental e do norte), e Hanbali (Arábia).

Estas quatro escolas partilham a maioria das suas decisões, mas diferem
nas hadithsparticulares que aceitam como autêntica de Maomé e o peso que dão à analogia ou
razão (qiyas) em decidir perante dificuldades.

As quatro escolas sunitas guardam sua raiz e origem na única escola xiita Jaferi, estabelecida
pelo Imam Jaafar Ibn Mohammad em meados do século VI.

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