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1.

Funções de um Agente Autónomo de Investimento (AAI)


 Função comercial – captar clientes e se relacionar com os clientes
 Receber e transmitir ordens de investimento – o AAI precisa estar cadastrado numa
Instituição Financeira (IF), que por sua vez esteja participando do sistema de
distribuição de valores monetários. Cumprindo estas condições, o AAI poderá emitir
ordens de investimento, mediante solicitação do cliente.
 Transmitir ordens para o sistema de negociação
 Prestar informações sobre o produto que a IF dispõe – explicar ao cliente sobre os
produtos que a IF comercializar e auxiliar na tomada de decisão;
 Orientação e apoio na relação com o cliente.

O AAI pode ser Pessoa Física (PF) ou Pessoa Jurídica (PJ), contudo é mais comum que o AAI seja
PJ associado a um escritório (sociedade simples), cujos sócios deverão ser obrigatória e
exclusivamente, AAI´s.
2. Sobre Registro e Credenciamento de PF´s
 Para que o AAI seja credenciado, pela Ancord, à CVM – Comissão de Valores
Mobiliários, é necessário que preencha certos requisitos. São eles:
 Aprovação no exame de certificação;
 Certificado de conclusão de Ensino Médio (não é preciso curso superior);
 Adesão ao Código de Conduta Profissional da ANCORD;
 Estar habilitado para exercer função em IF;
 Não ter sido condenado por nenhum dos crimes abaixo:
 Peculato;
 Lavagem de dinheiro;
 Ocultação de patrimônio;
 Crimes falimentares;
 Crimes contra a economia e o sistema financeiro
 Vedado a exercer algum cargo público.
3. Sobre o registro e Credenciamento de PJ´s
 As mesmas condições acima se aplicam, porém são acrescidas mais algumas referente
ao escritório. São elas:
 Precisa ter sede no Brasil;
 Atuar exclusivamente como AAI e, ter o nome “Agente Autônomo de Investimento”
na razão social;
 Sociedade simples onde todos os sócios precisam ser AAI´s. Nesta modalidade
todos os sócios responderão por todos (responsabilidade solidária);
 Estar vinculados única e exclusivamente a apenas uma IF.
4. Cancelamento do credenciamento
 Para casos de cancelamento do credenciamento, o órgão responsável é o mesmo que
credencia. No Caso do AAI, o descredenciamento é realizado pela ANCORD, junto à
CVM caso ocorram as seguintes situações:
 Pedido pelo próprio AAI. Em casos que decida exercer outra função no mercado
financeiro por exemplo, é obrigatório se descredenciar;
 Vícios ou falhas no processo de credenciamento;
 Perda de pré-requisitos para se tornar um AAI.
5. Exercício da atividade do AAI
 O AAI deve seguir um código de conduta e agir sempre através dos seguintes
princípiosuir por perda de
 Ética: princípio fundamental
Príncípios Principais Conceitos Principais Regras
Integridade  Agir com honestidade,  Não fornecer informações
isenção e transparência. falsa;
 Não omitir benefícios
gerados em proveito
próprio;
 Exercer julgamento
adequado e prudente ao
oferecer o serviço
Objetividade  Fornecer serviços  Agir de acordo com os
profissionais de forma objetivos do cliente;
objetiva;  Comunicar todos os fatos
 Ser imparcial. relevantes;
 Fazer com que o cliente
entenda as recomendações

Probidade  Ser justo e imparcial no  Segregar o patrimônio e


relacionamento profissional; interesses do cliente
 Revelar e gerenciar conflitos daqueles do profissional e
de interesse. da instituição financeira em
que o profissional trabalha.
Conduta Profissional  Agir com postura exemplar;  Não emprestar ou tomar
 Imagem pública da marca. dinheiro emprestado;
 Observar a lei, regras e
códigos;
 Uso da marca conforme
regras.
Competência  Manter-se atualizado acerca  Assessorar o cliente apenas
de conhecimentos para o na área que tem
desenvolvimento da competência;
atividade profissional.  Educação continuada.
Confidencialidade  Proteger as informações  Agir com prudência para
confidenciais do cliente. proteger dados do cliente;
 Excepção: processos
judiciais, inclusive para se
proteger.
Diligência  Execução dos serviços nas  Fornecer serviços
condições acordadas. respeitando os prazos;
 Supervisionar ou direcionar
de forma prudente e
responsável qualquer
subordinado ou terceiro;
 Identificar e manter
atualizados os dados sobre
todos os ativos e bens dos
clientes.
Lavagem de dinheiro

É crime de lavagem de dinheiro ocultar ou dissimular a natureza, a origem, localização,


disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes direta ou
indiretamente de infração penal. Ou seja, ter, mover ou ocultar a posse de um bem, seja ele
dinheiro em qualquer forma, ou direitos a receber, tendo vindo esses bens e direitos, direta ou
indiretamente de um crime (tráfico de drogas, de pessoas, sequestros e afins).

A pena para crimes desta natureza consiste em reclusão e multa.

A reclusão varia de 3 a 10 anos e multa. A multa pecuniária, aplicada pelo COAF, pode ser
reduzida de 1 a 2 terços do tempo de pena e pode começar a ser cumprida em regime
semiaberto, podendo o juiz deixar de a aplicar ou substituir por perdas de direitos caso o autor
ou coautor ou partícipe colaborar ESPONTANEAMENTE com as autoridades com o intuito de
auxiliar na apuração do crime e na localização dos bens, direitos e objetos do crime.

A pena para estes crimes pode ser aumentada de 1 a 2 terços se os crimes forem feitos por
intermédio de organização criminosa.

Está sujeito a multa quem adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda,
tem em depósito, movimenta ou transfere valores, bens ou direitos ilícitos.

A multa pecuniária é variável não podendo ser maior que:

- O dobro do valor da operação, o dobro do lucro real ou presumido da operação ou 20


milhões de reais.

Indícios de crimes de lavagem de dinheiro

- Aumento substancial no volume de depósitos, quer seja pessoa física ou pessoa jurídica, não
condizente com a atividade econômica, sem causa aparente e em especial se, esses depósitos
forem transferidos para outra conta pouco tempo depois.

- troca de quantidade de grande volume de notas de pequeno valor para notas de maior valor

- troca de moeda nacional para moeda internacional em grandes volumes

- compras de cheques de viagem em quantidades substanciais sem propósito claro

- movimentar recurso em praça próxima à fronteira

- várias contas para depósito, em nome de um cliente apenas, cuja soma de valores resulte em
quantia significativa

- abertura de conta em estação de passageiros como aeroportos, rodoviárias e portos ou ainda


atrações turísticas salvo se comprove ser proprietário socio ou empregado de empresa
instalada neste local

- uso de cartão de crédito incompatível com renda.

Fases da lavagem do dinheiro

1- Colocação- após obter o recurso de maneira ilícita o criminoso precisa inserir o


recurso no sistema financeiro. Via de regra é feita em países com regras mais
permissivas e um sistema financeiro mais liberar. A colocação pode ser feita
através de depósitos, compra de instrumentos negociáveis (Documentos
perfeitamente negociáveis, como cheques, ações, notas etc. de pronta liquidez,
que podem ser usados por seu proprietário em lugar de moeda. Seus valores são
líquidos e certos) ou compra de bens.

Para dificultar a identificação a procedência os criminosos aplicam técnicas como


fracionamento dos valores a serem colocados e utilização de estabelecimentos que
operem com moeda em espécie como bancos e lojas de comércio menores.

2- Ocultação – nesta etapa os criminosos movimentam o dinheiro, via de regra por


meios eletrônicos e de preferência para países que tenham leis de sigilo bancário
para depois transferirem de volta para empresas fachada ou fantasmas. Desta
formam tornam o rastreamento contábil difícil.
3- Integração – a última etapa é quando os ativos são colocados formalmente no
mercado financeiro. Podem comprar e/ou investir em empresas, bens e fazer
doações

Para monitorar e combater a lavagem de dinheiro, a lei exige das instituições financeiras:

- que identifiquem e mantenham atualizados os cadastros dos clientes, inclusive dos


proprietários e representantes de empresas clientes ( o cliente é PJ, a instituição precisa
manter cadastro da PJ e da PF que é responsável pela PJ)
- mantenham registro das operações de dinheiro ou de qualquer ativo passível de conversão
para dinheiro que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente.

- atender as resoluções do COAF dentro dos prazos estipulados.

Essas informações devem ser guardadas por 5 anos, tanto os cadastros quanto as transações.
Esse prazo precisa ser respeitado inclusive por 5 anos após o encerramento da conta ou
conclusão da operação.

A instituição financeira deverá comunicar ao COAF as seguintes operações:

- operações superiores a 10 mil reais onde possam configurar indícios de crime de lavagem de
dinheiro

- movimentação em espécie de valor igual ou superior a 50 mil reais, sejam suspeitas ou não

- operações que configurem artifícios para burlar mecanismos de verificação, controle e


registro.

- operações e serviços prestados a pessoas que tenham perpetrado atos terroristas ou


tencionado perpetrar tais atos ou participado/facilitado a perpetração dos mesmos.

- atos suspeitos de terrorismo.

Lembrando que toda a movimentação acima de 10 mil reais terá que ser registrada, apenas
aquelas que forem suspeitas deverão ser comunicadas ao COAF. Se for superior a 50 mil reais
tem que ser reportada seja suspeita ou não.

O COAF é o órgão máximo ao combate do crime de lavagem de dinheiro. Além dos bancos as
seguintes instituições devem comunicar ao COAF movimentações suspeitas:
instituições financeiras;
Gestão de fundos;
Bolsa de Valores: B3;
Administradoras de cartão de crédito;
Transporte e guarda de valores;
Pessoa Física e Pessoa Jurídica de atletas e artistas (com volume alto de recursos que podem
retratar lavagem de dinheiro);
Empresas que trabalham com venda de imóveis;
Empresas que vendem joias e obras de arte.

Essas empresas precisam ter em sua estrutura:


Uma área chamada de controles internos, que será responsável pelo monitoramento de
algumas movimentações;
Um cadastro atualizado de seus clientes;
Um canal de comunicação com a COAF: as instituições financeiras possuem um sistema de
comunicação chamado SISCOAF, que ao ser imputada alguma informação neste sistema, e
direcionada automaticamente ao COAF.

O cadastro dos clientes junto à CVM deve ser atualizado em prazos não superiores a 24 meses
e nele devem constar os seguintes itens:
-nome completo, sexo, data de nascimento, naturalidade, nacionalidade, estado civil, filiação e
nome do cônjuge ou companheiro;
- Natureza e número do documento de identificação bem como seu órgão expedidor e data de
expedição;

-CPF

- Endereço completo e número de telefone

- E-mail para correspondência eletrônica;

- Ocupação profissional e para quem trabalha;

- Informações de rendimentos e patrimônio;

- Informação sobre perfil de risco e conhecimentos financeiros do cliente;

- Se o cliente opera através de terceiros (fundos de investimentos e carteiras administradas)

- Se o cliente autoriza ou não a transmissão de ordens por meio de procuradores e havendo,


qualificá-los;

- Data de assinatura do cliente

- Cópia dos documentos do cliente: identidade, comprovante de residência, e comprovante de


identidade e residência de procurador caso haja.

Caso PJ:

- Denominação ou razão social;

- Nomes e CPF’s dos controladores da empresa;

- CNPJ;

- Endereço completo

- E-mail

- Atividade principal desenvolvida


- Informações patrimoniais;

- Denominação ou razão social de empresas controladoras, controladas ou coligadas

- Informações sobre perfil de risco e conhecimentos financeiros do cliente

- Se o cliente opera através de terceiros (fundos de investimentos e carteiras administradas)

- Se o cliente autoriza ou não a transmissão de ordens por meio de procuradores e havendo,


qualificá-los;

- Data de assinatura do cliente

- Cópia do CNPJ, documento de constituição da empresa atualizado e registrado junto ao órgão


competente, ato societário que identifique o administrador e cópia de procuração e
documentos de procurador quando houver.

As alterações devem ser informadas pelos clientes. A instituição financeira deve conseguir
informações também quanto ao fato de a pessoa ser politicamente exposta ou não. Para ser
pessoa politicamente exposta tem que ser parente em linha reta, até ao primeiro grau, o
cônjuge ou companheiro, e enteados de pessoas com cargos políticos ligados ao executivo,
judiciário ou legislativo, detentores de cargos eletivos

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