Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Artigo cc2
Artigo cc2
1. Introdução
1
Mestre em Economia pela UFBA; técnico da Coordenação de Estatística da SEI; professor de Finanças e
Economia da Unime e Famec. alexqueiroz@sei.ba.gov.br
2
Mestre em Economia pela UFBA; coordenador de Estatística da SEI; professor de Estatística e
Econometria da Unifacs. urandifreitas@sei.ba.gov.br
3
Mestre em Economia pela UFBA e diretor de Pesquisas Sociais da SEI. armandocastro@sei.ba.gov.br
4
Mestrando em Economia pela UFBA e técnico da Coordenação de Pesquisas Sociais da SEI.
danielcosta@sei.ba.gov.br
Além desta introdução, o trabalho conta com outras cinco partes, correspondentes as
análises de valor adicionado do setor; evolução dos empregos; mercado imobiliário;
expectativas dos empresários da cadeia de construção civil e, por fim, os comentários
finais.
A construção civil tem apresentado um ótimo desempenho nos últimos anos na Bahia.
Esse superaquecimento do setor tem se refletido diretamente na contratação de mão de
obra. Conforme dados do CAGED, o setor começa a obter um desempenho mais
significativo e consistente, no que se refere a saldo de empregos formais, a partir de
2007. Em 2008 há uma breve queda devido à crise financeira mundial, contudo em 2009
e 2010 a construção civil apresenta um desempenho significativo. Nesses dois anos a
construção civil gerou 26.919 e 25.453 postos de trabalho com carteira assinada
respectivamente. Em contraste aos dois anos anteriores o setor apresentou uma forte
queda em 2011, quando foi apurado um saldo de 5.121 empregos formais. Em termos
percentuais isso implicou numa diminuição de 81% em relação a 2010. Para o primeiro
quadrimestre de 2012 pode-se observar um esboço de recuperação.
O subsetor que mais contribuiu para o desempenho da construção civil na Bahia foi a
Construção de Edifícios. Dos 77.026 postos de trabalho criados em todo período em
análise o subsetor foi responsável por 52% do saldo, mesmo considerando que em 2011
foi contabilizado um saldo negativo de 5.004 empregos formais. Em todos os anos, a
exceção de 2008 e 2011, esse foi o subsetor da construção civil que mais gerou postos
de trabalho. É bom frisar que o subsetor de Serviços Especializados está ligado ao de
Construção de Edifícios, haja vista que nesse subsetor estão categorias como:
Demolição e preparação do terreno, Instalações Elétricas e Hidráulicas em
Construções e Obras de Acabamento.
Com base nos dados do Banco Central do Brasil (BACEN), houve uma evolução
significativa, nos últimos anos, no montante de recursos destinados aos financiamentos
imobiliários no estado da Bahia para a construção, compra de material de construção,
reforma e ampliação. Em 2002 este valor correspondia a aproximadamente R$ 13
milhões, crescendo de forma exponencial, chegando a R$ 3,12 bilhões no ano de 2012.
Como já ressaltado, a construção civil tem recebido grandes incentivos que estão
resultando em expansão do setor tanto pelo lado da oferta quanto da demanda. Apesar
do aquecimento do setor ter resultado na expansão do valor adicionado e geração de
empregos formais vê-se por outro lado um aumento significativo no atraso do
pagamento das parcelas dos contratos de financiamentos habitacionais.
Conforme o gráfico, vê-se que na Bahia, a partir de 2006, o número de contratos com
parcelas em atraso aumentaram consideravelmente. Enquanto em dezembro de 2002
haviam 1.963 contratos com parcelas atrasadas (com até 3 meses e com mais de 3
meses) no mesmo período de 2011 esse número passou para 5.943, o que representou
um crescimento de 203%. Nota-se também que houve uma mudança na natureza desses
atrasos. Enquanto que em 2002 as parcelas com mais de 3 meses em atraso
representavam 58% do total, em 2011 sua participação caiu para 13%. Através do
gráfico pode se observar que no período o número de contratos em atraso com até 3
meses foi o que obteve um crescimento expressivo. Apesar desse aumento relevante da
inadimplência na Bahia, deve-se ressaltar que esse fenômeno se dá em âmbito nacional.
O padrão do aumento dos contratos firmados até 1998 com parcelas em atraso no Brasil
seguem a mesma tendência do caso baiano, só que com uma variação ainda mais
radical. Assim como na Bahia, a partir de 2006, o montante de contratos em atraso passa
a crescer de forma mais aguda. Porém tal montante, no caso brasileiro, passa de 25.329
contratos com parcelas em atraso em dezembro de 2002 para 154.342 em 2011. Em
termos percentuais isso representa uma variação de 509%. Do total, 89% consiste em
contratos com parcelas com até 3 meses de atraso.
Os consumidores baianos que firmaram contratos a partir de Junho de 1998 têm tido
uma dificuldade crescente em honrar suas parcelas. É interessante notar que, embora
número de contratos em atraso na Bahia tenham crescido 203% eles apresentaram uma
diminuição na participação relativa dentro do contexto nacional.
Enquanto que em dezembro 2002, a Bahia era responsável por 7,8% do total dos
contratos em atraso no Brasil, em 2011 esse percentual passa para 3,9%. Isso implica
que se em 2002 a Bahia era o terceiro estado com o maior número de contratos em
atraso, ela passou a ser o sexto em 2011 ficando atrás de: São Paulo ,Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Com base nos dados do Banco Central pode-se perceber que a inadimplência (parcelas
atrasadas há mais de 90 dias) para diversas outras categorias de crédito além do
financiamento habitacional estão crescendo no Brasil. Todas as modalidades,
registraram variações positivas a partir de 2005, decrescendo em 2010 e voltando a
aumentar em 2011 e no primeiro quatrimestre de 2012. A exceção foi o crédito pessoal
que drecesceu por toda a série e, assim como as outras, voltou a crescer em 2011 e
2012.
O fato da inadimplência estar aumentando em diversos tipos de crédito que não somente
o habitacional, implica que a renda está cada vez mais pressionada. Caso os incrementos
na renda não acompanhem o crescente volume de crédito, a inadimplência tende a
crescer mais, trazendo no médio prazo sérias consequências.
Fonte : SEI
5. Comentários Finais
Considerando que em todo o ano de 2003 foram vendidas 1,9 mil unidades e em 2004
foram 2,3 mil, as 3 mil vendas dos primeiros cinco meses de 2012 não podem
caracterizar um período de esgotamento do boom imobiliário. Um indicador do bom
momento do setor é o crescimento da construção civil, que é altamente correlacionado
com o mercado imobiliário, de 8,9% no primeiro trimestre de 2012.
Pode-se enfatizar também que as expectativas do setor são positivas, uma vez que há
continuidade das políticas de incentivo, além dos já anunciados investimentos públicos
e privados, inclusive em infraestrutura, com rebatimentos diretos no setor da construção
civil e efeitos indiretos no mercado imobiliário. Adicionalmente, sabe-se que o déficit
habitacional é extremamente elevado na Bahia, que existe expectativa de crescimento da
renda da população e também que há um otimismo comprovado dos empresários do
setor, fatores que inequivocadamente atuam no sentido de estimulo ao desempenho da
cadeia da construção civil.
Referências
FGV (2007)
HAGA (2008)
RAMOS (2010)