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Vitiligo b. Mucoso: quando envolve mucosas oral e genital.


Além disso, áreas de mucosa podem ser afetadas em
pacientes com as formas acrofacial, comum e
 É uma dermatose caracterizada por manchas universal; quando afeta um só sítio mucoso, é
acrômicas, em geral bilaterais e simétricas, de classificada como indeterminada;
etiologia desconhecida.  c. Generalizado ou comum: as máculas/manchas são
 O vitiligo não segmentar é uma doença de frequentemente simétricas, podem afetar qualquer
etiopatogenia multifatorial, decorrente de uma parte do tegumento e afetam, principalmente, mãos,
dinâmica interação entre fatores genéticos e dedos, face e áreas mais expostas a traumatismos;
ambientais que terminam por iniciar um mecanismo  d. Universal: é a forma que afeta maior extensão do
de autoimunidade contra os melanócitos da pele. Tal tegumento (80 a 90% da superfície corporal) e é mais
fenômeno ocasiona a destruição dos melanócitos, comum na fase adulta. Geralmente, é precedida pela
sendo as manchas decorrentes da diminuição ou forma generalizada ou comum;
ausência de melanócitos.  e. Misto: é o acometimento concomitante de vitiligo
 Historicamente quatro teorias tentam explicar a segmentar e vitiligo não segmentar. Na maioria das
destruição dos melanócitos: vezes, a forma segmentar precede o VNS;
 (a) neurogênica, segundo a qual fatores  f. Formas raras: puntata, minor e folicular. Esses
neuroquímicos, como o neuropeptídio Y, a
tipos foram também considerados como
norepinefrina e a acetilcolina, inibem a melanogênese
inclassificáveis.
e têm efeito tóxico sobre os melanócitos – a
disposição metamérica de alguns casos fala a favor  Vitiligo segmentar: pode ser uni, bi ou
dessa hipótese; multissegmentar. A forma unissegmentar é a mais
 (b) autoimune, segundo a qual haveria destruição dos comum e consiste na presença de uma ou mais
melanócitos por mecanismo imunológico – a máculas brancas em um lado do corpo, geralmente
frequente associação de vitiligo com doenças respeitando a linha média corporal, em
autoimunes e a presença no soro de autoanticorpos envolvimento dos pelos (leucotríquia) e no rápido
contra vários órgãos servem de base a essa teoria; início do quadro. Menos comumente, pode afetar
 (c) autodestruição dos melanócitos por substâncias dois ou mais segmentos e até ocorrer distribuição
envolvidas na formação da melanina (quinonas, segmentar bilateral, com início simultâneo ou não.
fenóis e outras), em indivíduos geneticamente
suscetíveis; Formas inclassificáveis ou indeterminadas:
 (d) estresse oxidativo, em função da atividade  a) Focal: mancha branca isolada que não apresenta
reduzida de catalase na epiderme e do acúmulo de disposição segmentar. Esta forma pode evoluir para
espécies reativas de oxigênio. Apesar de diferentes
as formas segmentar ou não segmentar.
mecanismos influenciarem em graus variáveis a
 b) Mucoso: quando só uma mucosa é afetada.
patogênese da doença, a hipótese autoimune é a que
desempenha papel central. Tratamento
 Inicialmente, as lesões são hipocrômicas; em algumas
lesões recentes, pode ocorrer uma borda  O tratamento pode ser dividido em farmacológico,
discretamente eritematosa; em seguida, instala-se a físico e cirúrgico, por vezes podendo ser
mancha acrômica com borda, em geral, hipercrômica combinados.
(vitiligo tricrômico). O crescimento da mancha é 1.Tratamento farmacológico
centrífugo, como se houvesse uma fuga do pigmento a. Tópico
para a periferia e, por isso as lesões costumam ser b. Sistêmico
ovaladas. Há localizações preferenciais: face, punhos, 2. Tratamento físico
dorso dos dígitos, genitália, dobras naturais da pele, 3. Tratamento cirúrgico
regiões periorificiais e eminências ósseas (cotovelos,
maléolos); simetria é a regra (Figuras 13.7 a 13.11). O  1.Tratamento farmacológico
fenômeno de Köebner ocorre em 30 a 60% dos casos. a. Tratamento tópico
Classificação  Corticoesteróide: A corticoterapia tópica é
considerada um tratamento de primeira linha no
 Vitiligo Não Segmentar (VNS): grupo composto pelas vitiligo, sendo de baixo custo e de fácil aplicação.21
formas acrofacial, mucoso, generalizada ou comum, A limitação deste tratamento se dá pelo risco de
universal, mista e formas raras. efeitos adversos locais, como atrofia, estrias e
 a. Acrofacial: pode afetar face, cabeça, mãos e pés e telangiectasias, e sistêmicos. Por este motivo, o uso
atingir, preferencialmente, região peribucal e de corticosteroides tópicos de alta potência é mais
extremidade dos dígitos; adequado para o acometimento de pequenas áreas,
sendo mais eficazes na face, cotovelos e joelhos.
 Embora estudos recomendem o uso de  período de exposição ou a dosagem do
corticoterapia tópica de alta potência em vitiligo medicamento. Expor-se ao sol pelo menos 12 horas
localizado, o seu uso deve ser limitado por 2 a 4 depois da última exposição, período de tempo
meses, para se diminuir o risco de efeitos adversos. necessário para a eliminação do medicamento. É
O uso de corticosteroides de baixa potência ou o uso necessário usar óculos de efetiva proteção visual
de outros imunomoduladores deve ser considerado. quando houver exposição.
Se não houver resposta da corticoterapia tópica em  A repigmentação só se inicia após 30 a 40 exposições.
3 a 4 meses, esta deve ser interrompida.  Os psoralênicos naturais e o trioxsaleno são atóxicos
 Imunomoduladores: O tacrolimo tópico é um e os efeitos colaterais não foram relatados mesmo
inibidor da calcineurina, que age controlando a ação após longos períodos de administração. O
dos linfócitos T por inibir citocinas pró-inflamatórias, trioxsaleno pode ser substituído pelo metoxsalen na
bloqueando a transcrição de genes da IL-2 que são dosagem de 0,6 mg/kg.
importantes para a proliferação de linfócitos T  PUVA (Psoralênico-UltraVioleta A) – Metoxsalen (8-
citotóxicos, inibindo também a transcrição e a MOP): a terceira opção é o método PUVA que usa
produção de IL-4, IL-5, IL-10, IFN-γ e TNF-α. metoxsalen (8-MOP) com ultravioleta, como descrito
 O uso de inibidores de calcineurina vem na terapia da psoríase. Após a administração do
demonstrando uma eficácia similar ao uso de psoralênico, faz-se a exposição ao ultravioleta A.
corticosteroides tópicos, não apresentando o risco  Facilita a aplicação do ultravioleta e pode propiciar
de atrofia cutânea no uso a longo prazo. melhor resposta terapêutica. Deve ser feito sob
 Psoralênicos: a repigmentação pode ser obtida com supervisão de dermatologista em unidade de
psoralênicos via tópica. O óleo de bergamota, pouco fototerapia. Não é indicado em crianças ou em
ativo, contém bergapteno (5-metoxipsoraleno- 5- adultos com pele clara. Aplicações por longos
MOP) em solução a 25% em álcool 95°, sendo períodos podem contribuir para
aplicado nas manchas, com exposição ao sol após 15 fotoenvelhecimento, queratoses actínicas,
minutos, inicialmente de 2 a 3 minutos, aumentando carcinomas e catarata.
na mesma proporção a cada 2 ou 3 dias. Mais ativo é  Despigmentação: quando o vitiligo atinge área
o 8-metoxipsoralênico existente em uma planta superior a 50% da superfície cutânea, a possibilidade
egípcia, o Ammi majus. Da raiz de uma planta comum de repigmentação é diminuta. Nessa condição, é
no Brasil Central, “mamica cadela” ou Brosimum indicada a despigmentação feita com
guadchaudi, é extraída uma seiva que contém monobenzileter de hidroquinona a 20% em creme
psoralênicos naturais muito ativos, comercializada (Benoquin R), com 1 ou 2 aplicações diárias. Como a
em solução ou em comprimidos com o nome de droga destrói os melanócitos, a despigmentação é
Viticromin® definitiva, o que deve ser bem compreendido pelo
 Dois psoralênicos são produzidos sinteticamente: o doente – ele não poderá se expor ao sol ou deverá
8-metoxipsoraleno (8 MOP-Metoxsalen); e o usar fotoproteção para sempre.
trimetilpsoraleno (trioxsalen), ambos de uso tópico,  Enxertos: usam-se enxertos de pele autóloga normal
indicado somente em aplicações localizadas, ou via obtida por sucção, minienxertos ou cultura de
oral (VO). melanócitos. Técnica especializada indicada para
lesões crônicas estáveis, com resultados
b. Sistêmico
eventualmente satisfatórios.
 Corticoides: em adultos, na fase inicial, com lesões  Betacaroteno: a ingestão de alimentos com
disseminadas, a primeira opção é corticoide VO. carotenos ou administração de betacaroteno, 50 mg
Administrar, na dose inicial, prednisolona de 1 mg por dia, deixa a pele amarelada (caratenodermia), o
por kg/dia, que, depois, deve ser reduzida. Pode ser que tem alguma ação protetora e algum efeito
feita também a pulsoterapia. Associar exposição cosmético, sem efeito colateral nos olhos e sem
solar suberitematosa ou ultravioleta, indução à hiperavitaminose A.
preferivelmente UVA, em doses progressivas. Não  Camuflagem: numerosos produtos cosméticos
ocorrendo melhoras evidentes em seis meses, usar a permitem a camuflagem com excelentes resultados,
segunda opção. inclusive com preparados água-resistentes.
 Psorasol: a segunda opção em formas com lesões  Fator emocional: o desencadeamento ou
múltiplas ou disseminadas é a associação entre agravamento do vitiligo por problema emocional é
psoralênico e luz solar. Administrar comprimidos de excepcional. O oposto é mais comum, isto é, o vitiligo
trioxsaleno (0,3 a 0,6 mg/kg), 2 a 3 vezes por semana, trazer disfunção emocional, demandando
e expor ao sol após 2 a 3 horas da ingestão do tratamento psicológico.
medicamento, preferivelmente entre 10 e 14 horas,
posição ao sol e, se o eritema for mínimo, elevar o

Psoríase
Eventualmente, ocorrem sintomas subjetivos como
prurido e queimação que, de acordo com o estado
emocional do doente, atingem intensidade variável.
A evolução é crônica, com períodos de exacerbação
 Dermatose crônica caracterizada principalmente por e de acalmia, quando podem ser observadas lesões
lesões eritematoescamosas, a psoríase acomete anulares, características do quadro em remissão.
igualmente ambos os sexos, pode aparecer em  A curetagem metódica, que consiste na raspagem da
qualquer idade, sendo mais frequente na terceira e lesão, fornece dois importantes sinais clínicos:
quartas décadas da vida. Sua ocorrência é universal.  Sinal da vela – pela raspagem da lesão, destacam-se
Na América do Sul e no Brasil, a incidência é em torno escamas esbranquiçadas, semelhantes à raspagem
de 1%. É menos frequente nos descendentes afro- de uma vela.
americanos e inexistente na população indígena  Sinal do orvalho sangrento ou de Auspitz – quando,
americana. pela continuação da raspagem, após a retirada das
 Causa desconhecida. A predisposição à doença é escamas, surge uma superfície vermelho brilhante
geneticamente determinada, mas estudos mais com pontos hemorrágicos.
recentes sugerem que o seu modo de herança é  Psoríase em gotas: Mais comum em crianças,
multifatorial. adolescentes e adultos jovens, a psoríase em gotas
 Diversos fatores têm sido implicados no manifesta-se pelo aparecimento súbito de pequenas
desencadeamento ou na exacerbação da psoríase: pápulas eritematodescamativas de 0,5 a 1 cm de
trauma cutâneo de diversas naturezas – físico, diâmetro, geralmente localizadas no tronco. Em
químico, elétrico, cirúrgico, inflamatório. geral, a psoríase em gotas é precedida por uma
 Psoríase é uma das condições dermatológicas em infecção estreptocócica, comumente de vias aéreas
que o trauma pode determinar o aparecimento de superiores e, em alguns casos, pode ser resolvida
lesão em área não comprometida – fenômeno espontaneamente após 2 a 3 meses. As lesões, no
isomórfico ou reação de Koebner. entanto, podem persistir, aumentar de tamanho,
 Há muito, reconhece-se o possível papel do tomando as características da psoríase em placas.
estreptococo beta-hemolítico no desencadeamento  Psoríase eritrodérmica: Eritema intenso, de caráter
da psoríase aguda, em gotas. universal, acompanhado de descamação discreta. A
 Estresse emocional é, muitas vezes, relacionado, pelo eritrodermia pode ocorrer no curso evolutivo da
doente, ao desencadeamento ou exacerbação da doença. Mais frequentemente, é desencadeada por
enfermidade. A psoríase é considerada umadoença terapias intempestivas, por administração e
mediada por mecanismos imunológicos, mas,até o posterior interrupção de corticoide sistêmico,
presente, nenhum antígeno específico foi podendo corresponder à exacerbação da
reconhecido na psoríase. enfermidade em doente com Aids.
 Na psoríase eritrodérmica, a descamação é discreta e
Manifestações clínicas
predomina o eritema. Pela vasodilatação
 psoríase em placas (ou psoríase vulgar): Esta é a generalizada, há perda excessiva de calor, levando à
forma mais comum, observada em quase 90% dos hipotermia. A função barreira da pele está
doentes. Manifesta-se por placa comprometida, podendo ocorrer bacteriemia e
eritematoescamosas bem delimitadas, de tamanhos septicemia, além do aumento de perda de água
variados, afetando, geralmente de forma simétrica, a transepidérmica. Nos casos de longa evolução, é
face de extensão dos membros, particularmente possível haver diminuição do débito cardíaco e até
joelhos e cotovelos, couro cabeludo e região sacral. mesmo comprometimento da função hepática e
 O número das lesões é muito variável, de uma a renal.
centenas, podendo acometer qualquer outra área da Psoríase pustulosa: A forma generalizada da psoríase
pele. pustulosa caracteriza-se por um quadro de lesões
 Nas lesões de psoríase, às vezes, predomina o eritematoescamosas e pustulosas generalizadas, e é
eritema, e, em outras a descamação, formada por conhecida pela denominação de psoríase de Von
escamas secas, branco-prateadas, aderentes e Zumbusch. Pode ser desencadeada, em um doente
estratificadas. com psoríase vulgar por interrupção de corticoide
 Sempre há, entretanto, uniformidade no aspecto sistêmico, por hipocalcemia, por infecções ou mesmo
clínico das lesões. por irritantes locais. Geralmente, há
 O comprometimento das unhas é frequente, com comprometimento do estado geral, febre e
estrias ou pequenas depressões (unha em dedal), leucocitose. A erupção persiste por poucas semanas,
além das “manchas de óleo”. Onicólise e  revertendo ao quadro anterior ou se transformando
hiperqueratose subungueal são também observadas. em psoríase eritrodérmica.
 Já sua forma localizada compreende três subformas:  Tratamento
 uma, com lesão única ou algumas lesões com  Apesar da falta de um medicamento para a cura
pústulas que, em geral, não evolui para a forma definitiva, deve-se ressaltar que os recursos
generalizada; outra, com lesões nas extremidades terapêuticos possibilitam o controle da afecção.
dos dedos das mãos e/ou artelhos, conhecida no  O tratamento dependerá do tipo da psoríase, da
passado pela denominação de acrodermatite extensão do quadro e de fatores como idade,
contínua de Hallopeau; e a terceira é formada por ocupação, condições gerais de saúde, nível
pustulose palmoplantar, PPP, abacteriana. intelectual e socioeconômico do doente.
 Manifesta-se por áreas bem definidas de eritema,  Há mais de cem anos, são conhecidos os benefícios
descamação e pústulas, geralmente bilaterais e do ultravioleta da radiação solar na psoríase. A
simétricas nas palmas e/ou cavos plantares. exposição ao sol, sempre que possível,
 Psoríase artropática: Ocorre em 10 a 15% dos particularmente em praias, deve ser recomendada.
doentes de psoríase, em geral naqueles com lesões  Corticosteroides tópicos: são empregados como
cutâneas disseminadas. A forma mais frequente um loções, no couro cabeludo, creme, para a face e áreas
mono ou oligoartrite assimétrica de fácil controle e intertriginosas, e pomadas, para lesões no tronco e
bom prognóstico, que afeta particularmente as membros. Há uma relação direta entre a potência do
articulações interfalangianas distais ou proximais. corticoide e sua ação antipsoriática. A principal
A velocidade de hemossedimentação está desvantagem dos corticoides tópicos é a ocorrência
aumentada, porém o fator reumatoide e os fatores de taquifilaxia, em que o doente necessita de
antinucleares estão ausentes. preparados cada vez mais potentes para o
clareamento das lesões. A longo prazo, o uso de
Diagnose
corticoides potentes, especialmente em áreas
 A identificação da psoríase é eminentemente intertriginosas ou se utilizados sob oclusão, pode
clínica em face do tipo e da distribuição das lesões. determinar atrofia da pele, com o aparecimento de
Algumas formas de eczema podem apresentar telangiectasias, víbices e mesmo púrpura. No
aspecto psoriasiforme. tratamento tópico de um doente de psoríase, é
 A pitiríase rósea de Gibert pode, em regra, ser sempre conveniente utilizar o corticoide em
excluída pelos dois tipos de lesões e pela evolução associação com outras medicações, prevenindo, na
para a cura em oito semanas. A sífilis pode, no medida do possível, seu uso exagerado e as
período secundário, apresentar lesões consequências da medicação.
psoriasiformes, porém outros achados, como  Coaltar: usado em concentrações de 2 a 5% de
adenopatia, placas mucosas e a sorologia acordo com a tolerância, em pomadas com a vaselina
específica confirmam a infecção luética. como veículo, com 10 a 20% de óxido de zinco. As
 As lesões de psoríase no couro cabeludo costumam preparações de coaltar são bastante seguras,
ser placas bem delimitadas, o que as diferencia das raramente ocorrendo efeitos colaterais.
lesões de dermatite seborreica. A delimitação das  Método de Goeckerman: indicado para o
lesões é também critério para distinguir a dermatite tratamento de psoríase disseminada, não
seborreica da psoríase invertida. eritrodérmica. É a associação do coaltar com a
 A curetagem metódica geralmente permite radiação ultravioleta B (UVB).
diferenciar a psoríase em gotas da pitiríase  Aplica-se a pomada de coaltar, e o doente deve
liquenoide, em que a descamação não é permanecer com ela o maior tempo possível. O
estratificada. A psoríase eritrodérmica deve ser ultravioleta B é empregado em doses crescentes,
distinguida das eritrodermias encontradas em diariamente ou em dias alternados, com a remoção
atópicos, nas erupções medicamentosas e nos parcial da pomada. Após a irradiação com
linfomas (micose fungoide e síndrome de Sézary). ultravioleta, banho para a retirada das escamas e
A histopatologia pode ser necessária para a reaplicação da pomada. A resposta costuma ocorrer
diagnose. A pustulose palmoplantar (PPP) deve ser após 20 a 30 aplicações. O método de Goeckerman é
diferenciada da disidrose, que se localiza, em geral, um excelente método eletivo para as formas
somente nas mãos, com vesículas em vários disseminadas de psoríase.
estádios e prurido variável. A diagnose com  Antralina (ou ditranol): empregada em lesões
dermatofitose não é difícil em virtude da presença localizadas ou disseminadas. Pode ser utilizada em
de lesões descamativas e intertriginosas e do baixas concentrações (0,1 a 0,5%) durante 24 horas
exame micológico direto ou em altas concentrações (1 a 3%), com aplicações
de apenas 15 a 30 minutos – terapia de contato
curto. O clareamento das lesões costuma ocorrer em
3 a 4 semanas.
 Substância irritante, deve ser evitada em áreas intervalo de administração para cada 2 ou mesmo 3
intertriginosas e próximo aos olhos e às mucosas. A a 4 semanas.
pele ao redor da lesão precisa ser protegida. Apesar  Acitretina: retinoide, derivado da vitamina A
dessa proteção, é muito frequente a pigmentação (retinol), ativo em alterações da queratinização e na
perilesional com o tratamento. Além da pele, a psoríase. É empregada na dose de 0,5 a 1 mg/kg/dia,
antralina também mancha as roupas. Pode ser sendo particularmente indicada na psoríase
associada ao ultravioleta. É o método de Ingram. pustulosa generalizada, em que atua rapidamente.
 Análogos da vitamina D: em concentração a Na psoríase em placas generalizadas e na psoríase
0,0005%, têm eficácia moderada, semelhante à da eritrodérmica, é possível melhora significativa após 3
maioria dos corticoides potentes. Podem provocar a 4 meses de tratamento. A associação com UVB ou
irritação da pele e fotossensibilidade, especialmente PUVA pode resolver quadros mais resistentes. Os
da face, onde devem ser evitados. A associação de efeitos colaterais incluem queilite leve ou
um corticoide tópico com o calcipotriol possibilita, moderada,dose-dependente, em 100% dos casos
pela ação sinérgica, melhor resultado terapêutico. tratados; epistaxe e, mais raramente, conjuntivite
podem ocorrer por comprometimento das mucosas.
Medicação tópico-sistêmica
 Paroníquia, alopecia e prurido são também comuns.
 Quando a erupção não puder ser controlada por O efeito colateral mais grave de todos os retinoides
medicação tópica ou quando a extensão/gravidade diz respeito à teratogenia. A acitretina pode persistir
do quadro assim o exigir, podem ser empregados no organismo até dois anos após sua interrupção,
tratamentos sistêmicos. devendo, portanto, ser contraindicada não apenas
 O PUVA, termo que se refere a “Psoralen Ultra Violet para mulheres grávidas, como naquelas com risco
A”, utiliza a administração via oral de uma droga potencial de gravidez. Deve ser ainda contraindicada
fotoativa, o 8-metoxi-psoraleno (8-MOP), seguida de para doentes com comprometimento da função
exposição à radiação ultravioleta, de ondas longas, hepática.
UVA, entre 320 e 400 mm.  A acitretina pode ser considerada medicamento
 O método PUVA é altamente eficaz na psoríase e, seguro desde que excluída a possibilidade de
obtendo-se clareamento total das lesões, pode ser gravidez. Pode ser associada com ultravioleta B, com
utilizado como terapia de manutenção. Inicialmente, o método de Goeckerman ou PUVA (RePUVA) para
são realizados 2 a 3 tratamentos por semana, com a formas resistentes, pela ação terapêutica sinérgica.
administração do 8-MOP na dose de 0,6 mg/kg  Ciclosporina A: inibe os linfócitos T auxiliadores
seguido de aplicação de UVA, em doses progressivas, (CD4) ativados, impedindo a produção de IL-2 e
em câmaras especiais, cerca de 1 a 2 horas após a outras linfoquinas. A dose inicial é de 3 a 5 mg/kg/dia.
ingestão. Obtido clareamento, as sessões podem ser  A ciclosporina é altamente eficaz na psoríase e a
espaçadas. melhora do quadro costuma ser observada a partir
 Os efeitos colaterais imediatos do PUVA são náusea, da sexta semana de tratamento. É a medicação mais
eritema, prurido e queimaduras. A longo prazo, eficiente para a psoríase eritrodérmica, mas pode
ocorrem bronzeamento da pele, envelhecimento comprometer a função renal, sendo mandatória a
precoce, maior potencial de desenvolvimento de monitoração da creatinina sérica a cada 2 semanas
carcinomas e de catarata. no início do tratamento, e a cada 4 a 6 semanas, se a
 Por esse motivo, não deve ser recomendado em função renal estiver estável.
crianças, reservando-se para casos selecionados.  Outros efeitos: colaterais incluem hipertensão,
náusea, sensações parestésicas, hipertricose, sendo
Medicações sistêmicas possível o comprometimento da vigilância
 Ametopterina (metotrexato): antagonista do ácido imunológica, com maior facilidade de aparecer
fólico, teria ação na hiperproliferação celular. É infecções e neoplasias malignas, sobretudo linfomas.
encontrado sob a forma de comprimidos de 2,5 mg e  Medicamentos biológicos: considerando o papel dos
frasco-ampola de 50 mg. Indica-se em casos extensos linfócitos T ativados na manutenção da lesão, têm
e resistentes que impedem as atividades dos sido empregadas, na psoríase, drogas com ação
doentes, sendo particularmente recomendado na específica, antilinfocitárias, bem como drogas anti-
psoríase artropática e eritrodérmica. Pode ser útil TNFa, citoquina ativa na lesão. São proteínas de
também na psoríase pustulosa generalizada. O fusão ou anticorpos monoclonais, indicados
método mais indicado é a administração via oral de especialmente para doentes resistentes aos
15 mg/semana, 5 mg a cada 12 horas, em três tratamentos convencionais ou que já apresentem
tomadas. Com o controle do quadro, pode-se reduzir restrição a eles pelo desenvolvimento de efeitos
a medicação para 7,5 mg/semana ou aumentar o colaterais – comprometimento de função hepática
e/ou renal.
 Os anti-TNFa (infliximabe, adalimumabe, antifagocitários na superfície da bactéria e da sua
etanercepte) atuam tanto na pele como no quadro capacidade de produção de toxinas
articular da psoríase artropática e podem ser
IMPETIGO
responsáveis por comprometimento da vigilância
imunológica a infecções e neoplasias. Os  É uma infecção cutânea superficial, causada
antilinfocitários (alefacepte e efalizumabe) não  principalmente por estafilococos e, em menor
atuam no quadro artropático e parecem não ter ação frequência, por estreptococos ou uma combinação
importante na vigilância imunológica. de ambas as bactérias. É doença comum e mais
 De qualquer maneira, o uso dessas medicações deve prevalente em crianças,
ser monitorado com raio X de tórax, PPD, controle de  Há duas formas: o impetigo bolhoso e o não-bolhoso.
infecções e neoplasias, especialmente linfomas.  No impetigo bolhoso, os responsáveis são os
Muitos desses novos medicamentos denominados estafilococos. No impetigo não-bolhoso, aparecem
“biológicos” se encontram em fases variadas de com maior frequência os estreptococos do grupo A.
estudo e, nesse sentido, estão permitindo abrir novas
perspectivas tanto no controle da doença como no
esclarecimento da etiopatogenia da psoríase.

Piodermites

 Condições predisponentes para a colonização da pele


por baixa resistência ao agente incluem: dermatite
atópica, diabetes mellitus, diálise, uso de droga
 A forma não-bolhosa, responsável por mais de 70%
endovenosa, disfunção hepática e infecção por HIV.
dos casos, também chamada de impetigo de Tilbury-
 A invasão direta a partir de pequenas soluções de Fox, inicia-se por vesícula ou pústula de parede fina,
continuidade das mucosas, da pele e seus anexos dificilmente percebida, pois logo se rompe, algumas
resulta em uma variedade de infecções superficiais. vezes sobre base eritematosa.
 Os estreptococos quase sempre participam da
 O exsudato purulento resseca, formando crosta
microbiota oral ou do tubo digestivo, estando entre
espessa amareloacastanhada (melicérica),
os agentes mais comuns de doenças humanas. característica desta forma de impetigo. Quando
 O Streptococcus pyogenes (S. pyogenes) é removida, a crosta refaz-se rapidamente.
responsável pela maioria das infecções causadas  Embora nos adultos as áreas expostas da pele sejam
pelas bactérias da família Streptococcaceae, sendo
acometidas com mais frequência, nas crianças pode
encontrado na orofaringe de 10% da população afetar qualquer local.
geral. Apenas 1% das pessoas o apresenta na pele
 No impetigo bolhoso estafilocócico, pequenas
normal. Os mais virulentos pertencem ao grupo A e
soluções de continuidade da pele permitem o início
possuem, em sua superfície, a proteína M que os
da infecção, havendo formação de bolhas causadas
protege contra a fagocitose e aumenta a aderência
pelas toxinas estafilocócicas esfoliativas produzidas n
para os tecidos epiteliais.
no local.
 As infecções por S. pyogenes são mais comuns na
 Acomete crianças, preferencialmente na face e
infância e na adolescência.
pernas, podendo, entretanto, estender-se a outras
 Na patogenia das piodermites, devemos considerar áreas.
fatores relacionados ao hospedeiro: presença da
 As lesões iniciam-se como máculas eritematosas que
flora residente, que dificulta a colonização de outras
evoluem para bolhas superficiais com conteúdo
bactérias e produz ácidos graxos não-saturados que
seroso. O sinal de Nikolsky não está presente,
formam a barreira química; a barreira mecânica; o
 Estas bolhas se rompem facilmente, levando à
grau de umidade da pele que, quanto maior, mais
formação de crostas finas, lisas, de cor acastanhada,
fácil torna a multiplicação bacteriana; o pH alcalino,
semelhantes à película de verniz, que, ao descamar,
que facilita a colonização bacteriana e a capacidade
não deixam cicatriz.
imunológica do indivíduo. Em relação ao micro-
 Impetigo bolhoso estafilocócico não compromete o
organismo, consideram-se a sua patogenicidade e o
estado geral e a febre só está presente quando
grau de virulência que decorrem,
existem lesões múltiplas.
fundamentalmente, do potencial invasivo
 Localmente, o desconforto é pequeno, podendo
determinado pela presença de elementos
ocorrer prurido,
 Infecção invasiva pode complicar o impetigo por S. imunodeficiências influenciam consideravelmente
aureus não-tratado, podendo ocasionar celulite em sua evolução. Pode decorrer de um impetigo não
linfangite e bacteremia, resultando em osteomielite, adequadamente tratado.
artrite séptica, pneumonite e até mesmo sepsemia.  A infecção pode ocorrer em locais de picada de
 A glomerulonefrite, causada por cepas nefritogênicas inseto, lesões de escabiose ou dermatose
de S. pyogenes, é relativamente frequente na pruriginosa. As lesões são, geralmente, múltiplas,
infecção por estreptococos, sendo encontradas comumente em pés, pernas,
 O tratamento do impetigo consiste na limpeza e coxas e nádegas. Pode ser acompanhada de febre e
remoção das crostas com água morna e sabão, que adenite satélite e sua cura costuma deixar cicatriz.
devem ser realizadas de duas a três vezes ao dia. Em  Diagnóstico diferencial deve ser feito com úlcera de
seguida, aplicar pomada ou creme de antibiótico, estase e leishmaniose tegumentar. Os exames
sendo preferível as de uso tópico exclusivo e baixo laboratoriais são os mesmos do impetigo. As lesões
poder sensibilizante, como a mupirocina ou ácido requerem várias semanas de antibioticoterapia para
fusídico. Esta abordagem é suficiente para resolução resolução. O tratamento deve ser realizado por 10
do mais leve caso aos moderados, já que a infecção é dias com antibiótico oral, como dicloxacilina ou uma
frequentemente autolimitada, cefalosporina, como a cefalexina. As possíveis
 Quando há lesões disseminadas ou bolhosas, é complicações são as mesmas do impetigo,
conveniente a administração de antibiótico por via particularmente a glomerulonefrite.
sistêmica, como penicilina comum ou penicilinas
semissintéticas penicilinase-resistentes, como a ERISIPELA
oxaciclina, 250 a 500 mg, quatro vezes ao dia, por 5 a  A erisipela é uma infecção cutânea aguda e
7 dias. A azitromicina oral, 500 mg no primeiro dia, inflamatória, caracterizada por eritema, edema e
seguida de 250 mg nos próximos 4 dias, em adultos, dor, geralmente causada pelo estreptococo -
tem eficácia semelhante à oxaciclina em infecções de hemolítico do grupo A, sendo menos comum grupo C
pele. Em pacientes alérgicos à penicilina, os e G. Sthapylococcus aureus mais raramente pode ser
macrolídeos, como a eritromicina, são eficazes, na isolado. uma incidência estimada entre 10 e 100
mesma dose que as penicilinas, por 5 a 7 dias. casos por 100.000 habitantes/ano. Afeta, sobretudo,
adultos, dos 40 aos 60 anos, com predomínio do sexo
ECTIMA feminino. A localização de acometimento é, em
 O ectima é uma infecção piogênica da pele causada  85% dos casos, nos membros inferiores, podendo
 principalmente por Streptococcus, porém, o acometer a região facial. Pode originar-se de um
Staphylococcus pode também ser encontrado. A ferimento traumático ou cirúrgico, mas, na maioria
lesão fundamental é constituída de placa dos casos, nenhuma porta de entrada costuma ser
eritematosa, geralmente pouco edemaciada, encontrada,
medindo 2 a 3 centímetros de diâmetro, sobre a qual  O quadro é caracterizado por eritema, edema, calor
logo se instala uma vesícula ou vésico-pústula que, e dor, acompanhado por febre, calafrios, malestar
rapidamente, se rompe e dá origem à úlcera  e, muitas vezes, náuseas ou vômitos.
superficial recoberta geralmente por crostas rígidas,  Caracteriza-se, em geral, por lesão única elevada em
espessas e aderentes, de cor acastanhada. relação à pele circunscrita, tendo em média 10 a 15
 A margem da úlcera é indurada e violácea e a base de cm no seu maior eixo, e borda nítida, que avança com
granulação estende-se profundamente na derme, a progressão da moléstia.3,7,15,17 Podem surgir
podendo, na evolução, atingir até o tecido celular bolhas, geralmente flácidas, de conteúdo
subcutâneo, translúcido.O diagnóstico da erisipela é
essencialmente clínico. No hemograma, leucocitose
leve com desvio nuclear à esquerda e velocidade de
sedimentação globular pouco aumentada podem
estar presentes. Histologicamente, caracteriza-se por
edema de derme e dilatação linfática. Os principais
diagnósticos diferenciais são: fasciite necrotizante,
dermatite de contato e trombose venosa profunda,
 São fatores de risco para erisipela: insuficiência
venosa, infecções cutâneas por fungos, linfedema,
diabetes mellitus, obesidade, imunossupressão,
 Esta forma se manifesta, principalmente, em infecção do trato respiratório e alcoolismo,
ambientes com pouca higiene. Fatores como baixas  Recomenda-se que o tratamento da erisipela atue
condições sócioeconômicas, má nutrição e não apenas sobre a infecção, mas também nos
aspectos linfáticos. A terapêutica de longa data para  Alguns dias após o início da infecção estafilocócica,
o linfedema é essencial a fim de evitar recorrência da surgem febre e eritema difuso, sobre o qual se
erisipela e agravamento do distúrbio linfático. formam grandes bolhas flácidas que, rapidamente,
 O manejo terapêutico da erisipela consiste na se rompem, originando grandes áreas erosivas
instituição de antibioticoterapia, além de medidas de circundadas por retalhos epidérmicos,
caráter geral, como repouso e elevação do membro correspondentes à pele destacada. O sinal de
afetado. Nikolsky está presente,
 O tratamento de escolha é a penicilina via oral ou  A perda de líquido por evaporação de grandes áreas
parenteral. Pacientes sem sinais de gravidade local está associada à perda hídrica aumentada e à
ou geral podem ser tratados, por via oral, com desidratação. Não há acometimento de mucosas. A
amoxacilina, 3-4,5g/dia, por 10 a 14 dias em regime cura ocorre entre 7 e 10 dias. A reepitelização é
 ambulatorial. Formas graves, geralmente, rápida, devido ao alto nível da separação da
necessitam de antibióticos por via intravenosa, epiderme. A mortalidade na infância é de
penicilina G 12-20 milhões de unidades/dia ou aproximadamente 4%; nos adultos, a taxa de
cefazolina 4g/dia. Em casos de uma evolução mortalidade é superior a 60%.
favorável à antibioticoterapia endovenosa inicial,  O principal diagnóstico diferencial é estabelecido
pode ser empregada a via oral para completar o com a necrólise epidérmica tóxica (NET), uma
tratamento de 10-20 dias. variante grave do eritema multiforme, geralmente
 Os critérios para avaliar a necessidade de  relacionada a drogas. Esta última é caracterizada por
internamento do paciente incluem: idade maior que separação dermoepidérmica, diferente da separação
60 anos, localização facial, sinais de gravidade local,  na camada granular da epiderme vista na SSSS, além
como bolhas e necrose, ou geral, como confusão e de apresentar um infiltrado inflamatório intenso.19
hipotensão, além de fatores de comorbidades, tais  Pode ser útil a realização de exame citológico que,
como imunodepressão, insuficiência cardíaca ou pela clivagem alta na SSSS, demonstrará a presença
renal, de células epiteliais sem células inflamatórias,
enquanto na NET, em virtude da clivagem
SÍNDROME DA PELE ESCALDADA ESTAFILOCÓCICA
subepidérmica, observam-se células inflamatórias,
 Síndrome da pele escaldada estafilocócica (SSSS),  A terapia para SSSS deve ser dirigida para a
também conhecida como doença de Ritter, é erradicação do S. aureus que, geralmente, requer
 causada por toxinas esfoliativas produzidas por hospitalização e antibióticos intravenosos. Os
algumas cepas de S. aureus, geralmente pacientes com doença limitada podem ser
pertencentes a fagotipos II3,7,12,18 que, por falta de manejados em casa, com antibióticos orais. O
imunidade às toxinas e imaturidade renal em tratamento é realizado com penicilina semissintética,
crianças, leva à eliminação deficiente de toxinas. A como a oxacilina por via intravenosa, 50-100
toxina é antigênica e, quando elaborada, mg/kg/dia em recém-nascidos e 100-200 mg/kg/dia
desencadeia uma resposta imunológica, em adultos.23 Após melhora clínica importante, a via
intravenosa pode ser substituída por via oral:
oxacilina 50 mg/kg/dia.
 A terapia tópica deve constituir-se em ácido fusídico,
como tratamento de primeira linha, ou mupirocina e
retapamulina, em casos comprovados de resistência
bacteriana. São ainda importantes as medidas de
ordem geral, como a hidratação adequada e
cuidados complementares com o foco infeccioso,
inclusive drenagem de abscessos, quando indicada.

FOLICULITES
 Ocorre, habitualmente, em recém-nascidos ou em
crianças maiores e, muito raramente, em adultos.  Foliculite é a inflamação do folículo piloso causada
Cerca de 62% das crianças acometidas têm menos de por infecção, irritação química ou lesão física. É
2 anos e 98% tem 6 anos ou menos. No caso do definida, histologicamente, pela presença de células
adulto, está associada a doenças subjacentes inflamatórias no interior da parede e óstio dos
relacionadas à imunossupressão, à imunidade folículos pilosos, criando uma pústula folicular.24 A
anormal e à insuficiência renal. Em geral, o foco inflamação pode ser superficial, confinada à parte
infeccioso não se encontra na pele, mas em outros superior do folículo piloso, ou se estender a todo o
pontos, sob a forma de otites, conjuntivites e outras folículo piloso,
infecções.  A infecção do folículo piloso é, provavelmente,
 a forma mais comum de infecção cutânea, atingindo  Na área cirúrgica, a terapia com laser revolucionou o
todas as idades. A foliculite estafilocócica, causada tratamento e permitiu a cura pela primeira vez em
pelo estafilococo plasmo-coagulase positivo (S. pessoas que sofrem desse mal. Atualmente, a
aureus) é a foliculite infecciosa mais frequente; no prevenção e a intervenção precoce são os principais
entanto, em condições de debilidade do hospedeiro, pilares da terapia,
o processo pode ser desencadeado por outros  Foliculite queloidiana nucal caracteriza-se por uma
microorganismos como bacilos coliformes e foliculite profunda com formação cicatricial ou
estafilococos plasmo-coagulase negativos. perifoliculite, que ocorre na região posterior do
 Foliculite superficial, também conhecida como pescoço, occipital inferior e região nucal, de homens
impetigo de Bockhart, é caracterizada por uma póspúberes.
pústula pequena e frágil que ocorre no infundíbulo  Manifesta-se mais comumente em negros e parece
de um folículo piloso, geralmente no couro cabeludo não se desenvolver em mulheres.4 A característica
de crianças e na área da barba, axilas, extremidades do processo é a reparação com formação de lesões
e nádegas de adultos. A pústula não interfere no queloidianas isoladas ou, mais comumente,
crescimento do pelo ou dos cabelos, confluentes. Apatogênese é desconhecida. Todas as
bactérias identificadas apresentam provavelmente
um fenômeno secundário,
 No manejo medicamentoso, incluem-se antibióticos
tópicos e por via oral, mas, muitas vezes, os
resultados são decepcionantes. Abordagens
cirúrgicas incluem a excisão com fechamento
primário ou enxerto de pele. Outra abordagem é a
excisão cirúrgica com cicatrização por segunda
intenção. Estudos mostram boa eficácia no uso de
depilação a laser para tratar as papilas inflamatórias
e queloides.
 Foliculite decalvante (FD) é uma forma de foliculite
de caráter crônico, geralmente produzida por S.
aureus, que leva à destruição dos folículos,
resultando em alopécia cicatricial. Ocorre,
predominantemente, em adultos de meia-idade. As
 O tratamento com antibióticos tópicos, como lesões manifestam-se principalmente na região
mupirocina ou ácido fusídico, 2 vezes ao dia por 5 a occipital do couro cabeludo. Clinicamente, as lesões
10 dias ou loções antiacneicas, em geral, é suficiente. apresentam-se como pústulas foliculares, eritema
 Pseudofoliculite apresenta-se como uma erupção difuso e perifolicular, acoplamento folicular e, muitas
acneiforme papular e pustular na área da barba. vezes, crostas hemorrágicas e erosivas.
 Ocorre com mais frequência em homens que  O diagnóstico é feito em bases clínicas,
apresentam cabelo crespo, mas também é histopatológicas e através do cultivo para bactérias,
observado em região pubiana de mulheres após  No diagnóstico diferencial, devem ser consideradas,
depilação. no couro cabeludo, alopécias cicatriciais em geral,
 Uma variedade de medicamentos tópicos e orais foliculite absedante, lúpus eritematoso, discoide e
bem tolerados podem ser utilizados na tínea favosa. O tratamento consiste na erradicação
 terapêutica. Retinoides tópicos, como a tretinoína e do S. aureus e no emprego de anti-inflamatórios. FD
o adapaleno, são úteis. Peróxido de benzoíla e os pode ser muito resistente à terapia. As opções
antibióticos, como a eritromicina ou clindamicina e terapêuticas incluem antibióticos orais e tópicos,
suas combinações, são muito úteis como corticosteroides orais e tópicos, substâncias
tratamentos de primeira linha. Tetraciclina é uma antissépticas tópicas e isotretinoína,
escolha comum para um antibiótico sistêmico.  Sicose da barba é uma foliculite profunda com
 Semelhante a um regime padrão de acne, uma dose inflamação perifolicular ocorrendo nas áreas de
de 500 mg utilizada inicialmente por 1-3 meses é, barba do rosto e do lábio superior, causada pela
muitas vezes, eficaz. Doxiciclina 50-100 mg e infecção por S.aureus ou fungos dermatófitos. Se não
minociclina 50-100 mg podem ser usadas. Corticoide tratadas, as lesões podem tornar-se crônicas.
injetável pode ser usad para diminuir pápulas e a  A inflamação localizada é tratada topicamente com
inflamação, mas, devido aos efeitos colaterais, mupirocina. A doença extensa é tratada com
atrofia cutânea e hipopigmentação, é antibióticos orais, como dicloxacilina ou cefalexina,
 um tratamento temporário. no mínimo por duas
 semanas ou até que todos os sinais de inflamação
tenham desaparecido. As recidivas não são
incomuns e requerem um curso adicional de
antibióticos orais,
 Furúnculo caracteriza-se por um nódulo ou abscesso
doloroso, quente, vermelho e profundo, que se
desenvolve a partir de uma foliculite estafilocócica,
 Antraz é uma infecção mais profunda por abscessos
intercomunicantes que, em geral, desenvolvem- se
em vários folículos pilosos adjacentes.
 Acomete mais crianças, adolescentes e adultos
jovens, sendo prevalente no sexo masculino. A
etiologia mais comum é o S. aureus. O diagnóstico é
feito pelas manifestações clínicas e confirmado pela
coloração gram e cultura
 O tratamento inclui incisão e drenagem, geralmente
acompanhadas do tratamento antibiótico sistêmico,
que aceleram a regressão da infecção dos indivíduos
saudáveis e são essenciais para qualquer indivíduo
sob risco de desenvolver bacteremia.
 Preconiza-se o uso de dicloxacilina 250 a 500 mg
4x/dia por 10 dias; cefalexina 250 a 500 mg 4x/dia
por 10 dias; amoxacilina/clavulanato e macrolídeos
para pacientes alérgicos à penicilina. Para MRSA, são
usados minociclina, sulfametoxazol-trimetoprim,
ciprofloxacino e vancomicina,

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